TEOLOGIA EM FOCO: dezembro 2019

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

A VELHICE DE DAVI



LEITURA BÍBLICA
2º Samuel 23.1-7 “E estas são as últimas palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do DEUS de Jacó, e o suave em salmos de Israel: 2 - O ESPÍRITO do SENHOR falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca. 3 - Disse o DEUS de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de DEUS. 4 - E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando, pelo seu resplendor e pela chuva, a erva brota da terra. 5 - Ainda que a minha casa não seja tal para com DEUS, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar. 6- Porém os filhos de Belial serão todos como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode pegar com a mão. 7 - Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.”

INTRODUÇÃO
- Davi estava nos seus últimos dias - veio a falecer com 70 anos.
- Envelhecimento: idoso, velhice ou terceira idade?
- Tentar definir esses conceitos pode parecer uma tarefa bastante fácil e simples, no entanto, estes se apresentam como um tema complexo e que requer maiores esclarecimentos de suas diversas dimensões. É importante sabermos que existe alguns termos para definir envelhecimento, idoso velhice e terceira idade.

I. DEFINIÇÃO DO TERMO

- O dicionário define “velhice” como: “estado ou condição de velho; idade avançada, que se segue à idade madura” (HOUAISS, 2001, p. 2838).

- Alguns termos usados para referir-se às pessoas com mais de 60 anos de idade, acabam trazendo ideias errôneas em torno do envelhecimento. Podemos pensar até que, o uso desses termos pode trazer uma tentativa de suavizar e/ou amenizar o peso que estes conceitos causam em nossa sociedade.

- Costumeiramente ouvimos em nossa sociedade, de uma forma geral, o uso dos termos idoso, velhice e terceira idade. Afinal, de que forma podemos nos referir a essa etapa da vida? Todos estes termos se referem ao mesmo fenômeno? “Não reconhecemos a velhice em nós, nem sequer paramos para observá-la, somente a vemos nos outros, mesmo que estes possuam a mesma idade que nós.

- O envelhecimento deve ser entendido como um processo natural da vida que traz consigo algumas alterações sofridas pelo organismo, consideradas normais para esta fase. Envelhecemos desde o momento em que nascemos. “Se envelhece conforme se vive”.

- Pelo termo idoso, podemos entender todo e qualquer indivíduo acima de 60 anos de idade. Este conceito foi criado na França em 1962, substituindo termos como velho, velhote coroa e foi adotado no Brasil em documentos oficiais logo depois. O idoso é o sujeito do envelhecimento.

- O termo velhice é considerado para uns como o último ciclo da vida, que independe de condições de saúde e hábitos de vida, é individual, e que pode vir acompanhado de perdas psicomotoras, sociais, culturais e etc; já outros acreditam que a velhice é uma experiência subjetiva e cronológica. Acreditamos que a velhice seja como uma construção social que cria diversas formas diferentes de se entender o mesmo fenômeno, dependendo de cada cultura.

- É importante que possamos entender que esta fase da vida é única e importante, e que traz modificações biopsicossociais que devem ser respeitadas. Que esta etapa de vida não pode ser vista como negativa, pois os idosos ainda têm muito a nos ensinar sobre a vida.
Respeitar o idoso é respeitar nosso próprio futuro! [https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-idoso-velhice-ou-terceira-idade/-21-12-19].

- A velhice é a idade avançada, a maturidade, a experiência. As culturas orientais valorizam muito os idosos, bem mais do que as ocidentais.

II. UMA VISÃO GERAL SOBRE A VELHICE

1. Concepções antigas e modernas.
- Muitas vezes a velhice era vista como algo muito ruim e triste. Veja o que Moisés escreveu sobre a velhice - Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! (Sl 90.10).
- Quando se pensa em jovens e idosos ele já aparece, no choque das gerações. Na verdade, os jovens nem gostam muito de pensar no futuro e a simples ideia de envelhecer causa desconforto. O mundo da terceira idade é algo tão distante de suas vidas que a ideia de o que é envelhecimento é distorcida. “Alguns [jovens] definem o idoso através de uma imagem idealizada, diferente da real”, afirmam Caldas e Thomaz.

- Esse distanciamento acaba reforçando estereótipos: idosos não sabem lidar com tecnologia, são ultrapassados, vivem doentes, não podem praticar atividades físicas, ou trabalhar e se divertir plenamente. Nada poderia ser mais distante da realidade, claro.

- Os estudos mostram que os jovens até reconhecem coisas positivas na velhice, mas nada que vá muito além do: “idosos são experientes e sábios”. Caldas e Thomaz ainda acreditam que, em certos momentos, adolescentes tentam ser positivos a respeito da velhice, mas é tudo balela: eles apenas querem soar politicamente corretos. Em uma pesquisa que perguntava se era possível ser verdadeiramente feliz na terceira idade, por exemplo, os jovens responderam que sim, mas que não imaginavam a si próprios realmente satisfeitos quando idosos. O que pode ser interpretado como uma forma de afirmar “tudo bem envelhecer, contanto que não aconteça comigo”.

- As pesquisadoras explicam: “O jovem classifica a velhice como uma etapa difícil de viver”. E qual a maneira mais comum de lidar com o que parece ser difícil, para os de pouca idade? Ignorar e fingir que não vai acontecer. Uma postura que pode causar muitos prejuízos no futuro.

1.1. Um novo olhar financeiro.
- Ao evitar preocupações relacionadas ao futuro, os jovens acabam colocando de lado questões que precisam de atenção em um período mais cedo da vida, como a aposentadoria. Quando se trata dela, especialistas são unânimes: quanto mais cedo o hábito de poupar for adquirido, melhor. Então, é importante aceitar que a velhice virá e estar preparado para isso.

1.2. Um novo olhar na saúde.
- A saúde é um aspecto que requer cuidados durante a vida toda, mas quando se trata de envelhecimento, a atenção dada a ela deve ser ainda maior. Preocupar-se com o futuro ajuda a prevenir diversas doenças na terceira idade. A preparação para um envelhecimento realmente sadio começa muito antes dos 40, com um estilo de vida saudável, levado desde a juventude. Por isso, é importante manter em mente que hábitos como dieta alimentar adequada, prática regular de exercícios, exames preventivos e atividades de estímulo mental se transformam em benefícios no futuro. “A hora de colher os frutos benéficos chegará. É preciso conscientizar as pessoas sobre a prevenção, pois somente assim é possível minimizar os sintomas negativos do envelhecimento e fazer com que este período seja prazeroso, tranquilo e sem doenças, que trazem tanto sofrimento para o idoso e sua família”, finaliza o nutrólogo Francisco Humberto.
[http://portalamigodoidoso.com.br/2014/09/12/percepcao-o-que-os-jovens-pensam-sobre-terceira-idade/].

