TEOLOGIA EM FOCO: abril 2012

domingo, 29 de abril de 2012

EM BUSCA DA LIBERDADE


O termo “cristão” significa conceitos diferentes para pessoas diferentes. Para uns representa estilo de vida rígido, nervoso, inflexível, áspero, descolorido e irredutível. Para outros, significa uma aventura arriscada, cheia de surpresas, vivida na ponta dos pés em expectativa ansiosa. Para outros, representa liberdade para viver em Cristo Jesus. Alegria, prazer, felicidade, amor fraterno, plenitude, lutas e vitórias e benção espiritual.

“Aquele, porém que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor de boa obra, este tal será bem-aventurado no seu feito” (Tg 1.25).

Se existe algo que Deus deseja que o seu povo tenha é liberdade. Em todos os sentidos. E encontrar o caminho da liberdade e da libertação (nem sempre uma coisa é sinônima da outra, pois há muitos que são livres, mas não são libertos) passa pelo conhecimento da verdade. O Senhor disse: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6).

“No original grego eleuyeria eleutheria, a verdadeira liberdade consiste em viver como devemos, não como queremos.

A “chamada” está associada com eleutheria, a “liberdade” (Gl 5.13). Responder à chamada de Deus é achar, não a escravidão, mas a libertação. O homem que responde ao convite de Deus é liberto do próprio eu, do pecado, e de Satanás.

A liberdade e a verdade são duas coisas essenciais que não devem faltar na vida de uma igreja para ela ser próspera. O caos das igrejas cristãs hoje é: falta de liberdade em Cristo Jesus. Quando deixamos de ensinar a verdade para ensinar regras humanas, estamos deixamos a Bíblia em segundo plano para ensinar um engano, uma mentira e com isso o “ministro” passa ser um charlatão. Os fariseus são peritos nesta área. Eles tiram a liberdade que Cristo nos deu, para fazer prezas suas através das vãs sutilezas (Cl 2.8; Mt 23.1-3).

[...] A questão da liberdade cristã é muito relevante para nós hoje. A religião cristã pode ser comparada a uma ponte estreita que atravessa um lago onde duas correntes poluídas deságuam. Uma é chamada “legalismo” e a outra, “libertinagem”. O crente não deve perder seu equilíbrio, caindo da ponte e mergulhar no erro das regras e regulamentos anti-bíblicos, ou, por outro lado, nos vícios grosseiros do paganismo. Deve trilhar o caminho seguro e estreito. Paulo sustenta que o cristão é chamado para a liberdade (Gl 5.13), porém sem abusar da liberdade que Cristo nos deu para dar ocasião a carne. Até mesmo hoje, quantas vezes acontecem que más práticas, tais como freqüência a lugares de diversão mundana, vícios de fumar, usar droga, bebedeira, literatura pornográfica, novelas indecentes, a sensualidade, programas e filmes imorais no cinema ou na Tv, são tidos como parte da liberdade cristã. E isto é abusar da liberdade que Cristo nos deu. (Epistolas Paulinas I – EETAD).

Desligar das amarras do legalismo não significa ter um viver libertino, pois “Deus não nos chamou para vivermos na impureza nem cheios de imoralidade, mas para sermos santos e puros” (1ª Ts 4.7). Diversamente do antinomianismo (doutrina que apregoa ser a salvação divorciada da responsabilidade para com a lei moral), cremos firmemente num cristianismo que sabe fazer perfeito exercício da liberdade cristã.

Devemos caminhar tranqüilo e com cuidado para não cairmos da ponte. A ponte simboliza Jesus; a libertinagem representa o mundo e suas concupiscências; o legalismo representa as tradições humanas usadas como meio de salvação que por vez desprezam a graça de Cristo. O caminhar do cristão deve ser segundo os princípios de Cristo assim ele estará seguro e tranqüilo para chegar ao porto seguro. O crente em Jesus deve saber discernir o que é certo e errado.

É fácil procurar nossa própria vontade em nome da vontade de Deus. Mas quando estamos procurando a orientação do Espírito através da Palavra, da oração e de conselhos piedosos encontraremos nossos desejos convergindo com os d’Ele é o que ele quer.

O Senhor nos salvou para sermos libertos do pecado. “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum” (Rm 6.15).

Morre-se com Cristo o pecado não tem mais direito sobre nós é o que Paulo nos ensina. Na igreja cristã na Galáxia, alguns perturbadores do Evangelho estavam aproveitando da liberdade de Cristo e dando-se as obras carnais. É por isso que Paulo escreve dizendo: “Porque vós irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis a liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13); e aos romanos ele diz: “E uma vez libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação” (Rm 6.18-19). “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado...” (Rm 8.10).

Quando aceitamos a Cristo como nosso salvador e Senhor passamos a viver numa nova dimensão, isto é, morremos para o mundo e suas concupiscências para ser uma nova criatura. Deixamos de ser o servo do pecado e do diabo para sermos servos de Cristo. Portanto o pecado não poderá ter domínio sobre nós e agora oferecemos os nossos corpos para justiça e santificação.

Mas, os falsos ensinadores procuram tirar a liberdade que Cristo nos dá para ser presa de um jugo severo, hipócrita e caduco. Como se eles estivessem no lugar de Deus e o Senhor estivesse revelando o padrão de vida para entrar no céu. Esquecem, muitas vezes, da lei moral e preocupam-se com tradições que são coisas vãs.

A liberdade não significa ausência de lei ou trabalho, ou libertação da fuga à autoridade. Na realidade, a verdadeira liberdade impõe mais lei e mais consciência do que a própria escravidão, pois demanda mais disciplina e autocontrole do que esta.
A maioria das pessoas julga que desfrutar liberdade significa ter licença para fazer o que deseja, sem restrições, limitações, obrigatoriedade ou responsabilidade. Porém, a liberdade requer domínio próprio e auto-disciplina e responsabilidades inerentes.

I.       LIBERTAÇÃO É LIBERDADE


Um povo que tem no centro da sua experiência a libertação da culpa do pecado e entrada na liberdade do Espírito, um povo que não vive mais sob a tirania das emoções ou opiniões humanas ou de memórias desagradáveis, mas é livre em esperança, fé e amor – deve ficar criticamente atento a qualquer individuo ou qualquer coisa que suprimisse sua recém adquirida liberdade.

