TEOLOGIA EM FOCO: 2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

AS CONDIÇÕES PARA SALVAÇÃO


As condições da salvação significa o que Deus exige do homem a quem Ele aceita por causa de Cristo e a quem dispensa as bênçãos do Evangelho da graça. As Escrituras apresentam o arrependimento e a fé como condições da salvação e o batismo nas águas é mencionado como símbolo exterior da fé interior do convertido (Mc 16:16; At 22.16; 16.31).

I.         A FÉ PARA SALVAÇÃO

Abandonar o pecado e buscar a Deus são as condições e os preparativos para a salvação. Estritamente falando, não há mérito nem no arrependimento nem na fé, pois tudo quanto é necessário para a salvação já foi providenciado a favor do homem. Mas, pelo arrependimento o homem remove os obstáculos à recepção do dom e pela fé ele aceita o dom da salvação. Qual a diferença entre o arrependimento e a fé? A fé é o instrumento pelo qual recebemos a salvação. O arrependimento ocupa-se com o pecado e a tristeza. A fé ocupa-se com a misericórdia de Deus.

A fé e o arrependimento acompanham o crente durante sua vida cristã: o arrependimento torna-se zelo pela purificação da alma e a fé opera pelo amor e continua a receber as coisas de Deus. A fé é o primeiro passo para a salvação, pois possibilita crer no Senhor, para perdão dos pecados.

O arrependimento e a fé, são doutrinas que não recebem a atenção que merecem. Grande ênfase é colocada sobre a conduta; é dito que o credo do homem é uma questão de indiferença. Mesmo assim, a vida do homem é governada por aquilo que ele crê, e em religião pela pessoa em quem crê. A fé está no próprio centro ou coração do evangelho, pois é o veículo pelo qual podemos receber a graça de Deus.

1.        Definição de fé.
A palavra fé do hebraico heemim”, do grego pisteuodo lat. Fidem”. “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hb 11.1). Fé é a confiança (ou confidência), que depositamos em todas as providências de Deus.

Fé é convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas; é a convicção de que Deus existe e é o Criador e Governador de todas as coisas, o provedor e doador da salvação eterna em Cristo. Fé é a crença de que Ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a confiança que depositamos em todas as providencias de Deus. É a convicção de que Sua Palavra é a verdade. Fé é crer, acreditar e ter confiança. Para o cristão, tal fé deve estar solidamente fundamentada, na pessoa de Jesus Cristo, o Autor da Fé. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano de salvação por Deus estabelecido, e executado por Seu Filho, no Calvário; fé é o ato de fazer o coração firme, constante e seguro em Jeová.

A fé vem de Deus: Nenhum cérebro humano ou laboratório de pesquisa pode produzir esta fé. Ela emana de Cristo; ninguém pode criá-la a não ser Ele mesmo. Podemos observar nas Escrituras que um dos títulos dados a Jesus, é: “o Autor e Consumador da Fé”.

Todos nós procuramos agradar a Deus; toda a religião tem isso por princípio fundamental, mas a Palavra de Deus diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). A fé é a única condição exigida para obtermos a graça e o favor de Deus. Ela é essencial para uma relação acertada com Deus (Jo 3.36; 3.16-18).

2.        A origem da fé.
A onipotência de Deus é um de Seus atributos e significa poder total (Gn 17.1; Jó 42.2; Mt 19.26). Sua onipotência nunca fará praticar coisas absurdas. A criação é uma manifestação da onipotência de Deus (Hb 11.3). É Deus que sustenta todas as coisas (Cl 1.17).

A fé é uma virtude divina, parte da natureza de Deus que nos atrai para Ele. O sentido da fé na justificação do homem torna-se o primeiro princípio, como é afirmado por Paulo e outros escritores do Novo Testamento: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

Dom no grego “doron”, que significa “dádiva”, “presente de sacrifícios oferecidos por Deus”. Este presente que Deus oferece aos homens é Seu Filho Jesus Cristo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Pela fé um homem encontra o amor de Deus em Cristo. Como explica Paulo: “...porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Isto acontece pela fé em Cristo. Quando um homem exerce fé em Cristo, ele encontra o amor de Deus. A partir daí, permanece a fé, a esperança e a caridade... (1ª Co 13.13).

Fé nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só pode exercer corretamente em relação a Deus. Salvação do pecador é unicamente obra divina. O pecado é contra Deus e só Deus pode perdoar pecados, mediante a fé.

3.        Como obter a fé.

3.1. Pela Palavra de Deus. “De sorte que a fé vem pelo o ouvir, e o ouvir da Palavra de Deus. Pois quem é rico de conhecimento das Escrituras Sagradas, possuí uma fé viva e poderosa” Rm 10.17). A Palavra de Deus pregada e lida é o instrumento que produz fé no coração do homem.

3.2. Por Cristo. “Olhando firmemente para Jesus, o autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do Trono de Deus” (Hb 12.2).

A pergunta pode surgir “por que então se fé é obra de Deus, nós não somos responsáveis por tê-la” (Mt 14.18-31). Deus quer operar fé nas suas criaturas. E para obter esta fé é necessário lançar-nos a nós mesmo sobre Ele para produzir esta fé.

Quando então, alguém se aproxima de Cristo em fé, ele está cônscio de que encontra a Deus. A obra de Cristo, então, em salvar, é a mesma obra de Deus. É submissão a Ele como Senhor. A autoridade salvadora e o senhorio de nosso Senhor são inseparáveis. A fé do Novo Testamento envolve o reconhecimento do senhorio de Jesus e submissão a essa autoridade. Paulo fala da obediência da fé (Rm 5.1). Fé, então, é não somente receber Cristo como Salvador, mas dar de si mesmo a Cristo, ou seja, crer e obedecer.

