TEOLOGIA EM FOCO: janeiro 2024

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

A VINDA DE JESUS E O ANTICRISTO

 


2ª Tessalonicenses 2.1 “Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele.” 

INTRODUÇÃO

Pouco depois de escrever sua primeira epístola aos santos tessalonicenses, Paulo escreveu-lhes uma segunda epístola, para corrigiu ideias errôneas que parte dos membros da Igreja tinham quanto a certos aspectos da Segunda Vinda de Jesus Cristo e deu conselhos a esses membros. Ele ensinou-lhes que o Salvador só voltaria depois que houvesse uma apostasia. Depois, condenou a indolência e aconselhou os santos a não se cansarem de fazer o bem (2ª Ts 3.13). 

I. QUANDO E ONDE FOI ESCRITO? 

“Paulo escreveu de Corinto as Epístolas aos Tessalonicenses, durante a sua segunda viagem missionária”, por volta dos anos 50 a 51 d.C. (Guia para Estudo das Escrituras, “Epístolas Paulinas”, scriptures.LDS.org). 

II. PARA QUEM E POR QUE ESSA EPÍSTOLA FOI ESCRITA? 

“No breve período entre as duas epístolas, a Igreja enfrentara perseguições (2ª Ts 1.4) e a ideia da volta imediata do Senhor causara uma agitação prejudicial (2.2)” (Bible Dictionary na Bíblia SUD em inglês, “Pauline Epistles”). Paulo escreveu 2 Tessalonicenses com o objetivo de fortalecer a fé desses membros e corrigir mal-entendidos quanto à doutrina. 

III. PORQUE PAULO ESCREVEU ESSA CARTA? 

Paulo escreveu 2ª carta aos Tessalonicenses, para esclarece ideias com interpretação errôneas sobre a vinda de Jesus Cristo e pede para os irmãos não cair em falácias sobre o dia da vinda de Cristo. Mas para atentar sobre a manifestação do anticristo, que se opõe a tudo relacionado a obra de Deus.

Himeneu, Alexandre e Fileto foram três homens que aparecem na narrativa bíblica do Novo Testamento, citados pelo apóstolo Paulo na sua carta a Timóteo (1ª Tm 1.19,20; 2ª Tm 2.17). Eles viveram no período apostólico da Igreja Primitiva e são citados por Paulo como sendo pessoas que causaram danos à pregação do Evangelho. Pela forma com que são mencionados na Bíblia, é possível que Himeneu, Alexandre e Fileto tenham exercido algum papel de liderança na comunidade cristã da época. 

IV. A VINDA DO SENHOR JESUS CRISTO 

2ª Tessalonicenses 2.1-5 “Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele, 2- que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto. 3- Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, 4- o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.

1. A vinda do Senhor e os falsos mestres. Existiam na igreja falsos mestres tentando enganar os irmãos falando mentiras sobre a volta de Cristo. E o apóstolo Paulo escreve a segunda carta aos tessalonicenses para alerta-los e exorta-los para que não caiam nessas ciladas e tomem cuidados com o homem da iniquidade. 

V. 1 “...pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo...”. Os irmãos da igreja em Tessalônica, ouviram um ensinamento errado de que o Senhor já tivesse voltado e que haviam sido esquecidas no arrebatamento, já que não estavam com Jesus conforme a promessa. Paulo os consola, lembrando-os que, de fato, haverá uma reunião dos irmãos com o Senhor.

Na primeira epistola aos tessalonicenses, Paulo garantiu que todos os crentes verdadeiros serão arrebatados para encontrar o Senhor nos ares e assim ficarão para sempre com Ele (1ª Ts 4.13-18). Esse evento os livraria da ira futura de Deus sobre a terra (1ª Ts 1.10; 5.9,10). Agora, porém, na segunda epístola aos tessalonicenses, Paulo advertiu os irmãos de Tessalônica que estavam confusos e perturbados por causa dos falsos mestres que estavam ensinando que o Dia do Senhor (Dia de Cristo) já havia começado, e que a ira final de Deus estava sendo derramada sobre a Terra. Paulo lhes responde dizendo que o dia da ira de Deus ainda não havia chegado. Sendo assim, Paulo escreveu a segunda carta aos tessalonicenses para esclarecer o assunto. 

V. 2. “...que não vos movais facilmente do vosso entendimento...”. Os crentes de tessalonicenses estavam perturbados por causa do ensino dos falsos mestres na igreja. Paulo lhes diz para não se abalar, porque o dia da ira de Deus ainda não era chegado. 

Os crentes em Tessalônica poderiam ter sidos enganados de três formas.

Por espírito. Alguns alegaram pronunciamento profético (mas foram desonestos).

Por palavra. Alguns ensinaram erroneamente coisas que não eram corretas.

Por carta. Alguns escreveram para eles e afirmaram ser Paulo (mas mentiram). 