2. Concepção bíblica.

- Estamos num processo de envelheci- mento, do qual ninguém poderá escapar (Ec 12.1-7). A velhice não deve ser vista como algo ruim, pois devemos ser gratos a Deus pelo fato de termos vida física longa, o que é um dom, um presente (Pv 20.29). Biblicamente é sinal de bênção chegar a ver os netos (Gn 48,11; Sl 128.6). Na cultura israelita presumia-se que a idade avançada tinha algo a ver com o amadurecimento e a sabedoria (Jó 12.12,13). Os velhos do hebraico “zaqem” eram reconhecidos como o grupo de mais elevada autoridade sobre o povo. Havia um grupo em Israel denominado de anciãos; eles agiam como representantes das nações (Jr 19.1; Jl 1.14; 2.16) e também administravam muitos assuntos políticos e desempenhavam um papel ativo na administração da nação e aplicação da Lei de Moisés (Nm 22.7; Js 22.13-33; Dt 21.18-21). Os velhos da cidade formavam uma espécie de conselho municipal cujos deveres incluíam a função de juízes (Dt 19.12; Nm 11.16-25), conduziam as investigações e inquéritos (Dt 21.2) e resolviam conflitos matrimoniais (Dt 22.15; 25.7). Foram reunidos por Moisés para receber o anúncio da libertação do Egito (Êx 3.16-18). O pacto foi ratificado no Monte Sinai na presença de 70 dos anciãos de Israel (Êx 24.1,9,14; cf. 19.7). A base na organização das sinagogas, incluía a figura do ancião (At 11.30; 14.23). Na Igreja Primitiva ocupavam um lugar respeitoso (1Pd 5.5 ver 1Tm 5.1) (PFEIFFER, 2006, pp. 100-101).

- A Bíblia ensina que as pessoas mais velhas devem ser honradas e respeitadas. A idade avançada traz sabedoria e equilíbrio. Mesmo na velhice podemos ser ativos e producentes. A Bíblia revela pessoas idosas que foram tremendamente usadas por Deus. Nunca é tarde para servir a DEUS.

2.1. Velhice na Bíblia

- A Bíblia descreve a velhice como algo natural e dadivoso. O homem que mais viveu na terra foi Matusalém, chegando à idade de 969 anos (Gn 5.27). Mas há muitos outros que chegaram à velhice com menos idade e diversos problemas, como Isaque, que não enxergava mais (Gn 27.1), Barzilai, que afirmou que, devido à idade, já não se interessava mais por finas iguarias (2º Sm 19.34,35).

- A Bíblia relata, porém, dois homens de idade avançada que não foram atingidos pelos sintomas e problemas na velhice. O primeiro é Moisés; em Deuteronômio 34.7 é dito que seus olhos nunca escureceram nem ele perdeu o vigor. Em seguida, Calebe, com a idade de 84 anos, falou a Josué que DEUS lhe tinha conservado até ali, e ele ainda viria a conquistar as terras que lhe foram destinadas (Js 14.10-14).

- A velhice virá para todos os mortais, mas o importante é ter DEUS na vida, pois, dessa forma, poderá ser encarada com naturalidade, longe de qualquer estereótipo.

- Toda Igreja deve manter um trabalho específico junto aos idosos. Eles são excelentes para visitação em lares, hospitais e prisões, bem como, na manutenção do Círculo de Oração, tanto o feminino, quanto o masculino.

- Alguns versículos bíblicos sobre a terceira idade:
“O cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e obtém-se mediante uma vida justa.” (Pv 16.31). “Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado nem seus filhos mendigando o pão.” (Sl 37.25). “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.” (Sl 90.12). “Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação.” Sl 91.16) “Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes.” (Sl 92.14). “Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou eu aquele, aquele que os susterá. Eu os fiz e eu os levarei; eu os sustentarei e eu os salvarei.” (Is 46.4). “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes.” (Sl 92.14). “Agora que estou velho, de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que eu possa falar da tua força aos nossos filhos, e do teu poder às futuras gerações”. (Sl 71.18). “Os filhos dos filhos são uma coroa para os idosos, e os pais são o orgulho dos seus filhos.” (Pv 17.6). “Ensine os homens mais velhos a serem moderados, dignos de respeito, sensatos e sadios na fé, no amor e na perseverança.” (Tt 2.2). “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia.” (2ª Co 4.16). “Pois bem, o Senhor manteve-me vivo, como prometeu. E foi há quarenta e cinco anos que ele disse isso a Moisés, quando Israel caminhava pelo deserto. Por isso aqui estou hoje, com oitenta e cinco anos de idade! Ainda estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; tenho agora tanto vigor para ir à guerra como tinha naquela época.” (Js 14.10-11). “Levantem-se na presença dos idosos, honrem os anciãos, temam o seu Deus. Eu sou o Senhor”. (Lv 19.32). “Um homem pode ter cem filhos e viver muitos anos. No entanto, se não desfrutar as coisas boas da vida, digo que uma criança que nasce morta e nem ao menos recebe um enterro digno tem melhor sorte que ele” (Ec 6.3). “Você irá para a sepultura em pleno vigor, como um feixe recolhido no devido tempo.” (Jó 5.26). “Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças.” (Sl 71.9). “A vida será mais refulgente que o meio-dia, e as trevas serão como a manhã em seu fulgor.” (Jó 11.17). “Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! (Sl 90.10).”...e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite.” “Lc 2.37).

III. A VELHICE DO REI DAVI

- Davi atingiu a idade de setenta anos (2º Sm 5.4). Notemos como se encontrava Davi em sua velhice:

1. As limitações no corpo.
- Davi, o rei, guerreiro e poeta, atingiu a idade de setenta anos (2º Sm 5.4), que, segundo as palavras de Moisés, são o limite máximo da vida e que a velhice traz consigo diversas limitações para o corpo físico (Sl 90.10). Para Davi, ter sido moço e agora ser velho não significava exatamente uma mudança com consequências drásticas. Era apenas uma experiência a mais, uma sequência natural: “Fui moço e agora sou velho...” (Sl 37.25). Por mais robusto que seja o ser humano, não poderá escapar às limitações físicas que lhe impõem a terceira idade (Ec 12.1-9). Aparecem a canseira e o enfado (Sl 90.10); a visão perde a sua força (Gn 27.1); e o vigor vai desaparecendo (Gn 17.17). As forças de um idoso não são as mesmas de um jovem (2º Sm 19.34-37).

