TEOLOGIA EM FOCO: PAULO E O SÁBADO

quinta-feira, 13 de junho de 2013

PAULO E O SÁBADO


“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).

No ensino de Paulo aos Gálatas, os crentes estavam voltando à escravidão da qual haviam sido libertos (Gl 5.1). Estavam retornando aos “rudimentos da lei”. A palavra é usada pelo apóstolo Paulo para identificar os elementos da religião judaica como guarda de dias. E, que sempre encerrava um sentido cerimonial relativo ao culto judaico. E se Cristo aboliu esta lei, logicamente aboliu com ela também a guarda do sábado semanal; por ser Cristo superior ao sábado (Mc 2.27-28).

Paulo, referindo-se à lei, não faz qualquer distinção entre moral e cerimonial. Em Gl 5.4, ele diz que os que querem justificar-se pela lei estão separados de Cristo; que são malditos os que na permanecerem em todas as coisas da lei.

A questão não é o sábado o em si, mas o fato de não estarmos debaixo da lei e, sim, da graça (Gl 5.4) Quem se submete à prática de pelo menos um preceito da lei é obrigado cumpri-la toda (Gl 5.3). E se alguém tropeçar em um ponto da lei é culpado por todos os outros (Tg 2.7).

“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Cl 2.16-17).

As celebrações judaicas de descanso e cessação (sabath) eram anuais (festas), mensais (luas novas) e semanais (os sábados). Pôr-se debaixo desse julgo é ser dominado ao bel prazer dos judaizantes, inchados em compreensão não espirituais (carnais).

Por isso, quando os apóstolos se reúnem em Jerusalém para determinar se os gentios convertidos devem ou não se submeter à observância da circuncisão e das ordenanças do sabath e dos alimentos levíticos, chegam à conclusão que eles foram dispensados por DEUS, salvos pela Graça (At 15.1-31). Por isso o apóstolo Paulo, movido pelo Espírito Santo de DEUS, escreveu suas exortações aos irmãos da igreja local da Galácia, a Epístola aos Gálatas.

Paulo declara que o sábado semanal fazia parte das ordenanças da lei que foram cravadas na cruz, pois não passavam de sombras, indicando, assim, que o verdadeiro descanso encontra em Jesus (Mt 11.28-30).

Se nas passagens do Novo Testamento relacionadas acima onde se encontra o plural SÁBADOS ele quer dizer o sábado semanal, por que só em Colossenses, haveria de ser o tal sábado cerimonial das solenidades anuais?


“Porque, como os céus novos, e a terra nova, que hei de fazer, estarão diante de minha face, diz o Criador, assim há de estar a vossa posteridade e vosso nome. E será que desde uma lua nova até à outra, e desde um sábado até ao outro, vira toda a carne a adorar perante mim, diz o Criador” (Is 66.22-23).

O que o Senhor está dizendo? Que iremos à presença do Criador de sábado em sábado ou de um sábado ao outro.

Por que os sabatistas só pegam a segunda parte do verso e não o verso todo? Veja que o verso também fala dos que guardam as festas da lua nova. A expressão que o profeta está usando, não é que o fato de estar sendo mencionado o dia de sábado, está dando uma confirmação de que estaremos guardando este dia, pois se assim for, os que guardam as festas da lua nova estarão lá também e são pessoas que observam festas pagãs, para não dizer satânicas, certo? Mas a ênfase não está nos dias, veja que se está falando em um período de um sábado até o outro, ou seja, um ciclo interminável é mais ou menos assim: abriremos o restaurante de sábado a sábado. Assim o verso está nos dizendo que não haverá um dia sequer que não estaremos na presença do Criador. Se refletir-mos sem nenhum prendimento doutrinário, tenho a absoluta certeza que verás exatamente como deve, ou seja, é uma expressão de infinito, ininterrupto, sem fim.

O mês começava no ciclo da lua nova, a neomênia, oportunidade em que também se ofereciam holocaustos ao Senhor (“E nos princípios dos vossos meses...” – Lv 23.11) dois bezerros, um carneiro e sete cordeiros seguidos de oblação de manjares e libações de vinho (vv. 11-14). “...este é o holocausto da lua nova de cada mês, segundo os meses do ano” (v.14).

Aos sacrifícios litúrgicos dos sábados hebdomadários e dos primeiros dias (=lua nova) de cada mês, os israelitas deveriam acrescentar holocaustos concernentes às festas, a começar pela da páscoa, a primeira de cada ano, com a discriminação do ritualismo dos holocaustos de cada uma.

