TEOLOGIA EM FOCO: A ORAÇÃO DE PAULO PELOS EFÉSIOS

sexta-feira, 5 de junho de 2020

A ORAÇÃO DE PAULO PELOS EFÉSIOS


Efésios 3.14-21. “Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 15 - do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, 16 - para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; 17 - para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, 18 - poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade 19 - e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. 20 - Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, 21 - a essa glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!”

INTRODUÇÃO
Ter o nosso “homem interior fortalecido” “fortalecido com poder” pelo Espírito é ter nossos sentimentos, pensamento e propósito colocados cada vez mais sob sua influência e orientação, de tal maneira que o Espírito possa manifestar seu poder através de nós, em medida cada vez maior.

O propósito desse fortalecimento pelo espírito é quádruplo:

(1) que Cristo estabeleça a sua presença em nossos corações (vs. 16 e 17; Rm 8.9 e 10).

(2) Que sejamos fundamentados em amor sincero a Deus a Cristo e ao próximo.

(3) Que compreendamos e experimentemos em nossa vida o amor de Cristo (vs. 18 e 19).

(4) que sejamos cheios de toda a plenitude, de Deus (v. 19).

Isto é que a presença de Deus nos encha de tal modo que reflitamos e manifestemos desde o íntimo de nosso ser, o caráter e a estatura do Senhor Jesus Cristo, 4.13,15, 22-24.

I. A FORMA IDEAL PARA A ORAÇÃO

1. A razão da oração (v. 14). Não devemos nos apresentar diante de Deus para orar sem objetivos definidos. Precisamos saber sobre o que vamos orar. Nesta oração Paulo da certeza de ter descoberto a força moral e espiritual para estar na presença de Deus em oração. Ele ora porque se extasia diante das revelações dos “mistérios espirituais” guardados na eternidade e só revelados agora. Não se tratava de uma mera oração de petição, era uma oração de participação nos segredos de Deus.

2. A postura na oração (v. 14).
Nem sempre os judeus ficavam de joelhos para orar, pois a postura usual deles era de pé. As muitas religiões pagãs usam a posturas “de joelhos”, por isso, os judeus procuravam ser diferentes. O que importa na oração, não é a postura física, mas a atitude do coração de quem ora. Pôr-se de joelho para orar pode indicar submissão e humildade perante o senhor. Não há uma postura determinada na Bíblia para orar, mas encontramos várias posturas distintas, dentre as quais, o dobrar os joelhos. Não se dogmatizou biblicamente uma ou mais posturas físicas para orar. Naturalmente, a melhor postura é aquela que vem de dentro dos nossos corações. Jesus deu o exemplo em oração, mas orou em Pé, de joelhos, e até sentado certamente (Mc 11.25; Lc 18.11 e 13; Mt 26.39). Orar de joelho era uma forma comum (Sl 95.6; 1ª Rs 8.54; At 7.60; 9.40; 20.36; Lc 22.41).

3. O endereço certo da oração (v. 14).
Há uma inter-relação entre as três pessoas da Trindade. Por isso, quando oramos a Deus nos dirigimos ao Pai, em nome de Jesus e o Espírito santo confirma no íntimo do crente as orações feitas. Ao estudarmos sobre a segurança do Novo Pacto, temos em vista o “símbolo” apresentado – a Ceia do Senhor – comumente chamada Santa Ceia. Porque o Senhor Jesus ao encerrar seus dias na terra e completar a sua obra, deixou duas ordens sagradas para sua Igreja. Uma ordenada em nome da Trindade – o batismo (Mt 28.19). E outra em sua memória (Mt 26.26 - 30). A Ceia do Senhor, em seu próprio nome. Nenhum outro ato deve ser feito em nome da Trindade, e os que assim fazem não encontrarão apoio na Bíblia. Convém notar. Que há somente duas ordens sacras, que os teólogos classificam como sacramentos. Nem mesmo a oração; não deve ser feita em nome da Trindade. Vejamos; mas em nome de Jesus: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7); “E tudo o que pedirdes em meu nome eu o farei para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14. 13), a oração em nome de Jesus abrange pelo menos duas coisas.