V. TRÊS COISAS ASSINALAM A CHEGADA DO ANTICRISTO

1. Haverá uma apostasia geral. (V. 3). O termo apostasia do grego apostásis, significa afastamento, abandono consciente e público da fé, e abandono da verdade. O Espírito Santo fala abertamente que nos últimos dias muitos vão apostatar, isto é, negar a fé, negar as doutrinas do cristianismo (1ª Tm 4.1-2). Será uma era de tempos trabalhosos (2ª Tm 3.1-9). Nessa época a sã doutrina não será suportada e haverá entre o povo de Deus heresias destruidoras.

A palavra traduzida como “afastar-se” é de caráter tão geral que pode ser aplicada a qualquer partida da fé que foi recebida.

“O ministério da iniquidade” é uma atividade secreta dos poderes malignos no decurso da história da humanidade, preparando o caminho para apostasia e o “homem da iniquidade”.

É um processo enganoso, que ilude os incrédulos, e induzirá a muitos a se desviarem da verdadeira fé e aceitar a mentira personificada na igreja apóstata. É um espírito ou movimento contra a verdadeira fé bíblica, levando as pessoas a acreditarem no espírito do erro. 

2. O homem da iniquidade. (V. 3). Outro evento que deve ocorrer antes que ocorram os julgamentos do Dia do Senhor é a revelação do “homem da iniquidade”. Isto é, o homem cuja característica distintiva é o pecado. No decurso de toda a época da igreja, “um ministério da injustiça” está em ação, o que nos faz lembrar que o fim está chegando (1ª Jo 2.18). Ele também é descrito como “o filho da perdição. Isto é, aquele que levará a humanidade a destruição à qual ele está destinado e a perdição eterna. O mal é uma ação contrária ao padrão divino, é uma inversão de valores, por exemplo: A legalização das drogas, aborto, homossexualidade, pedofilia etc. Porém, quando o “homem do pecado” assumir o governo do mundo, promoverá o genocídio dos que não lhe aceitarem o sinal, e não haverá ninguém para levantar a voz contra esse crime (Ap 20.4).

Paulo considera o homem do pecado como a contraparte de Cristo; como Cristo foi revelado pelo Pai, assim será revelado o homem do pecado que terá por pai Satanás. O filho da perdição; cujo pecado necessariamente conduz à sua perdição e de seus seguidores. O mesmo nome que foi aplicado por nosso Senhor a Judas Iscariotes (Jo 17.12).

A Bíblia descreve também esse homem como a besta que sai do mar (Ap 13.10), a besta de escarlata (Ap 17.3, 8). 

Os títulos dados a este homem servem como descrições adequadas de sua natureza:

A. “homem da iniquidade...” (v. 3). Ele moverá uma completa oposição à Lei de Deus.

(Veja Dn 8.25).

B. “o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus...” (v. 4). Ele será um

adversário de Deus e de Seus planos (Dn 7.25).

C. “...filho da perdição” (v. 3). Ele está destinado à completa destruição (Dn 8.25). 

3. Objeto de culto. O Anticristo irá substituir adoração a qualquer Deus ou que se chama Deus, pelo culto de si mesmo, ou seja, ele irá exigir que o mundo o adore como um deus.

Nos primeiros três anos e meio, o anticristo irá fazer uma aliança com Israel e os judeus, o aceitarão como o Messias e todo o mundo gentílico que negará a Jesus (apostasia) e o terão como substituto, outro Cristo.

O profeta Daniel profetizou a seu respeito dizendo: “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” (Daniel 9.27).

Quando terminar a primeira parte da Grande Tribulação (1260 dias), o homem da iniquidade irá entrar no terceiro templo dos Judeus em Jerusalém e exigirá para si adoração como deus (2ª Ts 2.4).

Ap 13.8 “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.”

Nesse momento Israel irá romper a aliança com ele, então será revelado o Anticristo.

O Senhor Jesus Cristo afirma que o Anticristo tomará para si a posição que pertence ao Filho do homem, e o chama de a “abominação da desolação”, fazendo referência ao Profeta Daniel:

Mateus 24.15 “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda.”

Daniel 12.11 “E, desde o tempo em que o contínuo sacrifício for tirado e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.”

Mas quando o Anticristo reivindicar essa adoração de si mesmo, se assentando no templo de Deus, os judeus o rejeitarão e pregarão o Evangelho do Reino (nós gentios pregamos o Evangelho da Graça).

Mateus 24.14 “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.”

4. A retirada daquele que resiste. 2ª Ts 2.5-7 “Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? 6- E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. 7- Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado.” 

4.1. Não vos lembrais. Paulo faz os tessalonicenses se lembrarem de seu ensino anterior sobre a segunda vinda de Jesus, confirmado em sua primeira carta para eles (1ª Ts 4.13; 5.11). Ele lhes havia ensinado que não passariam pela noite do juízo que viria sobre o mundo no dia do Senhor nem seriam objetos da ira de Deus (1ª Ts 5.9). 

4.2. O que está impedindo o aparecimento do Anticristo. A verdade é que o mistério da iniquidade já está em ação (1ª Jo 2.18), a grande apostasia já está a caminho e o “homem do pecado” poderá se manifestar a qualquer hora. Alguém ou algo está impedindo que ele apareça. Parte do propósito dessa restrição é impedir que o homem do pecado seja revelado antes do tempo determinado. Quando aquele que o detém for tirado do meio, começa o julgamento e justiça divina sobre a Terra. 