Mas, infelizmente, a comunidade de fé, é exatamente o lugar onde deveríamos experimentar a vida de liberdade, é também o lugar onde corremos mais risco de perdê-la. Por quê? Porque cada um ensina ao seu bel prazer, sem a menos conhecer as regras hermenêuticas.

“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1).

O apóstolo Paulo escreve para várias igrejas na região da Galáxia para adverti-las de sua perda de Cristo.
Se alguém lhe dá alguma coisa, ele quer que você a desfrute e aproveite. O que foi que Cristo fez por nós? O que ele quer que desfrutemos? Ele nos libertou. Quer que aproveitemos ao máximo esta liberdade.
São poucos os cristãos têm uma vida cheia de alegria, de gozo e de paz. Foram libertos, mas não querem sair do cativeiro das tradições e experimentar uma vida em liberdade em Cristo Jesus.

O que seria o “jugo de escravidão”? A tentativa de seguir a lei de Moisés. Liberdade é libertação da escravidão ou cativeiro. É a libertação do poder e da culpa do pecado, da condenação eterna e a libertação da autoridade satânica e demoníaca.

Quando estávamos no mundo éramos escravos do pecado e de Satanás, mas libertos em Cristo Jesus, fomos despertados para a sua graça, ele proveu libertação para este tipo de escravidão ao pecador.
Junto com isto Ele trouxe também uma gloriosa liberdade da maldição da lei do medo da condenação diante de Deus, assim como de uma consciência acusadora. O apóstolo Paulo dá muita ênfase à permanência nesta liberdade, pois até então eles ainda não tinham compreendido a liberdade em Cristo e por isto estavam à mercê da escravidão.

O apelo apostólico é que o cristão liberto do pecado não torne a ser presa dos homens ou qualquer sistema religioso. O apóstolo escreveu essa exortação porque há sempre o risco de o cristão tornar ao legalismo, voltando-se novamente à escravidão, e para que cada um tenha uma vida de comunhão com Cristo ressuscitado (Gl 2.2-6).

A nova vida da ressurreição, a autêntica vida de Cristo, outorgada pelo Espírito Santo, cancela de uma vez por todas a relação com a lei. Se a justiça provém da lei, Cristo morreu em vão, é o que afirma o apóstolo Paulo. Guardar a lei em Cristo é o mesmo que continuar no avião, ao findar a viagem, isto é um absurdo. Partir a lei em duas, ensinar que Cristo cumpriu uma parte e deixou a outra para cumprirmos, é ofender a graça de Deus, entristecer o Espírito Santo, renunciar aos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2.6) e meter-se debaixo do jugo da servidão.

Tentar encontrar uma posição de retidão diante de Deus através da lei significa “cair da graça”. “Cristo se tornou totalmente inútil para vós, a vós todos os que sois justificados pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

Porque a liberdade é tão difícil de ser alcançada? Porque nos tornamos prisioneiros de nossas próprias invenções, e vitimas de nossas criações.

Israel esteve preso durante 430 anos à escravidão do Egito. Então, um dia Deus levantou um homem chamado Moisés para remover a corrente e libertá-los. E ele libertou Israel das mãos do seu opressor. Entretanto, libertá-los do seu modo opressivo de pensar era outra coisa, completamente diferente. Libertar Israel não foi difícil, mas libertá-los da mentalidade de escravos sim.

É interessante ressaltar que o grande desafio de Deus em relação ao povo de Israel não foi tirá-los do Egito, mas libertá-los da mentalidade de escravos. E esta foi a razão pela qual Deus recusou-se a levar a nação diretamente para Canaã, após à libertação. Mesmo havendo sido dele liberto, não eram de modo nenhum livres. Andaram quarenta anos em círculos para poderem chegar a terra prometida. Em razão disto, Deus teve que lidar com a mente deles, apesar de terem o corpo fisicamente liberado da escravidão.

E assim como os israelitas no passado, muitos crentes estão marchando em círculos, sem consciência da liberdade que Cristo nos outorgou.

II.   MULTIDÕES SÃO LIBERTAS, MAS NÃO LIVRES

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos. E apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19).

A palavra evangelho no grego significa: “boas novas, boas noticias, relatório bom, arauto bom ou informação boa”.

Quando aceitamos a Cristo nascemos de novo (Jo 3.3.). O Espírito de Deus recria seu homem interior e faz morada nele. Agora somos livres para caminhar fora da nossa cela de prisão, ou somos livres para nela continuar, ou seja, a liberdade está completamente em nossas mãos. “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade...” (Gl 5.13).

Os crentes da galáxia haviam recebido a Cristo, porém os falsos mestres não queriam sua liberdade.
Jesus disse que veio proclamar liberdade aos cativos. Mas os judeus conheceram a verdade, mas rejeitaram o Seu Messias. Ao conhecermos a verdade as portas da prisão se abrem para a liberdade, mas poucos os que saem da prisão. As portas estão abertas, mas os prisioneiros estão sentados lá dentro. Não querem gozar desta liberdade. Por quê? Porque prisões oferecem comida, suas roupas são pagas para você. Você não tem nenhuma responsabilidade.

Na verdade nós podemos de fato renascer e permanecer sem nascer em nossa mente. Precisamos uma transformação e uma renovação para experimentar qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1-2).

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1-2).

“Apresenteis” (gr parastesai), é a mesma palavra usado por Paulo em Rm 6.13, 19 e traduzido por “oferecer”. Temos aqui uma descrição mais completa daquilo que está envolvido em nós oferecer os nossos membros a Deus um culto racional. O sentido pode ser culto “espiritual” (gr logokos), em contraste com o formalismo do culto no templo de Jerusalém. O cristão deve saber que a salvação é uma transformação de mente.

O que Paulo quer dizer é que devemos nos apresentar diante do Senhor com um corpo vivo, santo (separado), que é agradável ao Senhor.

