João 10.11,14 “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12 O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13 O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim”.
INTRODUÇÃO. Jesus nosso modelo como pastor.
1. Ser pastor é um trabalho excelente. Paulo diz que aqueles que aspiram ao episcopado excelente obra almejam (1ª Tm 3.1).
2. Mas também é um trabalho árduo. Não é uma obra para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo. As demandas internas e externas do rebanho são exaustivas, “entre elas o cuidado para com as pessoas do rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a administração eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra de Deus”.
3. Diz o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “De: Pastor A: Pastor”. “Ser ministro é viver constantemente sob pressão. O ministério é uma arena de lutas contra o poder das trevas e contra o poder da carne. Não há ministério sem lágrimas. Ser pastor é cruzar um deserto escaldante, em vez de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte de engolir sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no céu”.
I. JESUS, O SUMO PASTOR
1.
Jesus é o Pastor Supremo. O escritor da Epístola aos Hebreus refere-se ao
Senhor Jesus como o “grande pastor das ovelhas” (Hb 13.20) e a primeira Epístola de
Pedro, por sua vez, O declara como sendo “Pastor e Bispo das vossas almas”
(1ª Pe 2.2-4). “Como Pastor,
apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os
levará no seu regaço; as que amamenta, Ele as guiará mansamente” (Is 40.11).
Jesus Cristo é o Senhor da Igreja, o Seu único Mediador, o Seu Intercessor e Sumo Sacerdote. Ele é o único que está de forma absoluta, espiritual e hierarquicamente acima de qualquer líder da Igreja. Nenhum líder possui o direito de ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, à semelhança de um “pontífice” entre Deus e os seres humanos, isto é, como uma espécie de “ponte” entre Deus e os discípulos. Esse tipo de posição na hierarquia religiosa ocorria no Antigo Testamento na pessoa dos sacerdotes do Templo, os quais tinham a função de mediar o encontro entre o pecador confesso e Deus, a fim de que ocorresse o recebimento do seu perdão ou o derramamento de bênçãos; mas, essa representação era uma figura de Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, por meio do qual toda e qualquer bênção o ser humano poderá alcançar. Assim, pode-se concluir que não há qualquer ministério eclesiástico humano que deva ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, e por meio do qual os discípulos recorram para que as bênçãos sejam-lhes derramadas. Só Jesus Cristo é o Pastor Supremo!
2. O Pastor conhece as Suas ovelhas (João 10.14,15). “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai...”.
2.1. Na Palestina as ovelhas eram criadas para produzir lã, sendo tosquiadas de ano em ano. Desta feita, o pastor as mantinha sob seus cuidados durante muitos anos e entre eles se desenvolvia um relacionamento de confiança e intimidade. O pastor sabia até o nome de cada uma delas e as chamava pelo nome (João 10.3).
2.2. Era esta certamente a relação existente entre
Jesus e seus discípulos. Ele conhecia
pessoalmente as suas ovelhas. Assim como no Antigo Testamento Jeová chamava Abraão,
Moisés, Samuel, Elias, Josué e outros pelo nome, assim Jesus conhecia e chamava
as pessoas individualmente.
Quando Ele viu Natanael se aproximando e lhe disse - João 1.47,48: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo! Natanael perguntou-lhe, atônito: Donde me conheces”?
2.4. Mais adiante, Jesus chama Zaqueu pelo nome para que desça do sicômoro onde havia se escondido.
2.5. E, após a sua Ascenção, Ele chamou Saulo de Tarso pelo nome,
na estrada de Damasco
(Lc 19.5; At 9.4). E mesmo que, ao
nos convertermos, não tenhamos escutado nenhuma voz audível, nós também podemos
dizer que Ele nos chamou pessoalmente, Ele nos conhece por nome. Tal
conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao
relacionamento entre Jesus e o Pai: “Assim
como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”. Portanto, a
mesma união, comunhão, intimidade e o mesmo conhecimento que há entre o Pai e o
Filho também existe entre o pastor e as ovelhas.
3. O pastor dá a vida pelas ovelhas (João 10.11,15). “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.
3.1. O bom pastor se dedica ao
bem-estar das ovelhas e toda a sua vida é dominada pelas necessidades delas. A
principal reclamação de Deus contra os líderes de Israel era esta:
“Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas”? (Ez 34.2; Jd 12).
3.2. Jesus mesmo deu a vida pelas suas ovelhas. Não agiu como um empregado ou um mercenário, que faz o trabalho por dinheiro. Ele cuidou delas genuinamente, a ponto de morrer por elas. Seu grande amor se revelou em sacrifício e serviço, sacrificando a si mesmo para servir aos outros.
3.3. Um dos diversos cuidados que o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É desse amor sacrificial, que serve, que os pastores precisam hoje, pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do caminho.
3.4. Jesus se comparou, ainda, a um pastor de ovelhas que deixou o resto de seu rebanho a fim de ir atrás daquela que se havia perdido. Longe de abandoná-la, na esperança de que ela pudesse sair balindo e tropeçando até encontrar o caminho de volta para casa, ele arriscou a própria vida para ir à procura dela (Lc 15.1-7). Na verdade, “o bom Pastor” deu a sua vida por suas ovelhas (Jo 10.11,15). Deliberada e voluntariamente, Jesus foi para a cruz, a fim de identificar-se conosco. Deus, em Cristo, assumiu o nosso lugar, a fim de que pudéssemos ser perdoados e feitos nova criação (2ª Co 5.17).
II. O MINISTÉRIO DO PASTOR
1. O significado de pastor.
Na língua original do Novo
Testamento, pastor (gr. poimen), de acordo com Vine, é: “... aquele que
cuida de rebanhos (não meramente aquele que os alimenta), é usado
metaforicamente acerca dos ‘pastores’ cristãos” (Ef 4.11).
A palavra pastor vem do latim,
pastor, com o significado de “aquele que guarda as ovelhas”, “o que cuida das
ovelhas”.
Em termos ministeriais, o pastor é aquele que tem esse dom ministerial, e é encarregado de cuidar da vida espiritual dos que aceitam a Cristo e ficam sob seus cuidados, numa igreja ou congregação local. Pastor é um termo de cuidado, de zelo, de ternura, para com as ovelhas de Jesus.
2. Função do Pastor, segundo o ministério recebido de Deus:
2.1. Dirigir.
2.2. Presidir.
2.3. Administrar.
2.4. Doutrinar.
Para isso o pastor precisa ser um dedicado estudante da Palavra de Deus, especialmente no que concerne à Teologia Sistemática. Um grande segredo do progresso no ministério pastoral está em doutrinar.
3. É preciso cuidado, para não ensinar doutrinas de homens (Cl 2.22) e
nem doutrina de demônios (1ª Tm 4.1).
3.1. Proteger. Muitas caem
vítimas de todo tipo de males, se o pastor negligenciar esta parte.
3.2. Tratar as ovelhas. Muitas
caem doente espiritualmente.
3.3. Alimentar as ovelhas.
Uma ovelha faminta, segue
qualquer outro pastor, além de outros males que poderão lhe sobrevir.
3.4. Visitar o rebanho. É a outra
função do pastor, diretamente, ou através de comissões.
3.5. Disciplinar.
O termo envolve primeiramente o
sentido de instrução, admoestação e correção. Não o de castigo e punição. Para
fazer tudo isso, o pastor precisa estar cheio de amor de Deus pelas ovelhas;
pelos perdidos; pelos fracos; pelos faltosos, enfim, por todos.
Necessidade de um pastor Jr 3.15.
Jesus como exemplo de pastor Is 40.11.
4. A Missão do Pastor.
A principal missão do pastor é
cuidar das ovelhas de Cristo, que lhe são confiadas. A ele cabe apascentar (gr.
poimanô) as ovelhas, dando-lhes o alimento espiritual, através do ensino
fundamentado (doutrina) da Palavra de Deus.
No Salmo 23, Davi mostra o cuidado do pastor. Ele leva as ovelhas
a deitar-se “em verdes pastos”. O pastor fiel leva as ovelhas de Jesus a
alimentar-se do “pasto verde”, que nutre a alma e o espírito, fortalecendo-as,
para que cresçam na graça e conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2ª Pe 3.18).
Sua missão é múltipla ou
polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador, conselheiro,
pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz de causas complexas, fazer
as vezes de psicólogo, conciliador, administrador eclesiástico dos bens
espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local; é
administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos
monetários, da igreja local, além de outras tarefas como pai, esposo, e dono de
casa, como pastor de sua família.
A atividade pastoral genuína é tão importante, que o profeta Isaías, falando ao povo de Israel, acerca do livramento que lhe seria dado, usa a figura do pastor, aplicando-a ao próprio Deus (Is 40.11). O verdadeiro pastor cuida bem das ovelhas: recolhe os cordeirinhos (os mais fracos, mais novos) entre os braços; leva-os no regaço; aos novos convertidos, os “amamenta”, como a “bebês espirituais” e os guias mansamente.
4.1. O verdadeiro obreiro - que modela o seu ministério pelo do Bom Pastor. Além de ser exemplo para os fiéis e infiéis, e exemplo para sua família, ele tem, pelo menos, as seguintes características:
A. Tem um caráter íntegro. A integridade do bispo é o fundamento sobre o qual ele constrói seu ministério. O que Paulo está falando em Tito 1.7 é, que o ministro deve ter um comportamento exemplar.
B. Tem um relacionamento pessoal com suas ovelhas. Quando Paulo disse aos tessalonicenses: “Damos sempre graças a Deus por todos vós, mencionando-os em nossas orações” (1ª Ts 1.2), até parece que ele tinha algum tipo de lista. É, sem dúvida, o fato de mencionarmos regularmente o nome das pessoas em oração que (com muito mais certeza e rapidez do que de outra maneira) fixa esses nomes em nossa mente e memória. Quer queira ou não, esquecer o nome de alguém é um sinal de sua falta de oração como pastor.
C. Guia as suas ovelhas. No Oriente Médio o pastor, devido ao íntimo relacionamento que mantém com suas ovelhas, consegue caminhar à frente delas, chamando-as, às vezes assobiando ou tocando uma flauta, e elas o seguem.
4.2. A relação de Israel com
Jeová, e especialmente a passagem do povo pelo deserto, tem relação com o movimento
das ovelhas que seguem o seu pastor: “Dá
ouvidos, ó pastor de Israel, tu, que conduzes a José, como um rebanho” (Sl 80.1).
4.3. O israelita temente a Deus via YHWH da mesma maneira. Sl 23.1,2 “O Senhor é meu pastor: nada me faltará... Leva-me para junto das águas de descanso...”.
4.4. Assim, Jesus, o Bom Pastor, pegou essa mesma figura e a desenvolveu: “... as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10.3,4).
4.5. Com os pastores cristãos
acontece algo parecido. É solene responsabilidade dele guiar as pessoas de tal
forma que seja seguro para elas o seguirem. Ou seja: o pastor tem de ser para
as pessoas(“ovelhas”) um exemplo coerente e confiável. Convém lembrarmos que
Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança, a saber, a liderança pelo
serviço e pelo exemplo, e não pela força. O apóstolo Pedro compreendeu isto e o
ecoou em seus ensinos: “Pastoreai o
rebanho de Deus que há entre vós... não como dominadores dos que vos foram
confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho” (1ª Pe 5.2,3). Com efeito, por bem ou
por mal, quer gostem ou não, as pessoas vão segui-lo.
5. Alimenta as suas ovelhas. “Eu sou a porta”, disse Jesus. “Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem” (Jo 10.9).
5.1. A principal preocupação dos pastores sempre é que suas ovelhas tenham o suficiente para comer. Quer sejam ovelhas criadas para lã, quer sejam de corte, a saúde delas depende de terem pastagem nutritiva. Assim, o próprio Jesus, na qualidade de bom pastor, foi sobretudo um Mestre. Ele alimentou os seus discípulos com a boa comida da sua instrução.
