TEOLOGIA EM FOCO: fevereiro 2017

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A DOUTRINA DO NOVO NASCIMENTO


Embora o destino do homem seja o de glorificar a Deus e viver com Ele por toda eternidade, a sua inerente e depravada natureza impede-o de fazer tanto uma coisa como outra. Além do veredito que absorveu do pecado, o homem precisa de uma transformação espiritual total do seu caráter. Essa transformação é a regeneração. A regeneração é uma das doutrinas fundamentais do cristianismo.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA REGENERAÇÃO

A palavra regeneração, do grego paligenesia do latim regenerationis, significa: novo nascimento, renovação, ato de nascer de novo. Por isso renovação, regeneração, produção de uma nova vida consagrada a Deus, mudança radical de mente para melhor. A palavra é frequentemente usada para denotar a restauração de algo ao seu estado primitivo e perfeita das coisas que existiam antes da queda de nossos primeiros pais, que os judeus esperavam em conexão ao advento do Messias, e que os cristãos esperavam em conexão com a volta visível de Jesus do céu.
Regeneração, segundo o dicionário Aurélio, quer dizer, transformação de vida, mudança de vida, corrigir-se do erro, reabilitar-se moralmente, restaurar-se, reorganizar e gerar.
Regeneração é a obra sobrenatural e instantânea de Deus que concede nova vida ao pecador que aceita a Cristo como seu Salvador. Através deste milagre, ele é ressuscitado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo), tornando-o participante da natureza divina. A regeneração é uma mudança profunda operada pelo Espírito Santo na vida do ser humano, é uma divina comunicação duma nova vida à alma do homem. O homem natural está morto pelas ofensas e pecados (Ef 2.1-2). Portanto, o homem natural é um ser cujo viver é deste mundo, isto é, o homem sem Deus está vivo para o pecado, para a carne e para o mundo, mas espiritualmente está morto para Deus. Deste modo, certamente ele não pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus pode regenerá-lo. O morto espiritual não tem forças para regenerar-se. Podemos definir a regeneração como:
A.    A comunicação de vida divina à alma (Jo 3.5; 10.10, 28; 1ª Jo 5.11,12).
B.     A transmissão de uma nova natureza (2ª Pe 1.4).
C.     E a concessão de um novo coração (Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26).
D.    A produção de uma nova criação (2ª Co 5.17; Ef 2.10; 4.24).
A regeneração é uma mudança de pensamento ou uma mudança de opinião. E só pode ser verdadeiro se tiver uma genuína conversão e um verdadeiro arrependimento.
A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Deus: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos de nossa carne e éramos por natureza filhos da ira. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2.2-3).
Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).

II.      TRÊS Efeitos DA REGENERAÇÃO

1.      Posicionais (adoção). Torna-se filho e beneficiário dos privilégios (Gl 4.1-7).
2.      Espirituais (união com Deus). Mediante o Espírito Santo, resulta em novo caráter; crente deve manter contato com Deus, preservando e nutrindo sua vida espiritual (2ª Pe 1.4 e Rm 6.4).
3.      Práticos. Pessoa nascida odiará o pecado, 1ª Jo 3.9 e 5.8; em obras de justiça, amor fraternal e vitória que vence o mundo.
Observação: Estamos sujeitos a falhar: (Não podemos habituar com o pecado, mas se pecarmos, não voluntariamente, de forma premeditada, temos o bom advogado (1ª Jo 2.1 e 3.9) Temos que vigiar e orar.

III.   O HOMEM NÃO É CAPAZ DE PROMOVER PARA SI O ATO DE REGENERAÇÃO

O profeta Jeremias observou que o homem não pode mudar sua natureza pecaminosa, assim como o etíope não pode mudar a cor da sua pele, nem o leopardo as suas manchas (Jr 13.23). O homem pode por seus próprios esforços refrear seu pecado e praticar atos bons, mas isto é apenas uma mudanças limitada e superficial. Não é uma transformação total da natureza íntima do homem.
A transformação sobrenatural que transforma o homem interior é uma benção que somente Deus pode operar.