(1) Orar em harmonia com sua pessoa, caráter e vontade.

(2) Orar com fé em Cristo, na sua autoridade e com o fim de glorificar tanto o Pai como o Filho (At 3.16).

Orar realmente em nome de Jesus equivale a dizer que Ele ouvirá a qualquer oração como Ele mesmo oraria. Não há limite para o poder da oração quando ela é dirigida ao Pai, em nome do Senhor Jesus (Mt 17.20). “Se pedirdes alguma coisa em meu nome eu o farei” (Jo 13.14). Ele é o Pai amoroso que ouve as nossas orações como a filhos. Nosso espaço tanto na mente como no papel é mui aquém para falarmos ou comentarmos sobre todo o conteúdo deste maravilhoso estudo; “oração em nome da Trindade, ou no nome de Jesus!!

4. A relação paterna – familiar entre Deus e a Igreja (v. 15).

Uma das grandes bênçãos alcançadas pelos crentes o de fazer parte da grande família de Deus. O texto diz, do qual toda a família nos céus e na terra, “toma o nome”, indicando que a família de Deus inclui anjos, e homens, especialmente, os que participam da vida em família. Naturalmente, os anjos que se rebelaram contra o criador e todos os seres humanos não redimidos não fazem parte da família e Deus. Porém, na terra, a Igreja constituída dos filhos de Deus, os quais tornaram filhos por adoção em Cristo Jesus (Jo 1.12).

II. A VIDA DE PLENITUDE PELA ORAÇÃO

A palavra “plenitude” na linguagem bíblica tem uma importância extraordinária, porque se refere a tudo que é completo, total, absoluto, cabal. A plenitude de Deus se manifesta dentro deste texto de modo especial (v. 16) porque a Trindade divina participa dela. Por isso, todos queremos ser cheios de Deus, do seu conhecimento e do seu poder.

1. A fonte da plenitude (v. 16).
Paulo aponta a Deus Pai, Senhor e originador de todas as riquezas como a fonte de toda a plenitude (Ef 1.7,18). A epístola contém várias vezes a expressão “riquezas”, para indicar que as coisas de Deus não têm limites, e não tem medidas, mas são abundantes e infindáveis. Noutras epístolas do mesmo escrito aparecem a mesma expressão (Rm 2.4; 9.23; Fl 4.19; Cl 1. 27; 2.2; 1ª Tm 6.17). Ora Deus é pleno de gloria, poder, de autoridade, de majestade, pois Ele é o Pai da glória (Ef 1.7). Todas as glórias lhe pertencem e só Ele pode compartilhar sua glória com suas criaturas.

2. A riqueza do seu poder, pelo Espírito (v. 16).
Outras versões da Bíblia fortalecem ainda mais o significado deste versículo ao usarem as palavras “robustecidos” e “fortalecidos”, “fortalecidos” no lugar de “corroborados. Paulo sabia que a pratica da oração é sempre é muito difícil. É uma atividade da vida cristã que enfrenta mais obstáculos. Por isso, o crente precisa do poder do Espírito para orar e enfrentar o mundo. Paulo sabia das dificuldades de se viver uma vida cristã vitoriosa e, para tanto, ele orou para que os efésios fossem corroborados com poder. Não era uma oração pedindo que o espírito viesse para as suas vidas, porque o Espírito vive na vida intima do crente, mas sim, que os tornasse aptos para enfrentar a oposição dos poderes do mal. Esse poder não vem de nós mesmos, mas de Deus (Ef 2.8 e 9).