Este poder que detém não é identificado. Estes versículos afirmam que, este que resiste está detendo o poder da injustiça e assim o fará até o tempo da manifestação do Anticristo, momento em que ele se retirará. (A Bíblia no grego diz que ele retira a si mesmo, e não que ele é tirado.) [Epístolas Paulina II, EETAD. Pg. 108].

Alguns interprete entendem que fosse o império romano, mas o poder de Roma já não mais existe, e o Anticristo ainda não se manifestou. Mas, quando aquele que o detém for tirado do meio, começará o Dia do Senhor.

Convém observar que o verso 6, Paulo refere-se ao repressor de modo neutro (“o que o detém”), enquanto que o verso 7, usa o gênero masculino (“aquele que agora o detém”).

Paulo está se referindo aqui ao Espírito Santo, uma vez que Ele pode ser descrito tanto no gênero masculino quanto no neutro (Jo 14.16,17; 16.13) e também Ele é apontado como Aquele que modera as forças do mal, ou seja, Deus é quem está por trás restringindo a manifestação do homem da iniquidade. 

Enquanto o Espírito Santo não levar a Igreja a encontrar com do Senhor nos ares, o homem do pecado, o Anticristo não aparecerá. O que o detém é o Espírito Santo. Ele não retira a Sua onipresença, nem sua presença na terra durante a Grande Tribulação, mas encerra sua tarefa de reprimir o poder da injustiça. Quando aquele que o detém for tirado do meio, começará o Dia do Senhor. Satanás e o Anticristo terão liberdade para levar o mundo ao caos. É por isso que o Anticristo vai surgir no período de grande apostasia, ou seja, da grande rebelião, quando os homens não suportarão leis, normas nem absolutos. Então, eles facilmente se entregarão ao homem da ilegalidade, o filho da perdição. 

Claro que o Espírito Santo ainda estará presente na terra, mas será tirado do meio no sentido de que Seu ministério único de restrição do pecado (convencer o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8)), cessará. Deus tem restringido o pecado no mundo por meio do poder do Espírito Santo. O Espírito trabalha diretamente por meio da Palavra, e os cristãos fazem avançar o Reino de Deus e deter o mal. Mas, quando Ele for tirado, o mundo sem Deus blasfemará contra Ele (Ap 16.11) e uma grande apostasia surgirá com a manifestação do homem do pecado juntamente com o falso profeta (Ap 13.11-18). Portanto, a única revelação que temos, descrita pelo próprio apóstolo Paulo é que o povo de Deus será tirado da terra, no aparecimento de Jesus Cristo (Tt 2.13,14; 1ª Ts 4.17). Todavia, depois disso será revelado o Anticristo, então estamos diante de mais uma prova de que a Igreja não passará pela Grande Tribulação. 

5. O Anticristo será um representante de Satanás na Terra. 2ª Ts 2.8-12 “E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; 9- a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira,10- e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. 11- E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, 12- para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade.” 

O Anticristo será o representante do pai da mentira (Jo 8.44), e terá por objetivo apagar toda a verdade que Deus imprimiu na Sua Santa Escritura, na consciência humana e na história. Somente assim, conseguirá aprisionar a humanidade (2ª Ts 2.11).

O mundo apostatado mergulhará no pecado. Esse homem virá para realizar o trabalho de Satanás, com poder, sinais e falsas maravilhas, e com todo tipo de mentira perversa para enganar os que estão caminhando para a destruição, pois se recusam a amar e a aceitar a verdade que os salvaria. Portanto, Deus fará que sejam enganados, e eles crerão nessas mentiras. Então serão condenados por ter prazer no mal em vez de crer na verdade.

O Anticristo assumirá o controle dessa Terra por um período de sete anos, logo após o arrebatamento da Igreja. Mas no final da Grande Tribulação, quando Jesus aparecer em glória com Seus santos (Ap 19.11-21), irá paralisar a obra do Anticristo na Terra. O sopro de Jesus glorificado matará o iníquo, então ele será morto e sua obra reduzido a nada. 

CONCLUSÃO

Aqueles que não creram no evangelho de Cristo, e não foram arrebatados a encontrar o Senhor nos ares (1ª Ts 4.16-17), serão salvos?

Sim, serão salvos, mas terão que enfrentar o Anticristos que perseguira a todos levando a morte.

Ap 20.4 “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.”

Aqueles que ficarem na Grande Tribulação:

- Terão de crer como Abraão creu;

- Continuar fiel a Jesus e Sua Palavra.

- Não receber o sinal da besta (um pacto de fidelidade a ela);

- Não adorar a besta.

Portanto, sofrerão o martírio de um cristão verdadeiro. Assim terrão o direito de entrar no reinado de Cristo por mil anos. (Ap 7.9-17). 

Pr. Elias Ribas - Dr. Em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC