TEOLOGIA EM FOCO: A VELHICE DE DAVI

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

A VELHICE DE DAVI



LEITURA BÍBLICA
2º Samuel 23.1-7 “E estas são as últimas palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do DEUS de Jacó, e o suave em salmos de Israel: 2 - O ESPÍRITO do SENHOR falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca. 3 - Disse o DEUS de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de DEUS. 4 - E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando, pelo seu resplendor e pela chuva, a erva brota da terra. 5 - Ainda que a minha casa não seja tal para com DEUS, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar. 6- Porém os filhos de Belial serão todos como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode pegar com a mão. 7 - Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.”

INTRODUÇÃO
- Davi estava nos seus últimos dias - veio a falecer com 70 anos.
- Envelhecimento: idoso, velhice ou terceira idade?
- Tentar definir esses conceitos pode parecer uma tarefa bastante fácil e simples, no entanto, estes se apresentam como um tema complexo e que requer maiores esclarecimentos de suas diversas dimensões. É importante sabermos que existe alguns termos para definir envelhecimento, idoso velhice e terceira idade.

I. DEFINIÇÃO DO TERMO

- O dicionário define “velhice” como: “estado ou condição de velho; idade avançada, que se segue à idade madura” (HOUAISS, 2001, p. 2838).

- Alguns termos usados para referir-se às pessoas com mais de 60 anos de idade, acabam trazendo ideias errôneas em torno do envelhecimento. Podemos pensar até que, o uso desses termos pode trazer uma tentativa de suavizar e/ou amenizar o peso que estes conceitos causam em nossa sociedade.

- Costumeiramente ouvimos em nossa sociedade, de uma forma geral, o uso dos termos idoso, velhice e terceira idade. Afinal, de que forma podemos nos referir a essa etapa da vida? Todos estes termos se referem ao mesmo fenômeno? “Não reconhecemos a velhice em nós, nem sequer paramos para observá-la, somente a vemos nos outros, mesmo que estes possuam a mesma idade que nós.

- O envelhecimento deve ser entendido como um processo natural da vida que traz consigo algumas alterações sofridas pelo organismo, consideradas normais para esta fase. Envelhecemos desde o momento em que nascemos. “Se envelhece conforme se vive”.

- Pelo termo idoso, podemos entender todo e qualquer indivíduo acima de 60 anos de idade. Este conceito foi criado na França em 1962, substituindo termos como velho, velhote coroa e foi adotado no Brasil em documentos oficiais logo depois. O idoso é o sujeito do envelhecimento.

- O termo velhice é considerado para uns como o último ciclo da vida, que independe de condições de saúde e hábitos de vida, é individual, e que pode vir acompanhado de perdas psicomotoras, sociais, culturais e etc; já outros acreditam que a velhice é uma experiência subjetiva e cronológica. Acreditamos que a velhice seja como uma construção social que cria diversas formas diferentes de se entender o mesmo fenômeno, dependendo de cada cultura.

- É importante que possamos entender que esta fase da vida é única e importante, e que traz modificações biopsicossociais que devem ser respeitadas. Que esta etapa de vida não pode ser vista como negativa, pois os idosos ainda têm muito a nos ensinar sobre a vida.
Respeitar o idoso é respeitar nosso próprio futuro! [https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-idoso-velhice-ou-terceira-idade/-21-12-19].

- A velhice é a idade avançada, a maturidade, a experiência. As culturas orientais valorizam muito os idosos, bem mais do que as ocidentais.

II. UMA VISÃO GERAL SOBRE A VELHICE

1. Concepções antigas e modernas.
- Muitas vezes a velhice era vista como algo muito ruim e triste. Veja o que Moisés escreveu sobre a velhice - Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! (Sl 90.10).
- Quando se pensa em jovens e idosos ele já aparece, no choque das gerações. Na verdade, os jovens nem gostam muito de pensar no futuro e a simples ideia de envelhecer causa desconforto. O mundo da terceira idade é algo tão distante de suas vidas que a ideia de o que é envelhecimento é distorcida. “Alguns [jovens] definem o idoso através de uma imagem idealizada, diferente da real”, afirmam Caldas e Thomaz.