IV.   A REGENERAÇÃO É NECESSÁRIA PARA ENTRAR NO CÉU

“Na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3.3-5).
Este versículo não somente promete ao crente a sua entrada no céu após a morte, como também indica a realidade “presente”, de possuir uma “nova vida”. Note que Jesus declara que aos que creem já receberam esta nova vida. Já passamos da morte para a vida. “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6.11).

1.      Nascer da água e do espírito.
O primeiro passo para o homem ser regenerado é ouvir a Palavra de Deus. A Palavra simboliza a água. Ela serve para limpar algo que está sujo, por isso o mestre Jesus diz aos Seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Paulo nos diz que: “Para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra” (Efésios5.26); “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).
O Espírito Santo é quem convence o homem do pecado: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8).
A Palavra de Deus ensinada, limpa o homem do pecado e o Espírito convence o homem do pecado trazendo uma regeneração perfeita e completa.
A Palavra de Deus nos purifica e nos limpa de todo o pecado, transformando a vida velha numa nova criatura. O novo nascimento não é mérito do homem, mas unicamente do Espírito Santo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo” (Tt 3.5).
“...aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”. Somos salvos pelo sacrifício de Jesus e limpos (santificados) pela lavagem da Palavra de Deus e transformados pelo do Espírito Santo de Deus.
Nascer da água e do Espírito é o único meio para entrarmos no Reino de Deus. Sem que haja uma transformação radical proveniente da graça, misericórdia e do poder de Deus, jamais o homem poderá ver a Deus.
Este novo nascimento não é a relação física entre o homem e a mulher, mas algo sobrenatural: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1ª Pe 1.23).
Pedro afirma que o novo nascimento não é de uma semente corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente incorruptível pela Palavra, que permanece para sempre.
Sendo que o Espírito Santo usa a Palavra de Deus na sua obra de regeneração bem como na sua obra de convicção, nos leva a achar que a Palavra de Deus, ou seja, a verdade é o meio que o Espírito Santo usa na obra de regeneração. O Espírito Santo emprega a Palavra da Verdade. Existe um apelo à natureza racional do homem mediante a verdade. A Palavra de Deus convence da impureza; essa convicção nos leva aquele que pode nos purificar e através dele experimentarmos o novo nascimento. Em outras palavras a obra regeneradora do Espírito Santo acompanha a pregação do Evangelho: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (1ª Co 4.15).
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).
A natureza da regeneração: “ele nos gerou”.
O instrumento da regeneração: “pela palavra da verdade”.
O autor da regeneração: “Ele”.
A causa suprema da regeneração: “segundo o seu querer”;
O propósito da regeneração: “para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”.
O evangelho não é uma mensagem morta mas, sim, uma semente viva. Uma vez plantada no coração, convence o homem do pecado e faz sentir a necessidade de um salvador (Rm 1.16; Hb 4.12-13).
O segundo passo da regeneração é o homem crer na Palavra de Deus, e receber a salvação. A mensagem do amor de Deus pode produzir um grande anseio no coração; mas somente quando o homem responde positivamente a esta mensagem, aceitando a Cristo pela fé, é que terá lugar a transformação divina no coração.
“E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus” (1ª Jo 5.11-13).
O passo final da regeneração é o ato milagroso pelo qual o Espírito Santo comunica nova vida ao crente, implantando a própria natureza de Cristo na sua vida (2ª Pe 1.4). Não se trata de um milagre progressivo, realizado aos poucos e nem por esforços e sacrilégios humanos. É um milagre instantâneo. Este ato acontece no momento em que ele reconhece que é um pecador e se converte a Cristo Jesus.
É bom fazer uma distinção entre regeneração e santificação. A regeneração é instantânea e a santificação é progressiva e continua, ou seja, para toda sua vida. Pela regeneração o homem recebe nova vida e poder, enquanto que a santificação é a capacidade de aplicar esta vida e poder no seu viver diário.
Regeneração é uma nova vida espiritual (Ef 2.5-6; Jo 5.21). Na regeneração Deus partilha ou comunica uma nova forma de vida ao homem. Ele é revivificado, saindo do seu estado de morte espiritual, e entrando numa vida espiritual de união e comunhão com Deus.

