Efésios
3.14-21. “Por
causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 15
- do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, 16 - para que,
segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com
poder pelo seu Espírito no homem interior; 17 - para que Cristo habite, pela
fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, 18 -
poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e
o comprimento, e a altura, e a profundidade 19 - e conhecer o amor de Cristo,
que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de
Deus. 20 - Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente
além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, 21 - a
essa glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o
sempre. Amém!”
INTRODUÇÃO
Ter o nosso “homem interior fortalecido”
“fortalecido com poder” pelo Espírito é ter nossos sentimentos, pensamento e
propósito colocados cada vez mais sob sua influência e orientação, de tal
maneira que o Espírito possa manifestar seu poder através de nós, em medida
cada vez maior.
O propósito desse fortalecimento pelo
espírito é quádruplo:
(1) que Cristo estabeleça a sua presença
em nossos corações (vs. 16 e 17; Rm 8.9 e 10).
(2) Que sejamos fundamentados em amor
sincero a Deus a Cristo e ao próximo.
(3) Que compreendamos e experimentemos em
nossa vida o amor de Cristo (vs. 18 e 19).
(4) que sejamos cheios de toda a
plenitude, de Deus (v. 19).
Isto é que a presença de Deus nos encha de
tal modo que reflitamos e manifestemos desde o íntimo de nosso ser, o caráter e
a estatura do Senhor Jesus Cristo, 4.13,15, 22-24.
I. A
FORMA IDEAL PARA A ORAÇÃO
1. A
razão da oração (v. 14). Não devemos nos apresentar diante de Deus para orar
sem objetivos definidos. Precisamos saber sobre o que vamos orar. Nesta oração
Paulo da certeza de ter descoberto a força moral e espiritual para estar na
presença de Deus em oração. Ele ora porque se extasia diante das revelações dos
“mistérios espirituais” guardados na eternidade e só revelados agora. Não se
tratava de uma mera oração de petição, era uma oração de participação nos
segredos de Deus.
2. A
postura na oração (v. 14).
Nem sempre os judeus ficavam de joelhos
para orar, pois a postura usual deles era de pé. As muitas religiões pagãs usam
a posturas “de joelhos”, por isso, os judeus procuravam ser diferentes. O que
importa na oração, não é a postura física, mas a atitude do coração de quem
ora. Pôr-se de joelho para orar pode indicar submissão e humildade perante o
senhor. Não há uma postura determinada na Bíblia para orar, mas encontramos
várias posturas distintas, dentre as quais, o dobrar os joelhos. Não se
dogmatizou biblicamente uma ou mais posturas físicas para orar. Naturalmente, a
melhor postura é aquela que vem de dentro dos nossos corações. Jesus deu o
exemplo em oração, mas orou em Pé, de joelhos, e até sentado certamente (Mc 11.25;
Lc 18.11 e 13; Mt 26.39). Orar de joelho era uma forma comum (Sl 95.6; 1ª Rs 8.54;
At 7.60; 9.40; 20.36; Lc 22.41).
3. O
endereço certo da oração (v. 14).
Há uma inter-relação entre as três pessoas
da Trindade. Por isso, quando oramos a Deus nos dirigimos ao Pai, em nome de
Jesus e o Espírito santo confirma no íntimo do crente as orações feitas. Ao
estudarmos sobre a segurança do Novo Pacto, temos em vista o “símbolo”
apresentado – a Ceia do Senhor – comumente chamada Santa Ceia. Porque o Senhor
Jesus ao encerrar seus dias na terra e completar a sua obra, deixou duas ordens
sagradas para sua Igreja. Uma ordenada em nome da Trindade – o batismo (Mt 28.19).
E outra em sua memória (Mt 26.26 - 30). A Ceia do Senhor, em seu próprio nome.