- Esse distanciamento acaba reforçando estereótipos: idosos não sabem lidar com tecnologia, são ultrapassados, vivem doentes, não podem praticar atividades físicas, ou trabalhar e se divertir plenamente. Nada poderia ser mais distante da realidade, claro.

- Os estudos mostram que os jovens até reconhecem coisas positivas na velhice, mas nada que vá muito além do: “idosos são experientes e sábios”. Caldas e Thomaz ainda acreditam que, em certos momentos, adolescentes tentam ser positivos a respeito da velhice, mas é tudo balela: eles apenas querem soar politicamente corretos. Em uma pesquisa que perguntava se era possível ser verdadeiramente feliz na terceira idade, por exemplo, os jovens responderam que sim, mas que não imaginavam a si próprios realmente satisfeitos quando idosos. O que pode ser interpretado como uma forma de afirmar “tudo bem envelhecer, contanto que não aconteça comigo”.

- As pesquisadoras explicam: “O jovem classifica a velhice como uma etapa difícil de viver”. E qual a maneira mais comum de lidar com o que parece ser difícil, para os de pouca idade? Ignorar e fingir que não vai acontecer. Uma postura que pode causar muitos prejuízos no futuro.

1.1. Um novo olhar financeiro.
- Ao evitar preocupações relacionadas ao futuro, os jovens acabam colocando de lado questões que precisam de atenção em um período mais cedo da vida, como a aposentadoria. Quando se trata dela, especialistas são unânimes: quanto mais cedo o hábito de poupar for adquirido, melhor. Então, é importante aceitar que a velhice virá e estar preparado para isso.

1.2. Um novo olhar na saúde.
- A saúde é um aspecto que requer cuidados durante a vida toda, mas quando se trata de envelhecimento, a atenção dada a ela deve ser ainda maior. Preocupar-se com o futuro ajuda a prevenir diversas doenças na terceira idade. A preparação para um envelhecimento realmente sadio começa muito antes dos 40, com um estilo de vida saudável, levado desde a juventude. Por isso, é importante manter em mente que hábitos como dieta alimentar adequada, prática regular de exercícios, exames preventivos e atividades de estímulo mental se transformam em benefícios no futuro. “A hora de colher os frutos benéficos chegará. É preciso conscientizar as pessoas sobre a prevenção, pois somente assim é possível minimizar os sintomas negativos do envelhecimento e fazer com que este período seja prazeroso, tranquilo e sem doenças, que trazem tanto sofrimento para o idoso e sua família”, finaliza o nutrólogo Francisco Humberto.
[http://portalamigodoidoso.com.br/2014/09/12/percepcao-o-que-os-jovens-pensam-sobre-terceira-idade/].

2. Concepção bíblica.

- Estamos num processo de envelheci- mento, do qual ninguém poderá escapar (Ec 12.1-7). A velhice não deve ser vista como algo ruim, pois devemos ser gratos a Deus pelo fato de termos vida física longa, o que é um dom, um presente (Pv 20.29). Biblicamente é sinal de bênção chegar a ver os netos (Gn 48,11; Sl 128.6). Na cultura israelita presumia-se que a idade avançada tinha algo a ver com o amadurecimento e a sabedoria (Jó 12.12,13). Os velhos do hebraico “zaqem” eram reconhecidos como o grupo de mais elevada autoridade sobre o povo. Havia um grupo em Israel denominado de anciãos; eles agiam como representantes das nações (Jr 19.1; Jl 1.14; 2.16) e também administravam muitos assuntos políticos e desempenhavam um papel ativo na administração da nação e aplicação da Lei de Moisés (Nm 22.7; Js 22.13-33; Dt 21.18-21). Os velhos da cidade formavam uma espécie de conselho municipal cujos deveres incluíam a função de juízes (Dt 19.12; Nm 11.16-25), conduziam as investigações e inquéritos (Dt 21.2) e resolviam conflitos matrimoniais (Dt 22.15; 25.7). Foram reunidos por Moisés para receber o anúncio da libertação do Egito (Êx 3.16-18). O pacto foi ratificado no Monte Sinai na presença de 70 dos anciãos de Israel (Êx 24.1,9,14; cf. 19.7). A base na organização das sinagogas, incluía a figura do ancião (At 11.30; 14.23). Na Igreja Primitiva ocupavam um lugar respeitoso (1Pd 5.5 ver 1Tm 5.1) (PFEIFFER, 2006, pp. 100-101).