5.2. Os pastores de hoje têm essa mesma tremenda responsabilidade.
A. O pastor é, acima de tudo, um mestre. Esta é a razão para duas qualidades de um presbítero explicitadas nas Epístolas Pastorais. Primeiro, o candidato deve ser “apto para ensinar” (1ª Tm 3.2).
B. Segundo, ele deve reter “firme
a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9).
Estas duas qualificações andam juntas. O pastor deve ter o dom de ensinar e, ao mesmo tempo, ser fiel ao ensino da Palavra de Deus. E, quer estejam ensinando a uma multidão ou a uma congregação, a um grupo ou a um só indivíduo (Jesus mesmo ensinou nestes três contextos), o que distingue o seu trabalho pastoral é que este é sempre um ministério da Palavra.
6. Cuida das ovelhas com ternura. O apóstolo Paulo
tinha esta característica: “antes,
fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (1ª Ts 2.7).
Paulo tratou os crentes de
Tessalônica carinhosamente como uma ama que carecia seus filhos. A ênfase da
mãe é a gentileza e a ternura. Paulo era como uma mãe afetuosa cuidando do seu
bebê. Ele demonstrou pelos seus filhos na fé amor intenso, cuidado constante,
dedicação sem reserva, paciência triunfadora, provisão diária, afeto explícito,
proteção vigilante e disciplina amorosa.
7. Cuida de si mesmo para não praticar o que condena. Há um
grande perigo do obreiro acostumar-se com o sagrado e perder de vista a
necessidade de temer e tremer diante da Palavra. Os filhos de Eli carregavam a
Arca da Aliança com uma vida impura. A Arca não os livrou da tragédia.
A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Pense nisso!
III. O MINISTÉRIO PASTORAL
Conforme o texto de 1ª Pedro 5.1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, pastor é aquele que supervisiona o rebanho; é aquele que serve debaixo da autoridade do “Supremo Pastor” cuidando das “ovelhas” de Cristo; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. O seu ministério é o de sábio conselho, correção, encorajamento e consolo.
1. A missão do pastor. O pastor não é um voluntário, mas uma pessoa chamada por Deus. Seu ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas celestial.
1.1. No Antigo Testamento,
o termo “pastor”,
literalmente, refere-se aos cuidados de um indivíduo alimentando, disciplinando
e protegendo seu rebanho. A partir dessa interpretação, surgiu o conceito
acerca de Deus como “Pastor de Israel” (Gn 48.15; Sl 80.1):
A. Alimentando (Is 40.11).
B. Protegendo (Am 3.12).
C. Disciplinando (Sl 23.2).
D. Resgatando as ovelhas desgarradas (Jr 31.10; Ez 34.12) de seu
rebanho.
Essa ideia de “pastoreio” foi estendida aos líderes do povo de Israel, os quais atuavam sob a supervisão de Deus, como, por exemplo, os juízes, reis, profetas e sacerdotes, os quais também foram denominados “pastores” (cf. Nm 27.17; 1ª Rs 22.17; Jr 2.8; Ez 34.2).
1.2. No Novo Testamento, o termo “pastor” é a tradução do vocábulo grego “poimén”,
podendo ser interpretado como: “pastor, guia, ministro, clérigo;
superintendente, inspetor, diretor; tutor, guardião, apascentador de ovelhas”.
Os escritores inspirados do Novo Testamento mantiveram a ideia veterotestamentária
do termo “pastor” aplicando-o ao Senhor Jesus Cristo como o “Pastor” (João
10.2,11,14,16) e assim reconhecendo suas atribuições como Aquele que exerce a
função de pastoreio do rebanho do Pai (Mt 25.32; 26.31).
Jesus considerou os apóstolos
como seus sucessores na missão de pastoreio da Igreja; a mesma simbologia foi
perpetuada nos escritos do apóstolo Paulo com referência aos líderes que
exerciam suas funções de governo das igrejas locais.