V.      PORQUE A REGENERAÇÃO É INDISPENSÁVEL PARA O HOMEM

A condição do homem, tanto em disposição e ato, é exatamente oposta à de santidade que é tal indispensável. O homem é descrito como morte em seus delitos e pecados (Ef 2.1; 1ª Tm 5.6; 1ª Co 2.14), que mostra a sua necessidade de regeneração. Também o homem é pecaminoso e corrupto (Rm 3.10; 7.18; 8.7-8; Jr 17.9).
Não existe cooperação alguma do homem nessa obra. É a obra do Espírito Santo direta e inclusivamente. Isto não quer dizer que o homem não tenha cooperação nenhuma na salvação, mas na regeneração do indivíduo, somente o Espírito Santo trabalha. Então, acima e além de toda influência da verdade, há de haver uma influência ou operação direta do Espírito Santo o coração. E embora realize em conjunto com a apresentação da verdade ao intelecto, regeneração difere de persuasão moral em ser um ato imediato de Deus.

VI.   O NOVO NASCIMENTO É UM RELACIONAMENTO ENTRE DEUS E O SALVO

Nosso relacionamento com Deus é condicionado pela nossa fé em Cristo Jesus durante nossa vida terrena; fé demonstra numa vida de obediência e amor sinceros. “Palavra fiel é esta: que se morremos com ele, também com ele viveremos. Se sofremos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará” (2ª Tm 2.11-12).
A regeneração é questão do Espírito e não da carne. O novo nascimento não é obra humana, mas divina: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.13). Por isso Jesus diz a Nicodemos: “O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito” (Jo 3.6).
Os termos empregados nas Escrituras nos provam, isto; Somos gerados por Deus: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança pela ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos” (1ª Pe 1.3). Agora preste atenção porque Paulo está tratando de algo tremendamente impressionante: “E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24). Ele nos deu vida: “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos” (Ef 2.5).
A regeneração então, é um ato criativo da parte de Deus e não um processo reformador da parte do homem, como falamos. E conforme Jo 1.13 vimos que a regeneração não é efetuado por descendência natural, pois recebemos apenas carne e não vida espiritual. Não é por escolha natural, pois a vontade humana é imponente para produzir vida. Nem é pelo sangue de qualquer sacrifício cerimonial. É completa e absolutamente e a obra de Deus.

A regeneração é obra da graça de Deus. “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2.11-12, 14).

VII.O NOVO NASCIMENTO É UMA TRANSFORMAÇÃO TOTAL

É uma mudança radical. Tudo se faz novo (2ª Co 5.17): nova vida (Jo 3.3-5); novidade de vida (Rm 6.4); novo alvo (Fp 3.14); novo testemunho (Gl 1.23-24); novo cântico (Sl 40.4); novo homem (Ef 2.15); novas bênçãos (At 3.19); nova incumbência (Lc 22.32), etc.
Esta mudança acontece instantaneamente: Intelectual, emocional e moralmente. Porém a santificação é um processo gradual e continuo (Jo 5.21; Rm 6.3; 1ª Co 12.13; Ez 36.26).

