TEOLOGIA EM FOCO: agosto 2023

terça-feira, 29 de agosto de 2023

A CONDENAÇÃO ETERNA

  


“Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo” (Ap 20.14-15). 

Muitos ainda não sabem o que é eternidade. Eternidade será um tempo sem relógio, ou seja, uma condenação sem fim a onde a alma e o espírito dos pecadores serão lançados no Lago de Fogo para o sofrimento sem fim, eterno sem volta.

Entre as diferentes correntes escatológicas, basicamente o principal assunto discutido é a eternidade. Na doutrina da eternidade há duas correntes de interpretação: Tempo definido (tempo sem fim) e tempo indefinido (tempo indeterminado). 

1. Tempo definido. Para eles, o inferno figurado da Bíblia é mesmo eterno (temporal) e não sempiterno (para sempre) e usam um versículo da profecia de Oséias: 13.14: “…eu os remirei do poder do inferno…onde está, ó inferno, a tua destruição?” Esses defendem o significado um tempo indefinido e não sem fim. Por isso, na Bíblia, se fala em mais de uma eternidade e não apenas numa. “Mas a misericórdia de Deus é de eternidade a eternidade sobre os que o temem.” (Sl 103.17). 

A palavra misericórdia no latim, é formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). “Ter compaixão do coração” significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas. A misericórdia de Deus é eternidade em eternidade, ou seja, não teve começo; não terá fim. Porém, essa misericórdia são “...sobre os que o temem.”, isto é, para os fiéis que são regenerados pelo Espírito de Deus, e que o adoram com verdadeira devoção, é para os que obedecem aos Seus mandamentos. Mas, para aqueles que não obedecem a Suas ordenanças, seu propósito de misericórdia teve um começo e não é “de eternidade”, ou seja, Sua misericórdia tem um fim e não é “eterna”. 

2. Tempo indefinido. Para entendermos o conceito de eternidade, precisamos conhecer a origem da palavra eterno a luz da Bíblia.

A Bíblia diz que Deus é eterno. Sem essa revelação, seria impossível para o homem pensar com seriedade sobre a possível existência de um período antes e depois do que vivemos.

A palavra eterno no original hebraico é Olam e aparece a primeira vez no livro de Gênesis 21.33, para se referir a eternidade de Deus. A palavra eterno significa perpétuo; que dura para sempre; sem começo e sem fim.

No Antigo Testamento, o Salmo 90.2 usa a palavra hebraica עֹ֝ולָ֗ם (‘olam) sobre a eternidade de Deus no sentido de duração para sempre, eternamente, para todos os tempos. “Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus.”

Essa palavra pode também ter o sentido de existência contínua ou sem fim e descreve também a extensão de tempo em que Deus deve ser louvado (1º Cr 16.36; Sl 89.1; 119.112.). Foi com essa ideia na mente que o salmista escreveu: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus.”

A Bíblia não tenta provar a existência de Deus ou a Sua eternidade, mas apenas começa com a frase “No princípio Deus...” (Gn 1.1), indicando que no início do tempo registrado, Deus já existia. A duração que se estende sem limite ao passado e a duração sem limite ao futuro, de tempos eternos a tempos eternos, Deus foi e será para sempre.

Por sua vez, o Novo Testamento usa a palavra grega αἰωνίου (aiwniov) (aionios), que significa eterno, no sentido de ser sem começo e sem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será ou que nunca termina (cf Rm 16.26).

Na mitologia grega, a palavra Aion Αἰών é uma divindade helenística associada ao tempo, ao orbe ou círculo abrangendo o universo e ao zodíaco. O tempo representado por Aion é ilimitado, em contraste com Chronos como tempo empírico dividido em passado, presente e futuro. Ele é, portanto, um deus das eras, associado a religiões de mistério, relacionadas com a vida após a morte, tais como os mistérios de Cibele e os mistérios dionisíacos (relativo ao deus Dioniso, o princípio que representa a embriaguez, o caos, a falta de medida, a paixão. [https://pt.wikipedia.org/wiki/Aion_%28mitologia%29 – acesso dia 12/08/2023].