- A Bíblia ensina que as pessoas mais velhas devem ser honradas e respeitadas. A idade avançada traz sabedoria e equilíbrio. Mesmo na velhice podemos ser ativos e producentes. A Bíblia revela pessoas idosas que foram tremendamente usadas por Deus. Nunca é tarde para servir a DEUS.

2.1. Velhice na Bíblia

- A Bíblia descreve a velhice como algo natural e dadivoso. O homem que mais viveu na terra foi Matusalém, chegando à idade de 969 anos (Gn 5.27). Mas há muitos outros que chegaram à velhice com menos idade e diversos problemas, como Isaque, que não enxergava mais (Gn 27.1), Barzilai, que afirmou que, devido à idade, já não se interessava mais por finas iguarias (2º Sm 19.34,35).

- A Bíblia relata, porém, dois homens de idade avançada que não foram atingidos pelos sintomas e problemas na velhice. O primeiro é Moisés; em Deuteronômio 34.7 é dito que seus olhos nunca escureceram nem ele perdeu o vigor. Em seguida, Calebe, com a idade de 84 anos, falou a Josué que DEUS lhe tinha conservado até ali, e ele ainda viria a conquistar as terras que lhe foram destinadas (Js 14.10-14).

- A velhice virá para todos os mortais, mas o importante é ter DEUS na vida, pois, dessa forma, poderá ser encarada com naturalidade, longe de qualquer estereótipo.

- Toda Igreja deve manter um trabalho específico junto aos idosos. Eles são excelentes para visitação em lares, hospitais e prisões, bem como, na manutenção do Círculo de Oração, tanto o feminino, quanto o masculino.

- Alguns versículos bíblicos sobre a terceira idade:
“O cabelo grisalho é uma coroa de esplendor, e obtém-se mediante uma vida justa.” (Pv 16.31). “Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado nem seus filhos mendigando o pão.” (Sl 37.25). “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.” (Sl 90.12). “Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação.” Sl 91.16) “Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes.” (Sl 92.14). “Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou eu aquele, aquele que os susterá. Eu os fiz e eu os levarei; eu os sustentarei e eu os salvarei.” (Is 46.4). “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes.” (Sl 92.14). “Agora que estou velho, de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que eu possa falar da tua força aos nossos filhos, e do teu poder às futuras gerações”. (Sl 71.18). “Os filhos dos filhos são uma coroa para os idosos, e os pais são o orgulho dos seus filhos.” (Pv 17.6). “Ensine os homens mais velhos a serem moderados, dignos de respeito, sensatos e sadios na fé, no amor e na perseverança.” (Tt 2.2). “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia.” (2ª Co 4.16). “Pois bem, o Senhor manteve-me vivo, como prometeu. E foi há quarenta e cinco anos que ele disse isso a Moisés, quando Israel caminhava pelo deserto. Por isso aqui estou hoje, com oitenta e cinco anos de idade! Ainda estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; tenho agora tanto vigor para ir à guerra como tinha naquela época.” (Js 14.10-11). “Levantem-se na presença dos idosos, honrem os anciãos, temam o seu Deus. Eu sou o Senhor”. (Lv 19.32). “Um homem pode ter cem filhos e viver muitos anos. No entanto, se não desfrutar as coisas boas da vida, digo que uma criança que nasce morta e nem ao menos recebe um enterro digno tem melhor sorte que ele” (Ec 6.3). “Você irá para a sepultura em pleno vigor, como um feixe recolhido no devido tempo.” (Jó 5.26). “Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças.” (Sl 71.9). “A vida será mais refulgente que o meio-dia, e as trevas serão como a manhã em seu fulgor.” (Jó 11.17). “Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! (Sl 90.10).”...e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite.” “Lc 2.37).

