TEOLOGIA EM FOCO: janeiro 2017

sábado, 21 de janeiro de 2017

A DOUTRINA DO ARREPENDIMENTO


A doutrina do arrependimento não é sempre reconhecida em nossos dias como deve ser. Vários evangelistas chamam os não salvos para aceitar a Cristo e crê, sem mostrar ao pecador que ele está perdido e precisa de um salvador.

O arrependimento é absolutamente essencial para a salvação, e como nós vamos ver, as Escrituras dão ênfase na pregação do arrependimento.

O arrependimento surge após o homem ouvir a pregação do evangelho, e o Espírito Santo desperta a fé no seu interior acordando de um sono espiritual.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA ARREPENDIMENTO

“...Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9.13).
A palavra arrependimento do lat. repoenitere, o mesmo que contrição. No AT encontramos o vocábulo niham que interpreta-se, partindo da ideia de arrepender-se. Já no grego, temos duas palavras disponíveis para analisarmos que são: metanoeo e apostrepfo.

O sentido das interpretações nos dá sempre a mesma ideia e resume-se em voltar-se para longe de, ou em direção de.

Podemos definir o arrependimento como “a mudança produzida na vida consciente do pecador, pela qual ele abandona o pecado”. É uma mudança de mente; é um estado de contrição profunda do coração humano, pela culpa do pecado, e o desejo de abandoná-lo. É dar meia-volta, e seguir na direção oposta ao caminho que seguia. É uma mudança de atitude, como Zaqueu (Lc 19.8), e de rumo, como o filho pródigo (Lc 15.18-20). É a condição para o ser humano alcançar o perdão, quer ele seja um perdido pecador (Lc 13.3; At 2.38; 3.19; 17.30; 2ª Pe 3.9), ou aquele que, mesmo conhecendo a Deus, também pecou (Ap 2.5, 15, 21; 3.3, 19).

Arrependimento envolve uma completa mudança de pensamentos sobre o pecado e a percepção da necessidade de um salvador. O arrependimento faz o homem ficar tão contristado por causa do pecado, que ele aceita com alegria tudo o que Deus requer para uma vida de retidão. O arrependimento então é virar para o Senhor Jesus com todo o ser em obediência à Sua vontade. Este virar requer confiança incondicional nele e é a renúncia de toda a ajuda humana idólatra.

É a tristeza causada pela violação das leis e princípios divinos. “A verdadeira tristeza sobre o pecado, incluindo um esforço sincero para abandoná-lo”. “Tristeza piedosa pelo pecado”. “Convicção da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a lei divina ao coração”.

A importância do arrependimento não é sempre reconhecida em nossos dias como o deveria ser. Os pregadores apelam aos não salvos para aceitarem a Cristo, sem mostrar ao pecador que ele está perdido, caminhando para a perdição e carecendo de um Salvador. Porém as Escrituras dão muito destaque à pregação do arrependimento. Arrependimento era a mensagem dos profetas do Antigo Testamento (Dt 30.1, 2, 8, 10; 2ª Re 17.13; Jr 8.6; Ez 18.30). Foi o princípio fundamental da pregação de João Batista. Inclusive ele começou o seu ministério por chamar os homens ao arrependimento (Mt 3.1,2; Mc 1.4; Lc 3.3-8); Jesus também começou o seu ministério chamando os homens ao arrependimento (Mt 4.17; Lc 13.1-5). Ele mandou Seus discípulos pregar que os homens devia arrepender-se (Mc 6.12). Antes de ser eleva aos céus, Cristo mandou que Seus discípulos evangelizassem o mundo pela pregação do arrependimento (Lc 24.47). Os doze discípulos (Mc 6.12) e de Pedro no dia de pentecostes (At 2.38; 3:19). Era também fundamental na pregação de Paulo (At 20.21; 26.20). E deve ser o conteúdo da mensagem de todos os pregadores (Lc 24.47); porque é uma condição absoluta para a salvação (Lc 13.2-5).