1.        O novo nascimento é uma mudança de mente.
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, qual seja a boa e agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
Conformar no original suschematizo que quer dizer: conformar-se com a mente e caráter de alguém; ao padrão de outro; moldar-se de acordo com.
Transformar é moldar a nossa mente e caráter segundo a Palavra de Deus, que é nossa regra de fé e de vida. É uma transformação de entendimento, uma metamorfose, ou seja, mudar a maneira de pensar, agir e viver, tendo a mente de Cristo (cf. 1ª Co 2.16). Devemos deixar os preceitos e injustiças do mundo, o pecado e a corrupção e viver segundo os padrões bíblicos.
O homem que anda segundo o curso deste mundo, segundo as concupiscências carnais e vive na pratica do pecado, está morto para Deus; morto refere-se condenado e separado de Deus eternamente. Mas quando ele crê que Jesus é o Filho de Deus enviado a este mundo para nossa salvação, e deixa toda a prática de pecado do velho homem, então nasce de novo, é vivificado com Cristo e torna-se nova criatura, conforme o que Paulo escreve em Ef 2.1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”.  Tornando-se uma nova criatura: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2ª Co 5.17). “Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. E vos renoveis no Espírito do vosso entendimento. E vos revistais do novo homem, que segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.22-24). “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).

VIII.      O NOVO NASCIMENTO É UMA MUDANÇA DE CORAÇÃO

Regeneração consiste uma mudança radical da disposição governante da alma. O coração é uma vida interior com seus pensamentos, sentimos onde sentimos a emoção. É o centro da nossa vida interior e pessoal. É o nosso centro governante (Pv 4.23). O coração do não regenerado é perverso (Pv 12.8; Hb 3.12), rebelde (Jr 5.25), insensato (Rm 1.21), maligno (Pv 26.23) e endurecido (Mt 13.15).
Uma vez que o homem se volta para Deus, o seu espírito, alma e corpo, são restaurados segundo a “imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2ª Co 3.18b), ao propósito original de Deus, em cada pessoa que nasceu de novo.
O escritor do livro de provérbios diz que “a alma do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 10.27). Na ocasião da regeneração, o Espírito Santo entra no homem interior (alma e espírito) e o vivifica, como que acendendo uma lâmpada. “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). Este é o “novo coração” e o “novo espírito” como são descritos pelo profeta Ezequiel.
Na regeneração recebe um coração novo: “Então espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados: de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardareis os meus juízos, e os observeis” (Ez 36.25-27).
Agora, a alma e o espírito velhos e mortos pelo pecado, são renovados em vida quando o Espírito Santo infundiu a nova vida de Deus.

IX.   É UMA MUDANÇA DE REINO

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1ª Co 3.14). “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).
Quando, aceitamos a Cristo como Senhor e Rei de nossa vida, estamos mudando de reino, ou seja, saímos do reino das trevas e entramos no reino da luz que é Cristo Jesus (João 8.12). Por isso nem todas as pessoas são filhos de Deus no sentido bíblico, somente os que creem que Jesus é o Salvador e tem uma vida de obediência a Sua Palavra, têm o direito de serem chamados filhos de Deus. Quando o pecador recebe Jesus, nasce de novo e é feito filho de Deus. É por isso que Paulo diz: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14).
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.1-3).
No capítulo 2.1-10 da carta aos Efésios, Paulo compara o crente que foi vivificado e o descrente que está nos domínios de Satanás. Neste trecho os descrentes são descritos como:
1.       Mortos em pecados: incessíveis e impotentes como cadáveres (corruptos, mortos espiritualmente).
2.       Andando segundo o curso deste mundo. Um andar não necessariamente imoral ou irreligioso, mas um andar mundano, ou seja, sem Deus e afastado dele v.12.
3.       Levados por Satanás. O grande espírito mestre que dirige o curso deste mundo e determina a maldade e ações nos filhos da desobediência.
4.       Vivendo em concupiscências carnais, entregues aos prazeres do corpo e da mente.
Depois de pintar este quadro tão negro, o apóstolo apresenta outro, cheio de formosura, com as palavras “mas Deus”, e fala, entusiasmado:
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus irá mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2.4-7).
1.        Do seu grande amor que se manifesta em misericórdia, e que se manifestará no porvir nas abundantes riquezas da sua graça (v.7).
2.        Do seu poder vivificador, que se chama à vida os mortos e os assenta juntamente com Cristo nos lugares celestiais. (V.5 e 6). O versículo 5 tem sido traduzido assim: Estando nós também mortos em nossas ofensas, nos chamou para partilhar da vida de Cristo pela graça sois salvos.
3.        Da natureza da salvação. Pensamos na significação do tempo presente no versículo 8. Nossa fé de hoje, que hoje aprecia a graça que Cristo salva hoje do pecado. Podemos indagar se apreciamos devidamente tudo que a graça de Deus deve significar para nós mesmo, e se temos provado todo o seu poder salvador?
4.        Do verdadeiro lugar das obras. Aqui temos três referências às obras. A salvação não prove das obras (v.8); não podemos merecê-la. Deus é o que opera (v.10); somente Ele pode salvar. “Para as boas obras” (10), primeiro salvos, depois trabalhando.