Vivo: [No gr. zao]. Que devemos ter vida espiritual e não inanimado, não morto. Gozar de vida real; ter vida verdadeira; ser ativo, abençoado, eterno no reino de Deus. (Viver, passar a vida, no modo de viver e de agir; de mortais ou caráter. Água viva, que tem poder vital em si mesma e aplica suas qualidades a alma; estar em pleno vigor; ser novo, forte, eficiente; ativo, potente, eficaz).

Santo: [No gr. - hagios - de hagos (uma coisa grande, sublime) Separado do pecado.
Agradável: No gr. euarestos, muito agradável, aceitável; algo muito santo; um santo.

“... mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (v. 2). A transformação começa na mente, no interior, no coração do homem, mas os fariseus ensinam que a santidade é as práticas exteriores. O crente que experimentou a nova vida com Cristo é livre para experimentar (conhecer) qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Pura [no gr. katharos]. É usada no sentido de “limpo” quando é usada para pessoas, significando que são aptas para o serviço a Deus e para cultuá-lo, e quando é usada para coisas, no sentido de serem apropriadas ao uso dos cristãos (Jo 13.10; Lc 11.41; Rm 14.20; Tt 1.15).

E usada no sentido de “inocente de qualquer crime” (At 18.6; 20.26). É usada a respeito “do coração e da consciência” serem puros e limpos (lª Tm 1.5; 3.9; 2ª Tm 1.3; 2.22; lª Pe 1.22). É usada a respeito de um culto digno de ser prestado a Deus (Tg 1.27).

Mas a ocorrência no NT com maior significado para nós é o seu uso na bem-aventurança: “Bem-aventurados os katharoi (plural) de coração, porque verão a Deus” (Mt 5.8). Como devemos explicar esta frase, e que significado devemos dar a katharos aqui? Uma palavra e sempre conhecida pela relação que mantém. Há quatro palavras gregas com as quais katharos freqüentemente está bastante relacionada:

aléthinos, que significa “verdadeiro”, “genuíno”, em contraste com aquilo que e irreal e, conforme diríamos, uma falsificação.

Há amimes que significa “puro”, “sem mistura”. Esta palavra é usada, por exemplo, a respeito do prazer puro e genuíno. E é usada para um rolo que contém exclusivamente a obra de um só autor.

É usada com akratos. Esta palavra descreve o vinho ou o leite puros que não foram adulterados com água. É puro no sentido de “não diluído”, completamente isento de falsificação.

É usada com akératos, que é a palavra que descreve o ouro sem liga, um arado onde nunca houve ceifa, uma virgem sobre cuja castidade nunca houve dúvida.

Todas estas palavras, pois, descrevem basicamente algo que é puro de qualquer mancha ou mistura do mal. Como, pois, traduziremos: Bem-aventurados os katharoi de coração? Temos de pensar no caso da seguinte maneira – Bem-aventurados aqueles cujos motivos estão absolutamente livres de mistura, cujas mentes são totalmente sinceras, que são completa e totalmente de um só propósito. Que conclamação ao auto-exame tem aqui! Esta é a mais exigente de todas as bem-aventuranças. Quando examinarmos com honestidade os nossos motivos, ficaremos humilhados, porque um motivo sem mistura de segundas intenções é a coisa mais rara no mundo. Mas a bem-aventurança é para o homem cujo motivo é límpido como a água pura, e com o único propósito de fazer tudo para Deus. Este é o padrão segundo o qual devemos nos medir, de acordo com o significado desta palavra e desta bem-aventurança.

Estas ilustrações são boas para o significado de ser liberto, mas não ser livre. O passado foi bom como os odres velhos, mas não podemos deixar consumir o presente. É claro que é duro de mudar sem uma transformação mental, as ações que assumimos para “mudar” podem tão somente produzir um lugar novo onde continuamos fazendo nossas coisas velhas.

[...] Em outras palavras, Paulo diz: Alguns de nós estamos felizes em ser liberto do opressor (diabo), mas não queremos libertação da opressão (tradições). Estamos ansiosos por ser salvos, mas conhecemos as áreas da nossa mente que precisa ser renovada – e gostamos de nos agarrar a isso. Deus estou tão feliz porque me redimiste! Mas não redimas das tradições (MYLES MUNROE – EM BUSCA DA LIBERDADE - grifo do autor).

Da mesma maneira que Deus chamou os israelitas Ele o está chamando para ser livre. É tempo de crescer. É tempo de cortar tudo aquilo que impede a nossa liberdade em Cristo Jesus. Levante de sua cama de prisão e tome banho no sangue de Jesus. Coloque de lado os velhos odres e segui em direção a terra prometida, e lave-se na verdade fresca da Palavra de Deus.

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).

Quando aceitamos a Cristo como Senhor Paulo diz: “tudo se fez novo”, no entanto, se não buscarmos o conhecimento genuíno da Palavra de Deus, nosso pensamento continua o mesmo. É a mente que deve ser renovada antes de podermos caminhar para fora das cadeias da opressão.

A dificuldade é que, quando renascemos em nosso espírito, muitos que se dizem ministros nos aprisionam na estaca das tradições.

Muitas pessoas estão desperdiçando seu tempo hoje como prisioneiros na sua própria cela. As portas estão bem abertas, entretanto estão ali escravizados ao espírito de opressão que os segura e que os mantêm presos.

Milhões de pessoas são aprisionadas por seu passado. Embora suas correntes tenham sido quebradas, estão tão aprisionadas pelas mentiras do condicionamento tradicional que nunca desfrutam da liberdade que Cristo nos deu no Calvário. O conforto de terem outros controlando seu estilo de vida na escravidão é extremamente atraente para muitos. Elas permanecem na cela e não exercitam a mente, e nunca aprendem sobre o que está fora das portas da prisão confortável.

Uma coisa que Deus não pode fazer com povo no deserto foi lhes mudar a mente. E tampouco pode mudar a sua. Ele o inspira em seus desejos religiosos, mas não mudará a tua mente. Este é o motivo pelo qual o apóstolo Paulo escreveu em sua carta á Igreja em Roma (Rm 12.1-2).