III. A VELHICE DO REI DAVI

- Davi atingiu a idade de setenta anos (2º Sm 5.4). Notemos como se encontrava Davi em sua velhice:

1. As limitações no corpo.
- Davi, o rei, guerreiro e poeta, atingiu a idade de setenta anos (2º Sm 5.4), que, segundo as palavras de Moisés, são o limite máximo da vida e que a velhice traz consigo diversas limitações para o corpo físico (Sl 90.10). Para Davi, ter sido moço e agora ser velho não significava exatamente uma mudança com consequências drásticas. Era apenas uma experiência a mais, uma sequência natural: “Fui moço e agora sou velho...” (Sl 37.25). Por mais robusto que seja o ser humano, não poderá escapar às limitações físicas que lhe impõem a terceira idade (Ec 12.1-9). Aparecem a canseira e o enfado (Sl 90.10); a visão perde a sua força (Gn 27.1); e o vigor vai desaparecendo (Gn 17.17). As forças de um idoso não são as mesmas de um jovem (2º Sm 19.34-37).

2. As enfermidades.
- Quando chegou a velhice Davi começou a padecer com as enfermidades. Sentia um frio grande que nem cobertores, podiam lhe aquecer (1º Rs 1.1). Vendo isso, os servos de Davi sugeriram que lhe trouxessem uma virgem para que deitasse junto ao corpo de Davi a fim de aquecê-lo (1º Rs 1.2,3). A cerca disto afirmou certo teólogo: “a sugestão dos servos para que se buscasse uma jovem para o rei a fim de lhe restaurar a vitalidade perdida e o aquecesse era uma prescrição médica aceita até a Idade Média” (MOODY, sd). Nenhum significado imoral deve ser dado a esta prática, embora em nossa cultura nos pareça um tanto estranha. O próprio texto bíblico acrescenta que Davi não a possuiu como mulher (1º Rs 1.4). Abisague serviu de enfermeira prática junto ao moribundo Davi.

3. A aproximação da morte.
- Com a idade avançada, Davi sentiu estar próximo da morte (1º Rs 1.1). Este grande personagem hebreu faleceu e foi sepultado na cidade de Jerusalém. Como Deus havia lhe prometido, concedeu-lhe três grandes bençãos, a saber: (a) o trono de todo Israel: “E foram os dias que reinou sobre Israel, quarenta anos; em Hebrom reinou sete anos, e em Jerusalém reinou trinta e três” (1Cr 29.27); (b) longevidade: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias” (1º Cr 29.28-a); e, (c) riquezas em abundância: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória” (1º Cr 29.28-b).

IV. CONSELHOS DE DAVI EM SUA VELHICE PARA O NOVO REI

- Quando Davi sentiu estar próximo da morte em sua velhice (1º Rs 1.1), mostrou preocupação com a continuação do governo que Deus lhe conferiu. Sabendo de antemão que dos seus filhos, Salomão era o escolhido para lhe suceder no trono (1º Cr 28.6,7), e que edificaria o templo (1º Cr 22.9,10), Davi lhe fez diversas recomendações para que o seu governo contasse com a bênção de Deus e fosse próspero (1º Cr 28.9,10). Notemos:

1. Conhecer a Deus. Embora as experiências espirituais de Davi fossem bastante válidas, e, por certo foram narradas para seus filhos e até mesmo presenciada por eles, este servo de Deus reconhece que Salomão tinha que ter a sua própria experiência: “Conhece o Deus de teu pai” (1º Cr 28.9). A expressão “conhecer” no hebraico “yada” significa: “conhecer por experiência, relacionar-se”. A falta de conhecimento de Deus foi o maior problema de Israel, como declarou o próprio Deus através de Isaías (Is 1.1-3). É imprescindível que conheçamos a Deus e prossigamos em conhecê-lo (Os 6.3).

