Embora o
destino do homem seja o de glorificar a Deus e viver com Ele por toda
eternidade, a sua inerente e depravada natureza impede-o de fazer tanto uma
coisa como outra. Além do veredito que absorveu do pecado, o homem precisa de
uma transformação espiritual total do seu caráter. Essa transformação é a
regeneração. A regeneração é uma das doutrinas fundamentais do cristianismo.
I.
A
DEFINIÇÃO DA PALAVRA REGENERAÇÃO
A palavra regeneração,
do grego paligenesia do latim regenerationis, significa: novo
nascimento, renovação, ato de nascer de novo. Por isso renovação, regeneração,
produção de uma nova vida consagrada a Deus, mudança radical de mente para
melhor. A palavra é frequentemente usada para denotar a restauração de algo ao
seu estado primitivo e perfeita das
coisas que existiam antes da queda de nossos primeiros pais, que os judeus
esperavam em conexão ao advento do Messias, e que os cristãos esperavam em
conexão com a volta visível de Jesus do céu.
Regeneração,
segundo o dicionário Aurélio, quer dizer, transformação de vida, mudança de vida,
corrigir-se do erro, reabilitar-se moralmente, restaurar-se, reorganizar e
gerar.
Regeneração é a obra sobrenatural e
instantânea de Deus que concede nova vida ao pecador que aceita a Cristo como
seu Salvador. Através deste milagre, ele é ressuscitado da morte (do pecado)
para a vida (na justiça de Cristo), tornando-o participante da natureza
divina. A
regeneração é uma mudança profunda operada pelo Espírito Santo na vida do ser
humano, é uma divina comunicação duma nova vida à alma do homem. O homem natural
está morto pelas ofensas e pecados (Ef 2.1-2). Portanto, o homem natural é um
ser cujo viver é deste mundo, isto é, o homem sem Deus está vivo para o pecado,
para a carne e para o mundo, mas espiritualmente está morto para Deus. Deste
modo, certamente ele não pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus pode
regenerá-lo. O morto espiritual não tem forças para regenerar-se. Podemos
definir a regeneração como:
A.
A
comunicação de vida divina à alma (Jo 3.5; 10.10, 28; 1ª Jo 5.11,12).
B.
A
transmissão de uma nova natureza (2ª Pe 1.4).
C.
E
a concessão de um novo coração (Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26).
D.
A produção de uma nova criação (2ª Co
5.17; Ef 2.10; 4.24).
A regeneração é uma mudança de
pensamento ou uma mudança de opinião. E só pode ser verdadeiro se tiver uma
genuína conversão e um verdadeiro arrependimento.
A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em
uma nova vida de obediência a Deus: “Em que noutro tempo andastes segundo o
curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora
opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes
andávamos nos desejos de nossa carne e éramos por natureza filhos da ira.
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com
Cristo” (Ef 2.2-3).
Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador
arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a
Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).
II.
TRÊS
Efeitos DA REGENERAÇÃO
1. Posicionais
(adoção). Torna-se filho e
beneficiário dos privilégios (Gl 4.1-7).
2. Espirituais
(união com Deus). Mediante o
Espírito Santo, resulta em novo caráter; crente deve manter contato com Deus,
preservando e nutrindo sua vida espiritual (2ª Pe 1.4 e Rm 6.4).
3. Práticos. Pessoa nascida odiará o pecado, 1ª Jo
3.9 e 5.8; em obras de justiça, amor fraternal e vitória que vence o mundo.
Observação:
Estamos sujeitos a falhar: (Não podemos habituar com o pecado, mas se
pecarmos, não voluntariamente, de forma premeditada, temos o bom advogado (1ª
Jo 2.1 e 3.9) Temos que vigiar e orar.
III.
O HOMEM NÃO É CAPAZ DE PROMOVER PARA SI O ATO DE REGENERAÇÃO
O profeta
Jeremias observou que o homem não pode mudar sua natureza pecaminosa, assim
como o etíope não pode mudar a cor da sua pele, nem o leopardo as suas manchas
(Jr 13.23). O homem pode por seus próprios esforços refrear seu pecado e
praticar atos bons, mas isto é apenas uma mudanças limitada e superficial. Não
é uma transformação total da natureza íntima do homem.