3.3. Pelo Espírito Santo. “Mas nós pela fé aguardamos mediante o Espírito da Justificação pela qual esperamos” (Gl 5.5).

Quando ouvimos, aceitamos a verdade escrita através da Palavra e arrependemos de nossos pecados, o Espírito agem em nosso ser criando uma nova criatura. E, assim nos tornamos filhos de Deus e então, a semelhança de Deus é restituída em nós. “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2ª Ts 2:13).

4.        A fé se manifesta sobre vários aspectos.
Quero falar um pouco sobre a fonte. Existe, como arrependimento, um lado divino e um lado humano. Todas as pessoas possuem fé, e está localizada no espírito humano.

1.1.  A fé natural.
Todas as pessoas possuem fé, e está podemos chamar de fé natural. A fé está localizada no espírito do homem. É a fé intelectual, a capacidade humana, exercitada nas atitudes comuns do dia-a-dia, como tomar um ônibus, um avião, crendo que vai chegar ao destino. Todo mundo tem fé natural, crentes e descrentes. Esta confiança ou crença é possuída em graus diversos, a qual se fundamente sobre coisa materiais e sobre evidências aparentemente digna de fé. Entretanto, é insuficiente para satisfazer as necessidades morais e espirituais do homem ou as exigências de Deus.

1.2. A Fé para a Salvação.
A fé para salvação ou fé espiritual, é aquela crença ou confiança possuída pelos crentes regenerados, em diversos graus, a qual se fundamente sobre o conhecimento de Deus e de sua vontade, obtido por meio de revelação e experiência pessoal. A nossa fé é assegurada pelo uso de certos meios.

Está trabalha no campo da salvação. Quando você creu em Cristo como o seu e Senhor e Salvador, exercitou a fé que salva: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16.31). “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).

Neste texto, salientamos o ensino bíblico que diz que todo o pecador pode ser salvo somente pela fé. É condição indispensável para o homem perdido, arrepender-se e confessar-se um pecador, neste exato momento a fé opera uma situação de aproximação do homem com seu Salvador, então ele sente-se perdoado e crê de fato que isto aconteceu. Esta fé deve acompanhar o salvo por toda vida. “Pois, por meio da fé em Cristo Jesus, todos vocês são filhos de Deus” (Gálatas 3.26).

Fé nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado mediante o perdão. Essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo. É um tipo de confiança que só se pode exercer corretamente em relação a Deus.

A fé é essencial à vida cristã: “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17). A justiça de Deus é eficientemente conhecida para a justificação somente pela fé e que é invariavelmente operativa para este fim, no caso de todos os que creem. A fé é o princípio da vida cristã em Deus, por isso que o apóstolo Paulo explica aos romanos que o justo viverá pela fé, a saber, pela fé somente.

O ser humano só obterá esta fé, quando entender que ele necessita de Deus para se salvar, e precisa reconhecê-Lo como soberano e Senhor de sua vida.

O todo da nossa salvação - passado, presente e futuro, é dependente da fé. Nossa salvação aceitação de Cristo (Jo 1.12), nossa justificação (At 26.18); nosso guardar (1ª Pe 1.5), de fato, a nossa salvação toda do começo até o fim é dependente de fé. Essa fé emana de Deus mediante o homem aceitar o Senhorio de Cristo na sua vida. (Ap 3.20). Se qualquer indivíduo, porém, quer abrir a porta do seu coração e ouvir a chamada de Cristo, então Ele entrará para dirigir sua vida e lhe oferecer Sua convivência. Assim fica claro que é Cristo quem salva, não a sua igreja. A igreja é o local de cultuar a Deus; o pastor tem a função de aplicar a Palavra Divina (Bíblia) e o Espírito Santo, é quem convence o homem da justiça e do juízo.

1.5. A fé salvadora é o único meio de salvação.
Quando alguém acrescenta alguma coisa como meio de salvação, além da fé em Cristo, aí já não é Deus que salva, mas o homem tentando salvar-se a si mesmo (Rm 4.1-6). O homem não pode fazer nada para merecer a sua salvação. Nem a fé é uma obra para se ganhar a salvação, mas simplesmente um meio, pelo qual Deus manifesta a sua abundante graça na vida do pecador para salvá-lo. Pois agora sabemos que não é a fé que salva, mas Cristo que salva através da fé.

A fé que salva não se dirige a um credo religioso ou crença doutrinária, mas a uma pessoa Cristo Jesus que é o Autor da fé. Não basta ao homem aceitar as verdades sobre a salvação, se ele não se render a Cristo como seu salvador pessoal e não cultivar uma comunhão intima com Ele (Tg 2.14).

O fato da nossa fé ter Cristo como seu objeto se vê nas expressões bíblicas como: “crê no Senhor Jesus...” (At 16.31), e “n’Ele crer” (Jo 3.16). Observamos que nunca somos admoestado a crer em um fato para ser salvo. “E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 ª Tm 2.15).

Grupos religiosos que tem sua fé dirigida a uma igreja, a um credo, dogma, tradição, ou a um padrão humano, ignora o verdadeiro relacionamento da pessoa salva, com Cristo. Para preencher esta lacuna, eles apresentam algo como substitutivo para tentar unir a brecha existente entre Deus e esses pretensos seguidores dele, tais como uma igreja, intercessores, sacramentos, ritos, santos, espíritos e regras humanas etc.

Fé salvadora não é uma simples confissão ou seguimento ritualístico, mas uma entrega completa a pessoa de Jesus Cristo. Ainda que não podemos contribuir com nada diante de Deus para receber nossa salvação, a fé salvadora requer uma entrega total a Deus de tudo o que temos.

“Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo” (Lc 9.24-25).


Tal entrega a Cristo não pode ficar oculta diante dos outros. Ela resulta numa vida transformada, o que se torna evidente em nosso modo de viver (2ª Co 5.17). Se a fé de alguém não resulta em sua transformação, tal fé está longe de ser a fé viva que salva (Tg 2.16-17).