O termo Ad Aeternum originado do latim, Ad Eternum ad 'para' + aeternum significa: eternamente; para sempre; que não tem fim; que dura eternamente; de modo eterno, sem fim, infinito; eternamente.

A palavra eternidade vem do latim aeturnus, termo que, por sua vez, é uma derivação de aevum, que significa era ou tempo. O termo costuma ser entendido em dois sentidos. No sentido comum, significa sempiternidade (do latim sempiternus, a um: perpétuo, eterno, imortal), isto é, duração ou tempo infinito. Já no sentido mais usual entre os filósofos, corresponde a atemporalidade, ou seja, a algo que não pode ser medido pelo tempo, pois o transcende. Já no sentido mais usual entre os filósofos, corresponde a atemporalidade, ou seja, a algo que não pode ser medido pelo tempo, pois o transcende.

A vida terrena a palavra correta é (no grego), onde o corpo tem fim, diferente da alma que não tem fim aionos sem fim.

3. O ensino bíblico sobre o inferno. No evangelho segundo Marcos 9.43-48, por três vezes no texto, Jesus adverte aos discípulos: “melhor é para ti entrares na vida-reino de Deus – aleijado, coxo e cego – do que ires para o inferno” (v. 43, 45, 47). A cada advertência Jesus também acrescenta algo sobre o inferno: “para o fogo que nunca se apaga [ARA- inextinguível] (2x)” seguida de outro qualificativo: “onde o seu bicho não morre”

Para os discípulos de Jesus, a doutrina do inferno era uma nova revelação, mas a descrição já era conhecida por eles, pois no livro do profeta Isaías ele escreveu dizendo: “Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne.” (Is 66.24). Diante das palavras de Jesus e, agora, considerando o todo da revelação bíblica, vejamos qual é o ensino bíblico sobre esse lugar. 

4. O destino dos pecadores. Quando Jesus vier em glória assentar-se-á no Seu trono para julgar as nações, Ele vai separa as ovelhas e os bodes (os justos e os ímpios) colocando a Sua direita as ovelhas e a Sua esquerda os bodes. Na Sua sentença dirá para os que tiverem a Sua esquerda: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” (Mt 25.41b).

Muitos pensam que o fogo eterno foi preparado exclusivamente para Satanás e para os seus demônios, e dessa maneira afirmam que, primariamente o destino do homem seria o gozo eterno, e não o inferno. Porém, a análise textual não dá margem para essa interpretação, as palavras de Cristo são claras, mostrando que o fogo eterno foi preparado para todos os inimigos de Deus. Há uma diferença notável entre a maneira como os justos serão tratados e os ímpios. Cristo dirá a um que o reino foi preparado para eles; ao outro, que o fogo não foi preparado para “eles”, mas para outra raça de seres, eles o herdarão porque têm o mesmo caráter “do diabo”, e por isso são adequados para o mesmo lugar – não porque tenha sido originalmente “preparado para eles”. O fogo eterno foi preparado para todos aqueles que seguem a Satanás, sejam homens ou demônios. 2ª Tessalonicenses 1.8-9 está escrito: “Com labaredas de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; 9. Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder.”

É relevante salientar que a eterna bem-aventurança para os justos e o castigo eterno para os ímpios são claramente ensinados nas Escrituras. É perfeitamente razoável e justo e estão em harmonia tanto com o amor como com a justiça de Deus, que Ele recompense o Seu povo com a vida eterna, e dê justa retribuição aos ímpios o castigo eterno por suas más obras.

Se não soubéssemos o significado de aionios, então precisaríamos perguntar: qual é o contrário de “temporal”? Algo bem simples: infinito, eterno! Em Mateus 25.41 e em Judas 1.7 o “fogo” do juízo é descrito com aionios.