X.      CRISTO VIVE EM MIM

A regeneração envolve união com Cristo, e não uma mudança de coração sem Ele: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
O Espírito Santo efetua no homem a união de sua alma com Cristo: Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? (Rm 6.3). É uma união de vida em que o espírito humano, embora possuindo a sua própria individualidade e distinção, é vivificado pelo Espírito de Deus, e assim torna a ser um com Cristo. “Porque somos membros do seu corpo” (Ef 5.30). “Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1-2).
“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19-20).
O conceito de Cristo vivendo no crente é um pouco difícil de se compreender. Fisicamente, o crente não é diferente do que era antes. Há, porém, um poder invisível habitando nele depois da conversão, que fará amar a justiça e odiar o pecado.
1.        Através dele, os homens são atraídos a Cristo. “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (Jo 12.32).
2.        O poder de Cristo compartilhado. “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1ª Co 6.17).
3.        Mantido pelo poder divino. “Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo” (1ª Pe 1.5).
4.        O poder divino passa através do crente para atrair outros a Cristo. “... para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2ª Co 4.11b).
5.        O poder divino repele o pecado. “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.32).
6.        O poder divino atrai para justiça. “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2ª Pe 1.3).

XI.   PARA QUE ESTA VIDA E PODER REGENERADOR CONTINUEM EM NÓS É NECESSÁRIO ESTARMOS SEMPRE LIGADO EM CRISTO JESUS

“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Nesta ilustração Jesus compara a vida do crente à vida da videira e dos seus ramos. Enquanto o ramo estiver ligado à videira, uma fonte invisível de vida estará passando por aquele ramo, produzindo a vida, a saúde e frutos. Mas se for desligado da videira, sua fonte de vida – o ramo morrerá. O ramo não pode produzir frutos à parte da videira.
A quantidade de poder e de vida que o crente utiliza é proporcional à sua união com Cristo. Se, por outro lado, ele limitar sua comunhão com Cristo, terá vitórias muito limitadas na sua vida.
Deus não impôs à Igreja limitações alguma no emprego dos recursos divinos. Todas as limitações nesse sentido são da parte do crente. Se tivermos uma comunhão intima e verdadeira com Cristo mais poder receberemos da parte d’Ele: “Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas” (Lc 9.1). “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano” (Lc 10.19).
A grande mensagem da doutrina da regeneração é que a vida do crente não é uma simples filosofia, mas sim, uma vida de poder. Mesmo assim os crentes têm a tendência de perder de vista este poder, preferindo reduzir sua fé a um sistema de ritos e regras humanas. Os crentes da Galáxia tornaram-se vítima desta mesma tendência. Embora tivessem começado suas vidas em Cristo, conscientes do seu poder sobrenatural que os conduziria à novidade de vida, aos poucos a sua fé “espiritual” foi substituída por um sistema de obras, sem este poder (Gl 3.2-3).

XII.OS SETE RESULTADOS DEFINIDOS DO NOVO NASCIMENTO

1. Estabelecimento da justiça como prática de justiça. “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1ª Jo 2.29).
Um sinal da regeneração é que a pessoa é confirmada à vontade divina e que temos comportamento correto e moral aceitável a Deus.