Pr. Elias Ribas

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A GRAÇA DE DEUS


I.         DEFINIÇÃO DE GRAÇA

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.

A palavra grega traduzida por graça “Charisno hebraico hessed, e no latim; gratia”, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.

Imerecido, porque, na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer mérito humano, mas unicamente, pela sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.

Graça é um favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte.

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.

A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.      A GRAÇA É IMERECIDA

1. A graça de Deus não está associada aos nossos méritos.
Na epístola aos Romanos o apóstolo Paulo diz: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6).

2. Igualmente, a graça não depende da obediência da lei.
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

3. Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).

III.   GRAÇA É ETERNA

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).

A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.

IV.   A GRAÇA SALVADORA

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.

A graça não é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.

É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

V.      GRAÇA COMUM

Jesus trouxe uma palavra que exemplifica muito bem o significado da graça comum: “porque Ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.45). O estado de pecado do ser humano o faz não merecedor de nenhuma bênção de Deus. Se Deus não derramasse sequer uma bênção sobre o ser humano não estaria sendo injusto e nem mau. Porém, observamos que não é assim que Deus age. Observamos claramente que Deus age com sua graça mesmo entre os maus como disse Jesus. Mas Deus faz muito mais do que fazer o sol nascer e a chuva cair para abençoar justos e injustos! A graça comum de Deus é muito amplamente derramada no mundo.

A graça comum é vista basicamente em três aspectos:
1. Provisão graciosa de Deus nas coisas naturais, tais como sequência das estações, semeadura e colheita (Mt 5.45).
2. Governo ou controle divino da sociedade humana como poder restrito do mal (Rm 13.1ss).
3. A consciência interna no homem entre o certo e o errado, entre a falsidade e a verdade, entre a justiça e a injustiça A graça comum ou geral ou universal é assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são usufruídos pela totalidade da raça humana, sem distinção entre uma pessoa e outra.

Devido a natureza depravada do homem, ele é incapaz de por si mesmo procurar ou agradar a Deus. Por este motivo, Deus tem concedido a graça universal a todo o homem. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 211).

Esta “graça comum” não salva automaticamente o homem, mas revela-lhe a bondade de Deus e restaura a cada ser humano a capacidade de responder favoravelmente ao amor de Deus. À luz desta graça comum, correspondemos que nenhum homem pode se esconder atrás da desculpa de que ele não teve oportunidade de um encontro com Deus.

“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4).

“Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se lhes o coração insensato” (Rm 1.19-21).

A “graça comum” concede a cada homem a capacidade de buscar a Cristo. A medida que o homem responder afirmativamente a esta graça que o atrai a Deus, ele concede aquela pessoa uma “graça especial”, que o ajuda a chegar cada vez mais perto dele. Então podemos dizer que nenhuma pessoa pode vir ao Pai sem este poder adicional (esta graça especial), que vence a escravidão decorrente da sua natureza humana depravada. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).

Entretanto, devemos deixar claro que esta graça especial não garante a decisão da parte do homem, quanto à sua comunhão com Deus. A aproximar-se de Deus o homem recebe mais graça que o encoraja e o incentiva a aceitar a salvação. Uma experiência paralela temos na cura dos dez leprosos, mencionada em Lucas 17.14. A Bíblia declara: “Indo eles, foram purificados”. Assim opera a graça. Quanto mais o homem responde à graça de Deus. Porém a qualquer momento, o homem pode escolher resistir à graça de Deus, que naturalmente cancela a provisão de mais graça (At 7.51).

A quantidade de graça que o homem recebe, depende totalmente da sua própria decisão, e não do interesse ou vontade de Deus, (que já é manifesta).  Por esta razão, o apóstolo Pedro diz:


“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pe 3.18).

Pr. Elias Ribas

sábado, 3 de dezembro de 2016

ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO A SALVAÇÃO


I.         SALVAÇÃO

A palavra salvação no grego soxo, significa salvação, libertação e cura. Jesus veio a este mundo para nos salvar, libertar e curar as almas necessitadas.

O que o apóstolo João viu testificou e escreveu na sua carta: “E vimos, e testificamos que o Pai enviou seu Filho para Salvador do mundo” (1ª Jo 4.14). Jesus veio ao mundo com este propósito de salvar o homem, e livrá-lo de uma condenação eterna. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.16-17). Paulo declara: “Que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o principal” (1ª Tm 1.15) No evangelho segundo Lucas Jesus diz: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar que se havia perdido” (Lc 19.10).

“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado” (Jo 3.14).

No versículo acima Jesus faz uma antítipo (figura representada por outra; personagem tipificada no Novo Testamento), onde Ele compara-se a serpente levantada por Moisés no deserto.

No livro de Números capítulo 21, a Bíblia descreve o motivo porque Moises levantou no a serpente de bronze em uma haste. O tempo em que Israel peregrinou no deserto o povo murmurou contra Deus e Moises dizendo: “Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? E a nossa alma tem fastio deste pão vil” (v.5).

A consequência desta atitude repreensível e descontentamento, Deus enviou serpentes que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel. Após a repreensão de Deus, eles reconheceram o seu pecado e pediram misericórdia a Moisés dizendo: “Havemos pecado, porque temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós as serpentes. Então, Moisés orou pelo povo” (v.7). Após a intercessão de Moisés, disse o Senhor: “Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá” (v.8). E procedeu Moisés como Deus lhe mandará: “Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava” (v.9).

Adão e Eva ao serem atingidos pelo veneno da serpente no jardim do Éden, ficaram infetados pelo vírus chamado pecado, e assim toda a raça humana ficou contaminada.

A passagem acima, então tipifica Jesus sendo levantado em uma cruz; e aqueles que fossem contaminados pelo veneno da serpente (o pecado), olhando para Cristo fossem salvos e curados e livres da maldição.