2. Servir a Deus. Após exortá-lo a conhecer a Deus, Davi também disse a Salomão que o servisse e orientou quanto a forma: “de coração perfeito e alma voluntária”. A expressão de coração perfeito, no hebraico “shalem” implica um “coração completo, inteiro, todo”. Já a expressão “alma voluntária” fala de buscar com prazer, com amor e não forçado. A orientação de Davi é acompanhada de uma exortação severa para quem não servir a Deus desta maneira (1º Cr 28.9-b). Infelizmente com o passar do tempo, Salomão se deixou seduzir pelo pecado e não serviu a Deus como seu pai ordenou (1º Rs 11.4).

3. Fazer a obra de Deus. Salomão também recebeu como incumbência de seu pai a edificação do Templo, um lugar fixo de adoração ao Deus vivo. Davi disse a Salomão: “Olha, pois, agora, porque o SENHOR te escolheu para edificares uma casa para o santuário; esforça-te, e faze a obra” (1º Cr 28.10). Salomão haveria de realizar algo inédito. Uma grande casa para o Senhor deveria ser construída (1º Cr 29.1).

V. BÊNÇÃOS DIVINAS NA VELHICE DO CRENTE

- Temos vários exemplos de servos de Deus que tiveram experiências em sua velhice: Sara e Abraão (Gn 21.1-7); do rei Davi (1º Cr 29.27,28); Simeão (Lc 2.25-30); Ana (Lc 2.36-38) etc. A terceira idade é um tempo especial da parte de Deus para que os idosos colham com alegria os frutos das sementes plantadas na juventude: “Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes” (Sl 92.14). Davi experimentou isso em sua velhice (Sl 71.9,18). A longevidade é um presente dado por Deus: “Dar-lhe-ei abundância de dias” (Sl 91.16). Vejamos o que a Bíblia fala-nos sobre a velhice do crente:

1. A velhice é tempo de experiência. A Bíblia diz que: “Coroa de honra são as cãs ...” (Pv 16.31-a), a velhice é um símbolo de beleza: “... e a beleza dos velhos, as cãs” (Pv 20.29-b). Como diz a Bíblia, a maturidade com o seu modo de ser e de agir não cabe na infância, mas na vida daqueles que já são experimentados (Jó 12.12,13) nos embates da vida material e espiritual (1ª Co 13.11; Hb 5.13,14). Houve uma certa naturalidade em Samuel quando, já idoso, disse ao povo de Israel: “Já envelheci e estou cheio de cãs...” (1º Sm 12.2). A primeira grande bênção do período da velhice é a maturidade, sobretudo quando se floresce plantado na Casa do Senhor (Sl 92.13,14). Duas figuras de linguagem dão a dimensão exata do que isso representa: a palmeira e o cedro. Em ambas vemos a lição de utilidade, perenidade, firmeza e robustez. São assim os que envelhecem seguindo os princípios ditados por Deus: têm raízes profundas, que suportam os ventos da tempestade, são longevos, robustos e de presença acolhedora. Os princípios de vida ensinados na Bíblia levam à maturidade, à prudência e à sabedoria (Is 46.4).

2. A velhice é tempo de frutificação. A terceira idade é a época em que os frutos são colhidos como resultado daquilo que se plantou na infância, na juventude e nos primeiros ciclos da vida adulta (Ec 12.1). Paulo aceitou a consciência de sua velhice, assumiu a sua nova condição, isto é, simplesmente aceitou a realidade dos fatos: “...sendo o que sou, Paulo, o velho...” (Fm 9).No salmo 92.12-14 temos duas importantes lições:

A. Saber plantar, isto é, fazer boas escolhas sob a direção de Deus nos verdes anos da juventude é condição essencial para que se faça uma boa colheita no período da terceira idade.