A
transformação sobrenatural que transforma o homem interior é uma benção que
somente Deus pode operar.
IV. A REGENERAÇÃO É NECESSÁRIA PARA ENTRAR NO
CÉU
“Na verdade te
digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a
entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, te digo que
aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”
(Jo 3.3-5).
Este versículo
não somente promete ao crente a sua entrada no céu após a morte, como também
indica a realidade “presente”, de possuir uma “nova vida”. Note que Jesus
declara que aos que creem já receberam esta nova vida. Já passamos da morte
para a vida. “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos
para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6.11).
1. Nascer da água e do espírito.
O primeiro
passo para o homem ser regenerado é ouvir a Palavra de Deus. A Palavra
simboliza a água. Ela serve para limpar algo que está sujo, por isso o mestre Jesus
diz aos Seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho
falado” (Jo 15.3). Paulo nos diz que: “Para santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela Palavra” (Efésios5.26); “Segundo a sua vontade, ele nos
gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas
criaturas” (Tg 1.18).
O Espírito
Santo é quem convence o homem do pecado: “Quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8).
A Palavra de
Deus ensinada, limpa o homem do pecado e o Espírito convence o homem do pecado trazendo
uma regeneração perfeita e completa.
A Palavra de
Deus nos purifica e nos limpa de todo o pecado, transformando a vida velha numa
nova criatura. O novo nascimento não é mérito do homem, mas unicamente do
Espírito Santo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo
a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação pelo
Espírito Santo” (Tt 3.5).
“...aquele que
não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”. Somos
salvos pelo sacrifício de Jesus e limpos (santificados) pela lavagem da Palavra
de Deus e transformados pelo do Espírito Santo de Deus.
Nascer da água
e do Espírito é o único meio para entrarmos no Reino de Deus. Sem que haja uma
transformação radical proveniente da graça, misericórdia e do poder de Deus,
jamais o homem poderá ver a Deus.
Este novo nascimento não é a relação física entre o homem e
a mulher, mas algo sobrenatural: “Sendo de novo gerados, não de semente
corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece
para sempre” (1ª Pe 1.23).
Pedro afirma que o novo nascimento não é de uma semente
corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente incorruptível
pela Palavra, que permanece para sempre.
Sendo que o
Espírito Santo usa a Palavra de Deus na sua obra de regeneração bem como na sua
obra de convicção, nos leva a achar que a Palavra de Deus, ou seja, a verdade é
o meio que o Espírito Santo usa na obra de regeneração. O Espírito Santo
emprega a Palavra da Verdade. Existe um apelo à natureza racional do homem
mediante a verdade. A Palavra de Deus convence da impureza; essa convicção nos
leva aquele que pode nos purificar e através dele experimentarmos o novo
nascimento. Em outras palavras a obra regeneradora do Espírito Santo acompanha
a pregação do Evangelho: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores
em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos
gerei em Cristo Jesus ”
(1ª Co 4.15).
“Pois, segundo
o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que
primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).
A natureza da
regeneração: “ele nos gerou”.
O instrumento
da regeneração: “pela palavra da verdade”.
O autor da
regeneração: “Ele”.
A causa
suprema da regeneração: “segundo o seu querer”;
O propósito da
regeneração: “para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”.
O evangelho
não é uma mensagem morta mas, sim, uma semente viva. Uma vez plantada no
coração, convence o homem do pecado e faz sentir a necessidade de um salvador
(Rm 1.16; Hb 4.12-13).
O segundo
passo da regeneração é o homem crer na Palavra de Deus, e receber a salvação. A
mensagem do amor de Deus pode produzir um grande anseio no coração; mas somente
quando o homem responde positivamente a esta mensagem, aceitando a Cristo pela
fé, é que terá lugar a transformação divina no coração.
“E o
testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu
Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus
não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus” (1ª Jo 5.11-13).
O passo final
da regeneração é o ato milagroso pelo qual o Espírito Santo comunica nova vida ao
crente, implantando a própria natureza de Cristo na sua vida (2ª Pe 1.4). Não
se trata de um milagre progressivo, realizado aos poucos e nem por esforços e
sacrilégios humanos. É um milagre instantâneo. Este ato acontece no momento em
que ele reconhece que é um pecador e se converte a Cristo Jesus.