2. As enfermidades.
- Quando chegou a velhice Davi começou a padecer com as enfermidades. Sentia um frio grande que nem cobertores, podiam lhe aquecer (1º Rs 1.1). Vendo isso, os servos de Davi sugeriram que lhe trouxessem uma virgem para que deitasse junto ao corpo de Davi a fim de aquecê-lo (1º Rs 1.2,3). A cerca disto afirmou certo teólogo: “a sugestão dos servos para que se buscasse uma jovem para o rei a fim de lhe restaurar a vitalidade perdida e o aquecesse era uma prescrição médica aceita até a Idade Média” (MOODY, sd). Nenhum significado imoral deve ser dado a esta prática, embora em nossa cultura nos pareça um tanto estranha. O próprio texto bíblico acrescenta que Davi não a possuiu como mulher (1º Rs 1.4). Abisague serviu de enfermeira prática junto ao moribundo Davi.

3. A aproximação da morte.
- Com a idade avançada, Davi sentiu estar próximo da morte (1º Rs 1.1). Este grande personagem hebreu faleceu e foi sepultado na cidade de Jerusalém. Como Deus havia lhe prometido, concedeu-lhe três grandes bençãos, a saber: (a) o trono de todo Israel: “E foram os dias que reinou sobre Israel, quarenta anos; em Hebrom reinou sete anos, e em Jerusalém reinou trinta e três” (1Cr 29.27); (b) longevidade: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias” (1º Cr 29.28-a); e, (c) riquezas em abundância: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória” (1º Cr 29.28-b).

IV. CONSELHOS DE DAVI EM SUA VELHICE PARA O NOVO REI

- Quando Davi sentiu estar próximo da morte em sua velhice (1º Rs 1.1), mostrou preocupação com a continuação do governo que Deus lhe conferiu. Sabendo de antemão que dos seus filhos, Salomão era o escolhido para lhe suceder no trono (1º Cr 28.6,7), e que edificaria o templo (1º Cr 22.9,10), Davi lhe fez diversas recomendações para que o seu governo contasse com a bênção de Deus e fosse próspero (1º Cr 28.9,10). Notemos:

1. Conhecer a Deus. Embora as experiências espirituais de Davi fossem bastante válidas, e, por certo foram narradas para seus filhos e até mesmo presenciada por eles, este servo de Deus reconhece que Salomão tinha que ter a sua própria experiência: “Conhece o Deus de teu pai” (1º Cr 28.9). A expressão “conhecer” no hebraico “yada” significa: “conhecer por experiência, relacionar-se”. A falta de conhecimento de Deus foi o maior problema de Israel, como declarou o próprio Deus através de Isaías (Is 1.1-3). É imprescindível que conheçamos a Deus e prossigamos em conhecê-lo (Os 6.3).

2. Servir a Deus. Após exortá-lo a conhecer a Deus, Davi também disse a Salomão que o servisse e orientou quanto a forma: “de coração perfeito e alma voluntária”. A expressão de coração perfeito, no hebraico “shalem” implica um “coração completo, inteiro, todo”. Já a expressão “alma voluntária” fala de buscar com prazer, com amor e não forçado. A orientação de Davi é acompanhada de uma exortação severa para quem não servir a Deus desta maneira (1º Cr 28.9-b). Infelizmente com o passar do tempo, Salomão se deixou seduzir pelo pecado e não serviu a Deus como seu pai ordenou (1º Rs 11.4).

3. Fazer a obra de Deus. Salomão também recebeu como incumbência de seu pai a edificação do Templo, um lugar fixo de adoração ao Deus vivo. Davi disse a Salomão: “Olha, pois, agora, porque o SENHOR te escolheu para edificares uma casa para o santuário; esforça-te, e faze a obra” (1º Cr 28.10). Salomão haveria de realizar algo inédito. Uma grande casa para o Senhor deveria ser construída (1º Cr 29.1).

V. BÊNÇÃOS DIVINAS NA VELHICE DO CRENTE

- Temos vários exemplos de servos de Deus que tiveram experiências em sua velhice: Sara e Abraão (Gn 21.1-7); do rei Davi (1º Cr 29.27,28); Simeão (Lc 2.25-30); Ana (Lc 2.36-38) etc. A terceira idade é um tempo especial da parte de Deus para que os idosos colham com alegria os frutos das sementes plantadas na juventude: “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes” (Sl 92.14). Davi experimentou isso em sua velhice (Sl 71.9,18). A longevidade é um presente dado por Deus: “Dar-lhe-ei abundância de dias” (Sl 91.16). Vejamos o que a Bíblia fala-nos sobre a velhice do crente:

1. A velhice é tempo de experiência. A Bíblia diz que: “Coroa de honra são as cãs ...” (Pv 16.31-a), a velhice é um símbolo de beleza: “... e a beleza dos velhos, as cãs” (Pv 20.29-b). Como diz a Bíblia, a maturidade com o seu modo de ser e de agir não cabe na infância, mas na vida daqueles que já são experimentados (Jó 12.12,13) nos embates da vida material e espiritual (1ª Co 13.11; Hb 5.13,14). Houve uma certa naturalidade em Samuel quando, já idoso, disse ao povo de Israel: “Já envelheci e estou cheio de cãs...” (1º Sm 12.2). A primeira grande bênção do período da velhice é a maturidade, sobretudo quando se floresce plantado na Casa do Senhor (Sl 92.13,14). Duas figuras de linguagem dão a dimensão exata do que isso representa: a palmeira e o cedro. Em ambas vemos a lição de utilidade, perenidade, firmeza e robustez. São assim os que envelhecem seguindo os princípios ditados por Deus: têm raízes profundas, que suportam os ventos da tempestade, são longevos, robustos e de presença acolhedora. Os princípios de vida ensinados na Bíblia levam à maturidade, à prudência e à sabedoria (Is 46.4).

2. A velhice é tempo de frutificação. A terceira idade é a época em que os frutos são colhidos como resultado daquilo que se plantou na infância, na juventude e nos primeiros ciclos da vida adulta (Ec 12.1). Paulo aceitou a consciência de sua velhice, assumiu a sua nova condição, isto é, simplesmente aceitou a realidade dos fatos: “...sendo o que sou, Paulo, o velho...” (Fm 9).No salmo 92.12-14 temos duas importantes lições:

A. Saber plantar, isto é, fazer boas escolhas sob a direção de Deus nos verdes anos da juventude é condição essencial para que se faça uma boa colheita no período da terceira idade.