Em Mateus 25.46 encontra-se mais um caso de oposição no contexto de aionios: no mesmo versículo, o castigo dos perdidos e a vida dos redimidos são chamados de aionios. “Estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.”

A Bíblia não deixa nenhuma dúvida de que existem dimensões de tempo que não têm fim, que são eternas. Isso vale tanto para a vida eterna como para o sofrimento eterno. Todavia, segundo a Bíblia eternidade significa um tempo sem fim, uma vida que nunca terá fim. Eternidade seria a ausência total de tempo e de qualquer coisa relacionada com o tempo, isto é, tempo sem relógio. Se não houvesse castigo eterno, também não haveria vida eterna! 

5. Os ímpios serão queimados. Esta é também uma expressão forte, empregada em muitas ocasiões. Malaquias se refere ao dia em que os ímpios hão de ser queimados (Ml 4.1). Mateus fala em serem atados em molhos para queimar” (Mt 13.30), e menciona também que “o joio é colhido e queimado no fogo” (v. 40). Pedro declara que a “Terra, e as obras que nela há, se queimarão” (2ª Pedro 3.10). Lemos ser o destino final dos injustos o “lago de fogo” (Ap 20.15), e a isto o revelador chama “a segunda morte” (Ap 21.8).

Depois do julgamento aqueles que não foram achados escritos seus nomes no livro da vida foram lançados no lago de fogo (v.14), e juntos com eles, foram também lançados à morte e o inferno.

O inferno não é um estado de espírito. É um lugar real (Lc 16.23). Mas está com os seus dias contados. É o que Esta é a segunda morte” (V. 14). diz o apóstolo João: “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo.

Assim, o Senhor aniquilará todas as maldições que, desde Adão e Eva, infelicitam a raça humana. 

6. O lago de fogo será um lugar terrível, de dor e sofrimento eterno. Este local não foi preparado para o homem, mas para Satanás e seus anjos: “Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” (Mt 25.41). Lá já foram lançados o Anticristo e o falso profeta (Ap 19.20); Satanás, o príncipe das trevas e o enganador de todo o mundo (Ap 20.10); a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo (Ap 20.14); e os homens ímpios, que se recusarem ouvir a Palavra de Deus e o Seu testemunho, e não se arrependeram das suas obras (Ap 20.15). O terrível lugar da eterna habitação de Satanás e dos anjos maus. 

7. A morte eterna. A morte eterna também chamada 2ª morte (Ap 2.11; 20.6, 14, 21.8), diferencia-se da 1ª morte, sendo a 1ª morte temporária e física e a 2ª morte uma separação definitiva de Deus e eterna, sem volta.

A Bíblia fala de três tipos de morte. A morte física, que é a cessão do processo vital de um ser vive. A morte espiritual, que é o estado que se encontram as pessoas que não confessam Jesus Cristo como Salvador pessoal (Ef 2.5), e a morte eterna, também conhecida como a “segunda morte”, que é o estado permanente de separação de Deus, que atingira a todos que passarem pelo trono branco.

O homem sem Deus se encontra morto espiritual, mas ao confessar que Jesus é Senhor, ele é vivificado, ou seja, nasceu de novo (Jo 3.3; Ef 2.1, 5). Todavia, este poderá se reverter quando há a conversão do coração, mas a morte eterna jamais poderá se reverter, pois a morte eterna, é um castigo eterno pelo homem ter rejeitado o plano de salvação de Deus (Dn 12.2; Mt 25.46; Ap 20.14,15).

A Bíblia quando fala sobre a Segunda morte, refere-se a uma separação eterna de Deus, aonde o homem vai ser separado e condenado a um juízo eterno. Não será a religião que vai livrar o homem da condenação e do juízo de Deus, mas é sua vida de santidade, justiça e fidelidade a Palavra do Senhor a Bíblia Sagrada. Talvez você acha injusto Deus condenar o homem, mas saiba que Ele é fiel no que diz: “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem para que se arrependa. Porventura tem prometido, e não o fará? Ou tendo falado não o cumprirá?” (Nm 23.19).

