I.
DEFINIÇÃO DE
GRAÇA
A graça de Deus é um dos
temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo
Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas
de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e
bondade.
A palavra grega traduzida
por graça “Charis” no hebraico “hessed”, e no latim; “gratia”, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda
graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros
assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o
Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de
vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor
desmerecido da parte de um
superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.
Imerecido, porque, na verdade, por
causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao
seu Criador. Diz a Bíblia que “...o
salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer
mérito humano, mas unicamente, pela sua
graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.
Graça é um
favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a
pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A
graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do
nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS
agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o
seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo
amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou
merecimento de nossa parte.
A graça pode
ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício
de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto.
Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de
Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade
de Deus (1ª Co 15.10).
A graça é a
resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos
nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia,
benevolência, livramento, paz e alegria.
A graça é o
amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos
pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem
diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de
Deus (Hb 4.14).
A graça de Deus envolve dois aspectos.
Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores.
O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que
refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo
aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma
força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.
II. A GRAÇA É IMERECIDA
1. A graça de Deus não está associada aos
nossos méritos.
Na epístola
aos Romanos o apóstolo Paulo diz: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do
contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6).
2. Igualmente, a graça não depende da
obediência da lei.
“Porque o
pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da
graça” (Rm 6.14).
3. Uma forma segura para destruir a graça
de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo
a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu
debalde” (Gl 2.21).
“Separados
estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl
5.4).
“A graça de
nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).
III. GRAÇA É ETERNA
“Que nos salvou e nos chamou
com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria
determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos
eternos” (2ª Tm 1.9).
A graça de Deus se originou
na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós,
o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou
ali, além do controle humano.
IV. A GRAÇA SALVADORA
“Porque pela
graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef
2.8).
A graça e a
misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal,
a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento
universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este
mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma
oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca
pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus
nunca rejeita um pecador arrependido.
A graça não é
uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.
É difícil
descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um
ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o
fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas
(pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre
os orientais.
V.
GRAÇA COMUM
Jesus trouxe uma palavra que exemplifica
muito bem o significado da graça comum: “porque Ele [Deus] faz nascer o seu sol sobre maus
e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mateus 5.45). O estado de
pecado do ser humano o faz não merecedor de nenhuma bênção de Deus. Se Deus não derramasse
sequer uma bênção sobre o ser humano não estaria sendo injusto e nem mau.
Porém, observamos que não é assim que Deus age. Observamos claramente que Deus
age com sua graça mesmo entre os maus como disse Jesus. Mas Deus faz muito mais
do que fazer o sol nascer e a chuva cair para abençoar justos e injustos! A graça comum
de Deus é muito amplamente derramada no mundo.
A
graça comum é vista basicamente em três aspectos:
1.
Provisão graciosa de Deus nas coisas naturais, tais como sequência das estações,
semeadura e colheita (Mt 5.45).
2.
Governo ou controle divino da sociedade humana como poder restrito do mal (Rm 13.1ss).
3.
A consciência interna no homem entre o certo e o errado, entre a falsidade e a
verdade, entre a justiça e a injustiça A graça comum ou geral ou universal é
assim chamada porque toda a humanidade a recebe em comum. Seus benefícios são usufruídos pela totalidade da raça
humana, sem distinção entre uma pessoa e outra.
Devido a natureza depravada
do homem, ele é incapaz de por si mesmo procurar ou agradar a Deus. Por este
motivo, Deus tem concedido a graça universal a todo o homem. “Porque a graça de
Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 211).
Esta “graça comum” não salva
automaticamente o homem, mas revela-lhe a bondade de Deus e restaura a cada ser
humano a capacidade de responder favoravelmente ao amor de Deus. À luz desta
graça comum, correspondemos que nenhum homem pode se esconder atrás da desculpa
de que ele não teve oportunidade de um encontro com Deus.
“Ou desprezas
a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a
bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2.4).
“Porquanto o
que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder,
como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de
Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram
nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se lhes o coração insensato”
(Rm 1.19-21).
A “graça
comum” concede a cada homem a capacidade de buscar a Cristo. A medida que o
homem responder afirmativamente a esta graça que o atrai a Deus, ele concede
aquela pessoa uma “graça especial”, que o ajuda a chegar cada vez mais perto
dele. Então podemos dizer que nenhuma pessoa pode vir ao Pai sem este poder
adicional (esta graça especial), que vence a escravidão decorrente da sua
natureza humana depravada. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não
o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).
Entretanto,
devemos deixar claro que esta graça especial não garante a decisão da parte do
homem, quanto à sua comunhão com Deus. A aproximar-se de Deus o homem recebe
mais graça que o encoraja e o incentiva a aceitar a salvação. Uma experiência
paralela temos na cura dos dez leprosos, mencionada em Lucas 17.14. A Bíblia
declara: “Indo eles, foram purificados”. Assim opera a graça. Quanto mais o
homem responde à graça de Deus. Porém a qualquer momento, o homem pode escolher
resistir à graça de Deus, que naturalmente cancela a provisão de mais graça (At
7.51).
A quantidade
de graça que o homem recebe, depende totalmente da sua própria decisão, e não
do interesse ou vontade de Deus, (que já é manifesta). Por esta razão, o apóstolo Pedro diz:
“Antes,
crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A
ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2ª Pe 3.18).
Pr. Elias Ribas
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