B. Aquilo que colhemos na terceira idade, inclusive certas doenças, é o resultado direto das escolhas que fizemos no tempo da semeadura (Gl 6.7-9). A terceira idade é, também, um tempo de colheita. Esse fato, decorrente de semeadura no passado, implica que a semente plantada cumpra, pelo menos, três fases distintas: brotar, crescer e frutificar. Na promessa do Pentecostes, Deus não se esqueceu dos velhos, ou idosos: “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões” (Jl 2.28).

3. A velhice é tempo de ensinamento. Os jovens permaneciam calados diante deles e só falavam quando estavam certos de que os mais velhos nada mais tinham para dizer (Jó 32.6-7). Alguém que chegou à terceira idade após uma boa semeadura ainda tem muito a contribuir nos átrios da casa de Deus e a ensinar aos que o cercam (Sl 71.15-18; Tt 2.2-5). Esta é também uma época de ensinamento (Êx 18.13-27; Pv 23.22). Mostra-nos a história que desprezar o conselho dos mais velhos não é um bom negócio (1º Rs 12.6-8). Não é bom reter somente para nós, em nossos celeiros, aquilo que Deus amorosamente nos concedeu durante toda a nossa vida. A menção aos frutos, no Pentateuco, sempre traz implícita essa ideia (Dt 26.1-11 cf. 16.11). Os anciãos que, tanto em Israel quanto na Igreja Primitiva, ajudavam na orientação dos negócios do Reino de Deus (Êx 4.29; 19.7; At 15.2). A Bíblia nos diz que: “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do velho, e terás temor do teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 19.32).

4. A velhice é tempo de trabalho. Jacó, aos 147 anos de idade (Gn 47.28) faz a seguinte declaração: “… o Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia” (Gn 48.15). Outra área que traz renovação espiritual no tempo da velhice é a do serviço cristão (Lc 2.36-38). Existem muitas áreas de trabalho nas igrejas apropriadas para as pessoas da terceira idade. É óbvio que elas não correrão como as pessoas mais jovens, não terão o mesmo ativismo, mas poderão ter o conhecimento e experiência necessária para realizarem certas atividades que requerem a maturidade que só os idosos possuem. O povo de Deus necessita da energia dos crentes mais jovens, mas não pode jamais abrir mão da experiência dos santos mais idosos. Lembremo-nos de que Abraão e Sara cumpriram o propósito de Deus na sua velhice (Gn 22.1,2,5), Moisés começou a liderar o povo de Israel com a idade de 80 anos (Êx 7.7; Dt 29.5; At 7.23,30,36); Calebe conquistou Hebrom em plena velhice aos 85 anos (Js 14.12-14); e Davi, o grande rei de Israel, morreu em boa velhice “tendo desfrutado vida longa, riqueza e glória” (1º Cr 29.27,28 – NVI).

CONCLUSÃO
- A vida física tem começo, meio e fim e a terceira idade não deve ser vista como o fim de uma existência, mas como o início de uma nova etapa na vida do ser humano. Ciente disto, devemos procurar viver de forma agradável a Deus, temendo o Seu nome e realizando a sua vontade. Se procedermos assim, deixaremos um legado para as próximas gerações, de autênticos servos de Deus.

FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, T
4.       rad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
5.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida RA.
6.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRADE, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
7.       CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl. 02. SP: HAGNOS, 2004
8.       CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
9.       GOMES, OSIEL, A Degeneração da Liderança Sacerdotal, EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição 4, – CPAD Rio de Janeiro RJ.
10.   HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
11.   HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
12.   STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
13.   WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
15.   A%20Velhice%20de%20Davi.html Acesso em 27 de dez. 2019.
http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 23 dez. 2019

SAUL E A MÉDIUM DE EM-DOR



1º Sm 28.1-20: “Naqueles dias os filisteus reuniram suas tropas para lutar contra Israel. Aquis disse a Davi: Você deve saber que você e seus soldados me acompanharão no exército. 2- Disse Davi a Aquis: Então tu saberás o que teu servo é capaz de fazer. Aquis respondeu-lhe: Então, o colocarei como minha guarda pessoal permanente. 3 - Samuel já havia morrido, e todo o Israel o havia pranteado e sepultado em Ramá, sua cidade natal. Saul havia expulsado do país os médiuns e os espíritas. 4 - Depois que os filisteus se reuniram, vieram e acamparam em Suném, enquanto Saul reunia todos os israelitas e acampava em Gilboa. 5 - Quando Saul viu o acampamento filisteu, teve medo; ficou apavorado. 6 - Ele consultou o Senhor, mas este não lhe respondeu nem por sonhos nem por Urim nem por profetas. 7 - Então Saul disse aos seus auxiliares: Procurem uma mulher que invoca espíritos, para que eu a consulte. Eles disseram: Existe uma em En-Dor. 8 - Saul então se disfarçou, vestindo outras roupas, e foi à noite, com dois homens, até a casa da mulher. Ele disse a ela: "Invoque um espírito para mim, fazendo subir aquele cujo nome eu disser. 9 - A mulher, porém, lhe disse: Certamente você sabe o que Saul fez. Ele eliminou os médiuns e os espíritas da terra de Israel. Por que você está preparando uma armadilha contra mim que me levará à morte? 10 - Saul jurou-lhe pelo Senhor: Juro pelo nome do Senhor que você não será punida por isso. 11 - Quem devo fazer subir? perguntou a mulher. Ele respondeu: Samuel. 12 - Quando a mulher viu Samuel, gritou e disse a Saul: Por que me enganaste? Tu mesmo és Saul! 12 - O rei lhe disse: Não tenha medo. O que você está vendo? A mulher disse a Saul: Vejo um ser que sobe do chão. 13 - Ele perguntou: Qual a aparência dele? E disse ela: Um ancião vestindo um manto está subindo. Então Saul ficou sabendo que era Samuel, inclinou-se e prostrou-se, rosto em terra. 15 - Samuel perguntou a Saul: Por que você me perturbou, fazendo-me subir? Respondeu Saul: Estou muito angustiado. Os filisteus estão me atacando e Deus se afastou de mim. Ele já não responde nem por profetas nem por sonhos; por isso o chamei para dizer-me o que fazer. 16 - Disse Samuel: Por que você me chamou, já que o Senhor se afastou de você e se tornou seu inimigo? 17 - O Senhor fez o que predisse por meu intermédio: rasgou de suas mãos o reino e o deu a seu próximo, a Davi. 18 - Porque você não obedeceu ao Senhor nem executou a grande ira dele contra os amalequitas, ele lhe faz isso hoje. 19 - O Senhor entregará você e o povo de Israel nas mãos dos filisteus, e amanhã você e seus filhos estarão comigo. O Senhor também entregará o exército de Israel nas mãos dos filisteus. 20 - Na mesma hora Saul caiu estendido no chão, aterrorizado pelas palavras de Samuel. Suas forças haviam se esgotado, pois ele tinha passado todo aquele dia e toda aquela noite sem comer.

INTRODUÇÃO
- Esse capítulo marca o mais baixo ponto da vida espiritual de Saul, registrando uma das horas mais obscuras do seu reinado (1º Sm 28.1-25). Também apresenta um incidente que perturba eruditos e estudiosos das Escrituras, o episódio da pitonisa (médium) de En-Dor, em que Saul consulta o espírito de Samuel. Saul estava prestes a enfrentar um ataque dos filisteus e além disso, havia assassinado a todos os sacerdotes e o profeta Samuel já era morto; sem saber o que fazer e com quem pedir conselhos, em noutras palavras ele estava sozinho. Portanto, com o silêncio do Senhor, Saul se volta para uma prática condenável por Deus, a consulta aos mortos (Dt 18.10,11). E o faz apenas para saber sobre a sua morte e a derrota de Israel. A tragédia de sua vida quase se igualou ao seu amargo fim.

I. SAUL FALOU MESMO COM O MORTO SAMUEL?

A pergunta básica é: Quem apareceu? Samuel?
- A crônica de 1ª Sm 28.7-25 narrada por uma testemunha ocular: logo, por um dos servos de Saul que o acompanhara à necromante (7-8). Frequentemente, esses servos eram estrangeiros (21.7; 2ª Sm 23.25-39) e quase sempre supersticiosos, crentes no erro (v. 7). Razão por que o seu estilo é tão convincente. Esta crônica que parte da história de Israel, pela determinação divina, entrou no Cânon Sagrado, para mostrar que um homem sem a direção de Deus perde a visão espiritual a ponto de fazer aquilo que ele próprio condenava.

Infelizmente, esta crônica é interpretada por muitos sob o mesmo ponto de vista de Saul. Devemos buscar a interpretação correta na Bíblia, que em si mesma, tem os argumentos corretos, para discernir as afirmações do servo de Saul. Antes, porém, vejamos a palavra médium no v. 6, que no hebraico é traduzido por “espírito adivinhador”, ou “espírito familiar” e no texto grego da Septuaginta por (engastrimuthos) “ventríloquo” (um de fala diferente), palavra usada que indica a espécie de pessoa usada por um desses “espíritos”.

Para podermos entender este embuste, precisamos fazer um exame textual analítico dentro das regras da hermenêutica bíblica. Vejamos pois:

1. O leitor deve primeiro fazer a leitura de todo o capítulo (28) e depois observar cuidadosamente cada detalhe.

2. Saul quando era fiel ao Senhor, perseguiu e afugentou os médiuns da Terra provando com isso que Deus abomina tal prática:
“Respondeu-lhe a mulher: Bem sabes o que fez Saul, como eliminou da terra os médiuns e adivinhos; por que, pois, me armas cilada à minha vida, para me matares?”. (V. 9).

3. Quando Saul consultou a pitonisa ele já estava caído, reprovado por Deus e endemoniado (1º Sm 15.22, 23; 16.1, 14).
“De súbito, caiu Saul estendido por terra e foi tomado de grande medo por causa das palavras de Samuel” (1º Sm 28.20). Saul se encontrava perturbado, e, uma pessoa nesse estado é presa fácil do diabo.
“Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desamparou e se fez teu inimigo?” (v. 16).

4. Note que o verso 5 diz que ele estava tomado de medo. Por quê? Por Deus o havia abandonado. O homem com medo é derrotado antes da guerra.

5. Saul só buscou a necromante depois que o Espírito de Deus se retirou dele. A sua horrível e prematura morte se deu por causa disso. Aqui vemos a confirmação, de que Deus não está neste negócio (1º Cr 10.13-14).

II. QUATRO ARGUMENTOS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

1. Argumento Exegético.
O versículo 6 diz que o Senhor não lhe respondeu: “Nem por sonho”. Quando analisamos do ponto de vista divino, o sonho é “uma revelação pessoal” de Deus ao homem que se processa por meio da palavra e expressão transmitida pela visão ou imagem (1ª Sm 3.1; Jó 33.14-16). Mas o Senhor não lhe respondeu, isto é, Deus não se manifestou.
“Nem por Urim”. Revelação pessoal; “nem por Urim”, revelação sacerdotal;
Algumas passagens das Escrituras falam destas duas pedras, “Urim e Turim” (Êx 28.30; Lv 8.8; Nm27.21 Dt 33.8; 1ª Sm 28.6).

Como Deus respondia por este método. Na passagem de Êxodo 28.30, Deus ordenou a Moisés colocar “no peito do Juízo Urim e Tumim” em “cima do coração de Arão”. Tem sido sugerido que o Urim e o Tumim eram dois objetos chatos: um lado de cada um desses objetos tinha por escrita a palavra “Urim” derivado de “arar”, que significa “luzes” e Tumim “ser perfeito”. O emprego destas pedras no peitoral do sacerdote era para saber: “como a vontade de Deus era revelada”. O Urim e o Tumim que então significa “luzes e perfeição”. Com esta idéia, o Urim e o Tumim passariam a ter um sentido de “fogo sinalizante”, uma espécie de semáforo. Três luzes deviam piscar ali:
1.1. A luz de cor amarela era sinal de atenção.
1.2. A luz cor vermelha era sinal de reprovação.
1.3. Luz de cor verde era sinal de aprovação divina. O método como isso ocorre, dá-se da seguinte forma:

O sacerdote consultava a vontade divina sobre esta ou aquela decisão necessária, olhando sempre para a luz amarela estacionada em cima do seu coração; segundo este modo de proceder, neste instante vinha a resposta da parte de Deus: sim ou não. O sim era revelado através da luz verde sobrenatural, enquanto que o não, se dava através da luz vermelha sobrenatural. No caso de Saul, nenhuma nem outra coisa se manifestou; portanto, Deus lhe não respondeu este método.
“Nem por profetas”. Revelação inspirada da parte de Deus em que Sua vontade era manifestada através de um homem ou mulher, santo capacitado por Deus para este fim. Mas a Bíblia também afirma que Deus não se manifestou por tal método. A sentença é sempre a mesma: “...o Senhor lhe não respondeu” (v.6).