O peso no coração de Deus, e seu mandamento para todos os homens em todo lugar é que deviam arrepender-se (At 17.30; 2ª Pe 3.9). Também, a falha por parte do homem em atender a chamada de Deus para arrepender-se, quer dizer condenação eterna (Lc 13.2-5). Arrependimento, portanto, é obviamente uma condição absoluta para a salvação e é um dos fundamento bíblico (Hb 6.1; Mt 21.32).

Hoje, os nossos cultos estão cheio de sensacionalismo, materialismo, comércio, mas pouco se ensina sobre as doutrinas de salvação. Portanto, devemos lembrar das mensagens dos profetas, de Cristo e de Seus discípulos.

1.      Podemos, portanto, analisar o arrependimento em três aspectos:
1.1.O elemento Intelectual.
Este elemento essencial do arrependimento implica uma mudança de ponto de vista ou mudança de pensamento. Exemplo o retorno do Filho pródigo a casa do pai.

1.2.O elemento Emocional.
Este aspecto essencial do arrependimento implica mudança de sentimento. Envolve tristeza pelo pecado (2ª Co 7.9-10).

1.3.O elemento Evolutivo.
Este elemento implica uma mudança de propósito e disposição. Uma das palavras hebraicas para arrepender-se é “virar”. Este elemento é o virar (ou meia volta) interior de pecado (Jr 25.25).
O filho pródigo disse: “levantar-me-ei.... E, levantando-se foi... (Lc 15.18-20). Ele não somente pensou nos seus caminhos errados e entristeceu-se por causa deles, mas também dirigiu-se para a casa de seu pai. Este elemento, portanto, incluem e implica o elemento intelectual e o elemento emocional, e é portanto o aspecto mais importante do arrependimento.

2.      Arrependimento e salvação.
É Necessário esclarecer o fato de que o arrependimento em si, não é suficiente para a salvação. Judas Iscariotes se arrependeu do mal que tinha feito, mas por não ter exercido a fé, morreu como um perdido pecador. Seu arrependimento não foi verdadeiro nem completo. Na verdade ele sentiu um remorso pela traição cometida, porém não teve fé para arrepender-se e pedir o perdão, mas sim deu cabo a sua vida.

O arrependimento é tão relacionado com a salvação, que não podemos falar da fé sem o arrependimento. Mesmo sabendo que o arrependimento em si não salva, contudo ele produz uma tristeza no homem e move-o a deixar o pecado e a entregar-se à graça salvadora de Deus.  O arrependimento só ocorre quando a pessoa resolve deixar o pecado, reconhecendo que necessita dum salvador.

3.      Há três passos que levam ao arrependimento.
1) reconhecimento do pecado; 2) tristeza pelo pecado; 3) abandono do pecado.
“Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (Sl 51.3-4).

3.1. O primeiro passo do arrependimento é reconhecer o seu pecado com fez Davi. É interessante observar que Davi não limita a sua confissão aos seus “principais”, mas também inclui “outras” transgressões.

3.2. O segundo passo do arrependimento é sentir tristeza pelo pecado. A palavra “contristado” no original significa “metanoeo e significa “ter tristeza pelos pecados”.

“Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniquidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Sinto-me encurvado e sobremodo abatido, ando de luto o dia todo” (Sl 38.3-4, 6).

Davi lamentou suas transgressões; sentiu um pesar da parte de Deus pelos pecados. Davi descreve o viver no pecado não confessado como o oposto do gozo, e compara como se todos os seus ossos estivessem quebrados.

O verdadeiro arrependimento não se preocupa com um só pecado, procurando esconder os demais, mas sente aflição pelo pecado na sua totalidade.

“Agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis” (2ª Co 7.9).

O Espírito Santo leva o homem a sentir tristeza pelo pecado cometido. O homem só sentira gozo e paz quando confessar e se arrepende de seu pecado. Paulo explica sua alegria após ter confessado seu pecado diante de Deus.

