A HISTÓRIA DA BÍBLIA
BIBLIOLOGIA
INTRODUÇÃO
Por milênios Deus se revelou ao homem
através de suas obras, isto é, a Criação (Rm 1.20; Sl 19.1-6). Porém, segundo Seu
propósito, chegou o tempo em que Ele desejou alcançar o homem com uma revelação
maior, o que fez em forma dupla:
1. Através da Bíblia - A Palavra Escrita.
2. através de Jesus Cristo - A Palavra Viva
(Jo 1.1). Esta dupla revelação é mui especial e tornou-se necessária devido à
queda do homem.
Desse modo o estudo das Escrituras se impõe
como o principal meio do homem natural vir a conhecer a Deus e a Sua vontade
para com a sua vida, bem como do crente conhecer o propósito santificador de Deus
para si e para com todos os salvos.
I. ALCANCE DO ESTUDO DA
BÍBLIA
O estudo da Bíblia é uma necessidade que se
impõe ao crente por causa do grande alcance que o livro divino tem. O seu
estudo:
1. Prepara o crente para
responder àqueles que lhe pedem a razão da fé que nele há (lª Pé 3.15). Isto implica no fato de
que o testemunho cristão só é válido quando fundamentado no conhecimento e
prática da Palavra de Deus.
2. Faz o obreiro aprovado
quanto ao correto manejo da palavra da verdade (2ª Tm 2.15). Homens e mulheres que
manejam bem a Palavra de Deus! Eis uma das grandes necessidades da Igreja do
Senhor neste século.
3. Acresce a fé do crente
quanto ao fato de que as Escrituras são a infalível Palavra de Deus (Is 34.16). O valor espiritual das
Escrituras tende a arraigar-se em nossa convicção á medida da nossa aplicação à
sua leitura.
4. Da luz e entendimento
aos simples (Sl 119.130). A ignorância espiritual do crente não se dá pela ausência de formação
acadêmica, mas pela falta de apego à revelação divina manifesta nas Escrituras.
Ninguém é tão sábio como pensa quando ignora o valor da Palavra de Deus,
nem tão indouto como possa imaginar quando ama o livro da lei do Senhor.
II. POR QUE ESTUDAR A
BÍBLIA
Dentre outras razões por que o crente deve
ler e estudar a Bíblia, poderíamos destacar as seguintes:
1. A Bíblia é o manual do
crente. Sendo
a Bíblia o livro-texto do cristão, é imperioso que este maneje-a bem para o
eficiente desempenho de sua missão (2ª Tm 2.15). Um bom profissional sabe
empregar bem as ferramentas de seu ofício. Essa eficiência não é automática;
vem pelo estudo e pela prática. Assim deve ser o crente em relação à Bíblia
Sagrada. Entre as promessas de Deus àqueles que conhecem devidamente a sua Palavra,
temos a de Isaías 55.11: “Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não
voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para
que a enviei”.
2. A Bíblia alimenta nossas
almas (Mt 4.4; Jr 15.16; 1ª Pé 2.2). Não há dúvida que o estudo da Palavra de Deus
traz nutrição e cresci mento espiritual. Ela é tão indispensável à alma, como o
pão é ao corpo. Nas passagens citadas, ela é comparada ao alimento, porém, este
só nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de lª Pedro 2.2,
fala do intenso apetite do recém-nascido; assim deve ser o nosso apetite pela
Palavra divina. Bom apetite pela Bíblia é sinal de saúde espiritual.
3. A Bíblia é o
instrumento do Espírito (Ef 6.17). Se em nós houver abundância da Palavra de Deus, o Espírito
Santo terá o instrumento com que operar. É preciso, pois, meditar nela (Sl 1.2;
Js 1.8). É preciso deixar que ela domine todas as esferas da nossa vida, nossos
pensamentos, nosso coração, e assim molde todo o nosso viver diário. Em suma:
precisamos ficar saturados da Palavra de Deus.
4. A Bíblia enriquece a
vida do cristão (Sl 119.72). Essas riquezas vêm pela revelação do Espírito Santo,
primeiramente (Ef 1.17). A pessoa que procurar entendimento bíblico somente
através da capacidade intelectual, muito cedo desistirá. Só o Espírito de Deus conhece
as coisas de Deus (lª Co 2.10).
III. COMO ESTUDAR A BÍBLIA
Como a divina e inspirada Palavra de Deus, a
Bíblia é um livro singular, do qual maior proveito tirará aquele que melhor
souber estudá-lo. E é exatamente com o propósito de ajudá-lo a tirar o máximo
de proveito do estudo da Bíblia que lhe damos os cinco passos seguintes a serem
seguidos:
1. Leia a Bíblia
conhecendo o seu Autor. Isto é de suprema importância. É a melhor maneira de estudar a Bíblia.
Ela é o único livro cujo Autor está presente quando o lemos. O autor de um
livro pode explicá-lo como ninguém. A Bíblia é um livro fácil e ao mesmo tempo
difícil; simples e ao mesmo tempo complexo. Não basta ler suas palavras e
analisar detidamente suas declarações. É preciso conhecer e amar a Deus, o seu
Autor.
2. Leia a Bíblia
diariamente
(Dt 17.19). Esta regra é excelente. É estimado que 90% dos crentes não leem a
Bíblia diariamente; portanto não é de admirar haver tantos deles frios e
infrutíferos no testemunho e no serviço cristão. Mais do que isto: são anãos,
raquíticos, mundanos, carnais e indiferentes, nervosos e iracundos.
Não basta assistir aos cultos, ouvir sermões
e testemunhos, assistir estudos bíblicos, e ler boas obras de literatura
cristã. É preciso ler a Bíblia individualmente. Há crentes que só comem
espiritualmente quando lhe dão comida na boca. É a colher do pastor, do
professor da Escola Dominical, etc. Se ninguém lhe der comida, ele morrerá de
inanição espiritual.
3. Leia a Bíblia com a
melhor atitude. Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual é de capital
importância para o êxito no es- tudo bíblico. A atitude correia é a seguinte:
3.1. Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como uma obra
literária qualquer. b. Estudar a Bíblia com o coração e em atitude devocional,
e não apenas com o intelecto.
4. Leia a Bíblia
meditando.
Assim têm feito os servos de Deus no passado, a exemplo de Davi (Sl 119.15,16),
Daniel (Dn 9.2-4). O caminho ainda é o mesmo. Na presença do Senhor, em oração,
as coisas incompreensíveis são esclarecidas (Sl 73.16,17). A meditação
aprofunda o sentido. Muitos leem a Bíblia para estabelecer recorde de leitura
somente. Ao leres a Bíblia, aplica-a primeiro a ti próprio, senão não ha- verá
virtude nenhuma.
5. Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável
nisso! É a única maneira de conhecermos a verdade completa dos assuntos
tratados na Bíblia, visto que a revelação de Deus mediante ela é progressiva.
Como o irmão pensa compreender um livro que nem sequer leu ainda? Podemos ler a
Bíblia toda, porém jamais a compreenderemos toda. Sendo a Palavra de Deus ela é
infinita. Mesmo as mentes mais férteis do mundo são incapazes de abarca-la
completamente. Não há no mundo ninguém capaz de esgotar ou dissecar a Bíblia.
IV. A APLICAÇÃO DA BÍBLIA
A diferença básica entre a Bíblia e os
outros livros que lemos ao longo da vida, é que não temos nenhuma obrigação
moral de obedecer ao que estes ensinam, enquanto que a Bíblia é um livro
escrito não apenas para ser lido, mas também, e principalmente, para ser
obedecido e aplicado.
1. Aplique a Bíblia à sua
vida.
Você sabia que é de nenhum valor conhecer a letra das Escrituras, contudo não
se dispor a obedecê-la? Satanás conhece a Bíblia e é capaz de citá-la
decoradamente como fez diante de Jesus enquanto o tentava no deserto (Mt 4.6).
Acontece que esse conhecimento do tentador não é capaz de diminuir, ainda que
por um pouco, a impiedade e maldade do seu vil coração.
Aplicando a Bíblia à nossa vida, sem dúvida
poderemos dizer como disse o salmista Davi: “Escondi a tua palavra no meu
coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11).
2. Aplique a Bíblia às
necessidades do mundo. O conhecimento acadêmico tem ajudado os estudiosos do comportamento
humano a detectar os problemas que afligem a nossa sociedade. No entanto, tem
fracassado na análise das causas e na aplicação de soluções a estes problemas.
Por exemplo: é impressionante ver como homens que ignoram a Bíblia atribuem a
violência e outras anomalias que afligem a sociedade contemporânea, a causas,
como a pobreza e o analfabetismo. Eles não conseguem olhar o mundo e ver as
pessoas como Deus as vê: caídas, espiritualmente pobres e carentes de Deus.
No contexto de toda esta confusão, o crente
e estudioso da Bíblia tem grande vantagem sobre as de- mais pessoas. Com o
jornal da cidade numa das mãos e a Bíblia na outra, ele é capaz de detectar
tanto os problemas quanto de aplicar eventuais soluções a eles. Ele vê o mundo
moribundo, espiritualmente enfermo. “Toda a cabeça está enferma e todo o corpo
fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e
inchaços, e chagas podres, não espremidas, nem ligadas, nem nenhuma delas
amolecida com óleo” (Is 1.5,6). Tudo isto porque, como disse João: “...todo o
mundo está no maligno” (lª Jo 5.19).
3. Conclusão. Se a Bíblia é o que
dizemos ser para a nossa vida, guardemo-nos da atitude farisaica de lê-la e,
inclusive, proferi-la sem que ela seja parte inseparável do nosso caráter.
No princípio da Obra Pentecostal no Brasil,
era mui comum ouvir-se pessoas não-crentes se referirem aos pentecostais como “os Bíblias”, decorrente do apego ao livro e à prática da Bíblia.
Deveríamos nos penitenciar diante de Deus pelo nosso gradual afastamento das
verdades e virtudes do Evangelho propugnadas na Bíblia.
INTRODUÇÃO
O uso teológico da palavra inspiração tem a
finalidade de designar a influência controladora que Deus exerceu sobre os
escritores da Bíblia. Tem a ver com a habilidade comunicada pelo Espírito Santo,
de receber a mensagem divina e de registrá-la com absoluta exatidão.
O que diferencia a Bíblia de todos os demais
livros do mundo é a sua inspiração divina. É devido à sua inspiração que a Bíblia
é chamada A Palavra de Deus.
I. O FATO DA INSPIRAÇÃO DA
BÍBLIA
Existe a necessidade de que compreendamos a
contribuição exata do fato de que a inspiração divina das Escrituras resume a
totalidade do propósito divino na revelação. Este é um assunto que precisa ser
exposto com a mais absoluta clareza face às objeções contra ele levantadas.
Contra a crença de que as Escrituras resumem
em si a totalidade do propósito da revelação divina, levantam-se os seguintes
argumentos:
1. Cristo versus
apóstolos. Um
conceito que tem sido formulado consiste em distinguir entre a suposta crença
de Cristo e a dos após tolos. Tem o propósito de apresentar Cristo em oposição
aos apóstolos, procurando salvá-los das errôneas tradições dos judeus,
incluindo evidentemente a crença na inerência das Escrituras. Procurando dar
base escriturística a esta errônea interpretação vale-se de passagens bíblicas
(Mt 22.29; Mr 12.24; Jo 5.39).
Acerca destas passagens, pode-se demonstrar
com relativa facilidade que a primeira delas foi dirigida não aos apóstolos,
mas aos saduceus e não há evidência de que essa crítica tivesse sido dirigida
àqueles apóstolos que escreveram o Novo Testamento, nem tampouco aos que não o
escreveram. Qualquer que seja a interpretação da frase da segunda referência (“porque
julgais ter nelas a vida eterna”) é o oposto da nossa crença de que as
Escrituras do Antigo Testamento “são as que testificam” de Cristo (cf. Lc
24.27).
2. Acomodação. Segundo este argumento, os
apóstolos criam que a inerência das Escrituras judaicas se constituía numa
teoria insustentável. Deste modo, em vez de adotarem uma linha de interpretação
revolucionária, os escritores do Novo Testamento decidiram por acomodar a sua
linguagem à realidade espiritual de seus dias. Um dos principais defensores
deste argumento, disse que “as Escrituras do Novo Testamento estão
completamente dominadas pelo espírito de sua época, assim o seu testemunho
concernente à inspiração das Escrituras carece de valor independente”.
3. Ignorância. De igual maneira se diz
que os apóstolos eram “homens sem letras e indoutos” (At 4.13) e, portanto,
estavam sujeitos a errar, e que Cristo, devido à sua encarnação, sabia apenas
um pouco acima dos seus contemporâneos. Ainda, segundo este argumento, uma vez
que Cristo não teve acesso às descobertas científicas do nosso tempo, não podia
ter estado muito acima do nível cultural da sua própria época.
4. Contradição. Sempre tem havido quem
discuta no tocante a supostas “contradições”, “inexatidões” e “inconsistências”
das Escrituras. Segundo esses críticos, um livro não pode ter tão grande valor
como o atribuído à Bíblia, quando contém todos estes elementos.
Os assuntos tratados nesta divisão não são
algo novo. A negação da origem divina das Escrituras tem aparecido em todas as
gerações neste mundo onde medra a incredulidade. A raiz do problema está no que
se há de aceitar como última palavra no assunto: Devemos aceitar o ensinamento
da Bíblia ou ensinamento dos homens?
II. TEORIAS DA INSPIRAÇÃO
DA BÍBLIA
Quanto à inspiração da Bíblia, existem
várias teorias falsas, contra as quais o cristão deve precaver-se. Dentre elas
destacam-se as seguintes:
1. A teoria da inspiração
natural humana. Essa teoria ensina que a Bíblia foi escrita por homens de inigualável
inteligência. Os defensores desta teoria são da opinião de que assim como têm
havido artistas excepcionais, músicos e poetas que têm produzido obras de
vulto, também existiram homens dotados duma percepção espiritual tão
excepcional que, devido os seus dons inatos, puderam escrever a Bíblia. Esta é
a forma que acham para negar a sobrenaturalidade do texto sagrado.
2. A teoria da inspiração
divina comum. Essa teoria ensina que a inspiração dos escritores da Bíblia é a mesma
que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, etc. Assim entendido,
qualquer pessoa com maior ou menor nível de inspiração, seria capaz de escrever
outra Bíblia.
Tal teoria é errônea, uma vez que a
inspiração comum, que o Espírito Santo hoje nos comunica, admite gradação, isto
é, pode manifestar-se em maior ou menor intensidade, ao passo que a inspiração
dos escritores da Bíblia não admite graus. O escritor era ou não inspira- do.
3. A teoria da inspiração
parcial.
Ensina que partes da Bíblia são inspiradas, outras não. Ensina que a Bíblia não
é a Palavra de Deus, mas que ela apenas contém a Palavra de Deus. Evidentemente
essa teoria vem de encontro à declaração paulina segundo a qual “toda Escritura
é inspirada por Deus...” (2ª Tm 3.16).
4. A teoria do ditado
verbal.
Ensina que a inspiração da Bíblia é somente quanto às palavras, não deixando
lugar para a atividade e estilo do escritor, patente em cada livro. Lucas, por
exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos para escrever o seu
Evangelho (Lc 1.3).
5. A teoria da inspiração
das ideias.
Essa teoria ensina que Deus inspirou as ideias da Bíblia, mas não as suas
palavras; estas ficam a cargo dos escritores.
III. O CONCEITO CORRETO DE INSPIRAÇÃO
Não basta mencionar as teorias falsas quanto
à inspiração das Escrituras; necessário se faz tratar do que bíblica e
teologicamente se entende por inspiração divina das Escrituras.
1. Inspiração Plenária ou
Verbal. A
teoria correta da inspiração da Bíblia é chamada “Teoria da Inspiração Plenária
ou Verbal”. Ela ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas;
que os escritores não funcionaram como simples robôs, mas que houve cooperação
vital entre eles e o Espírito de Deus que neles agia.
A teoria da inspiração plenária ou verbal
afirma que homens santos de Deus escreveram a Bíblia com palavras de seu
vocabulário, porém, sob a influência poderosa do Espírito Santo, de sorte que o
que eles escreveram foi a Palavra de Deus. Ensina que a inspiração plenária
cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento, e que depois disso,
nem os mesmos escritores, nem qualquer outro servo de Deus pode ser chamado
inspirado no mesmo sentido.
2. Revelação e Inspiração
Divinas.
A inspiração das Escrituras só pode ser compreendida à luz da revelação de Deus.
Revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá a conhecer ao escritor coisas
desconhecidas e que o homem por si só jamais poderia saber (Dn 12.8; lª Pe
1.10,11). Certamente que a inspiração nem sempre implica em revelação. Toda a
Bíblia foi inspirada por Deus, mas nem toda ela foi dada por revelação. São
Lucas, por exemplo, foi inspirado a examinar trabalhos já conhecidos e
averiguar fatos notórios, a fim de escrever o terceiro Evangelho (Lc 1.1-4). O
mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o que presenciara no seu
dia-a-dia, como relata o Pentateuco.
IV. PROVAS DA INSPIRAÇÃO
DA BÍBLIA
Dentre outras provas da inspiração das
Escrituras, mencionaríamos as seguintes:
1. A aprovação da Bíblia
por Jesus. Jesus
aprovou a Bíblia ao lê-la (Lc 4.16-20), ao ensiná-la (Lc 24.27), ao chamá-la “a
palavra de Deus” (Mc 7.13), e ao cumpri-la (Lc 24.44).
Quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o
Senhor antecipada- mente pôs nele o selo de sua aprovação divina, ao declarar:
“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse
vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.
Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação
deles mesmos, mas a do Espírito Santo. Jesus disse ainda que o Espírito Santo
nos guiaria em “toda a verdade” (Jo 16.13,14). Portanto, no Novo Testa- mento
temos a essência da revelação divina.
2. O testemunho do
ESPÍRITO SANTO no crente. Em cada pessoa que aceita a Jesus como Salvador, o Espírito Santo põe
na sua alma a certeza quanto à autoria e inspiração divina das Escrituras. É
algo instantâneo. Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de fato aceita a Jesus
como Salvador pessoal, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem
argumentar.
3. O fiel cumprimento da
profecia.
Inúmeras profecias se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total;
inúmeras outras cumprem-se em nossos dias, e muitas outras cumprir-se-ão no
futuro.
O cumprimento contínuo das profecias
bíblicas é uma prova da sua origem divina. O que Deus disse, sucederá (Jr
1.12). Glória a Deus por tão sublime livro!
4. A Bíblia é sempre nova
e inesgotável. O tempo não exerce nenhuma influência sobre a Bíblia.
É o livro mais antigo do mundo, e ao mesmo
tempo o mais moderno. Em mais de vinte séculos o homem jamais pôde melhorá-la.
Um livro humano já teria caducado em bem menos tempo. Para o salvo, isto
constitui insofismável prova da Bíblia como a Bíblia a Inerente Palavra de
Deus.
A BÍBLIA COMO LIVRO
INTRODUÇÃO
Além da necessidade de aceitar a Bíblia como
a divina revelação dos propósitos de Deus para com a humanidade, impõe-se o
dever de compreendê-la como um livro, escrito com palavras ao nível da
assimilação humana. O fato de Deus usar a linguagem humana como meio de dar
forma escrita aos Seus santos decretos, toma o livro, conhecido como Bíblia, um
patrimônio do céu e uma riqueza e bênção para a vida do homem. Compreender isto
ajuda a fazer da Bíblia o livro mais amado dos seus leitores e estudiosos.
I. OS LIVROS ANTIGOS
A Bíblia é um livro antigo. Os livros
antigos tinham a forma de rolo (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho.
O papiro era uma planta aquática que crescia junto aos rios, lagos e banhados
do Oriente, cuja entrecasca servia para escrita. Pergaminho é a pele de animais
curtida. Seu uso é mais recente que o papiro; vem desde os primórdios da era
cristã, apesar de já ser conhecido antes. É também mencionado na Bíblia, como
em 2 Timóteo 4.13.
1. O formato primitivo da
Bíblia. A
Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo.
Assim, vemos que a princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos
outros como os temos agora em nossa Bíblia. O que tomou isso possível foi a
invenção do papel no Século II pelos chineses, bem como a do prelo de tipos
móveis em 1450 d. C. por Gutenberg, tipógrafo alemão. Até então era tudo
manuscrito pelos escribas, de modo laborioso, lento e oneroso. Quanto a este
aspecto da difusão da Sua Palavra, Deus tem abençoa- do maravilhosamente, de
modo que hoje em dia milhões de exemplares das Escrituras são impressos com rapidez
e facilidade em muitos pontos do globo. Também, graças ao progresso alcançado
no campo das invenções e da tecnologia, hoje podemos transportar com toda
comodidade um exemplar da Bíblia, coisa impossível nos tempos primitivos.
Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais,
os rolos sagrados das escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas
judaicas.
2. O vocábulo “Bíblia”. Este vocábulo não se
encontra dentro do texto das Sagradas Escrituras. É derivado do nome que os
gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita - biblos. Um rolo de papiro de
tamanho pequeno era chamado “biblion”, e vários destes era uma "bíblia".
Portanto, literal- mente, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros
pequenos". É consenso geral entre os doutores no assunto que o nome
Bíblia, foi primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João
Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no IV Século da nossa era.
Devido as Escrituras formarem uma unidade
perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural como acabamos de ver, passou a ser
singular, significando O LIVRO, isto é: O Livro dos livros; O Livro por
Excelência. Como O Livro Divino, a definição canônica da Bíblia é “A revelação
de Deus à humanidade”.
3. Nomes da Bíblia. Os nomes mais comuns que a
Bíblia dá a si mesma, isto é, nomes canônicos, são:
3.1. Escrituras (Mt 21.42).
3.2. Sagradas Escrituras (Rm 1.2.).
3.3. Livro do Senhor (Is 34.16).
3.4. A Palavra de Deus (Mc 7.13). e. Oráculos
de Deus (Rm 3.2).
II. A ESTRUTURA DA BÍBLIA
A estrutura da Bíblia compreende a sua
composição, isto é, a sua divisão em partes principais e seus livros quanto à
classificação por assuntos, divisões em capítulos e versículos, e certas
particularidades indispensáveis.
1. Os dois Testamentos. A Bíblia divide-se em
duas partes principais: Antigo e Novo Testa- mento, tendo ao todo 66 livros;
sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo. Estes 66 livros foram escritos num
período de mais ou menos 16 séculos por cerca de 40 autores distintos. Aqui
está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores pertenciam às mais variadas
profissões e atividades, viveram e escreveram em países, regiões e continentes
diferentes, distantes uns dos outros, em épocas e condições diferentes.
Entretanto seus escritores formam uma harmonia perfeita. Isto prova que UM Só
os dirigiu no registro da revelação divina.
2. O Antigo Testamento. Como já dissemos, o
Antigo Testamento contém 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico,
com exceção de pequenos trechos que estão em aramaico. Seus 39 livros estão
classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que pertencem. São eles:
2.1. Lei. São 5 livros: Gênesis,
Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. São comumente chamados de O
Pentateuco. Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e o estabelecimento
da nação de Israel.
2.2. História. São 12 livros: de Josué
a Ester. Registram fatos ocorri- dos no período compreendido pela teocracia,
monarquia, reino dividi- do, e pós-cativeiro de Judá.
2.3. Poesia. São 5 livros, de Jó a
Cantares de Salomão. São chama- dos poéticos, não porque sejam cheios de
imaginação e fantasias, mas devido ao gênero de seu conteúdo. São também
chamados devocionais.
2.4. Profecia. São 17 livros: de Isaías
a Malaquias. Estes estão divididos em profetas maiores (Isaías a Daniel - 5
livros), e profetas menores (Oseias a Malaquias - 12 livros).
3. Novo Testamento O Novo Testamento se
compõe de 27 livros. Foi escrito em grego. Seus livros estão classificados em 4
grupos. São eles:
3.1. Biografia. São os 4 Evangelhos. Descrevem
a vida terrena de Jesus Cristo e seu glorioso ministério. Todos os livros que
os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que
se lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo.
3.2. História. É o livro de Atos dos
Apóstolos. Registra a história dos primeiros anos da Igreja, seu viver, a
pregação do Evangelho; tudo feito na força do Espírito Santo, conforme Jesus
prometera (At 1.8).
3.3. Epístolas. São 21 as epístolas ou
cartas, e vão desde Romanos até a epístola de Judas. Elas contêm a doutrina da
Igreja.
3.4. Profecia. É o Livro de Apocalipse ou
Revelação. Trata dos eventos que terão lugar na terra imediatamente após o
arrebatamento da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
III. COMO MANUSEAR A
BÍBLIA
Melhor proveito terá do estudo da Bíblia
aquele que melhor souber manuseá-la. Os pontos abordados a seguir,
ajudar-lhe-ão a ter o aproveitamento que tanto deseja na leitura e estudo das
Escrituras.
1. Apontamentos
individuais.
Habitue-se a tomar notas de suas meditações na Palavra de Deus. A memória é
falível, de sorte que muita coisa importante pode ser esquecida ao longo do
tempo. Seus apontamentos se constituirão numa fonte de consultas contínua.
Portanto, racionalize e organize os apontamentos feitos em torno do seu
estudo da Palavra de Deus.
2. Como ler e escrever
referências bíblicas. O sistema mais simples e rápido para escrever referências bíblicas é o
seguinte: duas letras, sem ponto, para cada livro da Bíblia. Por exemplo:
• lª Jo 2.4 (lª João capítulo 2, versículo 4).
• Jó 2.4 (Jó capítulo 2, versículo 4).
• Jn 2.4 (Jonas capítulo 2, versículo 4).
• lª Pe 5.5 (lª Pedro capítulo 5, versículo 5).
• Fp 1.29 (Filipenses capítulo l, versículo 29).
• Fl v. 14 (Filemom, versículo 14).
3. Diferença entre as
partes da Bíblia. Para efeito de estudo e com- preensão da Bíblia, é interessante que
atentemos para a diferença entre suas partes, assim definidas:
3.1. Texto. São as palavras contidas
numa passagem.
3.2. Contexto. É a parte que fica antes
e depois do texto que estamos lendo. O contexto pode ser imediato ou remoto.
Pode ser um versículo, um capítulo ou um livro inteiro.
3.2. Referência. É a conexão direta sobre
determinado assunto. As referências podem ser verbais e reais. A primeira é um
paralelismo de palavras; a segunda, de assuntos ou ideias.
3.4.
Inferência.
É uma conexão indireta entre assuntos. É uma ilação ou dedução. De acordo com o texto bíblico básico desta lição (Dt 17.14,15,18- 20),
os reis de Israel tinham o dever de possuir um traslado da lei do Senhor, “e
nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor seu Deus,
para guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para fazê-los;
para que o seu coração não se levante sobre os seus irmãos, e não se aparte do
mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; para que prolongue os dias
no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel”.
Face à possibilidade de adquirir e ler a
Bíblia Sagrada, mais que um privilégio, constitui-se num sagrado dever da nossa
parte lê-la e dela jamais nos desviarmos.
HARMONIA E UNIDADE DA
BÍBLIA
INTRODUÇÃO
A harmonia e unidade da Bíblia se constituem
num milagre inigualável. Nunca, em qualquer outro lugar e em tão diversas
circunstâncias, se juntaram tantos tratados diferentes contendo história,
biografia, ética e poesia, para perfazer um livro. É algo semelhante a ossos,
músculos e ligamentos que se combinam na forma do corpo humano, quanto à sua
harmonia e unidade a Bíblia não tem nenhum paralelo com a literatura humana,
visto que todas as condições, humanamente falando, não apenas são
desfavoráveis, mas fatais a tal combinação.
I. PORMENORES DA HARMONIA
DA BÍBLIA
A existência da Bíblia até aos nossos dias
só pode ser explicada como um milagre. Seus 66 livros escritos por cerca de 40 homens,
num período de mais ou menos dezesseis séculos, somam-se num só com uma
mensagem una e harmônica. Seu aspecto miraculoso realça quando estudados os
seguintes elementos, partes do seu processo de preparação como livro.
1. Os escritores. Os escritores da Bíblia
foram homens de, praticamente, todas as atividades da vida humana então
conhecidas, razão por que encontramos os mais varia- dos estilos na sua
escritura. Moisés foi príncipe e legislador. Josué foi um grande soldado. Davi
e Salomão foram reis e poetas. Isaías, estadista e profeta. Daniel, ministro de
Esta- do. Pedro, Tiago e João, pescadores. Zacarias e Jeremias, sacerdotes e
profetas. Amos, agricultor e vaqueiro. Paulo, teólogo e erudito, e assim por
diante.
Apesar de toda essa variedade de formação e
ocupação profissional dos escritores da Bíblia, examinados os seus escritos,
é possível notar como os mesmos se completam, tratando de um só assunto. O que
eles escreveram não se constitui em muitos livros, pelo contrário, são
partículas que somadas formam um só livro, poderoso e coerente.
2. As condições. O estudante da Bíblia
cedo descobrirá que não houve uniformidade de condições na composição do texto
sagrado. Note por exemplo: Moisés escreveu os seus livros nas solitárias
paragens do deserto. Jeremias, nas trevas e imundícies duma masmorra. Davi, nas
campinas, elevações dos campos. Paulo escreveu suas epístolas ora em prisões,
ora em viagens. João escreveu o Apocalipse exilado na ilha de Palmos.
Não obstante tantas e diferentes condições
em que os livros da Bíblia foram escritos, juntos eles são duma uniformidade
incrível. O pensa- mento de Deus, e não propriamente dos seus escritores, corre
uniforme e progressivamente através dela, como um rio que, brotando da sua
nascente, assemelha-se a um tênue fio d’água que vai se avolumando até tornar-se
num caudaloso “Amazonas” de Deus. Esta harmonia e per- feição é uma característica
exclusiva do Livro de Deus.
3. As circunstâncias. Foram as mais variadas as
circunstâncias às quais estavam sujeitos os escritores da Bíblia quando
escreveram os seus respectivos livros. Davi, por exemplo, escreveu parte dos
seus escritos no calor das batalhas; enquanto que Salomão escreveu na paz e
conforto dos seus palácios. Alguns dos profetas escreveram seus livros em meio
à mais profunda tristeza, ao passo que Josué escreveu o seu livro em meio à
alegria das conquistas de Canaã. Apesar dessa pluralidade de condições, a
Bíblia apresenta um sistema de doutrina uniforme, uma só mensagem de amor, um
só meio de salvação. Do Gênesis ao Apocalipse é assim á Bíblia!
II. O PORQUÊ DA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA
Se a Bíblia fosse um livro resultante de
esforços puramente humanos, certamente que sua composição seria algo
extremamente confuso e indecifrável. Seria uma verdadeira Babel.
1. Confusão do homem e
harmonia de Deus. Imaginemos quarenta dos melhores escritores da atualidade, providos de
todos os recursos necessários, isolados uns dos outros, em situações
diferentes, cada um com a missão de escrever partes duma obra que somadas
deveriam formar um todo. Se no final fossem reunidas todas as partes dessa
obra, jamais teríamos um conjunto uniforme. Na verdade, teríamos algo
semelhante a uma colcha de retalhos. Seria a pior miscelânea.
Pois bem, imagine isto acontecendo nos
antigos tempos em que a Bíblia foi escrita. A confusão seria muito maior. Numa
época em que os meios de comunicação em nada se assemelhavam aos de nossos
dias, nada a não ser a mente de Deus assegurou o sucesso e a harmonia da Bíblia.
2. A perfeição da harmonia
da Bíblia. Qualquer
falta encontrada na Bíblia, será de pura responsabilidade humana, como tradução
malfeita, grafia inexata, interpretação forçada, má compreensão de quem estuda,
falsa aplicação dos sentidos do texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na
Bíblia um trecho aparentemente contraditório com o todo dela, não nos
apressemos por concluir ser isso um erro da Bíblia. Tenhamos a capacidade de
refletir e a humildade de confessar como Agostinho que disse: “Num caso
desse, deve haver erro do copista, tradução malfeita do original, ou então, sou
eu mesmo que não consigo entender...”
A perfeita harmonia da Bíblia, é para a
mente humilde e sincera, uma prova incontestável da origem divina da mesma. É
uma prova in- sofismável de que uma única Mente via tudo e guiava os seus
escritores.
3. A catedral da revelação
divina.
Grandes catedrais, como as de Milão, na Itália, e Colônia, na Alemanha,
precisaram de séculos para serem edificadas. Centenas e milhares de
trabalhadores foram empregados na sua construção. Certamente ninguém necessita
ser in- formado que por trás do trabalho desses edificadores, houve um
arquiteto que construiu mentalmente nesses templos, antes de serem lançados os
seus fundamentos. Alguém que antes de qualquer coisa, traçou os planos e
forneceu até mesmo especificações minuciosas, de modo que a estrutura deve sua
simetria inigualável, não aos trabalhadores braçais que fizeram o trabalho
bruto, mas àquele único arquiteto, o cérebro da construção, que planejou a
catedral em sua totalidade.
A Bíblia é uma majestosa catedral. Muitos
edificadores humanos, cada um por sua vez, contribuíram para a sua estrutura.
Mas, quem foi o seu arquiteto? Que mente una foi aquela que planejou e enxergou
o edifício pronto e acabado? Sem dúvida, a mente do Deus que é desde o
princípio (Gn 1.1).
JESUS, O TEMA DA BÍBLIA
INTRODUÇÃO
A Bíblia está repleta de Jesus. Toda a
profecia o tem como tema. As Escrituras nos fornecem a linha da ascendência do
Messias. Ele ha- via de ser a semente da mulher, da raça de Sem, da linhagem de
Abraão, por meio de Isaque e Jacó, da tribo de Judá e da família de Davi.
As Escrituras registram eventos futuros
relacionados à Sua pessoa e ministério terreno. Desde o lugar do seu nascimento
até a sua segunda vinda e seu reino - tudo foi predito em termos inequívocos,
do Gênesis ao Apocalipse.
I. CRISTO, DO GÊNESIS AO
APOCALIPSE
Estudiosos da Bíblia têm calculado que mais
de trezentos detalhes proféticos foram cumpridos em Cristo. Aqueles que ainda
não foram cumpridos referem-se à sua segunda vinda e ao seu reino, ainda
futuros.
1. Cristo no Pentateuco. O Pentateuco compreende
os primeiros cinco livros da Bíblia, escrito por Moisés. Eles falam Cristo como
o descendente da mulher, o nosso Cordeiro Pascal, o nosso Sacrifício pelo
pecado, aquele que foi levantado para nossa cura e redenção, e o Verdadeiro
Profeta.
2. Cristo nos livros
históricos. Os
livros históricos agrupam os livros da Bíblia que vão desde Josué até o livro
de Ester. Da dramaticidade dos seus relatos, sobressai a figura singular do
Salvador como o Capitão da nossa salvação, o nosso Juiz e Libertador, o nosso
Parente Resgatador, o nosso Rei Soberano, o Restaurador de nossas vidas, e a
divina corte de apelação das causas perdidas.
3. Cristo nos livros
poéticos.
O conjunto de livros que forma a seção dos livros poéticos compreende os livros
de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Na Bíblia eles se irmanam na
exaltação do Senhor Jesus Cristo como o nosso Redentor que vive, o nosso
socorro e Alegria, a Sabedoria de Deus só achada pelos diligentes madrugadores,
o Alvo Verdadeiro, e o Amado da nossa alma.
4. Cristo nos livros
proféticos.
Os livros proféticos do Antigo Testamento são os livros compreendi- dos desde
Isaías até Malaquias. Neles o espírito profético vaticina a humanização,
humilhação e glorificação do Messias de Deus. Eles o apresentam como o Messias
que há de vir, o Renovo da Justiça, o Filho do homem, o Soberano de toda a
terra cujo trono jamais será removido, o Marido fiel, o restaurador
benevolente, o Divino Lavrador, o nosso Salvador imutável, a nossa Ressurreição
e Vida, a Testemunha fiel contra as nações rebeldes, a nossa Fortaleza no dia
da angústia, o Deus da nossa salvação, o Senhor Zeloso, o Desejado de todas as
nações, o Pastor ferido, o Sol da Justiça.
5. Cristo no Novo
Testamento.
O Cristo vaticinado no Antigo Testamento encontra nos escritos do Novo
Testamento a Sua maior expressão. Este o apresenta como o Messias manifesto, o
Servo de Deus, o Filho do homem, o Filho de Deus, o Senhor redivivo, a divina
causa da nossa justificação, o Senhor nosso, a nossa Suficiência, o nosso
Libertador do jugo da lei, o nosso Tudo em todas as coisas, a nossa Alegria e
Gozo, a nossa Vida, Aquele que há de vir, o Senhor que vai voltar, o nosso
Mestre, o nosso Exemplo, o nosso Modelo, o nosso Senhor e Mestre, o nosso
Intercessor junto ao trono do Pai, a Preciosa Pedra Angular da nossa fé, a
nossa Força, a nossa Vida, o nosso Caminho, Aquele que há de vir com milhares
dos seus santos e anjos, e o Triunfante Rei dos reis e Senhor dos senhores.
II. JESUS APROVOU A BÍBLIA
Muitas pessoas sabem quem é Jesus; creem que
Ele fez milagres; creem em Sua ressurreição e ascensão, mas não creem na
Bíblia. Essas pessoas deveriam saber que:
1. Jesus leu a Bíblia. “E, chegando a Nazaré,
onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga,
e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando
abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é
sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os
quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos
cegos; a pôr em liberdade os oprimidos; a anunciar o ano aceitável do Senhor.
E, cerrando o livro, e tomando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de
todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se
cumpriu esta escritura em vossos ouvidos” (Lc 4.16-21).
2. Jesus ensinou a Bíblia. “E ele lhes disse: ó
néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua
glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que
dele se achava em todas as Escrituras” (Lc 24.25-27).
3. Jesus chamou a Bíblia
de “A Palavra de Deus”. “Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai
ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao
Senhor; nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, in- validando
assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas
fazeis semelhantes a estas” (Mc 7.11-13).
4. Jesus cumpriu a Bíblia. “E disse-lhes: São estas
as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse
tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos Salmos”
(Lc 24.44).
A referência de Lucas 24.44 é muito
importante, porque aí Jesus põe sua aprovação em todas as Escrituras do Antigo
Testamento, A Bíblia de seus dias, pois Lei, Profetas e Salmos eram as três
divisões da Bíblia nos dias em que o Novo Testamento ainda estava sendo
formado.
Jesus também afirmou que as Escrituras são a
verdade (Jo 17.17). Ele viveu e procedeu de acordo com elas (Lc 18.31).
Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo (Mc 12.35,36). No
deserto, ao derrotar o inimigo, fê-lo citando a Palavra de Deus (Dt 8.3;
6.13,16; Mt 4.1-11).
A AUTORIDADE DA BÍBLIA
INTRODUÇÃO
A investigação do caráter da Bíblia se
constitui num esforço no sentido de se descobrir a verdadeira base da sua
autoridade. As Escrituras do Antigo e Novo Testamentos formam um cânon devido
ao fato de que estas são palavras ou oráculos autorizados. No contexto desta
lição e expressão autorizada sugere que a Bíblia em todas as suas partes é a
voz de Deus falando ao homem. Sua autoridade é inerente, sendo como é, nada
menos do que um edito imperial: “Assim diz o Senhor”.
I. BASES DA AUTORIDADE
BÍBLICA
O mundo moderno, que se encontra vacilante
entre a influência desmoralizadora dos ideais satânicos e das filosofias do
homem sem Deus, não aprecia nem respeita a Bíblia. Podemos dizer, porém, que
até mesmo esse manifesto desrespeito que o mundo tem para com a Bíblia, se
constitui dalgum modo numa prova do caráter sobrenatural desta. Positivamente
analisado é uma prova da autoridade da Bíblia.
1. Ela foi inspirada por Deus
(2ª Tm 3.16). Declarar das Escrituras, como elas fazem de si mesmas, que são
inspiradas por Deus, é reconhecer a autoridade suprema que só pertence a Deus e
que elas procedem diretamente d’Ele. Isto significa que em seu caráter
plenário, as Escrituras são, em sua totalidade, a Palavra de Deus. Elas possuem
a peculiaridade indiscutível de ser nada menos que o decreto real divino – “Assim
diz o Senhor”.
2. Ela foi escrita por
homens escolhidos (2ª Pé 1.20-21). Este aspecto da autoridade bíblica está
entranhavelmente relacionado com o fato de que a mensagem que esses homens
escolhidos receberam e pregaram, era inspirada por Deus. A contribuição
específica que isto dá ao estudo da autoridade bíblica é que garante, como
temos demonstrado, que a participação humana na autoria da Bíblia, não produz
nenhuma imperfeição no valor infinito nem na excelência da mensagem divina. As
Escrituras são inerrantes, acima de tudo, porque procedem de Deus. Prova
evidente de que a autoridade da Bíblia independe dos homens inspirados que a
escreveram, consiste do fato de que mesmo aqueles livros cujos nomes dos
autores são ignorados, são tão inspirados por Deus quanto os demais que compõem
o cânon divino.
3. Ela foi crida pelos que
a receberam (Jo 2.22). No caso do Antigo Testamento, a congregação de Israel, sob a liderança
de seus anciãos, reis, profetas e sacerdotes, deu sua aprovação àqueles
escritos como sendo divinamente inspirados. No caso do Novo Testamento, a
Igreja primitiva, deu sua sanção aos escritos aí contidos completando, assim, o
cânon das Escrituras. Sem terem consciência, tanto num caso como no outro, de
que estavam sendo usados por Deus para realizar um objetivo tão importante,
aprovaram o cânon da Bíblia como algo de singular valor para todos os homens,
em todos os lugares e em todos os tempos.
4. Ela foi autenticada por
Jesus Cristo (Lc 24.44). Os quatro Evangelhos contêm nada menos do que trinta e cinco
referências diretas do Antigo Testamento citadas por parte do Filho de Deus.
Estas, como se pode notar, não apenas registram seu testemunho no tocante ao
caráter divino da inspiração plenária das Escrituras, mas também, tomadas como
um todo, contemplam o Antigo Testamento e certificam os aspectos plenários de
sua perfeição.
Quando Cristo declarou: “Eu sou... a
verdade” (Jo 14.6), Ele estava declarando algo mais que ser verdadeiro. Ele se
declarou como a verdade no sentido em que Ele é o tema central da Palavra da
Verdade, Ele é o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira (Ap 1.5; 3.14; Is 55.4).
Ele disse acerca de si mesmo: “Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a
fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18.37).
II. OS ANTIGOS ATESTARAM
AS ESCRITURAS
Os profetas do Antigo Testamento foram
divinamente incumbidos de transmitir ao povo os oráculos de Deus, do mesmo modo
também os escritores do Novo Testamento. Quando falava com o apóstolo João, o
anjo disse-lhe: “...eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas...” (Ap
22.9). A lei mosaica designou responsabilidades específicas a vários grupos e
oficiais do Antigo Testamento com respeito às Escrituras.
1. As Escrituras em
relação ao povo israelita. A congregação de Israel foi dito: “Não
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis
os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4.2). Está entendido
que o povo não possuía a autoridade para questionar o valor da Palavra, nada
podendo aumentar ou omitir dela. Cabia-lhe apenas obedecê-la.
2. As Escrituras em
relação ao rei. A obrigação do rei em Israel para com as Escrituras era como se segue:
“Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu rei- no, então
escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos
sacerdotes levitas. E o terá consigo, e nele lerá todos os dias da sua vida,
para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, para guardar todas as palavras
desta lei, e estes estatutos, para fazê-los” (Dt 17.18,19). O rei possuía
autoridade governamental para matar ou manter vivo a quem ele quisesse, porém,
em relação à Palavra de Deus ele tinha o dever de obedecê-la. Neste particular,
o rei em nada era superior ao mais humilde de seus súditos.
3. As Escrituras em
relação aos juízes. Os juízes eram mediadores em assuntos comuns, domésticos; porém se era
trazido perante eles algum assunto mui difícil de resolver, se apelava para o
sacerdote, que servia como corte suprema sobre os juízos. O juiz era instruído
da seguinte maneira: “Quando alguma coisa te for dificultosa em juízo... então
te levantarás, e subirás ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; e virás aos
sacerdotes levitas, e ao juiz que houver naqueles dias, e inquirirás, e te
anunciarão a palavra que for do juízo. E farás conforme ao mandado da palavra
que te anunciarão do lugar que escolher o Senhor; e terás cuidado de fazer
conforme a tudo o que te ensinaram” (Dt 16.18-20; 17.8-12). Eles eram
constituídos sobre o povo para exercer o juízo conforme à Lei, conforme à
Palavra do Senhor.
4. As Escrituras em
relação aos levitas. Aos levitas foi conferida a custódia das Escrituras. Deste modo eles
foram instruídos a proceder do seguinte modo: “Tomai este livro da lei, e
ponde-o ao lado da arca do concerto do Senhor vosso Deus, para que ali esteja
por testemunha contra ti” (Dt 31.26).
5. As Escrituras em
relação aos profetas. Ao profeta foi dada a alta responsabilidade de receber e comunicar a
Palavra de Deus. A prova entre o verdadeiro e o falso profeta era tanto
razoável como natural. As instruções eram: “E, se disseres no teu coração: Como
conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em
nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder as- sim, esta é
palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta, não tenhas
temor dele” (Dt 18.21-22).
III. A BÍBLIA É TUDO
QUANTO DIZ SER
1. A Bíblia é poder
eterno. Quanto
a isto, diz o salmista: “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu”
(Sl 119.89). Outros escritores da Bíblia corroboram esta declaração (Is 40.8; lª
Pé 1.25). Sendo a Palavra de Deus, esta verdade tem sido confirmada através da
preservação sobrenatural deste livro singular.
2. A Bíblia
é poder salvador. Por incorporar o Evangelho, a Bíblia é o “poder de Deus para salvação”
(Rm 1.16), porém, muitos ignoram que o evangelho é dirigido ao homem na forma
dum edito. É pregado a todos para ser crido e obedecido (At 5.32; Rm 2.8;
10.16; 2ª Tm 1.8; Hb 5.9; lª Pe 4.17).
3. A Bíblia é poder
santificador. A autoridade da Bíblia é afirmada e demonstrada pelo seu poder
santificador. O Senhor orou pelos seus discípulos: “Santifica-os na verdade; a
tua palavra é a “verdade (Jo 17.17). A nação de Israel ainda há de ser
santificada pela ação da Palavra da verdade. O próprio Deus declara: "Mas
este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o
Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu
serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (Jr 31.33).
4. A Bíblia é poder
restaurador. Os capítulos 36 e 37 do livro do profeta Ezequiel resumem a destruição
e restauração de Israel. Na sua assolação, Israel é assemelhado a um vale de
ossos secos. Do que de- pende então a sua completa restauração? Depende da ação
poderosa da Palavra de Deus. Quanto a isto, registra o profeta: “Então me
disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do
Senhor. Assim diz o Senhor Jeová a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o
espírito, e vivereis” (Ez 37.4,5).
5. A Bíblia é poder
revelador.
Ela testifica e prova a sua autoridade de ser uma revelação dada aos homens.
Como diz o salmista, a exposição da Palavra de Deus dá luz; dá entendimento aos
simples (SI 119.130). Todas as revelações de coisas celestiais e terrenas, do
tempo e da eternidade, do bem e do mal, são derivadas da Palavra de Deus. Como diz o escritor da Epístola aos Hebreus, na verdade a Palavra de Deus,
viva, eficaz e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, é apta para
revelar o escondido e até mesmo as intenções do coração do homem.
A ATUALIDADE DA BÍBLIA
INTRODUÇÃO
Uma vez que o nosso Deus é imutável, eterno,
não há como se ter outra concepção quanto à sua Palavra. Mais do que eterna, a
Palavra de Deus é atual. Ela é atual à medi- da que o Deus que a falou não muda
e as necessidades do homem contemporâneo são absolutamente iguais às do homem
aqui existente quando ela foi proferida ou registra" da pela primeira vez.
I. A BÍBLIA É ATUAL NA SUA
MENSAGEM
Já dissemos que, uma vez que Deus é imutável
(Ml 3.6) e as necessidades do homem moderno são as mesmas do homem dos mais
primitivos tempos, é de se esperar que a Bíblia, ao ser pregada, se imponha
como:
1. Uma mensagem de
salvação (Rm 1.16). Os estudiosos chegaram à conclusão de que o conhecimento humano, nestes
últimos vinte anos, tem dobrado a cada cinco anos. A sofisticação do mundo
hodierno é algo com que jamais sonharam os nossos pais. Cumpre-se fielmente o
vaticínio de Daniel 12.4, segundo o qual “o saber se multiplicará.” Mas, o que
de concreto isto trouxe para a humanidade? Muito pouco, uma vez que a
necessidade do homem é algo afeto à sua alma. Deste modo, onde quer que as
boas-novas de salvação sejam pregadas, homens e mulheres, dos mais diferentes
níveis sociais, aceitam a Jesus e se convertem dos seus pecados a Deus.
2. Uma mensagem de
restauração (Lc 4.18,19). Para muitos a Bíblia é um livro cuja mensagem nada tem de singular ou
especial. Evidentemente existem aqueles que pregam a Bíblia e o fazem com pouco
ou nenhum poder de convencimento. Deste modo os seus ouvintes não auferem toda
a riqueza e favor divinos oferecidos pelo Evangelho. Mas, quanto à sua
natureza, não é assim a Bíblia. Como Palavra de Deus ela é capaz de tirar o miserável
em meio às cinzas, soerguê-lo e levá-lo a se assentar nas regiões celestiais em
Cristo Jesus (Ef 1.3).
3. Uma mensagem de
esperança (2ª Pe 3.9). O vazio da alma humana, gerado pelo pecado, que afasta o homem de Deus,
tem sido ocupado pelo pavor e pelo desespero (Gn 3.6-10; Is 48.22; 59.2).
Apesar dos esforços dos estadistas bem in- tencionados, o futuro da humanidade
é pouco animador. Os conflitos políticos e raciais destroem os povos. Moléstias
sem conta desafiam as pesquisas no campo da medicina. Há um vazio no coração do
homem que não atenta para o Seu Criador (Jó 8.13; Sl 106.19-21). A Bíblia,
porém, tem uma mensagem de esperança para aqueles que estão aprisionados nas
garras destruidoras do desespero e do medo. O homem pode confiar no socorro e livramento
de Deus desde que O busque de todo o coração (Is 55.6,7; SI 121). Tinha razão
Agostinho quando disse que o homem foi feito por Deus e para Deus, e não
encontrará a felicidade enquanto não repousar em Deus.
II. A BÍBLIA É ATUAL NO
SEU PODER
A Bíblia Sagrada, lida ou pregada, é “a
dinamite de Deus”, que explode os redutos de Satanás. É o Poder demolidor do Espírito
Santo, usado pelos servos de Deus nas batalhas espirituais contra o mal. Deste
modo a Bíblia é:
1. Poder destruidor. Paulo de- clara
categoricamente que a Bíblia, a Palavra de Deus, é a espada do Espírito Santo que
o crente usa nas suas batalhas contra as potestades das trevas (Ef 6.17). Ela é
usada tanto na defesa dos humildes, quanto para abater a arrogância dos
jactanciosos. Assim como o sol, que tanto derrete a cera como endurece o barro,
de igual modo age a Palavra de Deus, enternecendo ou endurecendo o coração do
homem. Assim como a pedra (tipo de manifestação de Cristo), esmiuçou a estátua
do sonho de Nabucodonosor (símbolo da arrogância humana) (Dn 2.34), de igual
modo a Bíblia será a base do juízo e da destruição “dos que não conhecem a Deus
e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2ª Ts 1.8).
2. Poder santificador (Sl 119.9). Nenhum livro do mundo tem
igual poder de conduzir o homem à comunhão com Deus e à santificação, como a
Bíblia. Na verdade, é impossível ler o Livro Santo de Deus, de todo o coração,
e não se desejar que as bem-aventuranças do evangelho faça parte da nossa vida.
Um certo homem de Deus percebeu tão bem isto, que foi levado a dizer: “Ou a
Bíblia lhe afasta do pecado, ou o pecado lhe afasta da Bíblia”.
3. Poder capacitador (At
1.8).
Certo irmão indagou se o trabalho espiritual cansa o obreiro de Deus. Ele
esperou que a resposta fosse dada negativamente. Porém, a que ouviu é que sim,
o ministério cristão cansa. Os evangelhos nos mostram vários exemplos. João
4.6, diz que Jesus, cansado do caminho, assentou-se junto ao poço de Jacó. De
fato, aqueles que dão tempo integral para o Evangelho, sabem que quando estão
desanimados e as forças lhes faltam, o apego à Palavra de Deus, seja pela
leitura ou pela simples meditação, torna suas forças inteiramente renovadas,
impulsionando-os a andar e a cumprir mais uma etapa da longa caminhada. O capítulo
10 de Daniel nos informa que esse servo de Deus passou por experiências
semelhantes em meio ao intenso trabalho, secular e espiritual, e por causa das
contínuas visões e revelações divinas. Só a Palavra do Senhor lhe recobrava o
ânimo e lhe restaurava as forças.
III. A BÍBLIA É ATUAL NA
SUA PERFEIÇÃO
Apesar de ter sido escrita há mais ou menos
dois mil anos, a Bíblia desafia o tempo, levantada altaneiramente como um
monumento à perfeição do caráter do Deus que fala e se revela ao homem (Hb
1.1). Deste modo, devemos compreender que:
l. A Bíblia está completa. A Bíblia encerra tudo
quanto o homem precisa saber de Deus. Ela não é nem mais nem menos daquilo que
eu e você precisamos para conhecer qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus (Rm 12.2). Nada se lhe deve subtrair nem acrescentar. No
Apocalipse, ao serem encerradas as Escrituras, o apóstolo João registrou as
últimas palavras do Senhor Jesus Cristo, as quais nos advertem a todos: “Porque
eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que,
se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que
estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa,
que estão escritas neste livro” (Ap 22.18.19).
2. A Bíblia contém a mente
de Deus.
A declaração de Pedro, segundo a qual “a profecia nunca foi produzida por
vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo
Espírito Santo” (2ª Pé 1.21), credencia a Bíblia como o registro das intenções
e propósitos de Deus. Ela é o Testamento divino onde estão registrados todos os
desejos de Deus para com o seu povo em todo o tempo.
3. A Bíblia revela o
futuro (2ª Pé 1.19). Só Deus conhece o futuro e só a sua Palavra, a Bíblia Sagrada,
registra esse conhecimento de Deus quanto ao porvir. Só a Bíblia registra com
detalhes vivos qual o destino das nações, o triunfo futuro da Igreja, a
bem-aventurança dos santos e a maldição eterna a ser derramada sobre os ímpios.
(Dn 2.19-44; Mt 25.31-41; Ap 20.10,15).
A FIDELIDADE DA BÍBLIA
INTRODUÇÃO
O piedoso estudo da Bíblia conduz o
estudante, invariavelmente, à inevitável conclusão de que a Escritura Sagrada é
duma precisão profética inigualável. Deste modo, a Bíblia é um livro
inspirador, não apenas por aquilo que ela diz quanto ao passado e ao presente.
Mais do que isto, a Bíblia fascina pela exatidão do cumprimento de suas
promessas e profecias.
I. A HISTÓRIA DE ISRAEL
A história judaica é a história da
fidelidade de Deus, da Sua Palavra. A continuação da existência dos judeus como
povo separado prova que as profecias a eles concernentes foram,
verdadeiramente, dadas por Deus. Se lermos as Escrituras em confronto com a
história secular dos judeus, descobriremos que a profecia e a história se
adaptam uma à outra como uma luva se adapta à mão. Note a fidelidade do
cumprimento da Palavra de Deus decorrente de promessas feitas ao longo da
história judaica narrada no Antigo Testamento.
1. Chamada e promessas a
Abraão (Gn 12.1-4). Tendo atendido o chamado divino, Abraão recebeu a promessa de que
teria engrandecido o seu nome, e que seria constituído por pai duma grande
nação (Gn 12.2). Deus prometeu-lhe mais que os seus descendentes seriam levados
para o Egito, onde seriam escravos e afligidos por cerca de quatrocentos anos,
mas que, no devido tempo, os seus opressores seriam julgados e que Israel dali
sairia com grande riqueza (Gn 15.13,14). Todas estas palavras do Senhor se
cumpriram de forma completa, e disto dão prova as seguintes referências
bíblicas (Gn 21.1-2; 46.1-27; Êx 12.29-36,51).
2. Cativeiro babilônico
(Is 39.6-7).
Havendo pecado contra Deus, os filhos de Judá foram leva- dos cativos para a Babilônia.
Esse fato havia sido vaticinado pelo profeta Isaías, séculos antes (Is 6.11-12;
11.12), muito antes que a Babilônia se tornasse na potência que era quando do
cativeiro. Coube ao profeta Jeremias determinar setenta anos como o tempo de
duração desse cativeiro (Jr 25.11,12). Setenta anos depois, ou seja, no ano 538
a.C., Ciro, rei dos persas, publicou um decreto autorizando os judeus a
regressarem à terra de seus pais e reconstruir o Templo (Ed 1.1-4).
3. Cerco e destruição de
Jerusalém (Mt 23.37-39). A obstinação e pecaminosidade dos habitantes de Jerusalém, e
principalmente a sua rejeição a Cristo como o Messias, o enviado de Deus,
selaram a sorte dessa opulenta cidade. Particularmente, a seus discípulos disse
Jesus que quando o juízo divino fosse derramado sobre Jerusalém, nem mesmo o
Templo, maior símbolo de glória da cidade, seria poupado. Como disse Jesus
textualmente, que no Templo não ficaria pedra sobre pedra que não fosse
derribada (Mt 24.1,2). Esta profecia se cumpriu com incrível precisão no ano 70
da nossa era.
4. A restauração nacional
de Israel (Ez 36.16-38; 37). Quando a visão dando conta da restauração de Israel
foi comunicada a Ezequiel, este povo jazia no cativeiro. Da perspectiva humana
seria simples- mente impossível que o povo judeu pudesse ressuscitar do caos e
vir a ser o que hoje é.
II. PROFECIAS MESSIÂNICAS
Tem sido calculado por estudiosos que mais
de trezentos detalhes proféticos foram cumpridos em Cristo. Aqueles que ainda
não foram cumpridos se referem à Sua segunda vinda e ao Seu reino, ainda
futuros. Poderia essa profusão de profecias messiânicas ter cumprimento numa
única pessoa, se não viesse de Deus? Deste modo são verdadeiras as palavras de
Pedro, segundo as quais “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem
algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2ª
Pe 1.21).
Dentre as profecias fielmente cumpridas na
pessoa de Jesus Cristo, o Messias de Deus, destacam-se as seguintes:
1. Relacionadas com o seu
nascimento (Gn 3.15). Esta promessa divina identifica o Messias vindouro como sendo a
semente da mulher. Deste modo a Bíblia diz, claramente, que Ele nasceria duma
virgem (Is 7.14), nasceria em Belém de Judá (Mq 5.2), e seria da linhagem de
Davi (l Cr 17.11-15). Estas profecias se cumpriram de acordo com as seguintes
referências bíblicas: Lc 1.30-35; Mt 2.4-6; 22.41,42.
2. Relacionadas com o seu
ministério.
Moisés fez menção do ministério profético do Messias ao registrar a seguinte
promessa de Jeová: “Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como
tu; e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe
ordenar. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em
meu nome, eu o requererei dele” (Dt 18.18,19). Já Isaías vaticinou que o Espírito
Santo encheria plenamente o Messias (Is 42.1), e fala ainda do seu miraculoso
ministério de cura (Is 35.4-6). Todas estas profecias se cumpriram
integralmente, conforme as seguintes referências (Jo 5.45-47; Lc
3.21,22;4.17-21; Mt 11.2-6).
3. Relacionadas com o seu
sofrimento, morte e ressurreição. A Bíblia vaticina que Jesus seria traído por um
de seus amidos (Sl 41.9) e vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12);
passaria por atrozes sofrimentos (Is 52.13-15; 53); seria desamparado por seu
próprio Pai no seu maior momento de dor (SI 22.1,6-8,14-18); seria oferecido
como um cordeiro para o sacrifício (SI 40.6-8; Is 53.7,8); seria sepultado com
os ímpios e com o rico (Is 53.9); seria ressuscitado dos mortos (Sl 16.9,10).
Todas estas profecias se cumpriram com uma precisão impressionante. Para ver
isto, leia as seguintes passagens (Jo 13.18,21,26; Mt 26.14,15; 27.12-
14,46,57-60; Jo 19.1-3,23,24,29; Mt 28.1-7; At 2.25-32).
Nos dias hodiernos, onde o peca- do se
multiplica e o amor se torna escasso entre os homens, a maneira mais segura de
termos esperança é a compreensão das promessas divinas feitas no passado. Como
já mostramos, muitas delas já foram cumpri- das durante a vida do Messias e no
decorrer da história do povo judeu. Essa incrível marca de cem por cento de
precisão no passado é uma inquestionável garantia de que as demais promessas se
cumprirão no futuro.
AS GRANDES DOUTRINAS DA
BÍBLIA
I. DOUTRINA DE DEUS, DE
CRISTO E DO ESPÍRITO
Em teologia pura são estudadas conjuntamente
as doutrinas de Deus, de Cristo e do ESPÍRITO SANTO. Conhecê-las é um
privilégio exclusivo do estudante e estudioso da Bíblia.
1. A doutrina de Deus. O estudo relacionado à
pessoa de Deus, chama-se teologia", e versa sobre a existência, a personalidade
e a natureza de Deus.
1.1. A existência de Deus. Na primeira página da
Bíblia encontramos a inequívoca declaração: “No princípio... Deus...” (Gn 1.1).
O cristão temente a Deus aceita por fé a verdade da Sua existência segundo a
revelação contida na Bíblia. Não se trata de fé cega, mas da fé que se baseia
nas Escrituras (Hb 11.5,6).
1.2. A personalidade de Deus.
A personalidade de Deus pode ser provada pelos pronomes pessoais que o
identificam (Jo 17.3; Sl 116.1-2);pelas características e propriedades de
personalidade que lhe são atribuídas, tais como: tristeza (Gn 6.6), ira (Nm
11.1; 12.9; Rm 1.18), zelo (Dt 6.15), amor (Rm 5.8) e ódio (Pv 6.16); pelas
relações que Ele mantém com o homem, como Criador de tudo (Gn 1.1), como
Preservador de tudo (Is 40.22-29; 41.13-20), como Benfeitor de todas as vidas
(Mt 5.45; 10.29,30), como Governador e Dominador das atividades humanas (Is
40.10-15; 41.1-12), como Pai de seus filhos espirituais (Gl 3.26).