Portanto, “o verdadeiro pastor
cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas
demandas e dando-lhes alimento espiritual através do ensino da Palavra de
Deus”.
2. Uma missão polivalente. A partir do termo neotestamentário
“poimén” é possível listar diversas interpretações para o ato daquele
que pastoreia a Igreja, como, por exemplo:
2.1. Vigilância. “Guardai-vos
dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente
são lobos devoradores” (Mt 7.15).
Paulo alertou para o fato dos pastores
estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do rebanho.
Jesus, também, fez o mesmo alerta:
2.2. Alimentação. O
pastor fortalece espiritualmente o rebanho de Cristo por meio do ensino da sua
Palavra, sendo este o seu principal empreendimento. Bem diz Bernard Ramm:
“A tarefa fundamental de um pastor, na pregação, não é ser brilhante ou
profundo, mas é ministrar a verdade de Deus”.
2.3.
Proteção. O pastor preserva
o rebanho dos perigos auxiliando-o quanto aos obstáculos em sua peregrinação à
glória, envolvendo-se ativamente no resgate dos doutrinariamente
“desgarrados”, mantendo-se atento para “defender” por meio da apologética
cristã e da oração persistente a união e a unidade das ovelhas. Sua função é
descrita como a de um “vigia” que, servindo sob o “estado de vela”, permanece
em constante exercício, espreitando a favor de seu rebanho.
2.4.
Despenseiro. 1ª Co 4.1-2 “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de
Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. 2 Ora, além disso, o que se requer
dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”.
Além dessas responsabilidades, o pastor
age como o bom conciliador e administrador eclesiástico dos bens materiais,
patrimoniais, das finanças e recursos humanos disponíveis para toda boa obra da
igreja local.
3. O cuidado contra os falsos pastores. Quando Deus levantou Jeremias e Ezequiel como profetas de Judá, Ele ordenou-lhes que repreendessem os pastores infiéis da nação. No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1ª Sm 9.16; ler Dt 17.14-20); quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb 5.1-3; ler Lv 10.8-11; 16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez 2.1-10; ler Dt 18.20-22).
3.1. Deus se indigna contra os
pastores que não respeitam as ovelhas que lhe foram confiadas.
Jr
23.1-4 “Ai
dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto,
diz o Senhor. 2- Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos
pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas
ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que
visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3- E eu mesmo
recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado,
e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se multiplicarão. 4- E
levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor”.
Deus falou aos líderes de Judá que eles
eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele. Preste atenção nos
verbos que ele usa para descrever a conduta destes pastores: destruir, dispersar, afugentar e não cuidar.
Pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de
Israel faziam tudo ao contrário! Uma coisa marcante neste parágrafo é a maneira
que Deus fala do rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do
meu pasto” e “as minhas ovelhas”.
A linguagem dele mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes.
Eles não amavam o povo como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição
de destaque, honra e privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de
responsabilidade, sacrifício e amor.
Hoje, ainda há muitos que olham para o cargo
de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam
a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente como pastores no
rebanho local (1ª Pedro 5.1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de
pastor. Em outras palavras, tais pastores não cuidam do rebanho como devem; são
falsos pastores.
Mt 23.6-7 “Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens”.
3.2. Veja, também, o que Deus diz
através do
profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas.
Ez
34.2-6 “Ai
dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os
pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o
cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a
doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a
trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as
feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas
por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam
espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as
busque”.
Nota-se que as palavras do Senhor
dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o começo: “Ai dos pastores de Israel”. Aqueles
homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os
tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica.
Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por
eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que
confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus,
caso não se arrependessem.
Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são “donos” do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de Supremo Pastor (cf. 1ª Pedro 5.4).
CONCLUSÃO “Precisamos de
pastores que amem a Deus mais do que seu sucesso pessoal. Precisamos de
pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo para o povo.
Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo
de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho
em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de
dizer “não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria
diz “não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam
sua consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de
pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e não de astros
ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes.
De: Pastor a: Pastor”).
Nenhum comentário:
Postar um comentário