3.3. O último passo é o abandono do pecado. “Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário” (Sl 51.9-12).

Davi era um homem segundo o coração de Deus. Primeiro: porque ele reconhecia seus pecados; segundo: porque ele abandonava o pecado, e, assim Deus usava de misericórdia com sua vida devolvendo a alegria e a paz de espírito. Davi estava disposto a abandonar todo pecado em sua vida. Também, ao mesmo tempo, ele reconheceu sua incapacidade de conseguir isto pelos seus próprios esforços. O seu arrependimento o levou ao Salvador, que unicamente podia criar nele um novo coração, dando-lhe vitória sobre seus pecados pelo poder do Espírito Santo.

No lado divino, o arrependimento é um dom ou uma obra de Deus; Ele é o autor do arrependimento, e inspira e capacita o homem (At 11.18; 5.30-31; 3.23; 2ª Tm 2.24-26; Sl 80.3, 7, 19). O arrependimento então, não é algo que o homem possa originar dentro de si mesmo, ou possa produzir por si mesmo, isto é, por esforço próprio; é dom de Deus. É resultado da graciosa operação de Deus na alma do homem, devido à qual ele dispõe a essa mudança; Deus é quem lhe concede o arrependimento.

A finalidade do mandamento de nos arrependemos é, que reconheçamos a nossa necessidade de obter auxílio fora de nós mesmos, também o fato de que dependemos inteiramente da misericórdia e da graça de Deus; e por isso devemos pedir que ele efetue em nossos corações aquilo que não podemos fazer sozinhos. O homem natural quer fazer tudo por si; somente quando compreendermos a sua fraqueza pedirá auxílio de Deus.

O poder de arrepender-se é gerado pelo Espírito de Deus, causando dentro de nós tristeza pelo pecado cometido, mas o próprio ato em si é do homem; à luz disso, se ele não se arrepender, é porque escolhe não fazer.

4.       Os meios que efetuam o arrependimento.
4.1. Por meio do ministério da Palavra.
“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.37-41).

A pregação do evangelho é que leva a pessoa ao arrependimento. Um exemplo no V. T. é a pregação de profeta Jonas ao povo de Nínive (Jn 3.5-10). Quando ouviram a pregação da Palavra de Deus por Jonas, creram na mensagem e abandonaram suas iniquidade.

Não qualquer mensagem, mas o evangelho é o instrumento que Deus usa para produzir esta finalidade desejada. Além disso, a mensagem precisa ser pregada na autoridade do Espírito Santo (1ª Ts 1.5-9; Lc 16.30-31).

4.2. Por meio da benignidade de Deus para Suas criaturas.
“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4).

O propósito da bondade de Deus, em seus tratos para com os homens, tem em vista dissuadi-los de prosseguir no caminho do pecado e conduzi-los à vida de justiça.

4.3. Por meio da correção (repreensão ou castigo) do Senhor.
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). “Se pois zeloso, e arrepende-te” (Hb 12.5-11)
O propósito da severidade de Deus em seu trato com os homens tem em vista produzir neles os frutos pacíficos de retidão através do verdadeiro arrependimento.

4.4. Por meio da tristeza segundo Deus.
“Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo), agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que defesa, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vindita! Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto” (2ª Co 7.8-11).

Deus tem motivos benevolentes na tristeza que ele permite que venha sobre as vidas, tanto de seus filhos como de outros, e esse motivo é levá-los ao arrependimento.

O arrependimento para a salvação faz algo que o apóstolo Paulo não podia, trazer pesar. Somente Deus pode causar este pesar para o arrependimento.

4.5. Por meio da percepção da santidade de Deus.
“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6).

Em resumo, o arrependimento é um dom de Deus, proporcionado por meio de várias instrumentalidades. Deus aplicando estes meios (no coração do homem) que leva o homem a tomar uma posição. O lado divino é isso e é mostrado nas ordens dadas ao homem para arrepender-se (Mt 3.2; 4.17; At 2.38; 3.19; 26.20; Ap 2.5, b16, 21, 22; 3.3, 19).

