TEOLOGIA EM FOCO: agosto 2016

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A GRAÇA DE DEUS



I.         DEFINIÇÃO DE GRAÇA

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorre dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, sua misericórdia e bondade.

A graça no grego é: “Charis que significa: “favor imerecido, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”. Há um grande tesouro inserido na graça de Deus: a justificação (Rm 5.1).

A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

Com a morte de Cristo Deus consagrou um novo caminho de acesso a Sua pessoa. Esse acesso ao trono da graça e a abolição do caminho cerimonial foram simbolizados pelo rasgar do véu do templo no momento em que Jesus morreu.

A dispensação da graça, no entanto, só foi inaugurada no dia de pentecostes quando o Espírito foi derramado sobre os crentes reunidos no cenáculo. A experiência pentecostal do poder do Espírito Santo torna real na vida dos crentes, aquilo que Jesus proveu pela sua morte na cruz.

As profecias e as leis do Antigo Testamento são cumpridas em Jesus Cristo. Nosso Senhor Jesus Cristo cumpriu todas as profecias Messiânicas do Antigo Testamento.

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.      A GRAÇA DE DEUS

A graça de Deus é a sua imerecida bondade ou amor manifestado para com os que perderam o direito a ela e estão sob sentença de condenação. O amor de Deus para com o ser humano é sempre imerecido, pois é oferecido gratuitamente e o homem muitas vezes o rejeita, mesmo sem merecer. A graça de Deus é a fonte de todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores. Sua graça tem maior significação prática para os pecadores. É pela graça de Deus que o caminho da redenção foi aberto aos pecadores (Rm 3.24; 2ª Co 8.9) e pela graça os pecadores recebem o dom de Deus em Jesus Cristo (Ef 2.8). Pela graça são justificados (Tt 3.7); também pela graça são enriquecidos de bênçãos espirituais (Jo 1.16; 2ª Ts 2.16); e finalmente recebem a salvação pela graça (Ef 2.8-9; Tt 2.11). Os seres humanos vivem absolutamente sem méritos próprios, estando na total dependência da graça de Deus em Cristo.

A carta aos romanos revela mais claramente o que é graça. No capítulo 3, vemos que éramos pecadores e, por isso, carecíamos da glória de Deus. Por essa razão, Deus justificou-nos gratuitamente por meio da Sua graça e recebemos Sua vida. O pecado entrou no homem por meio da desobediência de Adão, e com o pecado entrou a morte.

Deus não criou o homem para que esse morresse, mas para ter a vida eterna. Entretanto, em Adão todos pecaram e “a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12), impedindo o homem de desfrutar da glória e da graça de Deus. Por isso, Paulo diz que a morte reina (v. 14). Estamos no tempo em que podemos desfrutar da graça e da verdade, o qual se estenderá até a entrada do reino milenar, mas até hoje a morte tem reinado. Somente quando saímos do domínio de Satanás, do domínio do pecado, da vida natural, e nos uniu em vida a Cristo é que escapamos do reinar da morte e passamos a reinar em vida.

Quando isso ocorre a graça passa a reinar em nós (v. 6). Assim como pecado veio por um homem: o pecado veio através do primeiro homem, Adão, mas a graça veio por intermédio do segundo homem, Jesus Cristo, o último Adão, que se tornou o Espírito que dá vida para dar Sua vida a todo o que Nele crer (1ª Co 15.45). O primeiro Adão é terreno e carnal; o segundo é celestial e espiritual. Anteriormente estávamos no primeiro homem e vivíamos por sua vida. Mas quando cremos, tornamo-nos parte do segundo homem, Jesus Cristo, e podemos viver por Sua vida. Isso é o reinar da graça.

III. OS PLANOS DIVINOS NA DISPENSAÇÃO DA GRAÇAS


A palavra chave para esta dispensação é graça. O tempo de duração da dispensação da graça vai da crucificação de Cristo até a sua Segunda vinda, período esse que já abrange quase dois mil anos.

Na dispensação da Lei Mosaica, era a intenção de Deus habitar entre seu povo e conceder-lhe purificação de seus pecados, ter vida e santidade deles e por meio desse mesmo povo, ser uma bênção em toda a terra. Mas em razão dos pecados de Israel e seu fracasso, Deus foi obrigado a afastar-se deles e deixar-se casa vazia.

Na dispensação da graça, Deus fez a mesma oferta a cada indivíduo em todas as nações do mundo (Mc 16.15, Jó 17.20, 21). Agora Deus concede a sua própria e natureza 2ª Co 5.17, 20 e o batismo com o Espírito Santo At 2.4,38, 39. Essas verdades devem ser pregadas em todo o mundo pelos convertidos a Cristo Mt 28.20.

Sob a dispensação da lei, Israel foi chamado a congregação do deserto (At 7.38). Porém na dispensação da graça, todos os indivíduos de todas as nações que aceitarem a Cristo, seu sangue e seu Espírito, constituem a “Igreja dos Primogênitos”, Hb 12.23 que é a Igreja redimida pelo sangue de Cristo, o grande povo salvo, Gl 3.28.

O propósito de Deus nesta dispensação é formar um povo todo Seu, coeso e forte, que o glorificará por toda a eternidade. O meio usado por Deus para atingir esse objetivo é a pregação do evangelho da graça (Mc 16.15 e Rm 1.16). O plano de Deus não é a conversão total do mundo, mas sim, chamar para fora do mundo um povo para o nome de Jesus.

A dispensação da graça não é apenas uma extensão da dispensação da lei sob um outro nome a lei e os profetas duraram até João Batista (Lc 16.16). Moisés e a lei pertenciam a uma dispensação, e Cristo e a graça pertencem à outra dispensação. Por esse motivo não há na igreja lugar para os ritos cerimoniais, sacrifícios de carne, instituição de sacerdotes como mediadores entre Deus e os homens.


A graça de Deus é o agente pelo qual ele receberá a justificação (Tt 3.7); a regeneração (Jo 3.3); a santidade (At 26.18); a segurança de Deus (1ª Pe 1.5). O homem só poderá receber a graça salvadora mediante a sua decisão a Cristo.

Pr. Elias Ribas