1.3. A natureza de Deus. A natureza de Deus
compreende os Seus atributos naturais e morais, quais sejam: vida (Jo 5.26),
espiritualidade (Jo 4.24), imutabilidade (Tg 1.17), eternidade (Dt 33.27; Sl
90.2), onisciência (lª Sm 16.7; At 15.8), onipotência (Gn 17.1; Jó 42.2),
onipresença (Sl 139.7-12), veracidade (Nm 23.19), fidelidade (Jr 1.12),
conselho (Ef 1.11; Is 40.13,14), e santidade (Is 6.3).
2. A doutrina de Cristo. Em teologia o estudo
sobre a Pessoa de Cristo, chama-se Cristologia, abordando os seguintes temas:
2.1. A humanidade de Cristo.
A humanidade de Cristo é demonstra- da pela sua ascendência humana (Gl 4.4; Rm
1.3); por seu crescimento e desenvolvimento naturais (Lc 2.40,46,52); por sua
aparência pessoal (Jo 4.9); por sua natureza completa (Mt 26.12,38; Lc 23.36);
pelas suas limitações humanas sem peca- do (Jo 4.6; Mt 8.24; 21,18); pelos
nomes humanos que lhe foram dados, por Ele mesmo ou por outros (Mt 1:21; Lc
19.10; At 2.22; Mt 21.11;6.3; lª Tm 2.5); pelo relacionamento que Ele mantinha
com Deus (Mc 15.34; Jo 20.17).
2.2. A divindade de Cristo.
A Bíblia corrobora a crença na divindade de Cristo, quando diz que Ele é Deus
(Jo 1.1), Todo-poderoso (Ap 1.8), eterno (Jo 8.58), Criador (Jo 1.3). Atributos
inerentes a Deus Pai relaciona-se harmoniosamente com Cristo, provando assim a
sua divindade.
2.3. O caráter de Cristo. O caráter de Cristo tem
recebido aprovação e a recomendação não apenas de Deus Pai, mas também dos
anjos, e até mesmo da parte dos demônios há o testemunho de que Ele é o Santo
de Deus. De fato, a Bíblia o apresenta como: santo (lª Jo 3.3,5), amoroso (Jo
13.1), manso e humilde (Mt 2.29).
2.4. A obra de Cristo. A obra terrena de Cristo,
consumada na sua morte, tornou-se necessária por causa da santidade e do amor
de Deus (He 1.13; Jo 3.16); por causa do pecado do homem (l Pé 2.24); por causa
do cumprimento das Escrituras (Lc 24.25-27). O propósito de Deus tomou-a
necessária (At 2.23).
2.5. A ressurreição de Cristo.
A ressurreição corporal do Senhor Jesus é o fundamento inabalável do Evangelho
e da nossa fé (lª Co 15.17).
3. A doutrina do Espírito
Santo.
Teologicamente analisada, a doutrina do Espírito Santo chama- se pneumologia, e
estuda entre outros, os seguintes temas:
3.1. A natureza do Espírito
Santo. No
estudo da natureza do Espírito Santo, destaca-se a sua personalidade. Como uma
pessoa que é, o Espírito Santo é chamado na Bíblia de: Espírito de Deus (lª Co
3.16; Gn 1.2); Espírito de Cristo (Rm 8.9); Espírito Santo (At 1.5); Espírito
de Vida (Rm 8.2); e Espírito de Adoção (Rm 8.15,16; Gl 4.5,6).
3.2. A obra do Espírito Santo. Particularmente quanto à
pessoa do crente, o Espírito Santo nele opera regenerando-o (Jo 3.3-6),
batizando-o no corpo de Cristo (lª Co 12.13; Ef 4.1-16,30), habitando nele (lª Co 6.15-19), fortalecendo-o (Ef
3.16), enchendo-o da sua virtude (Ef 5.18-20).
II. DOUTRINA DOS ANJOS, DO
HOMEM E DO PECADO
1. Doutrina dos anjos. De acordo com a Bíblia, os
anjos foram criados por Deus (Ne 9.6; Cl 1.16). Deus os criou mais elevados que
o homem (Sl 8.4,5). Foram criados em inumerável quantidade (Jó 25.3; Dt 33.2;
Ap 5.11; Dn 7.10). Eles não devem ser adorados (Ap 22.9; 19.10; Cl 2.18), pois
estão sob o senhorio de Cristo (Ef 1.20,21; Fp 2.9-11). Na consumação do
século, anjos bons e maus terão papel decisivo nos eventos finais. Os bons se
manifestarão na glória com Cristo (Mt 24.30,31) cooperando na ressurreição dos
mortos (lª Ts 4), no ajuntamento dos escolhidos, na ceifa final, no julgamento
das nações e na extinção total da iniquidade (Mt 13.39-42). Os maus, sob o
comando de Satanás, afligirão os homens com sofrimentos terríveis, e por fim
serão lançados no inferno de chamas eternas (Mt 25.41; Ap 20.10).
2. A doutrina do homem. Mediante o que diz a
Bíblia, o homem é criatura de Deus, formado à imagem e semelhança do Criador
(Gn 1.26). O homem é um ser tricotômico, isto é, dotado de espírito, alma e
corpo (lª Ts 5.23). O homem foi criado reto (Ec 7.29) condição da qual caiu por
causa da queda no Éden. Criado por Deus, o homem foi destinado: à vida no mundo
(Gn 2.7), para amar o próximo (Gn 2.18), para o domínio da Criação (Gn
1.27-30), para o louvor de Deus (Sl 8.5-9; 96; 98). De toda a história do
homem, o mais triste e trágico episódio foi, sem dúvida, a sua desobediência e consequente
queda (Gn 3).
3. A doutrina do pecado. A Bíblia ensina que a
origem do peca- do na história da raça Humana foi a transgressão voluntária de
Adão no Éden. O homem deu ouvido à insinuação do tentador, de que, caso ele se
colocasse em oposição a Deus, tomar-se-ia um igual a Deus. Tomando e comendo do
fruto da árvore que Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso do
pecado a toda a humanidade (Gn 3.1-6; Rm 5.12,18,19). A luz da Bíblia, o pecado
é a inclinação da carne e inimizade contra Deus (Rm 8.7); tem caráter uni-
versal (Rm 3.23; 5.12); é antes de tudo, praticado contra Deus (Tg 2.8-11); tem
lugar primeiramente no coração (Mt 5.27,28; 15.19; 7.21- 23).
III. DOUTRINA DA SALVAÇÃO,
DA IGREJA E DAS ÚLTIMAS COISAS
1. A doutrina da salvação.
A redenção
do homem é o sublime tema de toda a Bíblia. Como forma de tornar compreensível
a questão da salvação, a Bíblia a coloca da seguinte maneira:
1.1. A salvação procede de Deus e não do
homem (Rm 6.23).
1.2. Somente Jesus pode salvar o pecador (Lc
19.10).
1.3. A salvação é obtida pela graça de Deus
e não por obras humanas (Ef 2.8-10).
1.4. A salvação abrange espírito, alma e
corpo do homem.
1.5. A salvação tem alcance eterno (Rm 5.1;
lª Ts 5.23; Cl 3.4).
1.6. O descuido da salvação trará males
terríveis.
1.7. A salvação nos vem pela fé em Cristo
(Rm 1.16,17;10.9,10,17; Gl 3.1-11,22,26).
1.8. A Trindade Divina coopera com o pecador
na sua salvação (Jo 1.12-13; 3.3-7).
2. A doutrina da Igreja. A Igreja é formada
exclusivamente de pessoas nascidas de novo pela ação do Espírito Santo e da
Palavra de Deus (Jo 3.5), para que por meio dela o Senhor Jesus realize a sua
obra neste mundo (Ef 4.11-16). A doutrina da Igreja no contexto das Escrituras,
de princípio, pode ser resumida nos seguintes itens:
2.1. A palavra “igreja”, empregada em
sentido universal, designa o corpo de Cristo (Rm 12.5).
2.2. A Assembleia Universal é descrita sob a
forma dum templo (Ef 2.22; lª Pe 2.5).
2.3. A Assembleia Universal dos salvos é a
esposa de Cristo (Ap 21.2).
2.4. A assembleia local deve compor-se somente de
membros regenerados. E necessário o aperfeiçoamento da igreja local na pessoa
de cada um de seus membros. Para isso Cristo concedeu dons aos homens para o
aperfeiçoamento da Igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
mestres (Ef 4.11-16). Deste modo através da multiforme ação de seus ministros,
Deus aperfeiçoa a sua Igreja em todos os seus aspectos.
3. A doutrina das últimas
coisas.
Para o crente em Jesus, o futuro reserva uma maravilhosa expectativa - a volta
de Cristo, sob dois aspectos: primeiro, o arrebatamento dos salvos, abrangendo
todos aqueles que morreram em Cristo, bem como os vivos que fielmente o aguardam
(lª Ts 4.16,17); e segundo, a sua manifestação em glória acompanhado de seus
amos e santos antes arrebatados, a fim de exercer o juízo sobre as nações e
implantar o Milênio na Terra (Mt 24.37-39; 25.31-46; 2ª Pé 3.10-13; Ap 20.4-7).
Ninguém aqui na terra (nem mesmo os anjos do
céu) sabe a data e hora em que esse evento ocorrerá. A certeza que temos é a de
que ele não demorará. Todos os sinais indicam que a plena redenção dos filhos
de Deus rapidamente se aproxima (Lc 21.28). Amém!
MÉTODOS DE ESTUDO DA
BÍBLIA
INTRODUÇÃO
Não nos é possível descobrir com exatidão
que método o profeta Daniel utilizou no estudo das Escrituras Sagradas de
então. Sabemos, sim, que ele estudou e não o fez desordenadamente, mas
metodicamente. Pelo estudo dos livros, diz Daniel, "entendi...".
Entendeu o quê? Entendeu o tempo de duração do cativeiro dos filhos de Israel
na Babilônia. Decorrente dessa busca ordenada de conhecimento, foi que Deus lhe
revelou de maneira singular, fatos por vir.
I. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
POR MÉTODO
Pode o Espírito Santo usar os elementos
constitutivos do estudo metódico da Escritura? Certamente que pode e o faz.
Dentre tantas vantagens do estudo metódico das Escrituras, poderíamos destacar
os seguintes:
1. Uniformiza os elementos
da Escritura. Ao iniciar o estudo bíblico por métodos, você irá aprendei termos e ideias
que lhe parecerão novos; irá aprender passos a serem seguidos no estudo da
Bíblia. À medida em que seguir esses passos, você notará como o Espírito Santo
ilumina a verdade, numa ação comparada à ação do sol e da chuva gerando fartura
para o agricultor, a partir da semente viva. E assim como o trabalho metódico
do agricultor (plantio, cultivo e colheita), ajuda a ação do sol e da chuva a
produzir abundantes colheitas, assim também o estudo metódico da Escritura nos
ajudará a receber a revelação da verdade através do Espírito Santo, de maneira
progressiva e organiza- da. Mais do que isto: o estudo bíblico seguido de
método tem a vantagem de uniformizar numa inquestionável ordem de valores todos
os elementos da Escritura.