5.        Arrependimento um caminho para vitória.
A Bíblia diz que todo homem pecou e carece da glória de Deus (Rm 3.23). Só existe uma maneira de chegar-se a Deus, trilhar pelo caminho do arrependimento.

A parábola do filho pródigo nos dá uma clareza em como conquistar o amor do Pai. O jovem se arrepende. Admite que pecou contra os céus e perante o pai “levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho, faze-me como um dos teus trabalhadores” (Lc 15 18-19).

Com isto o jovem obteve:
Garantia de aceitação – Sl 51. 17, Lc 15.20.
Garantia de reconstituição do caráter - trazei de pressa a melhor roupa, vesti-o
(Lc 15. 22).
A aliança renovada - ponde um anel no dedo (Lc 15. 22).
Garantia de proteção - ponde uma sandália nos seus pés (Lc 15.22).

6.       O verdadeiro arrependimento gera.
5.1. Cancelamento de pecados. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos par que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos de refrigério pela presença do Senhor” (At 3.19).
Jesus pregou o arrependimento. “Disse Jesus: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1.15). Jesus diz: “E que em Seu nome se pregasse arrependimento para remissão dos pecados a todas as nações começando por Jerusalém” (Lc 24.47). Em Atos 2.38 O apóstolo Pedro falando a uma grande multidão disse: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o Dom do Espírito Santo”.

5.2. Gera frutos. O arrependimento (metanoeo) denota uma mudança de mente, afeição, tristeza, convicção e propósito.

Fruto digno de arrependimento não deve ser confundido com metanoeo que é a mudança de vida, isto é o resultado do arrependimento.

Como uma árvore deve produzir fruto, também uma pessoa arrependida deve produzir frutos ou resultados que concordam com a mudança de coração. João Batista, falando aos fariseus e aos saduceus disse: “Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.7-8).

O verdadeiro arrependimento nos mostra então, que a fé e o arrependimento autênticos são acompanhados pela mudança de vida, e sem isso a confissão de pecados e o batismo não têm valor. Lucas 3.8-10, acrescenta detalhes à história e ilustra os frutos de arrependimento como:
A. Generosidade (filantropia) ajuda aos necessitados (Lc 3.12).
B. Honestidade no manuseio do dinheiro (Lc 3.12-13).
C. Tratamento justo e misericordioso para com os outros (Lc 3.14).
D. Respeito às autoridades.
E. Satisfação nas coisas materiais (Lc 3.14).
          
Em outras palavras qualquer indivíduo pode realizar coisas boas, mas somente o homem convertido a Deus produz frutos dignos de arrependimento.

Outros frutos como resultado de arrependimento:
A. Boa conduta moral (Lc 6.45; Gl 5.22-23; Ef 5.9; Fp 1.11), que inclui um bom falar (Mt 12.34-37). É conduta digna de um coração mudado e que aborrece o pecado.
B. Trabalho de evangelização (Jo 4.35-38), profissão pública de fé em Cristo (Rm 10.10; Mt 10.32-33).
C. Restituição (Lc 19.8).
D. Serviço e seguimento a Cristo, desprezando a vida pelo amor Cristo (Jo 12.24-26).
F. Oração respondida (Jo 15.5-8, 16).

7.        Aquele que se arrepende odeia o pecado.
Davi ao pecar contra Deus (2ª Sm 11), arrependeu-se em lágrimas, de coração e com tristeza. Ao e escrever o Salmo 51, disse: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos” (Sl 51.4). O Filho pródigo disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.18).

Aquele que se arrepende odeia os pecados (Sl 97.10) pelos quais se entristece, (2ª Co 7.9). Se verdadeiramente contemplar o seu pecado face a face, há de sentir tristeza de coração de acordo com o que Paulo dia aos Coríntios: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2ª Co 7.10).

