TEXTO BÁSICO
“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função. 5 Assim também nós, conquanto muitos, somos um corpo em Cristo e membros uns dos outros. Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia seja segundo a porção da fé. Se ministério dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no faze-lo. Ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria” (Romanos 12.3-8).
Pela graça que me foi dada. Isto é,
a “graça” ou o dom do apostolado (ver 1.5, 15.15). A medida da fé. “Fé” aqui
tem sentido bem diferente do que tem na primeira parte da epístola. Aqui indica
o poder espiritual dado a cada cristão para o desempenho da sua responsabilidade
especial. No verso 6 Paulo diz: “segundo a proporção da fé” = “em proporção à
fé Que um homem tem”.
Paulo alista os dons da graça (gr. charismata), como são chamados. Um dom espiritual pode constituir-se de uma disposição interior, bem como de uma capacitação ou aptidão; “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fl 2.13), concedida pelo Espírito Santo ao indivíduo, na congregação, para edificação do povo de Deus e para expressar o seu amor a outras pessoas.
A lista que Paulo escreve sobre os dons da graça devem ser um exemplário e não a totalidade deles, pois são inúmeros e não estão aqui sua totalidade. Neste capítulo de Romanos Paulo cita alguns dons de realizações e também alguns ministeriais.
1. Profecia. Como
dom do ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais
servem na igreja como ministros profetas. O mesmo pode ser definido como a capacidade de
receber e transmitir uma mensagem imediata de Deus por meio de uma palavra
divinamente ungida para uma situação específica. Essa mensagem pode ser baseada
na Bíblia ou numa revelação especial coerente com a Bíblia. É importante dizer
que a mesma não significa necessariamente revelar a vida de outra como alguns pensam,
basta ver os profetas do Antigo Testamento: eles trazem uma mensagem que
condena a injustiça e pregoa a justiça e a obediência.
Sobre este dom abordaremos nos dons ministeriais.
2. Servir. Do grego diaconia.
Significa: “ministério, serviço”. É a capacidade dada por Deus para vermos as
necessidades dos outros e supri-las.
1. Trabalhar para alguém: servir um
patrão;
2. Dar a comer e a beber a alguém. É o dom de suprir as necessidades pela
realização de projetos sociais que ajudam a outros (aliviando-os e
animando-os).
A palavra de Deus diz em 1ª Pedro 4.10-11 “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!”
3. Ensino. A palavra ensino do grego didaquê. Daqui vem a palavra didático. É
a capacidade dada por Deus para expormos com clareza e convicção as verdades do
ensino de Cristo.
O ensinador que a Bíblia chama de
mestre é um dom ministerial (cf. Ef
4.11) e também podemos classificar como um dom natural. Natural porque
tem que desenvolver as técnicas de didáticas, para que os que escutam possam
assimilar o e aprender o seu ensino. Por isso podemos também enquadrar como dom
natural.
Um professor de matemática,
história, geografia, ciências etc., precisou estudar e se formar para ser um
ensinador. Notamos que este ensinador possui um dom natural, mas precisou se
capacitar através do estudo para ser um ensinador. Porém o dom ministerial de
mestre ou doutor difere do mestre secular no aspecto de ele estar ensinando a
Palavra de Deus. E este Deus revela seus mistérios através da Sua Palavra.
Qualquer crente que tem o desejo de
ensinar deve primeiro buscar o aprimoramento para não trazer um ensino
distorcido. O ensinador tem grande responsabilidade com que ensina, pois não se
trata de ensino secular, mas das coisas de Deus.
Com referência a este dom abordaremos melhor nos dons ministeriais.
4. Exortar. A
palavra exortar no grego parakaleo, no
lat. Exhortationem significa: aconselhar;
animar; encorajar. O verbo “exortar”, não significa repreender alguém ou
reprimir. Antes de tudo, é o fortalecimento espiritual dos santos através da
ministração de palavras de ânimo e encorajamento.
Exortar é a disposição, capacidade e
poder dados por Deus, para o crente proclamar a Palavra de Deus de maneira que
ela atinja o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes, estimule a fé e
produza nas pessoas uma dedicação mais profunda a Cristo e uma separação
completa do pecado.
O exortador vê o problema específico e dá passos necessários para resolver; evita sistema de informações que não dá solução prática; tem capacidade de ver como Deus usa tribulações nas outras pessoas; preocupa-se com o crescimento dos indivíduos; relação pessoal; depende muito da aceitação visível dos outros; tem capacidade de seguir passos e sente tristeza quando não vê isso; gosta de conversação pessoal para aprender.
5. Contribuir. Do
grego metadídomi, significa: “doar,
compartilhar, investir”. É a capacidade dada por Deus para sabermos administrar
bem nossas finanças e contribuir na obra de Deus.
Todos nós devemos contribuir:
“Cada um contribua…” (2ª Co 9.7), mas muitos têm este dom de contribuir
(Romanos 12) com liberalidade (com
simplicidade) e de todo o seu coração.
Capacidade para compras e investimentos; gosta de dar; não gosta de pressão; tenta motivar outros a contribuir; muito alerta para coisas e logo se esquece; tem alegria em saber que a contribuição foi resposta de oração; gosta de contribuição de qualidade; gosta de se sentir parte do grupo. Sente se alegre de ver o que deu, cumprir um alvo espiritual.
6. Presidir. Do
grego próistemi, significa “ficar de
pé na frente”. É a capacidade dada por Deus para liderarmos e ajudarmos nas
atividades dos outros.
Aqui Paulo se refere ao dom
ministerial na Igreja, também mencionado em Ef 4.11. Presidir ou liderar é a
disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o obreiro pastorear,
conduzir e administrar as várias atividades da Igreja, visando o bem espiritual
de todos.
Jesus, quando viu com compaixão
a multidão exausta e aflita como ovelhas sem pastor, proveu líderes para ela
dos seus discípulos (Mt 9.35-38 e 10.1,5a).
Tem amor pela obra e demonstra carisma pelos liderados; Sente alegria quando vê tudo no lugar. Vê o quadro todo; gosta de estabelecer alvos; organiza para completar objetivos rapidamente; identifica recursos disponíveis; gosta de usar os recursos ao máximo; sabe delegar autoridade; se não há liderança ele entra e lidera; aguenta reações negativas; completa uma coisa e vai à outra; coordena muitas facetas para alcançar os objetivos.
7. Misericórdia. Do
grego éleos. É a capacidade dada por
Deus para termos compaixão dos fracos, antipáticos, mal vistos, mal cheirosos. É a motivação de
identificar-se com, e de responder às carências de pessoas aflitas ou
necessitadas.
Sente alegria e tristeza com outros;
sente atração pelas pessoas tristes; quer resolver os problemas dos outros; tem
interesse nos conflitos dos outros; evita firmeza para não ser duro; gosta de
unidade e paz; é alerta para perceber as necessidades emocionais; gosta de
conforta. Sente alegria em saber que as necessidades dos outros são supridas.
Sua particularidade é que este
dom revela o caráter de Deus. Deus é misericordioso. E nós, como seus filhos,
também devemos ser.
Mas muitos têm este dom em sua
vida (Rm 12). A parábola do bom samaritano demonstra com clareza o dom de
misericórdia (Lc 10.29-37).
Pr. Elias Ribas
Assembleia de Deus
Blumenau - SC
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