A mudança vem mediante o recondicionamento mental de cada pessoa. Você poderá sair cela velha á qual sua mente está condicionada, ou sair para desfrutar da liberdade em Cristo Jesus. A porta da prisão está aberta, mas você tem que escolher caminhar para fora. Uma vez que você chega ao deserto, tome cuidado com quem está andando. Se você mantém contato com pessoas com pensamento fixo no passado elas poderão contaminá-las. Foi este o motivo que Deus não permitiu que os pais circundassem seus filhos no deserto. Ele não quis que a geração nova carregasse a marca que havia sido feita por seus pais com mente escravizada. Não queria que nenhuma memória do Egito os fizesse lembrar o passado de escravidão (Js 5.6-7).

Quando Deus libertou os israelitas do Egito, lhes deu a oportunidade de ser livres. Porém eles a recusaram. Sendo assim Deus os enterrou no deserto, e em seu lugar usou seus filhos que não haviam nascido no Egito para possuir a terra.

Existem muitas pessoas que hoje foram libertas do pecado, mas se fazem presa das tradições. Já foram livres, mas não saem do lado da cela porque foram condicionadas as regras humanas Aquilo que pode e não pode. Eles estão tão acostumados acreditar nessas mentiras que quando Deus lhes diz que estão livres, não conseguem acreditar que isto é verdade. Eles se sentam na sua cela da prisão e ficam ouvindo as noticias boas a respeito de liberdade no evangelho. No entanto, não acreditam nelas.

Mas, no mundo religioso mesmo Jesus assinando com seu sangue a liberdade para os cativos há pessoas que preferem viver na escravidão de um jugo posto pelos homens e pelo diabo.

Conta-se que ao surgir o rádio um grupo de irmãos zelosos veio até o seu Pastor para pedir exclusão daqueles profanos que havia um aparelho radiofônico. O pastor, então, ouvindo as suas colocações e juntamente com o ministério os excluíram do rol de membros. Passados alguns anos, o rádio deixou de ser pecado e todos os irmãos já possuíam um. Da mesma forma aconteceu quando surgiu o aparelho de televisão. Aquele grupo de zelosos fez o mesmo pedido de exclusão para os irmãos que possuíam este aparelho mundano. E então, o pastor, com muita sabedoria, fez-lhes a seguinte pergunta: Quem de vocês tem rádio em suas casas? E responderam unânimes todos! O pastor tomou a palavra e disse: Quando surgiu o rádio eu excluí vários irmãos e hoje todos possuem um. Mas se disciplinarmos estes irmãos amanhã todos também terão um aparelho de televisão. E fez-lhes mais uma pergunta: Quem irá dar conta das almas que foram excluídas e não voltaram mais? Sou eu! Por isso vou lhes ensinar a usar e não disciplinar, pois somos livres em Cristo Jesus.

Muitas vezes podemos desagradar alguns dos membros do grupo, mas o mais importante é agradar o dono do grupo. Se formos libertos da escravidão no sentido de agradar as pessoas, então, devemos ensinar este caminho a todos, para que possam desfrutar dessa liberdade e das verdadeiras bênçãos de Deus.

Os que permitem que a liberdade lhes seja tirada, não só abraçam a heresia, mas vivem sob o domínio dos matadores da graça que gostam de controlar e intimidar – além de serem malditos.

Para um legalista, ser um crente significa um estilo de vida rígido, duro, inflexível, severo, carente de alegria e gozo. São homens com o espírito liberto, mas com a mesma velha mente oprimida.

Só pessoas maduras, dispostas a lutar a ter responsabilidade em relação ao futuro frutificarão para Deus. Acredito que vamos enterrar algumas pessoas no deserto, visto não estarem preparadas para crescer espiritualmente. Muitos estão murmurando, criticando, julgando, ou sentados e nada fazem para o crescimento do Reino de Deus. E quando ele deixar de responder suas orações como fez com Saul, acreditarão que Ele não responde mais. Então, se porão a murmurar, e morrerão no deserto da mesma maneira que os israelitas. No entanto, alguns deles terão ouvidos espiritualmente surdos. É preciso ter uma mente livre e muita coragem como Josué e Calebe, para enfrentar Jericó.

Algumas pessoas estão tão ocupadas tentando superar seu passado que não tem tempo para viver seu futuro. Paulo nos recomenda esquecer as coisas do passado.

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá” (Fl 3.13-15).

Precisamos caminhar sob a direção do Espírito, temos que olhar para a nossa vida e tomar a decisão de assumir a responsabilidade de esquecer as coisas anteriores. Não devemos nos preocupar com aquilo que éramos antes ou com o modo em que fomos tratados, pois isto só produz amargura. Temos que considerar qualquer queixa passada de pessoas ignorantes, e então perdoar e seguir em frente. O passado é tão forte quanto você permite que seja. Para os israelitas, o cheiro de cebola e de alho ficou mais forte em sua memória que o desejo de leite e mel.

Deus tem um nível mais alto para sua vida, mas você tem que esquecer o que está atrás, para progredir em seu chamado. Você não pode assumir o novo sem abandonar o odre velho. Quando Jesus o chamou, Ele não fez só para salvá-lo. Ele o chamou para que você pudesse ser livre.

O legalismo distorce os valores e anula o discernimento espiritual. Líderes que ameaçam as pessoas com maldições caso elas deixem a sua igreja transformam a igreja num presídio espiritual.

Pr. Elias Ribas

Igreja Evangélica Assembleia de Deus
Blumenau - SC


FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, Trad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida.
5.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRA, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
6.       CARL B. GIBBS. Epistolas Paulinas – II. 2ª Edição, 1990. Escola de Educação Teológica das Assembléia de Deus - EETAD.
7.       CARL GIBBS B., Doutrina da Salvação, 2ª edição – EETAD. GIBBS.
8.       MYLES MUNROE – Em busca da liberdade. Editora Atos. Ano 2001.
9.       STRONG, J. & Sociedade Bíblica do Brasil. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil. 2002, 2005.



quinta-feira, 12 de abril de 2012

MATADORES DE PROFETAS

I. JESUS E OS FARISEUS

 “Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!” (Lc 13.34).

A tristeza e as lágrimas (cf. Lc 19.41) de nosso Senhor, por causa da rebeldia de Jerusalém, evidenciam a livre vontade do homem de resistir à graça e à vontade de Deus.

Deus fez tudo pelo Seu povo, mas este rejeitou a Jesus. A entrada a Jerusalém deveria ser triunfal; todavia foi motivo de lamentação e maldição por causa da incredulidade.