À base dessas Escrituras (Lv 23 e Nm 28-29) tem-se o calendário litúrgico com os ritos sacrificais: semana, mês e ano, designados, respectivamente, pelas palavras SÁBADOS, LUAS NOVAS E FESTAS”.

Quando Davi transmitiu a Salomão o trono real, dentre todas as suas recomendações, ao destacar os turnos e as funções dos levita, às ordens dos “filhos de Arão no ministério da casa do Senhor”, das quais também era a de “E para estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao SENHOR; e semelhantemente à tarde; E para oferecerem os holocaustos do SENHOR, aos SÁBADOS, nas LUAS NOVAS, e nas SOLENIDADES (=FESTAS), segundo o seu número e costume, continuamente perante o SENHOR” (1º Cr 23.30-31).

Na circunstancia de solicitar a colaboração do rei de Tiro para a construção do Templo, Salomão pede-lhe: “E Salomão mandou dizer a Hirão, rei de Tiro: Como fizeste com Davi meu pai, mandando-lhe cedros, para edificar uma casa em que morasse, assim também faze comigo. Eis que estou para edificar uma casa ao nome do SENHOR meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para a apresentação contínua do pão da proposição, para os holocaustos da manhã e da tarde, nos SÁBADOS e nas LUAS NOVAS, e nas FESTIVIDADES do SENHOR nosso Deus; o que é obrigação perpétua de Israel” (2º Cr 2.3-4).

Salientou-se o rei Ezequias como o restaurador do culto e das celebrações litúrgicas dos sacrifícios. “Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos; para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos SÁBADOS, e das LUAS NOVAS, e das SOLENIDADES; como está escrito na lei do SENHOR” (2º Cr 31.3).

Tendo sido reedificado o templo após o exílio babilônico, coube a Neemias reconstruir os muros de Jerusalém, após a leitura pública da Lei, restabelecer outra vez o culto.

Também sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte de um siclo, para o ministério da casa do nosso Deus; Para os pães da proposição, para a contínua oferta de alimentos, e para o contínuo holocausto dos SÁBADOS, das LUAS NOVAS, para as FESTAS solenes, para as coisas sagradas, e para os sacrifícios pelo pecado, para expiação de Israel, e para toda a obra da casa do nosso Deus” (Ne 10.32-33).

Em todos esses textos, consoante as prescrições do livro de Números (28-29), sob a fórmula consagrada como num refrão: “SÁBADOS, LUAS NOVAS e FESTAS”, destaca-se a ordem natural e lógica dos holocaustos diários, semanais, mensais e anuais.

À luz dessas Escrituras seria ilógico e aberrante mesmo supor-se serem os SÁBADOS aludidos em Os 2.11 e em Cl 2.16 os tais sábados anuais, sinônimos de FESTAS.
Teríamos, a seguir-se esta aberração, a referência em todos aqueles textos dos sacrifícios diários, ANUAIS, mensais e, de novo, ANUAIS.

Seria uma enumeração desprovida de ordem e lógica porque dos holocaustos diários passar-se-ia aos anuais, omitindo-se os semanais e os mensais, e dos anuais votar-se-ia aos mensais para tornar novamente aos sacrifícios anuais.

Confundirem-se os SÁBADOS das perícopes de Os 2.11 e de Cl. 2.15 com as solenidades ou festas anuais é incorrer-se num pleonasmo sem sentido. Um pleonasmo e inconsequente com descabido sintoma de escandaloso sofisma. Com efeito, os dias de sacrifícios anuais, então, seriam apresentados, em Oséias e em Colossenses, duas vezes uma sob a palavra FESTA e outra sob o nome de SÁBADOS, incorrendo-se, em desacordo com Lv. 23.3, na omissão do dia dos sacrifícios semanais, o dia mais importante de todos.

Vamos, porém, ler outra vez as duas Escrituras:
Os 2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas FESTAS, as suas luas novas, e os seus SÁBADOS, e todas as suas festividades”.

Col. 2.16: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de FESTA, ou da lua nova, ou dos SÁBADOS”.

Ora, se os sábados são as mesmas festas anuais, ou se os sábados estão incluídos nessas festas, por que destaca-los das festas?