A Palavra do Senhor nos mostra que Deus não voltará atrás naquilo que pronunciou, e que tem poder para cumprir totalmente tudo aquilo que na Sua Palavra prometeu. Ele prometeu salvar aqueles que recebem e Jesus como Seu único e suficiente salvador e obedecem a Sua Palavra, mas também prometeu condenar aqueles que não aceitam o Evangelho da salvação: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). Portanto, aqueles que andam segundo as concupiscências da carne não entraram no Reino dos céus (Gl 5.19-21; 1ª Co 6.9-10; Ap 22.15). 

7. O sofrimento será terrível por toda a eternidade. O sofrimento será terrível e por toda a Eternidade (Ap 20.10), essa morte de sofrimento eterno é chamada na Bíblia de 2ª morte, isto é, eterna separação de Deus. Jesus confirma na Sua Palavra “E, irão estes para tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46). “E, se atua mão te escandalizar, corta-a: melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mão, e ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga; 44 Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.43-44).

A Bíblia ensina claramente que não há injustiça nem parcialidade em Deus (Rm 2.6,11), e que há graus de punição e sofrimento no inferno, assim como também é o caso das recompensas no céu.

As palavras de Cristo sobre algumas cidades incrédulas, parece indicar que o julgamento será de fato experimentado de maneira diferente por pessoas diferentes: Mateus 11.21,22, “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. 22. E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.”

Essas cidades eram bem conhecidas pelos judeus. Na época de Jesus, era provavelmente uma cidade de muito esplendor e comércio extensivo.

Nenhuma cidade foi mais privilegiada do que Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Jesus Cristo percorreu suas estradas, pregando as boas novas do Evangelho, o perdão para aqueles que estão confiando n’Ele! Há salvação gratuita, completa e eterna! Mas Jesus Cristo também alertava que há condenação para aqueles que não estão confiando n’Ele. A pregação de Jesus Cristo servia de consolo para alguns e condenação para outros.

Essas cidades ouviram a pregação das boas novas de salvação, mas voluntariamente O rejeitaram. Sua mente voltou-se para as cidades de Tiro e Sidom, que haviam caído sob o julgamento de Deus por causa de sua idolatria e maldade. Se tivessem tido o privilégio de ver os milagres de Jesus, teriam se humilhado em profundo arrependimento.

“...no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.” As palavras de Jesus nos mostram que que haverá graus de punição no inferno, assim como haverá graus de recompensa no céu (1ª Co 3.12-15). O único pecado que condena os homens ao inferno é a recusa em se submeter a Jesus Cristo (Jo 3.36b). Mas a profundidade do sofrimento no inferno está condicionada aos privilégios desprezados e aos pecados cometidos.

Ai de ti, Chorazin! ai de ti, Betsaida! Esse aí é de juízo. Jesus mostra aos Seus discípulos que essas cidades não escaparão do juízo de Deus no final dos séculos. A moral extremamente corrupta e a devassidão irrestrita dessas cidades são atribuídas à ignorância; pois ali a voz de Deus nunca fora ouvida, nem milagres haviam sido realizados, para adverti-los a se arrependerem. Porém nas cidades da Galileia, houve uma rejeição muito dura ao Messias, dos quais eles haviam visto um grande número de milagres realizados por Jesus. Por isso Jesus disse que; “...no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que na própria Judéia."

Os pecadores serão julgados segundo as suas obras e perante este tribunal terão que comparecer todos os pecadores desde o princípio do mundo até o fim dos séculos. Os registros de suas obras serão abertos e lidos para determinar o grau de castigo. De qualquer maneira será uma coisa horrível ter de comparecer perante o Juiz de toda a Terra e por Ele ser condenado.

Pr. Elias Ribas

Dr. em teologia

Assembleia de Deus

Blumenau - SC