2. Limpo de coração. “Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação” (Sl 24.3-5).
Quem há de permanecer no seu santo lugar? É a pergunta do salmista. O lugar onde Deus está já diz: “santo”, e para permanecer lá deve se santificar. Santidade e regeneração é necessário para ver a Deus (Hb 12.14; Jo 3.3-5). Aquele que é regenerado mostra através de seus atos: “puro, não entrega a sua alma a falsidade (adoração de outros deuses), e nem jura dolosamente”. Importante ressaltar que é necessário ter uma vida digna e conforme a verdade para entrar no lugar santíssimo de Deus.

3. Não peca mais. “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1ª Jo 3.9). “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado” (1ª Jo 5.18).
O apóstolo João diz que ninguém nascido de novo, deliberadamente e conscientemente, pratica habitualmente o pecado. Ele não pode viver pecando, não porque seja impossível pecar, mas antes “como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6.2).

4. Vitória sobre o mundo. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge (1ª Jo 5.18).
João diz que: “aquele que é nascido de novo está constantemente vencendo o mundo – isto deve ser porque a luta está em progresso e o cristão recebe constantemente forças para vencer. Mas também ele diz que “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, ou mais literalmente: “esta é a vitória que vence o mundo uma vez para sempre, a nossa fé.
A pessoa regenerada goza de certos privilégios, como ser guardado (protegido) por Deus dos ataques do diabo.

6. Ama seu próximo. “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1ª Jo 4.7).
O amor tem sua origem em Deus e pertence à esfera divina. João não está dizendo que qualquer pessoa que mostre amor é um filho de Deus, mas sendo que somos filhos de Deus, devemos estar amando aos outros porque este amor se origina com Deus.

7. Uma fé viva em Cristo. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1ª Jo 5.1).

João diz que todo o mundo que crê, isto é, que adere a este fato e confia, e depende do fato de que Jesus é o Cristo (Messias), é um filho nascido de novo de Deus. Esta crença ou confiança, não é mero assentimento intelectual ao fato da encarnação, mas uma aceitação de coração de tudo que está implicando na expiação de Cristo. (1ª Jo 2.22-23; 4.1-3, 15).

Pr. Elias Ribas

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A DOUTRINA DA CONVERSÃO


O homem sem Jesus está morto em seus delitos, precisa ouvir o evangelho da salvação, precisa crer, arrepender-se e converter-se de seus pecados.

Salvação é obra de Deus para com o homem e não a obra do homem para com Deus. O homem é completamente incapaz e agradar a Deus por si próprio, pois leva sobre si a sentença da “morte espiritual”. Deus tomou a iniciativa da redenção, efetuando a provisão para a salvação, pela morte e ressurreição do Seu Filho, e deste modo ajudou o homem a aceitar esta provisão pelo poder do Seu Espírito Santo.

Somente uma coisa Deus não podia fazer ao promover a salvação: forçar o homem à aceita-la. Vem então a pergunta: “Que devo fazer para ser salvo?” A resposta é voltar-se para Deus com fé, tendo as mãos vazias, e Ele as encherá por sua misericórdia. Essa nossa ida a Deus implica rejeitar todo pecado, sem tentar obter a nossa salvação por esforços humanos. Significa abandonar todos os nossos pecados através de um total e sincero arrependimento. Este ato de rejeitar o pecado e aceitar a Deus como nossa salvação, é chamado conversão.

I.         A DEFINIÇÃO DA PALAVRA CONVERSÃO

“Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19).

A palavra conversão no grego epistrophe, significa literalmente: “volver, voltar-se, virar e retomar; virar para a direção oposta”. É uma mudança voluntária da mente do pecador, qual ele vira para Cristo. De acordo com a Bíblia, esta palavra é usada para descrever a mudança total que ocorre na vida da pessoa que abandona o pecado e vem para Deus, para receber o perdão e libertação dos pecados. Conversão é uma mudança de pensamentos e opiniões, de desejos e vontades, que envolve a convicção de que a direção anterior da vida era insensata e errônea e altera todo o curso da vida. A conversão é o resultado do ato consciente do pecador pelo qual ele, pela graça de Deus, volta-se para Deus com arrependimento e fé (Is 31.6; Ez 14.6; 18.32; 33.9-11; Mt 18.3; At 3.19).