Tristeza sem esperança pode ser remorso ou desespero, então não é arrependimento. O remorso é tristeza em vista das consequências do pecado. Mas a tristeza segundo Deus, faz-nos tornar do pecado para Deus. O arrependimento verdadeiro consiste em nos sentirmos tão triste por causa do pecado que resolvemos abandoná-lo e voltarmos para Deus, que nos dá força para vivermos para ele.

Todo o pecado é contra Deus, contra sua natureza, sua vontade, sua autoridade, sua lei, sua justiça e sua bondade; e o mal do pecado está principalmente no fato de que é oposição a Deus e desarmonia com seu caráter. O mal do pecado, cometido conta Deus, é o elemento que dá ao verdadeiro penitente uma ansiedade e uma preocupação especiais. Ele justifica a Deus e condena a si mesmo. O filho perdido disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.21). Temos de confessar a Deus aquele pecado que esperamos que ele perdoe e apague.

Também devemos confessar às pessoas a quem temos ofendido com nossos pecados. (Mt 5.23-24; Tg 5.16; Lc 19.8-9). Muitos crentes vivem afastados dos seus irmãos por causa de pecados que foram confessados a Deus, mas não aos que foram prejudicados por eles. Estes pecados constituem um obstáculo constante, impedindo que irmãos trabalhem juntos em amor. Porém muita prudência deve ser empregada em tais casos, para que a confissão não cause mais prejuízo do que o próprio pecado. Os pecados conhecidos por outra pessoa devem ser confessados a essa pessoa, mas os pecados não conhecidos por aquele contra quem foram cometidos, não devem ser confessados a ele, caso tal confissão o faria pecar por tomar uma atitude errada para com a pessoa que confessa. Se um irmão ofendido não souber de certo pecado que você já tenha confessado a Deus, mas souber que alguma coisa veio interromper a comunhão entre vocês dois, esse pecado deve ser confessado ao irmão, para que seja restabelecida a comunhão do Senhor (1ª Jo 1.7).

8.      No abandono do pecado.
Abandonar o pecado significa deixa-lo para nunca mais voltar, nem contemplá-lo na sua lembrança (Hb 10.17). Se pudéssemos ver o pecado, por exemplo, como a serpente astuta que é, não hesitaríamos em abandoná-lo de uma vez, a fim de ser ele apagado pelo sangue de Jesus Cristo, que “nos purifica de todo pecado” (1ª Jo 1.7).
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9.       Na volta para Deus.
Deixar o pecado não adiantaria nada se você não voltar para Deus através de Seu Filho Jesus (Jo 14.6). Paulo fez lembrar aos tessalonicenses que eles se haviam convertido dos ídolos a Deus (1ª Ts 1.9). Quando Paulo testifica perante o rei Agripa, contou como Jesus lhe tinha falado numa visão no caminho de Damasco, dizendo que converteria a muitos da “potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados.... pela fé em mim” (At 26.18).

10.   Os três resultados do arrependimento.

10.1.        Alegria ou gozo no céu.
“Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.7-10).

Há alegria na presença dos anjos e de Deus, tanto quanto em seu próprio coração pelo arrependimento dos pecadores.

10.2.      Perdão dos pecados.
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.7).

O arrependimento é uma condição necessária para obtermos o perdão divino. O homem verdadeiro arrependido é uma condição sente que seu arrependimento não é mérito algum; ele reconhece que seu pecado merece punição. As condições de perdão conforme Pv 28.13 são confissão e arrependimento (Mt 18.15-17; Lc 17.3). Também quem não quer perdoar não pode ser perdoado (Mt 6.14-15).

Se o homem abrir o seu coração, o Espírito Santo o convencerá do pecado (Jo 16.3), e mostrará a necessidade do arrependimento.

10.3.      Recepção do Espírito Santo.
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).

O arrependimento faz parte essencial do requisito subjetivo que visa à outorga do Espírito. É justamente isso que põe a alma em atitude receptiva.

Resumindo, então, o pecador arrependido alegra o céu, recebe o perdão e o Espírito Santo.

Pr. Elias Ribas