B. Aquilo que colhemos na terceira idade, inclusive certas doenças, é o resultado direto das escolhas que fizemos no tempo da semeadura (Gl 6.7-9). A terceira idade é, também, um tempo de colheita. Esse fato, decorrente de semeadura no passado, implica que a semente plantada cumpra, pelo menos, três fases distintas: brotar, crescer e frutificar. Na promessa do Pentecostes, Deus não se esqueceu dos velhos, ou idosos: “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões” (Jl 2.28).

3. A velhice é tempo de ensinamento. Os jovens permaneciam calados diante deles e só falavam quando estavam certos de que os mais velhos nada mais tinham para dizer (Jó 32.6-7). Alguém que chegou à terceira idade após uma boa semeadura ainda tem muito a contribuir nos átrios da casa de Deus e a ensinar aos que o cercam (Sl 71.15-18; Tt 2.2-5). Esta é também uma época de ensinamento (Êx 18.13-27; Pv 23.22). Mostra-nos a história que desprezar o conselho dos mais velhos não é um bom negócio (1º Rs 12.6-8). Não é bom reter somente para nós, em nossos celeiros, aquilo que Deus amorosamente nos concedeu durante toda a nossa vida. A menção aos frutos, no Pentateuco, sempre traz implícita essa ideia (Dt 26.1-11 cf. 16.11). Os anciãos que, tanto em Israel quanto na Igreja Primitiva, ajudavam na orientação dos negócios do Reino de Deus (Êx 4.29; 19.7; At 15.2). A Bíblia nos diz que: “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do velho, e terás temor do teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv 19.32).

4. A velhice é tempo de trabalho. Jacó, aos 147 anos de idade (Gn 47.28) faz a seguinte declaração: “… o Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia” (Gn 48.15). Outra área que traz renovação espiritual no tempo da velhice é a do serviço cristão (Lc 2.36-38). Existem muitas áreas de trabalho nas igrejas apropriadas para as pessoas da terceira idade. É óbvio que elas não correrão como as pessoas mais jovens, não terão o mesmo ativismo, mas poderão ter o conhecimento e experiência necessária para realizarem certas atividades que requerem a maturidade que só os idosos possuem. O povo de Deus necessita da energia dos crentes mais jovens, mas não pode jamais abrir mão da experiência dos santos mais idosos. Lembremo-nos de que Abraão e Sara cumpriram o propósito de Deus na sua velhice (Gn 22.1,2,5), Moisés começou a liderar o povo de Israel com a idade de 80 anos (Êx 7.7; Dt 29.5; At 7.23,30,36); Calebe conquistou Hebrom em plena velhice aos 85 anos (Js 14.12-14); e Davi, o grande rei de Israel, morreu em boa velhice “tendo desfrutado vida longa, riqueza e glória” (1º Cr 29.27,28 – NVI).

CONCLUSÃO
- A vida física tem começo, meio e fim e a terceira idade não deve ser vista como o fim de uma existência, mas como o início de uma nova etapa na vida do ser humano. Ciente disto, devemos procurar viver de forma agradável a Deus, temendo o Seu nome e realizando a sua vontade. Se procedermos assim, deixaremos um legado para as próximas gerações, de autênticos servos de Deus.

FONTE DE PESQUISA

1.       BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, R.C. CPAD.
2.       BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, Revista e Corrigida, S.B. do Brasil.
3.       BÍBLIA PENTECOSTAL, T
4.       rad. João F. de Almeida, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
5.       BÍBLIA SHEDD, Trad. João F. de Almeida RA.
6.       CLAUDIONOR CORRÊADE ANDRADE, Dicionário Teológico, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
7.       CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl. 02. SP: HAGNOS, 2004
8.       CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
9.       GOMES, OSIEL, A Degeneração da Liderança Sacerdotal, EBD 4° Trimestre De 2019 – Lição 4, – CPAD Rio de Janeiro RJ.
10.   HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
11.   HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
12.   STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
13.   WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
15.   A%20Velhice%20de%20Davi.html Acesso em 27 de dez. 2019.
http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 23 dez. 2019

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