A serpente é símbolo de maldição. Cristo Jesus ao ser pendura na cruz tornou-se maldito por nós, para que fossemos ricos em glória com Ele. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3.13).

Era necessário que o Filho de Deus fosse morto numa cruz para cumprir os desígnios do Pai e também para cumprir o que fora dito pelo profeta Isaías “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades...” (Is 53.5).

Cristo não tendo pecado se fez pecado por nós. A cruz que seria para o pecador ele mesmo levou. Por amor Jesus Cristo se doou por nós.

1.        O recebimento da salvação.
1.1. A salvação é um dom de Deus (Ef 2.8).
1.2. O Espírito Santo (Jo 16.8-9), e a Palavra de Deus (Rm 10.8; 14.17), operam no interior do homem.
1.3. Para receber a salvação o homem precisa crer em Jesus (Jo 1.12-13; At 2.21).
1.4. Com a boca se confessa para a salvação (Rm 10.9-10; Sl 51.12).

II.      RESSURREIÇÃO


1.      O que significa a palavra ressureição.
A palavra ressuscitar tem origem no termo grego anistemi, do latim resuscitare, que por sua vez derivou da palavra resurgere, que literalmente significava “levantar-se dentre os mortos; erguer-se outra vez; retornar a vida.

A doutrina da ressurreição tem sua base essencialmente sobre o fato da ressurreição de Cristo. Segundo a Bíblia, Jesus ressuscitou várias pessoas e foi o primeiro a ressuscitar entre os mortos.

Verdadeiramente, quando Cristo morreu e ressurgiu dentre os mortos, raiou um novo dia, teve início a uma nova era. Esse novo dia é o “dia da salvação” (2ª Co 6.12), e as bênçãos “de grande salvação” (Hb 2.3) as tão ricamente diversas que não podemos defini-las adequadamente.

Sem a ressurreição, a cruz teria feito de Cristo o maior mártir do mundo. Mas a cruz, com a ressurreição, fez d’Ele o único Salvador do mundo.

A morte vicária de Cristo removeu todos os obstáculos legais para o recebimento da vida espiritual, mas somente o poder da ressurreição poderia levar os homens para alcançar esta nova vida.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1ª Pe 1.3).
Paulo reconhecia a importância tanto da cruz como do túmulo vazio. Declarou que seu velho “eu” pecador fora morto mediante a identificação com o Salvador crucificado e que lhe fora concedida vida nova mediante a comunhão com o Salvador vivo.

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19-20).

A ressurreição de Cristo é muito mais que um mero evento histórico. A ressurreição é a prova de que Cristo vive para elevar aqueles que n’Ele creem, de um estado de morte espiritual para uma vida espiritual.

“Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6).

O poder de Cristo que nos ressuscita da morte espiritual, nos dá a esperança da vida eterna. É uma força sobrenatural que nos capacita a viver abundantemente em Cristo cada dia. Este poder aumenta cada vez, à medida que conhecemos a Cristo profundamente. À medida que temos mais intimidade com Ele, ficamos cada vez mais conformado a uma vida de santidade.

“Para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte” (Fl 3.10).

A Bíblia não promete que os crentes serão poupados da morte física. O que a Bíblia promete é a nossa vitória sobre a morte.

“O último inimigo a ser destruído é a morte. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Co 15.26, 55-57).

A ressurreição de Cristo é a garantia da vitória sobre a morte. Cristo foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, para nunca mais morrer, e todos os salvos seguirão o Seu exemplo.

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1ª Co 15.20).

Como ressuscitou e está vivo, ele pode absolver a todos os que, verdadeiramente arrependidos, creem e o recebem como Senhor e Salvador de suas vidas (Jo 1.11 e 12; Ap 3.20).

III.   SUBSTITUIÇÃO

Um dos pontos mais importantes da doutrina da Salvação é a substituição. Pelo simples motivo Deus condenou o pecado com a morte (Rm 6.23). Em Ez 18:4 Deus usou o seu servo e decretou “A alma que pecar morrera” E foi confirmada Ez 18:20, dizendo que cada um seria responsável pelo seu próprio pecado. Caso não fosse aceito Cristo como nosso substituto todos estaríamos mortos. Mas através de Cristo podemos estar vivos (Ef 2.1).

Satanás foi taxativo quando disse para Eva Gn 3.4 “Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis” Eva pensava em um tipo de morte, Satanás falava de outro, ou seja entendia o que Deus havia determinado. Muitas pessoas estão vivendo vegetalmente. Estando o homem no pecado ele não poderia livrar-se do castigo por isso foi necessário a substituição.

1.      O Homem Como Réu.
Quando Deus reuniu as partes Satanás, Adão, Eva, e a Serpente foi determinado para cada um uma sentença Gn 3.11-16. Para o homem Deus determinou o trabalho etc. Gn 3:17-18. Não precisava mais Deus falar que Adão estava morto pois já era uma evidencia objetiva tinha pecado estava morto Gn 2.17. Preste atenção essa ordem foi dada antes da criação da mulher. Provavelmente foi Adão quem contou para Eva.

É importante relembrar novamente as causas do pecado pois sem este ponto de partida seria impossível compreender o porquê da substituição. Com o pecado o homem estava literalmente arrasado, é como o sub título “O Homem Como Réu” no tribunal falam os advogados, os promotores, as testemunhas o juiz, de uma só pessoa o réu, mesmo todos falando dele mesmo assim ele continua calado.

2.      O Deus da condenação.
Sendo Deus justo Is 45.21. Deus determinou uma ordem “Não comeras” se o homem comeu Deus sendo justo tinha que julgar o erro do homem. Foi julgado considerado culpado veio a punição (Rm 2.6-8). Naquele momento o homem estava prestando contas a Deus pelo seu erro (Tg 1.15). O Senhor Deus não poderia naquele momento tomar outra iniciativa (Is 59.2).