A salvação dos judeus não tem outro caminho senão a confissão do Senhor Jesus Cristo, reconhecendo-o como Salvador e Filho de Deus. Os líderes religiosos terão de participar do júbilo das multidões, descrito em Mt 21.9, e não confiar na sua própria religiosidade.

Jesus, desde o início, havia perturbado o estabelecimento judaico. Para começar, ele era irregular para os judeus, embora fosse Rabi. Além disso, Ele chamado sobre si mesmo a controvérsia por causa do seu comportamento provocante, confraternizando com gente de má fama, festejando em vez de jejuar, e profanando o sábado por meio de curas. Não estando contente com as tradições dos anciões, ele havia, na realidade, rejeitado um grupo, e tinha também criticado aos fariseus por exaltarem a tradição, colocando-a acima da Escritura. Eles se importavam mais com os regulamentos tradicionais do que com as pessoas, mais com a purificação cerimonial do que com a pureza moral, mais com as leis do que o amor. Ele até mesmo havia denunciado como “hipócrita”, chamando-os de “guias de cegos”, e comparando-os a “sepulcros caídos, que por fora se mostravam belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia (Mt 23.1-27). Essas foram acusações intoleráveis. Pior ainda, Jesus estava minando a autoridade deles. Ao mesmo tempo Ele fazia afirmações ultrajantes acerca de ser o Senhor do sábado, conhecer Deus como Seu Pai, até mesmo ser igual a Deus. Para os fariseus, era blasfêmia.


Ele até mesmo havia denunciado como “hipócrita”, chamando-os de “guias de cegos”, e comparando-os a “sepulcros caídos, que por fora se mostravam belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia (Mt 23.1-27). Essas foram acusações intoleráveis. Pior ainda, Jesus estava minando a autoridade deles. Ao mesmo tempo Ele fazia afirmações ultrajantes acerca de ser o Senhor do sábado, conhecer Deus como Seu Pai, até mesmo ser igual a Deus. Para os fariseus, era blasfêmia.

De modo que estavam cheios de indignação auto-justificada para com Jesus. Sua doutrina era herética. Seu comportamento era uma ofensa a lei sagrada. Ele desviava o povo das tradições dos anciões. Eles os odiavam e tinham grande ciúme porque a multidão lhes seguia. Foram estes os motivos para prender Jesus.

Os dirigentes judaicos ficaram furiosos com sua atitude desrespeitosa para com a lei e com suas reivindicações provocadoras. Os judeus fizeram uma aliança maligna (fariseus e saduceus) a fim de acusarem com falsas testemunhas contra Cezar.

Quando Jesus e Seus discípulos comeram sem lavar as mãos, os fariseus o acusarão de quebrar as tradições dos anciões, conforme Mateus capitulo 15.

Os judeus consideravam os samaritanos uma classe inferior de pessoas nem se quer, podiam cumprimentar, ou conversar com um samaritano, mas Jesus não somente conversou, mas passou a falar com a mulher samaritana no poço de Jacó, discutindo a vida inteira dela, e como poderia transformá-la. A mulher samaritana ao conhecer Jesus foi até a cidade anunciará que havia encontrado o Messias.

Os homens até podem ter êxito em preservar um pouco de sua retidão no desempenho do dever público e religioso, mas por traz dessa fachada espreitam emoções violentas e pecaminosas, as quais estão ameaçando a explodir. Os evangelistas expõem esses pecados secretos dos líderes relógios da época de Jesus.

Jesus sabia que ia morrer por cauda da hostilidade dos líderes nacionais judaicos. Parece que esta hostilidade fora despertada bem cedo durante o Seu ministério. A Sua atitude no descumprimento da lei em geral, e para com o Sábado em particular, os enraivecia. Quando Ele insistiu em curar numa sinagoga, no dia de Sábado um homem que tinha a mão ressequida, Marcos nos diz que: “retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra Ele, em como lhe tirariam a vida” (Mc 3.6).

Jesus deve ter percebido a intenção deles. Ele também conhecia o registro da perseguição dos profetas fies no Antigo Testamento. Embora soubesse que era mais do que profeta, ele também sabia que não teria tratamento melhor por parte dos fariseus. Ele era uma ameaça à posição e preconceito dos líderes.

II.     JESUS PASSOU POR TRÊS JULGAMENTOS

Jesus enfrentou dois inquéritos preliminares nas casas de Anãs (cf. Jo 18.19-23) e Caifás, o sumo sacerdote (Lc 22.54; Jo 11.49), e finalmente, depois do amanhecer (para ser legal), diante do Sinédrio. Este tribunal não podia aplicar a pena capital sem autoridade do procurador romano (cf Jo 18.31).

Quando os líderes judaicos levaram Jesus a Pilatos O acusaram dizendo: “Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele o Cristo, o Rei” (Lc 23.2).

Procuram a única acusação formal que pesaria perante Pilatos. Admitir que fosse rei implicaria que Cristo estava em rebelião contra o estado. O Sinédrio não debate agora o ponto de vista para descobrir a verdade, mas para arrancar uma confissão condenatória. Para os interessados Jesus podia mostrar, pelas profecias messiânicas, quem Ele era (Lc 24.44).

Pilatos estava convicto da inocência de Jesus. Ele obviamente ficou impressionado com a nobre conduta, com o domínio próprio e a inocência política de Jesus. Pilatos os ouviu, fez algumas perguntas a Jesus, e depois de uma audiência preliminar anunciou: “Não vejo neste homem crime algum” (Lc 23.4).

Pilatos, ao ouvir que Jesus era da Galiléia, e, portanto, estar sob a jurisdição de Herodes, enviou-o ao rei para julgamento, esperando transferir a ele a responsabilidade da decisão. Herodes, porém, devolveu Jesus sem sentença (Lucas 23.5-12).

Pilatos disse aos sacerdotes judaicos e ao povo: “apresentaste este homem como um agitador do povo, mas tendo interrogado na vossa presença, nada verifiquei contra ele dos crimes que acusais. Não tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar. È, pois claro que nada contra ele se verificou digno de morte”.