É bom fazer
uma distinção entre regeneração e santificação. A regeneração é instantânea e a
santificação é progressiva e continua, ou seja, para toda sua vida. Pela
regeneração o homem recebe nova vida e poder, enquanto que a santificação é a
capacidade de aplicar esta vida e poder no seu viver diário.
Regeneração é
uma nova vida espiritual (Ef 2.5-6; Jo 5.21). Na regeneração Deus partilha ou
comunica uma nova forma de vida ao homem. Ele é revivificado, saindo do seu
estado de morte espiritual, e entrando numa vida espiritual de união e comunhão
com Deus.
V.
PORQUE A
REGENERAÇÃO É INDISPENSÁVEL PARA O HOMEM
A condição do
homem, tanto em disposição e ato, é exatamente oposta à de santidade que é tal
indispensável. O homem é descrito como morte em seus delitos e pecados (Ef 2.1;
1ª Tm 5.6; 1ª Co 2.14), que mostra a sua necessidade de regeneração. Também o
homem é pecaminoso e corrupto (Rm 3.10; 7.18; 8.7-8; Jr 17.9).
Não existe
cooperação alguma do homem nessa obra. É a obra do Espírito Santo direta e
inclusivamente. Isto não quer dizer que o homem não tenha cooperação nenhuma na
salvação, mas na regeneração do indivíduo, somente o Espírito Santo trabalha.
Então, acima e além de toda influência da verdade, há de haver uma influência
ou operação direta do Espírito Santo o coração. E embora realize em conjunto
com a apresentação da verdade ao intelecto, regeneração difere de persuasão
moral em ser um ato imediato de Deus.
VI. O NOVO NASCIMENTO É UM RELACIONAMENTO ENTRE
DEUS E O SALVO
Nosso relacionamento com Deus é condicionado pela nossa fé
em Cristo Jesus durante nossa vida terrena; fé demonstra numa vida de
obediência e amor sinceros. “Palavra fiel é esta: que se morremos com ele,
também com ele viveremos. Se sofremos, também com ele reinaremos; se o
negarmos, também ele nos negará” (2ª Tm 2.11-12).
A regeneração é questão do Espírito e não da carne. O novo
nascimento não é obra humana, mas divina: “Os quais não nasceram do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13). Por isso
Jesus diz a Nicodemos: “O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do
Espírito é Espírito” (Jo 3.6).
Os termos empregados nas Escrituras nos provam, isto; Somos
gerados por Deus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança
pela ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos” (1ª Pe 1.3). Agora preste
atenção porque Paulo está tratando de algo tremendamente impressionante: “E vos
revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes
da verdade” (Ef 4.24). Ele nos deu vida: “E estando nós mortos em nossos
delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos” (Ef
2.5).
A regeneração
então, é um ato criativo da parte de Deus e não um processo reformador da parte
do homem, como falamos. E conforme Jo 1.13 vimos que a regeneração não é
efetuado por descendência natural, pois recebemos apenas carne e não vida
espiritual. Não é por escolha natural, pois a vontade humana é imponente para
produzir vida. Nem é pelo sangue de qualquer sacrifício cerimonial. É completa
e absolutamente e a obra de Deus.
A regeneração é obra da graça de Deus. “Porquanto
a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para
que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século,
sensata, justa e piedosamente, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de
remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente
seu, zeloso de boas obras” (Tt 2.11-12, 14).
VII.O NOVO NASCIMENTO É UMA TRANSFORMAÇÃO TOTAL
É uma mudança
radical. Tudo se faz novo (2ª Co 5.17): nova vida (Jo 3.3-5); novidade de vida
(Rm 6.4); novo alvo (Fp 3.14); novo testemunho (Gl 1.23-24); novo cântico (Sl
40.4); novo homem (Ef 2.15); novas bênçãos (At 3.19); nova incumbência (Lc
22.32), etc.
Esta mudança
acontece instantaneamente: Intelectual, emocional e moralmente. Porém a santificação
é um processo gradual e continuo (Jo 5.21; Rm 6.3; 1ª Co 12.13; Ez 36.26).
1.