Deus tomava uma posição de justiça, quem condena o homem não é Deus mas os nossos pecados, pecado quer dizer transgressão. A palavra de Deus está a disposição de todos para examinar, obedecer, ter como regra de fé, mas a humanidade não Deus ouvido, e tudo isso está diante de Deus, quando comparecerem perante o Senhor será essa iniquidade quem vai condenar o homem ímpio.

3.      O Deus da Salvação.
Deus é justo e justificador, por causa disso Ele providenciou a Salvação para o homem Gn 3.15. Naquela época seria impossível entender. Deus deu dois parâmetros para essa palavra “feriras o calcanhar” 1) coletivo a raça humana esmagaria o Diabo. 2) No singular o nascimento de Jesus (1º Jo 3.8). Deus lançou o homem fora do Jardim Gn 3.23. Mas a promessa de restabelecer ao homem foi dado para Abraão (Gn 12.1-2).

Deus é um ser inigualável, no mesmo momento que Ele estava condenado, o próprio Deus arruma uma atenuante para o homem sair da enrascada que ele havia entrado, isso chama-se graça de Deus (Tt 2.11). O apóstolo aos Romanos 5.15 diz que pelo pecado morreram muitos mas por Jesus a graça abundou.

Movido pela perfeição do Seu santo amor, Deus enviou Seu Filho Jesus para substitui-se por nós, pecadores. Jesus nos leva agora a nos voltarmos aos acontecimentos realizados na Cruz e para as consequências que ela alcançou em nosso favor.

O pecado colocou o homem num dilema horrível. Sendo incapaz de viver uma vida perfeita, seu pecado o condena à morte; contudo há uma solução para esta situação crítica: a substituição vicária de Cristo em seu lugar, que satisfaz a penalidade da lei mediante Sua morte, a qual cumpriu a existência divina da retidão humana através da sua vida de obediência.

O resultado da substituição que Cristo, em obediência e amor, realizou por nós, é o seguinte: Se um carregou a maldição por todos, satisfazendo assim a justiça e a santidade de Deus, então os outros foram libertos da maldição por meio d’Ele, legalmente resgatados por meio do preciosos sangue de Cristo, reconciliados através da morte do Filho de Deus. Tão perfeito quanto foi a intervenção de Jesus em favor dos homens, tão suficiente e completa, válida para todos os tempos e para todos os homens foi também a expiação. No Gólgota toda a dívida da humanidade foi paga, e a manhã do primeiro dia da semana deu testemunho de que “o escrito de dívida, que era contra nós” fora cancelado (Cl 2.14; cf. Rm 4.25).

O que Deus fez em Cristo por meio da cruz é salvar-nos, revelar-se a si mesmo e vencer o mal. Quem recebeu a reconciliação por meio de Cristo tem a certeza que está reconciliado e justificado através de seu sangue, não precisa temer nenhum juízo condenatório (Rm 5.5ss; 8.1). “Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34).

4.      A penalidade pela culpa do homem.

O homem não somente está excluído do céu por causa do seu pecado, mas além disto, está sentenciado à morte (Ez 18.4). Deus não pode mentir, Ele proferiu esta sentença, portanto, terá que julgá-lo.

Deus sendo santo não poderia contemplar o pecado na vida do homem. Mesmo o homem estando separado de Seu Criador pelo pecado, Ele O amava e queria que todos os homens tivessem uma oportunidade de salvação. Por isso Ele enviou Seu Filho Unigênito, que morreria vicariamente no lugar de todos os homens, promovendo assim, a salvação para todos aqueles que escolhessem aceitar pela fé esta obra redentora. Na cruz do Calvário Jesus Cristo apagou os nossos delitos e pagou nossa dívida. Nenhum favor da graça divina poderia ter lugar até que a dívida de toda a transgressão do pecado fosse paga totalmente.

A Bíblia diz que: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21). Não quero dizer que Cristo tornou-se pecador, mas, sim explicar que Ele tomou sobre si a plena responsabilidade pelos nossos pecados.


5.        A insuficiência do homem para salvar-se.
A morte vicária de Cristo satisfez as exigências da lei quanto a morte pelo pecado. Há porém, uma segunda exigência que precisa ser cumprida para levar o homem ao céu. A obediência perfeita a Santa Palavra de Deus (Rm 10.5; Gl 3.12).

Jesus pagou nossa dívida com Sua morte na cruz do Gólgota, e com Sua morte Ele abriu o Caminho para o céu. Agora todos são chamados para entrar por este caminho (Mt 11.28). Esse Caminho é Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Ele é o novo Caminho: “Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.20).

IV.   REDENÇÃO

Redenção do verbo “Redimir” quer dizer “comprar de volta”. Há três palavras gregas que são traduzidas por redenção. A primeira é “agorazo”, que significa comprar no mercado de escravo. Esta palavra é sempre usada para destacar o preço pago pela nossa salvação (Ap 5.9). A segunda palavra “exagorazo”, é semelhante, mas acrescenta a ideia de retirar a pessoa do mercado de escravo após a transação. Esta palavra é usada para destacar a libertação do crente das reivindicações jurídicas que a lei tem contra ele (Gl 3.13; 4.5). A terceira palavra é “lutroo”, que significa comprar o escravo e dar-lhe plena liberdade. Esta palavra é usada para descrever a redenção como a liberdade da escravidão ao pecado (Tt 2.14; 1ª Pe 1.18). Entretanto, criado com tanto carinho, o homem continuou sendo alvo do amor divino. Condenado à morte e ao inferno, o homem não possuía meios de salvar-se, embora Deus quisesse a sua salvação (Rm 6.23; Sl 49.7,8). Assim Jesus veio ao mundo enviado pelo Pai a fim de ser o nosso Redentor (Lc 19.10; Mc 10.45).