Nenhum outro ato deve ser feito em nome da Trindade, e os que assim fazem não
encontrarão apoio na Bíblia. Convém notar. Que há somente duas ordens sacras,
que os teólogos classificam como sacramentos. Nem mesmo a oração; não deve ser
feita em nome da Trindade. Vejamos; mas em nome de Jesus: “Se vós estiverdes em
mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e
vos será feito” (Jo 15.7); “E tudo o que pedirdes em meu nome eu o farei para
que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14. 13), a oração em nome de Jesus
abrange pelo menos duas coisas.
(1) Orar em harmonia com sua pessoa,
caráter e vontade.
(2) Orar com fé em Cristo, na sua
autoridade e com o fim de glorificar tanto o Pai como o Filho (At 3.16).
Orar realmente em nome de Jesus equivale a
dizer que Ele ouvirá a qualquer oração como Ele mesmo oraria. Não há limite
para o poder da oração quando ela é dirigida ao Pai, em nome do Senhor Jesus (Mt
17.20). “Se pedirdes alguma coisa em meu nome eu o farei” (Jo 13.14). Ele é o
Pai amoroso que ouve as nossas orações como a filhos. Nosso espaço tanto na
mente como no papel é mui aquém para falarmos ou comentarmos sobre todo o
conteúdo deste maravilhoso estudo; “oração em nome da Trindade, ou no nome de
Jesus!!
4. A
relação paterna – familiar entre Deus e a Igreja (v. 15).
Uma das grandes bênçãos alcançadas pelos
crentes o de fazer parte da grande família de Deus. O texto diz, do qual toda a
família nos céus e na terra, “toma o nome”, indicando que a família de Deus
inclui anjos, e homens, especialmente, os que participam da vida em família.
Naturalmente, os anjos que se rebelaram contra o criador e todos os seres
humanos não redimidos não fazem parte da família e Deus. Porém, na terra, a
Igreja constituída dos filhos de Deus, os quais tornaram filhos por adoção em
Cristo Jesus (Jo 1.12).
II. A
VIDA DE PLENITUDE PELA ORAÇÃO
A palavra “plenitude” na linguagem bíblica
tem uma importância extraordinária, porque se refere a tudo que é completo,
total, absoluto, cabal. A plenitude de Deus se manifesta dentro deste texto de
modo especial (v. 16) porque a Trindade divina participa dela. Por isso, todos
queremos ser cheios de Deus, do seu conhecimento e do seu poder.
1. A
fonte da plenitude (v. 16).
Paulo aponta a Deus Pai, Senhor e
originador de todas as riquezas como a fonte de toda a plenitude (Ef 1.7,18). A
epístola contém várias vezes a expressão “riquezas”, para indicar que as coisas
de Deus não têm limites, e não tem medidas, mas são abundantes e infindáveis.
Noutras epístolas do mesmo escrito aparecem a mesma expressão (Rm 2.4; 9.23; Fl
4.19; Cl 1. 27; 2.2; 1ª Tm 6.17). Ora Deus é pleno de gloria, poder, de
autoridade, de majestade, pois Ele é o Pai da glória (Ef 1.7). Todas as glórias
lhe pertencem e só Ele pode compartilhar sua glória com suas criaturas.
2. A
riqueza do seu poder, pelo Espírito (v. 16).
Outras versões da Bíblia fortalecem ainda
mais o significado deste versículo ao usarem as palavras “robustecidos” e
“fortalecidos”, “fortalecidos” no lugar de “corroborados. Paulo sabia que a
pratica da oração é sempre é muito difícil. É uma atividade da vida cristã que
enfrenta mais obstáculos. Por isso, o crente precisa do poder do Espírito para
orar e enfrentar o mundo. Paulo sabia das dificuldades de se viver uma vida
cristã vitoriosa e, para tanto, ele orou para que os efésios fossem
corroborados com poder. Não era uma oração pedindo que o espírito viesse para
as suas vidas, porque o Espírito vive na vida intima do crente, mas sim, que os
tornasse aptos para enfrentar a oposição dos poderes do mal. Esse poder não vem
de nós mesmos, mas de Deus (Ef 2.8 e 9).
3. A
riqueza da habitação de Cristo no coração (v. 17).