O novo
nascimento é uma mudança de mente.
“E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso
entendimento, qual seja a boa e agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm
12.2).
Conformar no
original suschematizo que quer dizer: conformar-se com a mente e
caráter de alguém; ao padrão de outro; moldar-se de acordo com.
Transformar é
moldar a nossa mente e caráter segundo a Palavra de Deus, que é nossa regra de
fé e de vida. É uma transformação de entendimento, uma metamorfose, ou seja,
mudar a maneira de pensar, agir e viver, tendo a mente de Cristo (cf. 1ª Co
2.16). Devemos deixar os preceitos e injustiças do mundo, o pecado e a
corrupção e viver segundo os padrões bíblicos.
O homem que
anda segundo o curso deste mundo, segundo as concupiscências carnais e vive na
pratica do pecado, está morto para Deus; morto refere-se condenado e separado
de Deus eternamente. Mas quando ele crê que Jesus é o Filho de Deus enviado a
este mundo para nossa salvação, e deixa toda a prática de pecado do velho
homem, então nasce de novo, é vivificado com Cristo e torna-se nova criatura,
conforme o que Paulo escreve em Ef 2.1 “E vos vivificou, estando vós mortos em
ofensas e pecados”. Tornando-se uma nova
criatura: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2ª Co 5.17). “Quanto ao trato
passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do
engano. E vos renoveis no Espírito do vosso entendimento. E vos revistais do
novo homem, que segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef
4.22-24). “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo
a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). Sem esta milagrosa transformação
espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e
incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).
VIII.
O NOVO NASCIMENTO É UMA MUDANÇA DE CORAÇÃO
Regeneração consiste uma mudança radical da disposição
governante da alma. O coração é uma vida interior com seus pensamentos,
sentimos onde sentimos a emoção. É o centro da nossa vida interior e pessoal. É
o nosso centro governante (Pv 4.23). O coração do não regenerado é perverso (Pv
12.8; Hb 3.12), rebelde (Jr 5.25), insensato (Rm 1.21), maligno (Pv 26.23) e
endurecido (Mt 13.15).
Uma vez que o homem se volta para
Deus, o seu espírito, alma e corpo, são restaurados segundo a “imagem, como
pelo Espírito do Senhor” (2ª Co 3.18b), ao propósito original de Deus, em cada
pessoa que nasceu de novo.
O escritor do livro de provérbios
diz que “a alma do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 10.27). Na ocasião da
regeneração, o Espírito Santo entra no homem interior (alma e espírito) e o
vivifica, como que acendendo uma lâmpada. “Ele vos deu vida, estando vós
mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). Este é o “novo coração” e o
“novo espírito” como são descritos pelo profeta Ezequiel.
Na regeneração recebe um coração novo: “Então espalharei
água pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas imundícies e de
todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo, e porei
dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e
vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito, e farei
que andeis nos meus estatutos, e guardareis os meus juízos, e os observeis” (Ez
36.25-27).
Agora, a alma e o espírito velhos e mortos pelo pecado, são
renovados em vida quando o Espírito Santo infundiu a nova vida de Deus.
IX.
É UMA MUDANÇA
DE REINO
“Ele nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor” (Cl 1.13). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1ª Co 3.14). “Em
verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”
(Jo 5.24).
Quando,
aceitamos a Cristo como Senhor e Rei de nossa vida, estamos mudando de reino,
ou seja, saímos do reino das trevas e entramos no reino da luz que é Cristo Jesus
(João 8.12). Por isso nem todas as pessoas são filhos de Deus no sentido
bíblico, somente os que creem que Jesus é o Salvador e tem uma vida de
obediência a Sua Palavra, têm o direito de serem chamados filhos de Deus.
Quando o pecador recebe Jesus, nasce de novo e é feito filho de Deus. É por
isso que Paulo diz: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus,
esses são filhos de Deus” (Rm 8.14).
“Ele vos deu
vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes
outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do
espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também
todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como
também os demais” (Ef 2.1-3).
No capítulo
2.1-10 da carta aos Efésios, Paulo compara o crente que foi vivificado e o
descrente que está nos domínios de Satanás. Neste trecho os descrentes são
descritos como:
1. Mortos
em pecados: incessíveis e impotentes como cadáveres (corruptos, mortos
espiritualmente).