Ao desobedecer a Deus, o homem entrou num processo de flagelação e debilidade. Por sua própria força era impossível erguer a cabeça e recuperar-se. Humanamente não havia alternativa: o homem está debaixo da maldição do pecado (Gl 3.10-13; Rm 7.10). O homem escravizou-se ao pecado (Is 52.3; Rm 6.20; 7.14-15). Algo teria de vir da parte de quem retém todo o poder – O Deus misericordioso.

Toda a humanidade se encontra “vendida à escravidão do pecado” (Rm 7.14), e precisa de um redentor que possa resgatá-la. O preço elevado de tal redenção é a morte. Foi por isso que para nos resgatar, Jesus morreu em nosso lugar. A quem é devido o preço da redenção? Evidentemente não é Satanás. Ele simplesmente escraviza aqueles que escolhem uma vida de pecado. O preço do resgate é devido à santidade de Deus; e foi Deus, não Satanás quem aceitou o “pagamento” mediante o vicário sacrifício de Cristo. O resultado disso a derrota eterna de Satanás.

A redenção significa um grande negócio efetuado pelo Filho de Deus. Significa que temos sido transferidos de propriedade. Antes pertencíamos ao pecado e a Satanás, agora pertencemos a Deus. O preço pago foi o sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

Entregando-se à crucificação (Jo 10.17,18), Jesus submeteu-se a maldição da cruz (Gl 3.13), sofreu o vexame (Hb 12.2) e as dores que o pecador merece (Is 53.4) suportando a separação do Pai (Mt 27.46) que deveríamos curtir eternamente. Assim, o Senhor Jesus tomou o nosso lugar, sendo castigado em substituição a nós, pagando, desta forma, o nosso resgate, redimindo-nos da culpa e da condenação (1ªPe 2.22-24).

Jesus se declarou Redentor da humanidade quando disse que Sua missão era a de “... dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Fomos comprados com Seu sangue:

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas de sua graça” (Ef 1.7). Pelo precioso sangue de Jesus somos resgatados, tirados duma condenação, livres para uma vida abundante e cheia de benção.

Na carta do apóstolo Pedro ele fala do preço da nossa redenção. “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados... mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1ª Pe 1.18-19). Só um ser imaculado (sem mancha) poderia redimir (resgatar) outro indivíduo pecador. Por morrer a mais desprezível morte segundo a lei judaica (Dt 21.22-23), morte de cruz. Cristo pode redimir todo o ser humano, até o mais pecaminoso que vier a crer n’Ele.

A redenção sempre envolve a libertação de algum tipo de escravidão. A primeira escravidão que subjuga o homem pecaminoso é a escravidão do poder da culpa. O cristão deve regozijar-se no fato de que Deus não somente livrou-o da penalidade do seu crime, mas também pagou o preço da sua penalidade. Visto que foi pago preço dos seus pecados, o crente não precisa sentir culpado, nem condenar-se.

Eterna redenção pelo sangue: “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9.12-14).

Isto é semelhante ao propósito da substituição e da reconciliação. Cada aspecto, no entanto, dá uma perspectiva diferente da morte de Cristo. A substituição vê o sacrifício do ponto de vista da lei, a reconciliação o vê do ponto de vista de Deus, e a redenção vê a cruz do ponto de vista do homem que agora está livre da lei e da culpa pessoal (Gl 3.13).

Sem o poder redentor da morte de Cristo não haveria esperança alguma para a humanidade; estaríamos totalmente escravizados pelo poder das trevas. Porém, mediante a provisão de Cristo, todo o homem pode ser libertado do poder das trevas.

“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1.13-14).

Em Cristo já não estamos escravizados ao poder de Satanás. Este fato, porém não anula a necessidade de constante cautela e perseverança para resistir aos ataques do maligno. A melhor defesa contra Satanás é o uso constante das armaduras espirituais descrita em Efésios 6.11-17.

A redenção operada por Cristo não somente nos redime da culpa do pecado, como também do poder do pecado.

“O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tt 2:14).

A morte de Cristo dotou o homem do poder de servir a Deus fielmente. É possível haver crentes fracos, mas é impossível haver crentes sem poder quando se habilitam a usar o poder do céu que está a sua disposição na luta contra o pecado.

A redenção se completará quando, na volta do Senhor, os que estiverem vivos forem transformados, e os mortos em Cristo ressuscitarem (1ª Co 15; 1ª Ts 4.13-18).

V.      EXPIAÇÃO

A palavra “expiação” vem do termo hebraico cofer. Trata-se de um substantivo do verbo caufar, cobrir. O cofer ou a cobertura era o nome da tampa ou cobertura da arca da aliança e constituía o que era chamado propiciatório. A palavra grega traduzida por expiação é katallage. Isso significa reconciliação com o favor ou, mais estritamente, os meios ou condições para que haja reconciliação com o favor; de katallasso, “mudar ou trocar”. O significado estrito do termo é substituição. Um exame dessas palavras originais, no contexto em que se apresentam, mostrará que a expiação é a substituição governamental da punição dos pecadores pelos sofrimentos de Cristo. São os sofrimentos de Cristo cobrindo os pecados dos homens.

A palavra é empregada 77 vezes no Antigo Testamento, sendo usada pela primeira vez em Êxodo 29.33 por Moisés. A palavra propiciação é o sinônimo de expiação que no hebraico tem o mesmo significado. Expiação implica cobrir as culpas, mediante um sacrifício exigido, cobrir, purificar, fazer expiação, fazer reconciliação. No verbo (Piel) encobrir, pacificar, propiciar, expiar pelo pecado e por pessoas através de ritos legais.

No Novo Testamento a palavra expiação do grego “hilasterion”, embora tenha o mesmo significado com o sacrifício do Antigo Testamento, porém no N.T., trata-se do sacrifício vicário de Cristo em expiação pelos nossos pecados.