E nem se alegue aqui no caso a equivalência superlativo, absolutamente impossível, dada a interposição da expressão: “as suas luas novas” e “da lua nova” entre as palavras FESTAS e SÁBADOS.

A conclusão é potentíssima:
O termo plural SÁBADOS corresponde aos sábados semanais, “sombras das coisas futuras”.
No próprio Velho Testamento fui achar o emprego desse plural. “Estas são as solenidades do SENHOR... Além dos SÁBADOS do SENHOR...” (Lv 23.37-38). Ainda a locução plural “MEUS SÁBADOS”, oito vezes repetida em Ezequiel (20.12, 13, 16, 20, 21; 22.8, 26; 23.38), “SÁBADOS” (Ez 45.17; 46.3) sempre se referem ao sábado hebdomadário como, de resto, todos os sabatistas admitem e defendem.

Se nas passagens do Novo Testamento relacionadas acima onde se encontra o plural SÁBADOS ele quer dizer o sábado semanal, por que só em Cl 2.16 haveria de ser o tal sábado cerimonial das solenidades anuais?

Faltaria sentido! E semelhante argumento sabático revela desespero de causa!

Tanto em Os 2.11 como em Cl 2.16 deparamo-nos com a fórmula: “DIAS DE FESTA, LUAS NOVAS E SÁBADOS”.

Essa fórmula se refere aos dias santificados ANUAIS, MENSAIS e SEMANAIS.

Se em Lv 23 se distinguem as datas do calendário das solenidades com suas características específicas, em Nm 28 e 29 se prescrevem os pormenores rituais dos sacrifícios.

Além do holocausto diário de dois cordeiros, um de manhã e outro à tarde (cf. vvs. 3-4), nos sábados hebdomadários, “além do holocausto contínuo”, sacrificavam-se dois outros cordeiros como oferendas de manjares e libações (vvs. 9-10). “Holocausto é de cada SÁBADO, além do holocausto contínuo, e a sua libação” (v. 10).

Em Oséias 2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas FESTAS, as suas LUAS NOVAS, e os seus SÁBADOS, e todas as suas festividades.”, é o anúncio da abolição, da supressão, da extinção, do fim de todo o cerimonialismo judaico, incluindo o SÁBADO SEMANAL por se este também do conjunto das disposições cerimoniais do pacto das obras.

Em Jesus Cristo cumpriu-se a promessa ao ser na cruz cravada a “cédula”: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de FESTA, ou da LUA NOVA, ou dos SÁBADOS” (Cl 2.16).

O sábado cerimonial, ou anual, já está incluído na expressão “dias de festas”, que são as festas anuais, “lua nova”, mensais e “sábados”, festa semanal. No versículo seguinte o apóstolo diz: “Que são sobras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.17). Isto é: são figuras das coisas futuras, que se cumpriram em Jesus. Foi por isso que Jesus afirmou ser o Senhor do sábado (Mc 2.28). “...ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas” (Hb 8.6).

Sábado, aqui, refere-se o dia semanal da lei judaica, portanto, ninguém vos julgue por isto. O sentido moral é a necessidade de se descansar um dia por semana, valendo para esse fim, qualquer deles. Sobre esta questão escreveu Paulo aos Romanos dizendo:

“Um faz diferença entre dia e dia, outro julga igual todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente” (Rm 14.5).

Paulo era um cristão emancipado quanto legalismo. Ele tanto se adaptou com os crentes judeus, como os gentios. Mas nem todos compreendiam esta maneira de pensar por falta de instrução ou debilidade de fé. Ele explica um faz diferença de dias, mas o outro julga ser igual cada dia. Por quê? Porque para Deus não faz diferença se guardarmos um dia ou outro para o Senhor, pois todos os dias de nossa vida devem ser para o Ele. Porém, nós cristãos preferimos ficar com Paulo e com os demais apóstolos de Cristo, que julgavam a lei apenas uma sobra das coisas futuras, conforme Hb 10.1 que diz: “Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem”.

Você será sempre aceito do mesmo modo como era o judeu ao guardar o sábado semanal de acordo com a lei, pois na atualidade, Deus deve ser adorado em espírito e em verdade, portanto, é agradável em qualquer nação e lugar que assim o adore.


Não há evidência na Bíblia de que o mandamento do sábado é parte da lei moral e universal. É parte da lei cerimonial dada a Israel. Este sábado é um símbolo destinado a lembrar a Israel a vinda do Messias.

Pr. Elias Ribas

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