A conversão está muito relacionada com o arrependimento e a fé, pois andam juntos (At 3.19; 26.10). O arrependimento é a mudança interna, no coração; enquanto que a conversão é o abandono do pecado em relação com o mundo e suas concupiscências (1ª Jo 2.16). Enquanto o arrependimento refere-se à mudança total do homem e sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa nova posição para com o mundo e o pecado. O homem que estava andando no caminho do pecado e da perdição (caminho largo), faz uma mudança de direção e passa a andar no caminho estreito que conduz a salvação (Mt 7.13-14). Na primeira pregação do apóstolo Pedro no dia do pentecoste ele disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (At 3.19). E sem está conversão não podemos entrar no reino do céu (Mt 18.3).

O segundo ato da conversão é a pessoa crer em Deus, voltando-se para Ele e abraçando a vida eterna: “Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26.30).

A conversão pode ser ilustrada da seguinte forma: Imagine um homem andando num caminho que leva à destruição e condenação eterna causada pelo pecado. Quando ele é avisado do que vai lhe acontecer em breve, ele reconhece seu erro, e vira-se para a direção oposta. Em busca da justiça e da salvação. Todavia ele é salvo não somente porque deixou o caminho do pecado, mas porque ele se voltou para Cristo. Enquanto seu olhar permanecer na obra redentora de Cristo, ele estará salvo da destruição e condenação eterna: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22). “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hb 12.2).

Na parábola do Filho pródigo (Lucas 15.17-20), Jesus deixou um grande exemplo de conversão e arrependimento:

1. O primeiro passo para salvação é reconhecer que é pecador. “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome”.

2. Segundo passo foi sua decisão de retornar a casa se seu pai. “Levantar-me-ei, e irei ter com meu Pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante Ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros”.

3. O último passo foi o de agir, com o coração arrependimento e com fé. Podemos analisar que houve uma conversão sincera, pois ele “levantou-se”, deixou o “chiqueiro” do pecado e “foi para seu pai”, iniciando, uma nova maneira de viver.

Está história nos ensina outra verdade relacionada à conversão. Observe que o filho pródigo achava que seu pai estava zangado com ele e que teria que primeiro obter seu favor e perdão. O filho estava disposto a ser tratado como empregado e servo da família a fim de conseguir, aos poucos, o favor e as boas graças do pai.

Ainda hoje, muita gente faz penitencia, acende velas, cumpre as tradições e dogmas de sua igreja, maltrata seu corpo, procurando aplacar uma suposta ira de Deus. Tal atitude, embora pareça louvável, é realmente um insulto à graça de Deus e à obra consumada do Calvário. Deus já aplacou sua ira contra o pecado quando seu Filho morreu por causa dele (2ª Co 5.19-20). Tudo o que precisamos fazer agora, é irmos a Ele e aceitar o seu amor e perdão.

Observe que o pai do pródigo abraçou e beijou o filho, alegrando-se com sua volta, antes que o filho tivesse oportunidade de pedir um simples emprego (Lc 15.10-21). Afinal de contas ele não teve oportunidade de fazer este pedido, mas a ação de retornar arrependido fez com que o pai se compadecesse dele, restaurado à posição de filho. Fé e arrependimento são os elementos da conversão.

 “... deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro” (1ª Ts 1.9).


“....vos convertestes a Deus...”. Não são os santos que se convertem a si mesmos, no sentido de que se voltam ou se entregam, até que sejam persuadidos pelo Espírito Santo. Deus os converte, no sentido de que Ele de modo eficaz os atrai ou os persuade. Os santos se voltam, no sentido de que essa volta seja um ato próprio de cada um. Deus os converte, no sentido de que Ele os induz ou produz a sua conversão.

Pr. Elias Ribas