Não se trata aqui, de Cristo entrar e
habitar novamente no coração do crente, como se Ele fosse um estranho. É antes
de tudo, a capacitação do crente por Deus, para sentir e experimentar a
presença desse Cristo dentro da sua vida, fazendo fluir essa experiência, para
fora, como testemunho vibrante. Note isto, que é “pela fé” e não pelos
sentimentos que se sente a presença de Cristo dentro de nós. A fé torna-se aqui
a chave para a experiência maravilhosa com Cristo dentro de nós. Sua presença
fluí para fora em alegria de viver, em prazer de servi-lo.
4. A
riqueza de ser arraigado e fundado em amor (v. 17).
As palavras “arraigados” e “fundados”
podem ter sugerido na mente do apóstolo, duas lembranças; a videira e o templo.
“Arraigar” relembra uma planta e suas raízes que lhe dão suporte, Jesus
utilizou a videira para ser figura da Igreja (Jo 15.1- 5). Ser arraigado como
cristão é ser aprofundado em Cristo, que, neste caso é o solo no qual estamos
plantados. O amor é a manifestação frutífera dessa arvore. O termo “fundado”
lembra uma construção e o seu fundamento. Para os judeus a construção mais
suntuosa era o templo em Jerusalém. A Igreja é o grande edifício de Deus na
terra; nós, os salvos como templo espiritual de Deus, estamos construídos e
fundado em Cristo. É o mesmo que alicerçados. Nossa vida cristã estará segura
se estiver fundada e alicerçada em Cristo.
III.
UMA COMPREENSÃO PERFEITA PELA ORAÇÃO
1. “Para
poderdes perfeitamente compreende” (v. 18).
Estas palavras fazem parte do conteúdo da
oração de Paulo, Nos vvs. 16 e 17, ele ora por poder interior na vida dos
crentes; agora, nos vvs. 18 e 19, ele ora para que os crentes compreendam a
importância da presença de Cristo em suas vidas. A ideia centrar desse último
pedido é que, pelo Espírito, eles possam ter um pleno entendimento da verdade e
conhecê-la por experiência pessoal. Por isso, ora para que “eles sejam
arraigados e fundados” no conhecimento de Cristo. Essa compreensão não é
concedida por mérito pessoal de ninguém, mas é possível a todo o Crente que ama
o Senhor Jesus.
2. As
dimensões, do amor de Cristo (v. 18).
O conhecimento dessas dimensões é dado “a
todos os santos”; não a elementos isolados no contexto da Igreja, porque
envolve todo o corpo de Cristo na terra. Os termos específicos do v. 18, falam
da abrangência desse amor, em largura, comprimento, altura e profundidade. Quem
poderá medir o amor de Cristo? Não há como nem imaginar essas dimensões. Quem
poderá penetrar na profundidade do amor de Cristo, o qual sendo Deus, fez-se
homem e humilhou-se até morte, e a morte de cruz para expiar nossos pecados e
prover nossa comunhão com o Pai.
3. Cheios
de toda plenitude Deus (v. 19).
Plenitude é uma palavra característica de
Efésios. Outros termos encontrados na epístola como: “buscar” “conhecer”,
“corroborar”, “compreende”, “entender”, reforçam o ensino paulino de que
precisamos ser cheios de Deus. Mesmo estando cheios da plenitude de Deus, Paulo
deixou claro que devemos continuar a nos encher do Espírito, e a Igreja, embora
seja a plenitude de Cristo, ainda deve crescer n’Ele, até atingir a sua
plenitude. Portanto é um tipo de plenitude em que estamos completos em Cristo,
mas que podemos crescer na própria plenitude.
CONCLUINDO
Podemos dizer, que os vvs. 20 e 21
envolvem a parte conclusiva da oração de Paulo. Na verdade, Paulo reconhece a
soberania de Deus e lhe oferece o seu preito de gratidão. Diariamente somos
confrontados com inimigos espirituais e precisamos renovar nossa plenitude em
Cristo. Conhecer o amor de Cristo que excede a todo o entendimento é uma meta
que todo o crente deve buscar alcançar.
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