Na semana da Páscoa era costume dos judeus soltar um preso e crucificar outro. Nesta hora Barrabás está preso porque era criminoso e Jesus sendo inocente está diante do sinédrio e de Pilatos aguardando a Sua hora. E então Pilatos então pergunta a Caifás: “A quem devemos soltar: Jesus o Messias e Rei dos Judeus ou Barrabás, o prisioneiro? E este respondeu: Solte Barrabás e crucifique Jesus”. Então o povo gritou: solte Barrabás e crucifique Jesus.

Pilatos pergunta ao povo por três vezes. Que mal fez este? De fato nada achei contra ele para condená-lo à morte. A convicção pessoal do procurador acerca da inocência de Jesus foi confirmada pela mensagem enviada por sua mulher: “Não te envolva com esse justo; porque hoje, em sonhos, muito sofri por seu respeito” (Mt 27.19).

Jesus o Filho de Deus sendo julgado inocentemente pelas autoridades, foi trocado por um mau feitor, um bandido e ladrão. Foi Ele condenado à morte pelos religiosos da época que valorizaram mais um bandido do que o Filho de Deus.

Pilatos tentou protestar sua inocência. Tomando água, lavou as mãos na presença do povo, dizendo: “Estou inocente do sangue deste justo” (Mt 27.24).

Agora devemos passar além dos detalhes da traição e da prisão de Jesus, seus julgamentos perante Anás e Caifás, Herodes e Pilatos, as negações de Pedro, a zombaria cruel dos sacerdotes e soldados, a malevolência e o açoite, e a história da multidão que exigiu a sua morte.



Pilatos, então O entregou nas mãos dos soldados para ser açoitado. Desde Sua prisão começaram a espancar, a esbofeteado, cuspir. Vedaram Seus olhos e batiam insultando: “Se tu és o Filho de Deus nos diga quem te bateu”. O corpo do nosso salvador ficou todo riscado pelos açoites, e Seu sangue marcava o chão pelas chicotadas que os carrascos lhes davam. Aquele homem forte, bonito, humilde, justo, sincero, amoroso ficou transfigurado e irreconhecível, conforme relata o profeta messiânico (Isaías 53.1-10).

Lá no alto da cruz Ele bradou com alta voz: “está consumado”; “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”! Jesus na cruz proclama o grito da vitória. Foi para sempre consumado. Percebemos a realização que Jesus reivindicou logo antes de morrer. Não foram homens que consumaram sua ação brutal; foi Ele que realizou o que veio ao mundo realizar. Ele levou os pecados do mundo. Deliberada, livre e perfeitamente em amor Ele suportou o juízo em nosso lugar. Na cruz Ele declarou a nossa salvação, estabelecendo uma “Nova Aliança” entre Deus e a humanidade, e tornou disponível a principal benção da aliança, o perdão dos pecados. Imediatamente a cortina do templo, que durante séculos tinha simbolizado a alienação dos pecadores de Deus, rasgou-se de alto a baixo, a fim de demonstrar que Deus havia destruído a barreira do pecado, e aberto o caminho à sua presença.

Trinta e seis horas mais tarde, Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos. Aquele que havia sido condenado à morte em nosso lugar foi publicamente vindicado em sua ressurreição. Foi a demonstração decisiva de Deus de que Jesus não havia morrido em vão.

Jesus foi executado publicamente como um criminoso. Achavam que as doutrinas que ele ensinava eram perigosas até mesmo subversivas. Foi um julgamento inocente, uma morte angustiante. A sentença que era contra nós, Jesus pagou na cruz do Calvário. Fomos justificados pela sua morte.

“Mas, agora, em Cristo Jesus, vós que estáveis longes, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenança, para que dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade” (Ef 2.13-16).

Ele perdoou todos os nossos delitos, não importando o tamanho deles. Por isso não estamos mais sob o jugo das antigas normas legais e tradições dos homens. A condição para ganhar o céu é crer no sacrifício de Jesus, arrepender-se dos seus pecados e ter uma nova vida e perfeita com Cristo, que é o novo nascimento e uma vida separada do pecado que é a santidade. O que era impossível ao homem, pelas leis judaicas e as tradições dos homens, Jesus fez por amor a nós. Porém, devemos saber que aqueles que ainda estão trilhando nas tradições e regras dogmáticas, presta um falso testemunho; uma mentira aos seus olhos; uma falsa religiosidade, desprezando o sacrifício vicário de Jesus. Jesus tirou qualquer embaraço que nos impedia de chegarmos a Deus, rasgou o véu que nos separava do Criador, mudou o odre e colocou vinho novo que representa a graça.

Muitos não compreendem a supremacia do amor e da graça de Cristo. Deus podia com justiça, ter-nos abandonado ao nosso próprio destino. Ele podia ter-nos deixados sozinhos para colhermos o fruto de nossos erros e perecermos em nossos pecados. É isso o que merecíamos. Mas Ele não nos abandonou, por causa de Seu amor por nós, ele veio procurar-nos em Cristo. Ele foi ao encalço até mesmo na desolada cruz, onde levou o nosso pecado a nossa culpa, o nosso juízo e a nossa morte. É preciso que o coração seja duro e de pedra para não se comover face a um amor como esse. É mais do que amor. Seu nome correto é “graça”, que o amor aos que não merecem.

A salvação de Cristo é um dom gratuito. Ele a “comprou” para nós com o alto preço de Seu próprio sangue. Quando Jesus bradou la no alto cruz dizendo “está consumado”, nada há com que possamos contribuir. Não, é claro, que agora temos a permissão de pecar e podermos sempre contar com o perdão de Deus. Pelo contrário, a mesma cruz de Cristo que é o fundamento de uma salvação gratuita, é também o incentivo mais poderosos a uma vida santa. Mas essa nova vida vem depois. Primeiro, temos de nos humilhar aos pés da cruz, confessar que pecamos e nada merecemos de suas mãos a não ser o juízo, agradecer-lhe por Seu amor profundo, e receber dele um perdão completo e gratuito. Contra essa humilhação própria e nosso orgulho pelas tradições, se rebelamos contra o nosso Deus. Ressentimos a ideia de que não podemos ganhar, nem mesmo contribuir para a nossa própria salvação. De modo que tropeçamos, como disse Paulo, na pedra de tropeço da cruz, quando exigimos santidade pelas normas humanas.


“Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó” (Lc 20.18).

Cair, tropeçar em Cristo, na cegueira espiritual, trará despedaçamento nesta vida pelo julgamento divino. Temos como exemplo a destruição de Jerusalém em 70 d. C. Mas se os religiosos persistirem na dureza de coração até passar o dia da graça, Cristo os levará ao juízo final como a palha soprada por um temporal.

III. A MORTE DE ESTEVAM - At 7.54-60

Os Judeus, até hoje, definem a lei como a “expressão máxima da vontade de Deus”. Jesus disse que não veio destruí-la, mas fazê-la cumprir (Mt 5.17-18).Os fariseus não entendiam o espírito da lei e estavam dispostos a matar ou morrer por ela. Não compreendia o verdadeiro papel da mesma, como o apóstolo Paulo nos mostra em suas epístolas (Rm 3.19-20; Gl 3.24).

Na carta dos Atos dos apóstolos no capítulo 7, à Bíblia descreve mais um ato de selvageria contra um dos profetas do Senhor:

“Qual foi o profeta que os antepassados de vocês não perseguiram? Eles mataram os mensageiros de Deus que no passado anunciaram a vinda do Bom Servo. E agora vocês o traíram e o mataram” (At 7.52).

Em meio essa discussão acerca de Jesus e sua obra, surge então de um jovem israelita por nome Estevam  Conhecedor profundo da história do povo eleito (Israel). Tinha sua fé fundamentada nas promessas divinas. Por isso seu dinamismo espiritual o impediu a um incessante testemunho para provar a sua primazia definitiva do Evangelho sobre a lei mosaica. Nem mesmo os judeus mais cultos, educados nos centros de cultura grega, e que se julgavam superiores aos outros judeus, tivessem sabedoria suficiente para refutar as verdades do Evangelho proclamadas por Estevam.

Após o Pentecoste, Estevão tornou-se alvo da sinagoga, como Cristo já havia advertido aos apóstolos (Mc 13.9-11). Ele foi acusado de blasfêmia pelos judeus, pois não puderam resistir a sua mensagem inspirada (At 6.9-14). Disseram que estava profanando o templo e a lei de Moisés (At 6.13). Mas, para isso, subornaram falsas testemunhas contra ele, para consubstanciar a acusação diante do Sinédrio (At 6.11-12). Eles fizeram também o mesmo com Jesus (Mt 26.59-61).

“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos” (At 7.51-52).

Dura cerviz: Expressão usada pelos profetas (2º Cr 30.8; Jr 17.23) e significa “coração duro”. Embora os judeus fossem circuncidados, contudo eram incircuncisos de coração e ouvidos. Era também a exortação dos profetas contra os desobedientes (Jr 6.10; Ez 44.7).

Matadores de profetas: Seus pais mataram os profetas. As Escrituras apresentam diversos casos dos que foram assassinados em Jerusalém. Os acusadores de Jesus e do mártir Estevão, eram piores que os antepassados, pois foram traidores e homicidas do Messias, daquele que foi anunciado pelos homens de Deus.

Estevam viu-se perante o mesmo Concílio que crucificaram a Jesus, e que dias antes proibira os apóstolos de falar em nome de Jesus (At 4.18). Ali estavam os mesmos sacerdotes: Anãs e Ciafás (4.6) a lançarem contra ele como feras, enquanto os demais presentes iam atirando pedras.

A atitude de Estevão e a maneira como foi martirizado inserem-se no contexto de Mateus 5.10-12. Ele, como muitos ao longo da história do cristianismo, selaram sua fé com o próprio sangue. Hoje, a situação não é diferente. Em muitos lugares de nosso país, nossos pregadores são discriminados, banalizados, perseguidos e muitos destituídos de seus cargos, por causa da verdade do Evangelho. Temos uma luta incessante, pois esta luta não é contra carne, mas contra as hostes de Satanás que cega às pessoas. Mas a vitória é nossa, em nome de Jesus!

“Quando, porém, Gálio era procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus, concordemente, contra Paulo e o levaram ao tribunal, dizendo: este persuade os homens a adorar a Deus por modo contrário à lei” (At 18.12-13).

Para os fariseus, adorar a Deus é preciso estar dentro de seus costumes e tradições e não conforme a verdade do Evangelho.

Saulo consistiu na morte de Estevam  mas quem ousaria crer que dentro em breve Saulo estaria no lugar ocupando o lugar de Estevam, e que Saulo iria empenhar toda a sua força a fim de elevar a bandeira do Evangelho de Cristo?
Devemos manifestar nossa indignação aos “matadores de profetas” que há no meio da Igreja de Deus. Os tais têm aparência de “santos”, mas são lobos devoradores (Jo 10.12).

Passado dois mil anos após a morte de Cristo o legalismo e o tradicionalismo continuam atuando no meio das igrejas. Deus ainda precisa de homens como Estevam  Paulo e muitos outros, que deram suas vidas pelo amor ao Evangelho. Deixe Deus mudar a tua mente permita ele te levar para uma nova vida com Cristo; uma vida de liberdade, mas com compromisso com a verdade do Evangelho.



IV.   A PERSEGUIÇÃO DOS CRISTÃOS PELO IMPERADOR NERO

[...] O primeiro caso documentado de perseguição aos cristãos pelo Império Romano direciona-se a Nero.


No ano 64 D.C., houve um grande incêndio em Roma, destruindo grandes partes da cidade e devastando economicamente a população romana.

Apesar de todos os esforços humanos, da liberalidade do imperador e dos sacrifícios oferecidos aos deuses, nada bastava para apartar as suspeitas nem para destruir a crença de que o fogo havia sido ordenado. Portanto para destruir esse rumor, Nero fez aparecer como culpados os cristãos, uma gente odiada por todos por suas abominações, e os castigou com mui refinada crueldade. Cristo a quem tomam o nome, foi executado por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. Detida por um instante essa superstição daninha pareceu de novo, não somente na Judéia, onde estava a raiz do mal, mas também em Roma, esse lugar onde se narra e encontram seguidores de todas as coisas atrozes e abomináveis que chegam desde todos os rincões do mundo. Portanto, primeiro foram presos os que confessaram (ser cristão), e baseada nas provas que eles deram foi condenada uma grande multidão, ainda que não os condenaram tanto pelo incêndio mas sim pelo seu ódio à raça humana” (TÁCITO, Anais, 15:44).