2. Argumento escatológico.
Seria impossível Samuel ter falado. Primeiro: porque se encontrava morto e estava no seio de Abraão segundo os ensinos de Jesus em Lucas 16.27-31. O profeta Samuel nunca desobedeceu a Deus. Era integro. Segundo este conceito, Samuel se encontrava no “seio de Abraão” ou “Paraíso”, conforme Lucas 16.22 e 2ª Coríntios 12.4. Na narrativa de Lucas (16.22), diz que o rico se encontrava num lugar “baixo” (Hades) e que Lazaro se encontrava num lugar “alto” (Paraíso). Segundo a Bíblia diz, o rico “...ergueu os olhos” para contemplar Lázaro (16.23). Assim, de acordo com o argumento lógico, não foi Samuel que apareceu ali, visto que o texto diz: “...subiu da terra” (cf. 1ª Sm 28.13-14). Ora, se fosse Samuel, então ele teria “descido do Paraíso” e não “subido da terra”.

- A médium não afirma que era Samuel e sim “deuses” que subiam da terra (v. 13). Ou ela estava enganando Saul ou vendo demônios materializados conforme se chama hoje no espiritismo “visualizações”. Depois ela observa que não se trata de “deuses”, e sim “de um homem ancião” (28.14). Note que o texto diz que Saul “nada viu”, mas deduziu que seria Samuel baseando na descrição da necromante.
Os versos 20 2 21 do capítulo em foco dizem que Saul se encontrava perturbado, e apenas entendeu que era Samuel que falava (v.14). Certamente não foi Samuel.

3. Argumento contraditório.
No capítulo 15.35 de 1ª Samuel Bíblia diz: “nunca mais viu Saul até o dia da sua morte, porém tinha pena de Saul”. Numa outra tradução mais correta seria: “nunca mais procurou Samuel a Saul”.
Mas quem falou através da necromante? Samuel era profeta de Deus e só poderia falar por inspiração, mas sendo morto como iria falar? Quem deveria falar deveria ser o próprio Deus, mas o Senhor não falou nem por Urim, nem por sonhos e nem por profetas. Se não foi o Senhor quem falou também não foi o profeta Samuel.

De acordo com a fidelidade das Escrituras, Samuel, o profeta, não podia subir ali naquela noite sombria. Durante sua vida aqui na terra ele foi obediente a Deus e agora, depois de morto jamais ele faria um só ato contrário à vontade de Deus, quando em vida declarou: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar” (1ª Sm 15.23).

A Bíblia é explicita com respeito à volta de um morto:
“Antes que eu vá para o lugar de que não voltarei” (Jó 10.21). “Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir” (Jó 7.9).  E o salmista Davi acrescenta: “Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (2ª Sm 12.23). Aquilo que as Escrituras afirmam não pode ser anulado.

4. Argumento Ontológico.
Do grego onthos, ser + logia, estudo racional. Então ontologia é o estudo do ser (ou metafísica geral). É a ciência do ser enquanto ser e dos caracteres que pertencem ao ser como tal. Este argumento baseia-se no versículo três do cap. 28 que está sendo estudado. Nele, Deus se identifica como Deus dos vivos e não dos mortos: de Abraão, Isaque, Jacó etc. “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos” (Mt 22.32; ref. Êx 3.15).
Nem um profeta ou santo de Deus perdeu a sua personalidade, integridade ou superego. Seria Samuel o único a poluir-se indo contra a natureza do ser, contra Deus (vv. 6) e contra a doutrina que ele mesmo pregava (1º Sm 15.23), quando em vida nunca o fez? Impossível.

5. Argumentos proféticos (Dt 18.22). As profecias devem ser julgadas “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem” (1ª Co 14.29). E essas do pseudo-Samuel, não resiste ao exame. São ambíguas e imprecisas, justamente como as dos oráculos sibilinos e délficos.

“Samuel (?) disse a Saul: Porque me desinquietaste?” (1ª Sm 28.15). Em apocalipse 14.13, essa profecia do pseudo-Samuel é refutada quando diz “Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham”. Devemos observar bem a frase: “me desinquietaste” no texto, e depois, confronta-la no contexto: “...para que descansem”, e veja, que aqueles que partiram (como Samuel) em paz com Deus jamais seriam desinquietados por uma feiticeira.

A “bem-aventurança” de apocalipse 14.13 destina-se aqueles que viveram e morreram fielmente a Deus; E Samuel foi um deles, e jamais viria a poluir-se numa sessão espírita presidida por uma mulher cuja era reprovada por Deus e a sua Palavra (Lv 19.31; 20.27). Deus não se contradiz! Portanto, não foi Samuel que ali apareceu.

O embuste da médium.
Para agradar ao rei, a mulher disse exatamente o que ele queria ouvir (sendo ela uma feiticeira). No final do referido texto (1º Samuel 28), vemos que Saul foi procurar a médium totalmente vulnerável, fragilizado física e emocionalmente, e por isso foi presa ainda mais fácil da enganação. Observe que ele estava em um jejum prolongado e totalmente abalado emocionalmente: “De súbito, caiu Saul estendido por terra e foi tomado de grande medo, por causa das palavras de Samuel. E faltavam-lhe as forcas, porque não comera pão todo aquele dia e toda aquela noite” (1º Sm 28.20).

Dali em diante a farsa foi fácil.
“O SENHOR entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas mãos dos filisteus” (1º Sm 28.19).

5.1. Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus. A profecia é de estilo sibilino e sugeria que Saul viria a ser suplicado pelos filisteus. Mas o fato é que Saul se suicidou (1º Sm 31.11-13). Saul apenas passou pelas mãos dos filisteus (1ª Sm 31.8-10), e veio parar nas mãos dos homens de Jabes-Gileade (31.11-13). Infelizmente o pseudo-Samuel não podia prever este detalhe.

5.2. Não morreram todos os seus filhos. “... tu e teus filhos”, como insinua essa outra profecia obscura: Morreram três filhos de Saul (1º Sm 31.2) e três filhos ficaram vivos: Is-bosete (2º Sm 2.8-10), Armoni e Mefibosete (não o filho de Jonas), mas sim de Saul (2º Sm 21.8).

5.3. A suposta profecia predissera que, no dia seguinte, morreria Saul e seus filhos. Saul não morreu no dia seguinte como declarara a necromante: “... amanhã, tu e teus filhos estareis comigo....”.

Esta é uma profecia do tipo délfico, ambígua. Saul morreu cerca de 18 dias depois (1º Sm 30.1, 10, 13,17; 1º Cr 10.2, 4).
“Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens, ao terceiro dia, a Ziclague, já os amalequitas tinham dado com ímpeto contra o Sul e Ziclague e a esta, ferido e queimado” (1º Sm 30.1).
Davi gastou na sua volta três dias, em que percorreu uns 120 Km. Havia uns três dias que ele estava fora de Ziclague. E gastou um dia com os preparativos para a nova expedição contra os amalequitas. Que somado são sete dias.