Hilasterion” é aquilo que se relaciona com uma conciliação ou expiação, obter aplacamento ou poder expiador, expiatório; forma de conciliação ou expiação, propiciação, aspergida com o sangue da vítima expiatória no dia anual de expiação (este rito significava que a vida do povo, a perda merecida por causa de seus pecados, era oferecida a Deus através do sangue da vítima (sangue simbolizava vida), e que Deus por esta cerimônia estava apaziguado e os pecados do povo expiados; um sacrifício expiatório; uma vítima expiatória. Por isso o escritor aos Hebreus explica dizendo que: “Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificaram com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9.22).

VI.   PROPRIAÇÃO

A palavra grega (hilasmos) traduzida “propiciação” significa a remoção da ira mediante a oferta de algum presente. Era um ato presente na política internacional no Oriente antigo, quando um rei de alguma nação, para se manter seguro, enviava presente a outro rei, de uma nação mais forte. Era um gesto destinado a cultivar boas relações. O verbo hebraico que traz a ideia de propiciação é kipper, com a ideia de fazer amizade, de juntar partes opostas e até mesmo em conflito. No Novo Testamento, a ideia mais próxima é “reconciliação”. A ideia do Novo Testamento se entende bem em 2ª Coríntios 5.21. O sentido do texto é que Deus ofereceu Cristo como presente ao mundo para fazer as pazes com o mundo. É um conceito que nos parece estranho, mas mostra que, no Novo Testamento, Deus toma a iniciativa, em Jesus, de propor as pazes ao homem.

Propiciação é alguma coisa que leva alguém a perdoar uma ofensa recebida, ou a proceder misericordiosamente para com o ofensor. Duas vezes é Jesus chamado por João (1ª Jo 2.2 e 4.10) ‘a propiciação pelos nossos pecados’ – e Paulo fala da ‘redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs,... como propiciação’ (Rm 3.24-25). Deste modo, a propiciação requerida pela justiça de Deus é manifestada em Cristo Jesus pela misericórdia de Deus. A palavra usada em Rm 3.25 significa ‘lugar ou instrumento de propiciação’, e em Hb 9.5 é traduzida por ‘propiciatório’. Na versão Septuaginta geralmente se usa esse termo a respeito da cobertura de ouro por cima da arca.

“Propiciar” alguém significa apaziguar ou pacificar a sua ira. Devemos realmente crer que Jesus, mediante Sua morte, propiciou a ira do Pai, induzindo-o a abrir mão dela, e olhar para nós com favor em vez ira.

Já o profeta Isaías vaticina que toda a iniquidade cairia sobre Jesus; “...mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante seus tosquiadores, Ele não abriu a sua boca” (Isaías 53.6). E no vv. 10 deste mesmo capítulo o Senhor diz: “Quando der Ele a Sua alma como oferta pelo pecado”. Por isso o percussor João Batista O chama: “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus” (2ª Co 5.21). Isto nos diz que Cristo, o perfeito Filho de Deus, que nunca cometeu pecado, de acordo com a vontade do Pai, tomou sobre si toda a nossa culpa para que nós pudéssemos receber por intermédio d’Ele a justiça de Deus, como se essa fosse a nossa própria justiça. Este ato de reconciliação agradou em tudo o Pai.

Cristo tornou-se sacrifício numa só pessoa. Ele se deu a si próprio como sacrifício, em plena obediência à vontade do Pai (Hb 7.27; 9.28; 10.7), e isso não ao pelo fato de toda sua vida ter sido um sacrifício de amor pelos homens (Mt 8.17; 17.17; 20.28). Na verdade Jesus veio e viveu para morrer por ele. Desde seu aparecimento em público, encontramos em Jesus não somente uma clara consciência da necessidade de seu sofrimento e morte, mas também um claro testemunho do valor salvício de sua futura morte (Jo 3.14; 6.51; 10.12, 17; Mt 16.21; 17.12; 20.18, 28; Lc 24.46). Sua morte não casualidade, triste destino, morte de mártir, mas sim, morte expiatória. Mártires podem morrer em alegre fé, Cristo morreu sob severas tentações e sofrimentos íntimos (Lc 22.44; Mt 27.46). Deus teve que levar a sério a condenação do pecado e Jesus levou a sério a obediência. Deus teve que suportar o pecado dos homens por milhares de anos, agora o tempo havia se cumprido, o Mediador aparecera, e o ajuste de contas com o pecado da humanidade deveria, finalmente acontecer, na própria pessoa desse mediador. Esse era o santo plano do Pai, e essa era a livre e espontânea vontade do Filho. Ao identificar-se, em obediência e amor, com a humanidade culpada, Jesus passou a ser, ao mesmo tempo, objeto tanto do agrado quanto do castigo de Deus. Objeto do agrado divino por causa de sua obediência, pois “...se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave” (Ef 5.2). Objeto do castigo divino por causa de seu papel como substituto da humanidade; pois o juízo caía agora, não sobre os milhões de pecadores, mas sobre aquele que se colocava no lugar deles.

Jesus como nossa “propiciação” significa que Ele tomou sobre si o castigo dos nossos pecados e satisfez o justo juízo de Deus contra o pecado. O perdão agora é oferecido a todos, no mundo inteiro, e é recebido pelos que voem a Cristo, com arrependimento e fé (4.9, 14; Jo 1.29; 3.16; 5.24).

VII. RECONCILIAÇÃO

Reconciliação do latim reconciliatio, significa reatamento de relações entre partes litigantes. O Senhor Jesus com a sua morte vicária, reconciliou-nos com Deus de maneira definitiva, clara e eficiente: “E reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade” (Ef 2.16). “E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1.20).

No grego “reconciliasse” do verbo aoristo apokatallasso, tem o significado de: reconciliar completamente, reconciliar outra vez, trazer de volta um estado de harmonia anterior.

Reconciliação no gr. “hilascomai” significa propiciação. Esta Palavra significa: reconciliar, aplacar, meios de tranquilizar propiciar, conciliação.