As formas de execução utilizadas pelos romanos incluíam crucificação e lançamento de cristãos para serem devorados por leões e outras feras selvagens. Os Annales de Tácito informam: “... uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio mas por ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna”. [Fonte: TACITUS. Annals].

V. SANTA INQUISIÇÃO

A Inquisição Católica Romana foi uma das maiores desgraças que ocorreram na história da humanidade. Em nome de Jesus Cristo, sacerdotes católicos montaram um esquema enorme para matar todos os "hereges" na Europa. A heresia era definida da forma como Roma quisesse definir; isso abrangia desde pessoas que discordavam da política oficial, aos filósofos herméticos (praticantes de Magia Negra), judeus, bruxas, e os reformadores protestantes.

Por mais de quinhentos anos os papas usaram a inquisição para manter seu poder contra aqueles que não concordavam com os ensinamentos da igreja romanista. Em conflitos com cardeais e reis, numerosas acusações foram trazidas contra o papa Bonifácio VIII (1294-‘303). Diz a The Catholic Encyclopedia: Dificilmente qualquer possível crime foi omitido – infidelidade, heresia, simonia, grosseria imoralidade, idolatria, mágica, perda de Terra Santa, morte de Celestino V, etc...

Chacinar os inimigos é claramente fruto espiritual podre. Durante a primeira parte de seu ministério, Jesus Cristo foi abordado por dois de seus discípulos - Tiago e João - que tinham acabado de voltar da pregação da mensagem do evangelho por todo o Israel. Esses dois discípulos estavam aborrecidos, porque algumas cidades inteiras tinham recusado ouvir sua mensagem; eles perguntaram ao Senhor:

“Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?” (Lc 9.54).

Jesus Cristo ficou horrorizado e respondeu:

“Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc 9.55-56)

Em nenhum lugar nas Sagradas Escrituras Jesus matou alguém que discordasse dele, tampouco ensinou que seus seguidores fizessem isso. Nenhum dos apóstolos deu essa instrução à igreja mais tarde no Novo Testamento.

Em outra passagem, Jesus Cristo anuncia o tipo de espírito suave que oferece ao mundo. Veja:

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.29-30).

Nosso precioso Salvador nunca ordenou que alguém seja morto por qualquer razão, especialmente por dureza de coração contra sua mensagem, ou por discordar dele em questões espirituais. No entanto, os pagãos regularmente partem para a matança de seus adversários, normalmente com grande gosto e dureza de coração. Em tais matanças, o assassinato não é o bastante; antes que a vítima morra, os pagãos gostam de infligir a máxima dor em suas vítimas. Os praticantes de Magia Branca e Negra acreditam que a dor infligida antes da morte transfere grande poder ocultista para eles, de modo que tentam prolongar a morte de uma pessoa enquanto for possível, infligindo a máxima dor antes que a morte ocorra. Os hábeis executores da Inquisição levavam a vítima ao ponto da morte muitas vezes, e depois paravam a tortura, de forma que a vítima revivesse e depois pudesse ser torturada novamente.

Portanto, a monstruosidade da Inquisição está diante a humanidade como a maior evidência do satanismo inerente da Igreja Católica Romana. Aqueles que tiverem a coragem para examinar esse "fruto podre" final, verão a verdade da Igreja Católica. E não pense que Roma mudou, porque a Bíblia nos diz que um leopardo não muda suas manchas (Jeremias 13.23), e Roma se orgulha de que nunca muda. Uma prova concreta desse fato é que o papa Paulo VI (1963-1978) restaurou o Ofício da Inquisição, renomeado agora como Congregação para a Doutrina da Fé. Hoje, esse nefando Ofício da Inquisição é controlado pelo papa Ratzinger.

Por que o papa Paulo VI reinstituiu o Ofício da Inquisição? Será se ele sabe que o Ofício logo poderá ser necessário outra vez? Com todas as profecias sobre o aparecimento do anticristo ocorrendo quase em conjunto, exatamente como Jesus ratificou (Mateus 24.32-34), o tempo deve ter parecido apropriado para Paulo VI reinstituir esse Ofício sanguinário, pois mesmo apesar de a Inquisição original ter matado dezenas de milhões em 1200 anos, a profecia bíblica nos diz que o Falso Profeta matará bilhões de pessoas em três anos e meio! Visto que o papa católico romano foi escolhido como o futuro Falso Profeta, faz sentido que o Ofício de Inquisição seja reinstalado.

Concluímos que apesar de todo o esforço e comprometimento que o servo de Deus tenha com o evangelho de Cristo, haverá perseguição.

Satanás é sagaz, pois ele usa de astúcia para desvanecer aqueles que hão de herdar a salvação. Ele usou os fariseus para crucificarem Jesus e apedrejar Estevam; o Imperador Nero para destruir os cristãos nas arenas de Roma; O papado na santa inquisição. Porém, hoje, ele mudou sua estratégia usando a perseguição ditatorial para decapitar homens e mulheres que tenham o chamado ministerial de propagar os Oráculos de Deus a este mundo tenebroso.


Pr. Elias Ribas

1.      TACITUS. Annals. Texto estabelecido, traduzido e comentado por A. J. Woodman. Indianapolis/Cambridge: Hackett Publishing Company, Inc., 2004. http://sm.claretiano.edu.br/upload/4/revistas/sumario/pdf/31.pdf
2.      História e Bíblia. UMA PONTE PARA O CONHECIMENTO. Disponível: http://historiaebiblia.blogspot.com.br/2010/01/nero-o-incendio-de-roma-e-perseguicao.html
3.      HECTOR OMAR NAVARRO, Conheça os dogmas do Catolicismo, 3ª Edição, Editora Hon, Uruguaiana RS.
4.       RAIMUNDO OLIVEIRA, Heresiologia – 2ª Edição – EETAD, São Paulo SP.
5.       RAIMUNDO OLIVEIRA, Lições Bíblicas, 1º Trimestre de 1986, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.