3. A riqueza da habitação de Cristo no coração (v. 17).
Não se trata aqui, de Cristo entrar e habitar novamente no coração do crente, como se Ele fosse um estranho. É antes de tudo, a capacitação do crente por Deus, para sentir e experimentar a presença desse Cristo dentro da sua vida, fazendo fluir essa experiência, para fora, como testemunho vibrante. Note isto, que é “pela fé” e não pelos sentimentos que se sente a presença de Cristo dentro de nós. A fé torna-se aqui a chave para a experiência maravilhosa com Cristo dentro de nós. Sua presença fluí para fora em alegria de viver, em prazer de servi-lo.

4. A riqueza de ser arraigado e fundado em amor (v. 17).
As palavras “arraigados” e “fundados” podem ter sugerido na mente do apóstolo, duas lembranças; a videira e o templo. “Arraigar” relembra uma planta e suas raízes que lhe dão suporte, Jesus utilizou a videira para ser figura da Igreja (Jo 15.1- 5). Ser arraigado como cristão é ser aprofundado em Cristo, que, neste caso é o solo no qual estamos plantados. O amor é a manifestação frutífera dessa arvore. O termo “fundado” lembra uma construção e o seu fundamento. Para os judeus a construção mais suntuosa era o templo em Jerusalém. A Igreja é o grande edifício de Deus na terra; nós, os salvos como templo espiritual de Deus, estamos construídos e fundado em Cristo. É o mesmo que alicerçados. Nossa vida cristã estará segura se estiver fundada e alicerçada em Cristo.

III. UMA COMPREENSÃO PERFEITA PELA ORAÇÃO

1. “Para poderdes perfeitamente compreende” (v. 18).
Estas palavras fazem parte do conteúdo da oração de Paulo, Nos vvs. 16 e 17, ele ora por poder interior na vida dos crentes; agora, nos vvs. 18 e 19, ele ora para que os crentes compreendam a importância da presença de Cristo em suas vidas. A ideia centrar desse último pedido é que, pelo Espírito, eles possam ter um pleno entendimento da verdade e conhecê-la por experiência pessoal. Por isso, ora para que “eles sejam arraigados e fundados” no conhecimento de Cristo. Essa compreensão não é concedida por mérito pessoal de ninguém, mas é possível a todo o Crente que ama o Senhor Jesus.

2. As dimensões, do amor de Cristo (v. 18).
O conhecimento dessas dimensões é dado “a todos os santos”; não a elementos isolados no contexto da Igreja, porque envolve todo o corpo de Cristo na terra. Os termos específicos do v. 18, falam da abrangência desse amor, em largura, comprimento, altura e profundidade. Quem poderá medir o amor de Cristo? Não há como nem imaginar essas dimensões. Quem poderá penetrar na profundidade do amor de Cristo, o qual sendo Deus, fez-se homem e humilhou-se até morte, e a morte de cruz para expiar nossos pecados e prover nossa comunhão com o Pai.

3. Cheios de toda plenitude Deus (v. 19).
Plenitude é uma palavra característica de Efésios. Outros termos encontrados na epístola como: “buscar” “conhecer”, “corroborar”, “compreende”, “entender”, reforçam o ensino paulino de que precisamos ser cheios de Deus. Mesmo estando cheios da plenitude de Deus, Paulo deixou claro que devemos continuar a nos encher do Espírito, e a Igreja, embora seja a plenitude de Cristo, ainda deve crescer n’Ele, até atingir a sua plenitude. Portanto é um tipo de plenitude em que estamos completos em Cristo, mas que podemos crescer na própria plenitude.

CONCLUINDO
Podemos dizer, que os vvs. 20 e 21 envolvem a parte conclusiva da oração de Paulo. Na verdade, Paulo reconhece a soberania de Deus e lhe oferece o seu preito de gratidão. Diariamente somos confrontados com inimigos espirituais e precisamos renovar nossa plenitude em Cristo. Conhecer o amor de Cristo que excede a todo o entendimento é uma meta que todo o crente deve buscar alcançar.

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