Davi ao saber que Ziclague havia sido tomada e suas mulheres levadas cativas, lamentou e chorou muito (1º Sm 30.4). Após Davi reanimado no Senhor (1º Sm 30.6), levantou buscou o sacerdote Abiatar para consultar o Senhor.

“Então, consultou Davi ao SENHOR, dizendo: Perseguirei eu o bando? Alcançá-lo-ei? Respondeu-lhe o SENHOR: Persegue-o, porque, de fato, o alcançarás e tudo libertarás” (1º Sm 30.7).
Partiu Davi com seiscentos homens (30.9), porém duzentos ficaram na caminhada, pois estavam exaustos. No caminho encontraram um homem egípcio:

“Acharam no campo um homem egípcio e o trouxeram a Davi; deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber água. Deram-lhe também um pedaço de pasta de figos secos e dois cachos de passas, e comeu; recobrou, então, o alento, pois havia três dias e três noites que não comia pão, nem bebia água. Então, lhe perguntou Davi: De quem és tu e de onde vens? Respondeu o moço egípcio: Sou servo de um amalequita, e, meu senhor, me deixou aqui, porque adoeci há três dias” (1º Sm 30.11-13).

“... há três dias”, que os amalequitas haviam deixado o egípcio no caminho. Davi gastou cinco dias para alcançá-los. O ataque foi inesperado, noturno e terminou rapidamente. (30.17). Para cuidar dos prisioneiros e recolher o despojo de guerra levou mais um dia. Na volta levou mais uns oito dias. Até aqui são 17 dias desde que a necromante profetizou para Saul. Após dezoito dias os filisteus entraram em guerra contra Israel (31.1-6), que os venceram.

As evidências e os próprios textos bíblicos dizem que ninguém morreu no dia seguinte como falara o suposto Samuel naquela reunião.

5.4. Saul não foi para o mesmo lugar de Samuel. “... estareis comigo...” (1º Sm 28.19). Outra profecia délfica. Interpretar comigo por simples “alem” (hb. sheool), é contradizer a Bíblia. Samuel estava no seio de Abraão, sentia isso e sabia da diferença que existia entre um salvo e um perdido. Jesus o Filho de Deus também sabia, e não disse ao ladrão da cruz: “... hoje estará comigo no “alem” (sheol), mas sim, no “Paraíso”. Logo, Samuel não podia ter dito a Saul, que este estaria no mesmo lugar que ele: no “seio de Abraão”. Se Samuel tivesse desobedecido a Deus (1º Sm 28.16-19), passaria para o inferno, para estar com Saul? Ou então, Saul, ainda que transgredido a Palavra de Deus e consultado a necromante, passou para o Paraíso, para estar com Samuel?”.

“Assim, morreu Saul por causa da sua transgressão cometida contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, que ele não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante, e não ao SENHOR, que, por isso, o matou e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé” (1º Cr 10.13-14).

As principais causas da derrota de Saul e seu fracasso, foram:
1) Transgressão contra Deus (1º Sm 13.8-14; 15.1-23).
2) Consulta a uma necromante (consulta de pseudos-mortos, 1º Sm 28.7-25).
3) Não consultou ao Senhor.

5.5. Quem respondeu Saul? A Bíblia fala de certos “espíritos”, sua natureza e seu poder (Êx 7.11, 22; 8.7; At 16.16-18; 2ª Co 11.14-15; Ef 6.12). São os anjos caídos de Apocalipse 12.4, 7-9 diz: “Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e a jogou sobre a terra. 7 E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão e os seus anjos. 8 Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar achou nos céus. 9 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, que engana a todo mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

A Bíblia fala de dois tipos de anjos. Os bons (Sl 34.7; Mt 18.10 etc.) e os anjos maus que foram iludidos por Lúcifer.
Os dois tipos de anjos os bons e os maus que nos acompanham durante a nossa vida toda; anotam tudo e sabem tudo a nosso respeito.

Depois da morte o anjo bom leva o nosso livro-relatório, diante de Deus, pelo qual seremos julgados (Ap 20.12). Depois da morte o anjo a serviço de Lúcifer (anjo mau) assume a nossa identidade e representa-nos no mundo, através dos médiuns. Onde revela o nosso relatório com acerto e “autoridade”. É por isso que Paulo fala da luta que temos contra “as forças espirituais do mal” (Ef 6.12). E é pela mesma razão que Deus proíbe consultar aos “mortos” (Is 8.19-10), porque estes são falsos (Dt 18.10-14). Caso fossem espíritos humanos, provavelmente, Deus não proibiria a sua consulta, apenas regulamentaria o assunto para evitar abusos. Deus, porém, proíbe o que que é dissimulação e falsidade.

6. Argumento Doutrinário. “Vendo a mulher a Samuel...” (v. 12a).
Consultar os “espíritos familiares” é condenado pela Bíblia inteira. Fossem espíritos de pessoas, e Deus teria regulamentado essa prática, mas como não são, Deus o proibiu e condenou reiteradamente essa ação (cf. Lv 19.31; 20.7; Dt 18.10-12), e Deus não se contradiz (Tt 1.1).

Aceitado a profecia do pseudo-Samuel, cria-se uma nova doutrina que é a revelação divina mediante pessoas ímpias e polutas. E nesse caso, para serem aceitas as afirmações proféticas, como verdades divinas é necessário que sejam de absoluta precisão; o que não acontece no caso presente.

6.1. Então, quem são os espíritos que se manifestam através dos médiuns? Bíblia nos ensina que todos eles são espíritos enganadores, enviados por Satanás para enganar aos que não desejam receber o Evangelho da salvação: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1ª Pe 5.8). Segundo as Escrituras, Satanás, no seu afã de enganar, se apresenta sempre como um espírito bom: “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2ª Co 11.14). Jesus disse dele: “Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). O apóstolo Paulo, que recebeu o Evangelho não de homens (vivos ou mortos), mas diretamente por revelação de Jesus Cristo (Gl 1.11-12), faz a seguinte advertência: “Mas receio que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais” (2ª Co 11.3-4); “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1ª Tm 4.1-2).

Toda doutrina espírita vem da falsa revelação dos espíritos que, como sabemos, são demônios, embora eles não creiam na existência dos mesmos, já por engodo dos próprios demônios. Os médiuns são geralmente anormais.

Grandes médicos brasileiros, como Dr. Xavier de Oliveira, Henrique Ruxo e R. Franco são unânimes em afirmar que o espiritismo é uma “fábrica de loucos porque começa desordenando o sistema nervoso originando anomalias e perturbações mentais”. Dr. Juliano Moreira, um famoso psiquiatra brasileiro costuma dizer: “até hoje não tive fortuna de ver um médium, principalmente os chamados videntes, que não fosse um neuropata”. Primeiro surgem as complicações nervosas, isto sem falar nos casos de homicídios e suicídios devido às “mensagens”.