A palavra expiação no Velho Testamento está ligada ao cobrir dos pecados. Propiciação é uma palavra do Novo Testamento referente a obra de Cristo.

A. Propiciação no hebraico kaphar, significa: cobrir, expiar pelo pecado; purificar, fazer expiação, fazer reconciliação, apaziguar ou pacificar a sua ira. No grego hilaskomai, significa: entregar-se, sujeitar-se, conciliar consigo mesmo; ser propício, ser gracioso, ser misericordioso; tornar-se propício, ser apaziguado ou tranquilizado.

No Antigo Testamento, Deus “cobriu” os pecados dos crentes, até o tempo em que a morte de Cristo os cancelasse. “A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.25).

Ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a sua justiça, tendo como resultado o perdão do pecado e a restauração do pecador à comunhão com Deus.
No Antigo testamento, a propiciação era realizada por meio dos SACRIFÍCIOS, os quais se tornaram desnecessários com a vinda de Cristo, que se ofereceu como sacrifício em lugar dos pecadores (Êx 32.30; Rm 3.25; 1ª Jo 2.2).

Propiciar é aquele que oferece sacrifício em nosso favor. Cristo foi dado pelo Pai como propiciação pelos pecados daqueles que tivessem fé no seu sangue derramado. “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixando impune os pecados anteriormente cometidos, tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para Ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.24-26).

A propiciação relembra a morte de Cristo solucionando o problema do pecado (Rm 3.23; 1ª Jo 2.2). A morte de Cristo providenciou a reconciliação entre o homem e Deus. Na Cruz Cristo carregou a responsabilidade pelos pecados da humanidade. No momento da Sua morte, Cristo exclamou triunfante: “Está consumado”. No grego Tetelestai (João 19.30). Foi uma das últimas palavra falada por Jesus antes da sua morte (Lc 23.46).

Tetelestai é uma exclamação de que a obra de reconciliação entre Deus e o homem estava completa. Cristo tinha realizado a provisão da salvação, e assim destruiria para sempre a separação entre Deus e o homem (Is 59.2).

A reconciliação fala da comunhão restaurada com Deus, para o pecador que d’Ele se aproxima através do sacrifício reconciliador de Seu Filho. Isto também não significa que todos os homens estejam bem com Deus. Este processo de reconciliação não depende exclusivamente da obra do Mediador, mas depende da disposição da parte alienada de se reconciliar com o outro. Portanto depende do homem aceitar e crer no sacrifício de Jesus.

“Tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava com Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra de reconciliação. De sorte que somos embaixadores de Cristo, como se Deus exportasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que nos reconcilieis com Deus” (2ª Co 5.18-21).

Cristo não constrangeu o Pai a nos amar mais: pelo contrário, Ele promoveu o meio pelo qual o obstáculo entre Deus e o homem (o pecado), fosse removido.

Pelo pecado o homem estava desligado do Seu Criador, mas Cristo veio com este objetivo de reconciliar, ou seja, harmonizar as relações interrompidas entre duas pessoas, promovendo o mútuo entendimento e restaurando a comunicação entre ambos. “E pela cruz reconciliou ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef 2.16). Na cruz do Calvário Jesus reconciliou o homem com Deus, restabeleceu a amizade que outrora fora perdida; é por isso que em João 15.15, Jesus nos chama de amigos. Jesus veio reconciliar com Deus não os justos, mas os pecadores e necessitados.

 “Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por Ele salvos da ira. Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados seremos salvos pela Sua vida; e não isto apenas, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem acabamos agora de receber a reconciliação!” (Rm 5.8-11).

Antes de aceitarmos a Cristo como nosso Redentor, éramos chamados inimigos de Deus, mas ao aceitamos a Cristo como nosso Salvador somos reconciliados o Pai celeste, e tornamos filhos de Deus por adoção, (conforme Jo 1.12).

A expiação através da morte de Cristo, e a reconciliação como seu fruto e consequência, são colocados de forma especial clara nas passagens de Hebreus 9.11ss e 13.11ss, através da comparação com o sacrifício pelo pecado no grande dia da expiação (Lv 16). “A partir das prefigurações que encontramos na lei, podemos conhecer da melhor maneira o poder e a eficácia da morte de Cristo” (Calvino).

No Antigo Testamento tudo era incompleto, devendo, por isso, ser repetido os sacrifícios de novo (Hb 9.25). O que Cristo fez, no entanto, vale de uma vez por todas. Na expiação por ele realizada nada há de defeituosos, nada de incompleto; não resta nenhuma lacuna a ser preenchida por nós, nenhum resto de pecado a expiar. Pelo contrário, pela morte de Cristo não só é anulada a morte como consequência da queda, como também se manifesta ainda da parte de Cristo uma grande sombra de vida (cf. As três vezes repetido “muito mais” no trecho de Romanos 5.15-21, onde Paulo compara a significância de Cristo à de Adão).

VIII.      PURIFICAÇÃO

A palavra purificação no grego é katharizo, e significa: tornar limpo, remover pela limpeza, limpar, livrar da contaminação do pecado e das culpas, num sentido moral, consagrar pela limpeza ou purificação.

“Mas se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus purifica de todo o pecado” (1ª Jo 1.7).

O pecado é uma transgressão ao nosso Deus, que torna impura a nossa alma ao praticá-lo. O único meio de purificação é o sangue de Jesus mediante nossa confissão de fé. O sangue de Jesus vertido na Cruz, purifica a nossa alma manchada pelo pecado. Por isso João diz: “E da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados” (Ap 1.5).


O homem ao pecar ficou contaminado pelo pecado. O único meio de purificação exigido pelo Pai, seria o sangue de Seu Filho Jesus derramado na cruz em favor da humanidade. Este sangue precioso purifica e liberta o homem da culpa do pecado. Assim o homem que aceita esta oferta expiatória é declarado limpo perante Deus.

Pr. Elias Ribas