2.
Andando segundo o curso deste mundo. Um andar não
necessariamente imoral ou irreligioso, mas um andar mundano, ou seja, sem Deus
e afastado dele v.12.
3.
Levados por Satanás. O grande espírito mestre que
dirige o curso deste mundo e determina a maldade e ações nos filhos da
desobediência.
4.
Vivendo em concupiscências carnais, entregues aos
prazeres do corpo e da mente.
Depois de
pintar este quadro tão negro, o apóstolo apresenta outro, cheio de formosura,
com as palavras “mas Deus”, e fala, entusiasmado:
“Mas Deus,
sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e
estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, -
pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez
assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus irá mostrar, nos séculos
vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus ” (Ef
2.4-7).
1.
Do seu grande amor que se manifesta em misericórdia, e
que se manifestará no porvir nas abundantes riquezas da sua graça (v.7).
2.
Do seu poder vivificador, que se chama à vida os mortos
e os assenta juntamente com Cristo nos lugares celestiais. (V.5 e 6). O
versículo 5 tem sido traduzido assim: Estando nós também mortos em nossas
ofensas, nos chamou para partilhar da vida de Cristo pela graça sois salvos.
3.
Da natureza da salvação. Pensamos na significação do
tempo presente no versículo 8. Nossa fé de hoje, que hoje aprecia a graça que
Cristo salva hoje do pecado. Podemos indagar se apreciamos devidamente tudo que
a graça de Deus deve significar para nós mesmo, e se temos provado todo o seu
poder salvador?
4.
Do verdadeiro lugar das obras. Aqui temos três referências
às obras. A salvação não prove das obras (v.8); não podemos merecê-la. Deus é o
que opera (v.10); somente Ele pode salvar. “Para as boas obras” (10), primeiro
salvos, depois trabalhando.
X.
CRISTO VIVE
EM MIM
A regeneração
envolve união com Cristo, e não uma mudança de coração sem Ele: “Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
O Espírito
Santo efetua no homem a união de sua alma com Cristo: Ou, porventura, ignorais
que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? (Rm
6.3). É uma união de vida em que o espírito humano, embora possuindo a sua
própria individualidade e distinção, é vivificado pelo Espírito de Deus, e
assim torna a ser um com Cristo. “Porque somos membros do seu corpo” (Ef 5.30).
“Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste
mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl
1.27).
“Agora, pois,
já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque
a lei do Espírito da vida, em
Cristo Jesus , te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm
8.1-2).
“Porque eu,
mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim;
e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19-20).
O conceito de
Cristo vivendo no crente é um pouco difícil de se compreender. Fisicamente, o
crente não é diferente do que era antes. Há, porém, um poder invisível
habitando nele depois da conversão, que fará amar a justiça e odiar o pecado.
1.
Através dele, os homens são atraídos a Cristo. “E eu,
quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (Jo 12.32).
2.
O poder de Cristo compartilhado. “Mas aquele que se une
ao Senhor é um espírito com ele” (1ª Co 6.17).
3.
Mantido pelo poder divino. “Que sois guardados pelo
poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no
último tempo” (1ª Pe 1.5).
4.
O poder divino passa através do crente para atrair
outros a Cristo. “... para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa
carne mortal” (2ª Co 4.11b).
5.
O poder divino repele o pecado. “Porque a lei do
Espírito da vida, em
Cristo Jesus , te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm
8.32).
6.
O poder divino atrai para justiça. “Visto como, pelo
seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à
piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria
glória e virtude” (2ª Pe 1.3).
XI. PARA QUE ESTA VIDA E PODER REGENERADOR
CONTINUEM EM NÓS É NECESSÁRIO ESTARMOS SEMPRE LIGADO EM CRISTO JESUS
“Eu sou a
videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Nesta
ilustração Jesus compara a vida do crente à vida da videira e dos seus ramos.
Enquanto o ramo estiver ligado à videira, uma fonte invisível de vida estará
passando por aquele ramo, produzindo a vida, a saúde e frutos. Mas se for
desligado da videira, sua fonte de vida – o ramo morrerá. O ramo não pode
produzir frutos à parte da videira.