O Espiritismo é uma grosseira imitação que Satanás, o pai da mentira. Tenta fazer para contrariar as obras de Deus. Isto aconteceu através dos mágicos do Egito. (Êx 7.9) e em muitas outras ocasiões, porém a verdade de Jesus sempre triunfará.

III. APRENDENDO COM O ERRO DE SAUL

1. De onde veio esta doutrina? A consulta aos mortos é algo que vem de longos milênios, mas é condenada explicitamente na Bíblia.

No Egito antigo, de onde vieram os judeus, era muito comum. Ao tempo de Isaías, o costume permanecia:
“O espírito dos egípcios se esvaecerá dentro deles; eu destruirei o seu conselho; e eles consultarão os seus ídolos, e encantadores, e necromantes e feiticeiros.” (Is 19.3)

O povo de Israel foi instruído por um Moisés, preocupado com a imitação da prática das nações vizinhas:
“Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lv 19.31)
“Quanto àquele que se voltar para os que consultam os mortos e para os feiticeiros, prostituindo-se após eles, porei o meu rosto contra aquele homem, e o extirparei do meio do seu povo.” (Lv 20.6)

2. As consequências do pecado. Devemos ver as consequências do que estamos fazendo, mesmo nos assuntos de natureza espiritual.

Saul teve a oportunidade de retroceder (quando a mulher tentou se esquivar), mas preferiu seguir no seu intento. Quantas vezes também, na hora do pecado, temos oportunidade de parar, mas não paramos. Não paramos, porque nós queremos pecar. No caso do adultério, ele não acontece numa fração de segundos. Há uma sequência própria, de mentiras, subterfúgios.

Tão firme estava no seu desejo de pecar que Saul chegou a jurar (algo sagrado àquela época) ou pelo Senhor para levar a mulher a cometer o pecado da necromancia (v. 10).

Quando Deus fez silêncio, Saul não teve a humildade de perguntar por que. Não persistiu em continuar buscando ouvir a sua voz. Ele decidiu buscar apoio nas portas do inferno.
En-Dor era uma cidade que conseguira escapar à ordem de Saul quanto ao desterro dos adivinhos. A mulher resistiu porque conhecia a Lei e o decreto de Saul.
Saul foi ao seu encontro à noite, numa indicação bem clara que agia às escuras. Saul queria ouvir a voz de Samuel, que o ungira rei no passado. Pela feitiçaria, seu desejo foi atendido.

3. Não precisamos ter medo da força das trevas.
Se estamos nas mãos de Deus, não precisamos temer a feitiçaria. Não há sentido ter medo de "trabalhos" feitos contra pessoas ou instituições. Esses trabalhos não podem tocar nos ungidos (seus filhos) de Deus.
Num ambiente pagão como o nosso...

4. Devemos evitar a busca de soluções mirabolantes.
A busca de soluções mirabolantes é decorrente do medo (v. 5). Uma pessoa com medo faz até o que não quer. Saul já tinha desterrado os profissionais que agora busca (v. 3). Uma pessoa com medo faz coisas ridículas, como vestir disfarces (v. 8), talvez, neste caso, o uniforme dos soldados.

A busca de soluções mirabolantes é decorrente do silêncio de Deus (v. 6). Saul o experimentou por sua única culpa.

Nós também podemos apelar para saídas/soluções fora de nossas convicções, como Saul o fez (v. 7), já que ele tinha desterrado esses profissionais para uma cidade ao norte do reino (En-Dor).
A propósito, há sempre pessoas disposta a ajudar... ajudar os outros a cair no buraco (7b). Desde sempre, há sempre alguém propondo alguma coisa. Há sempre alguém se dispondo a apoiar essas coisas e mesmo a fazer algo para viabilizar esse apoio.

Há sempre gente disposta a lhe levar a uma profetisa, como se Deus a ela (por que não diretamente a você?) O seu conselho.

Há sempre gente disposta a lhe levar a um outro culto onde Deus (por causa das emoções que a liturgia provoca) parece falar mais de perto.

Há sempre gente disposta a lhe levar a uma igreja onde haja bênção (especialmente se for material) ou a comunicação do medo (para nós que já fomos libertos de todo terror).

Por esta razão, há um novo tipo de ecumenismo, o do membro da igreja, que secreta ou publicamente, se une a outra naquilo que ela tem (ou acha que tem) de bom.

5. Precisamos ouvir a voz de Deus enquanto é tempo.
Samuel deixou de ouvir a Samuel no tempo próprio, tendo pago um algo preço por isto. Agora, queria escutar seus conselhos, estando ele morto.

Davi não tinha os ofícios sacerdotais para ouvir a Deus, que também não lhe aparecia por meio de sonhos ou de profecias. Hoje os meios são a igreja, por suas vozes (pregador, professor, conselheiro). Sonhos e profecias são coisas excepcionais, quando essas falham. No entanto, tendemos a nos comportar como Deus falhasse sempre (e sempre queremos essas formas de comunicação).

Deus pode usar pessoas e situações estranhas para nos advertir. Ele usou uma jumenta, no caso de Balaão, por exemplo (Nm 22.28). Normalmente, ele usa outras pessoas. Ele usa você.

CONCLUSÃO
É sabido que nenhuma das palavras ditas por Samuel jamais caíram por terra, mas todas se cumpriram (1º Sm 3.19). No entanto, a profecia feita a Saul pelo suposto Samuel, que havia baixado na feiticeira, não se cumpriu em sua integridade:

Ele disse: “O Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos Filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo.”

Porém, o que se seguiu não foi o profetizado, pois Saul não morreu pela mão dos filisteus, mas suicidou-se (1º Sm 31.4). Também não morreram todos os seus filhos, mas apenas três: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1º Sm 31.2).

No mais, a Bíblia é clara ao dizer que as causas de morte de Saul foram as transgressões com que transgredira contra Deus, por causa da Palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque “buscou a adivinhadora para a consultar”, e não buscou ao Senhor, pelo que o matou. (1º Cr 10.13,14).

Portanto, está claro que Deus não aprovou as transgressões de Saul, nem sua consulta a feiticeira, e que Samuel não estava incorporado na médium de En-Dor. Se Deus estava se recusando a falar com Saul pelos meios “legais”, e considerando também que nunca mais Samuel, em vida, havia procurado o rei Saul após sua transgressão (1º Sm 15.35), de forma alguma isso aconteceria mediante a quebra de vários princípios estabelecidos por Deus.


Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembléia de Deus
Blumenau SC