A quantidade
de poder e de vida que o crente utiliza é proporcional à sua união com Cristo.
Se, por outro lado, ele limitar sua comunhão com Cristo, terá vitórias muito
limitadas na sua vida.
Deus não impôs
à Igreja limitações alguma no emprego dos recursos divinos. Todas as limitações
nesse sentido são da parte do crente. Se tivermos uma comunhão intima e
verdadeira com Cristo mais poder receberemos da parte d’Ele: “Tendo Jesus
convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para
efetuarem curas” (Lc 9.1). “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e
escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará
dano” (Lc 10.19).
A grande
mensagem da doutrina da regeneração é que a vida do crente não é uma simples
filosofia, mas sim, uma vida de poder. Mesmo assim os crentes têm a tendência
de perder de vista este poder, preferindo reduzir sua fé a um sistema de ritos
e regras humanas. Os crentes da Galáxia tornaram-se vítima desta mesma
tendência. Embora tivessem começado suas vidas em Cristo, conscientes do seu
poder sobrenatural que os conduziria à novidade de vida, aos poucos a sua fé
“espiritual” foi substituída por um sistema de obras, sem este poder (Gl
3.2-3).
XII.OS SETE RESULTADOS DEFINIDOS DO NOVO
NASCIMENTO
1. Estabelecimento da justiça como prática
de justiça. “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele
que pratica a justiça é nascido dele” (1ª Jo 2.29).
Um sinal da
regeneração é que a pessoa é confirmada à vontade divina e que temos
comportamento correto e moral aceitável a Deus.
2. Limpo de coração. “Quem subirá ao
monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de
mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura
dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua
salvação” (Sl 24.3-5).
Quem há de
permanecer no seu santo lugar? É a pergunta do salmista. O lugar onde Deus está
já diz: “santo”, e para permanecer lá deve se santificar. Santidade e
regeneração é necessário para ver a Deus (Hb 12.14; Jo 3.3-5). Aquele que é
regenerado mostra através de seus atos: “puro, não entrega a sua alma a
falsidade (adoração de outros deuses), e nem jura dolosamente”. Importante
ressaltar que é necessário ter uma vida digna e conforme a verdade para entrar
no lugar santíssimo de Deus.
3. Não peca mais. “Todo aquele que é
nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a
divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1ª
Jo 3.9). “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado” (1ª
Jo 5.18).
O apóstolo
João diz que ninguém nascido de novo, deliberadamente e conscientemente,
pratica habitualmente o pecado. Ele não pode viver pecando, não porque seja
impossível pecar, mas antes “como viveremos ainda no pecado, nós os que para
ele morremos?” (Rm 6.2).
4. Vitória sobre o mundo. “Sabemos que
todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus
o protege, e o Maligno não o atinge (1ª Jo 5.18).
João diz que:
“aquele que é nascido de novo está constantemente vencendo o mundo – isto deve
ser porque a luta está em progresso e o cristão recebe constantemente forças
para vencer. Mas também ele diz que “e esta é a vitória que vence o mundo, a
nossa fé”, ou mais literalmente: “esta é a vitória que vence o mundo uma vez
para sempre, a nossa fé.
A pessoa
regenerada goza de certos privilégios, como ser guardado (protegido) por Deus
dos ataques do diabo.
6. Ama seu próximo. “Amados, amemo-nos
uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus” (1ª Jo 4.7).
O amor tem sua
origem em Deus e pertence à esfera divina. João não está dizendo que qualquer
pessoa que mostre amor é um filho de Deus, mas sendo que somos filhos de Deus,
devemos estar amando aos outros porque este amor se origina com Deus.
7. Uma fé viva em Cristo. “Todo aquele
que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o
gerou também ama ao que dele é nascido” (1ª Jo 5.1).
João diz que
todo o mundo que crê, isto é, que adere a este fato e confia, e depende do fato
de que Jesus é o Cristo (Messias), é um filho nascido de novo de Deus. Esta
crença ou confiança, não é mero assentimento intelectual ao fato da encarnação,
mas uma aceitação de coração de tudo que está implicando na expiação de Cristo.
(1ª Jo 2.22-23; 4.1-3, 15).
Pr. Elias Ribas