2. Evita o mau uso das
Escrituras.
Existe grande perigo de mau uso da Bíblia quando se despreza o seu estudo
sistemático e metódico. Por exemplo:
2.1. A Escritura pode ser mal aplicada quando você ignora o que
ela diz sobre determinado assunto.
2.2. A Escritura pode ser mal aplicada quando você toma um
versículo fora do contexto.
2.3. A Escritura pode ser
mal aplicada
quando você lê uma passagem e a obriga a dizer o que ela não diz.
2.4. A Escritura pode ser
mal aplicada quando você dá ênfase indevida a coisas menos importantes.
2.5. A Escritura pode ser
mal aplicada
sempre que você a usa para tentar levar Deus a fazer o que você quer, em vez
daquilo que Ele quer que seja feito.
3. Oferece opções no
estudo das Escrituras. O sistema tradicional de leitura da Bíblia tende a fazê-lo algo moroso
e monótono. Já o estudo bíblico dirigido ou por método, pelo seu sistema de
diversificação, pode se transformar num novo desafio a cada oportunidade que
nos propomos a estudar as Escrituras.
II. ESTUDO PELO MÉTODO
ANALÍTICO
O estudo bíblico pelo método analítico se compõe
dos seguintes elementos:
l. Observação. Escolhido o texto bíblico
para estudo, lª Pedro 2, por exemplo, proceda da seguinte maneira: leia a
passagem cuidadosamente; tome um caderno de anotações e escreva na
cabeça duma página a palavra Observação, e em seguida:
1.1. Anote toda e qualquer
minúcia do texto; anote substantivos, verbos e outras palavras-chaves. Aqui entra a
importância das perguntas: QUEM? QUÊ? QUANDO? POR QUÊ? E COMO?
1.2. Escreva o que lhe
parecer obscuro, especificamente o que você não entende da passagem, o versículo 5, por
exemplo.
1.3. Anote referências
bíblicas doutros
textos (elas poderão lançar luz sobre o texto que está sendo estudado).
1.4. Anote as possíveis
aplicações encontradas ao longo do estudo do texto em uso.
2. Interpretação. Tome o seu caderno de
anotações e anote noutra folha um resumo dos pensamentos- chaves que lhe
acorram à mente enquanto você estuda a passagem bíblica. Escreva um pensamento-
chave, uma espécie de interpretação sua, para cada versículo do capítulo. Depois
resuma num só pensamento os pensamentos-chaves de todos os versículos do
capítulo estudado. Este pensamento deverá conter a essência da interpretação do
texto estudado.
3. Correlação. Numa outra folha do seu
caderno de anotações, escreva a palavra CORRELAÇÃO, anotando em seguida os
versículos do mesmo capítulo que se correlacionam, isto é, que se combinam
entre si.
4. Aplicação. Das aplicações possíveis,
escolha aquela que você sente, definidamente, que Deus quer que você ponha em
prática, e as coisas específicas que Deus quer que você faça para aplicar à sua
vi- da. A Bíblia e os seus preceitos não nos foram dados para serem apenas
teorizados, mas para serem vividos e fazerem parte inseparável da nossa vida.
III. ESTUDO PELO MÉTODO
SINTÉTICO
1. Passos a seguir. Os passos a serem
seguidos no estudo bíblico pelo método sintético, constituem uma repetição do
padrão: ler, observar, tomar notas; ler, observar, tomar notas. Isto continua até
que você tenha encontrado todas as informações que deseja descobrir,
independentemente de quantas leituras tenha de fazer.
2. Recomendações
importantes.
Para seu maior proveito no estudo bíblico pelo método sintético, siga a
seguinte orientação:
2.1. Descubra o tema
principal do livro. Em atitude de oração leia todo o livro que você escolheu para estudo,
a fim de encontrar o tema principal. O tema pode ser encontrado como se fosse
um fio que corre por todos os capítulos. Se necessário, leia-o mais de uma vez.
Assim o tema começará a surgir na sua mente.
2.2. Desenvolva o tema
principal do livro. Os anúncios referentes ao conteúdo do livro ajudam a encontrar o tema
principal. Tais anúncios são afirmações que o autor faz, antecipadamente,
dizendo o que vem a seguir. Por exemplo, o Evangelho de Mateus começa com o
seguinte anúncio: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão” (Mt 1.1). Este é o anúncio referente ao conteúdo e logo a seguir vem a
genealogia de Jesus.
IV. OUTROS MÉTODOS DE ESTUDO
1. Estudo pelo método
temático. Este
método lida com um assunto específico. Por exemplo: o tema principal da Bíblia
é a redenção através do sangue de Cristo.
2. Estudo pelo método
biográfico.
Hebreus 11 traz um resumo da vida de muitos dos fiéis que viveram e morreram na
fé. De fato, a Bíblia afirma que “todos estes morreram na fé” (Hb 11.13), o que
indica que essas pessoas continuam vivas no céu. Então, por que não estudar as
suas vidas hoje, uma vez que conservaram até o fim uma confiança plena nas
promessas de Deus?
A experiência tem mostrado que não basta ler
a Bíblia. Maior proveito auferirá aquele que a estuda metódica e ordenadamente.
COMO INTERPRETAR A BÍBLIA
INTRODUÇÃO
Pela sua singularidade, a Bíblia não pode e nem deve ser interpretada
ao bel-prazer do leitor. Tenha ele a cultura que tiver, para captar a mente de
Deus e o que o Espírito Santo ensina na Bíblia, necessita estudá-la seguindo
alguns princípios. Dentre esses princípios destacam-se os estudados nesta
lição.
I. PRINCÍPIOS DE
INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
l. Princípio um. Estude a
Bíblia partindo do pressuposto de que ela é a autoridade suprema em questão de
religião, fé e doutrina. Em assunto de religião, fé e dou trina, consciente ou
inconscientemente, o crente se submete à tradição, à razão, ou às Escrituras. A
autoridade a que ele se submeter, há de determinar o tipo de crença que possa
esposar. Independentemente do testemunho da tradição e da razão, o crente
verdadeiro tem na Bíblia o seu guia e juiz infalível. Para ele as declarações
da Bíblia são finais. Ele crê que a Bíblia registra as intenções e a vontade de
Deus, por isto pode crer nela. Ele aceita o testemunho da tradição e da razão,
mas enquanto estas não entram em conflito com a Escritura. Para ele o que
importa é: “O que diz a Escritura sobre isto?”
2. Princípio dois. Não se
esqueça de que a Bíblia é o melhor intérprete de si mesma; isto é: a Bíblia
interpreta a Bíblia. O manifesto desprezo a esta regra de interpretação da Escritura por parte
de alguns cristãos ajudam-nos a entender que os maiores inimigos da Bíblia não
são os seus opositores, que em épocas de cruentas perseguições rasgaram e
queimaram-na, mas grande número dos seus expositores sempre prontos a achar na
Bíblia apoio para as suas ideias absurdas. Quem não conhece pelo menos um bom
irmão de Bíblia sempre aberta, procurando achar o sexo dos anjos, revelar
quantos anjos cabem numa cabeça de alfinete, e tantas coisas outras?
3. Princípio três.
Interprete a experiência pessoal à luz da Escritura e não a Escritura á luz da
experiência pessoal. A experiência pessoal se constitui na evidência daquilo que Deus faz em
nós, por isso não pode e nem deve ser desprezada; porém, no momento de
determinar o que é mais importante, se a experiência pessoal ou a Escritura,
para efeito de interpretação bem-sucedida da Bíblia, a Escritura é superior.
Por isso ela não está sujeita a julgamento por parte da experiência pessoal,
antes, a experiência pessoal é que deve se submeter ao juízo da Escritura.
4. Princípio quatro. Os
exemplos bíblicos só têm autoridade prática quando amparados por uma ordem que
os faça mandamento universal. Ao ler a Bíblia, fica evidente que você não está
obrigado a seguir o exemplo de cada pessoa que protagoniza os acontecimentos
nela encontrados. Por exemplo: o fato de Noé haver plantado uma vinha e ter se
embriagado com o vinho do seu fruto, não indica que você deva fazer o mesmo. O
fato de Jesus ter mandado dizer a Herodes: "Ide dizer a essa raposa que
hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos, e no terceiro dia
terminarei", não nos autoriza a mandar portadores com recados de afronta
às autoridades.
II. PRINCÍPIOS GRAMATICAIS
DE INTERPRETAÇÃO
1. Princípio um. A
Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente. Por mais que repudiemos os
casuísmos na interpretação da Escritura, a realidade nos obriga a ver que
grande parte da igreja ecumênica faz precisamente isto. Chamam-lhe emprego de “palavras
conotativas”, uma forma de “contextualizar” as Escrituras à realidade moderna.
Exemplo: já não empregam a palavra "reconciliação" no sentido bíblico
do homem reconciliar-se com Deus. “Redenção” já não é empregada no sentido
bíblico do homem ser salvo do pecado e do castigo. Em vez disto, dão-lhe
diferente “conotação”, e opinam que ela tem a ver com a melhoria social e
cultural da sociedade. "Missão" foi substituída por “diálogo”;
enquanto que “conversão” é um conceito inaceitável.
2. Princípio dois. As
palavras do texto bíblico devem ser interpretadas no sentido que tinham no
tempo do autor. Definir o correto sentido das palavras da Bíblia não chega a ser tão
difícil quanto possa parecer a princípio. No entanto, se algum esforço deve ser
feito neste sentido, vale a pena pagar o preço. Assim agindo, evitaremos nos
envolver com aqueles casos curiosos e jocosos como o do pregador que afirmou
com segurança que Jesus era músico. Indagado sobre que tipo de instrumento
Jesus tocava, disse ele: “esquife”, e citou a ressurreição do filho da viúva de
Naim, particularmente Lucas 7.14: “E, chegando-se, Tocou o esquife, e disse:
Mancebo, a ti te digo: Levanta-te”.
3. Princípio três. As
palavras do texto bíblico devem ser interpretadas em relação à sua sentença e
no seu contexto. O contexto é formado de todos os elementos de informação que circundam
o texto. Citemos um exemplo apenas. Imaginemos que você esteja lendo João 3.16,
e queira compreender melhor “Porque Deus amou o mundo de tal maneira...”. O que
fazer? Parta do texto escolhido (Jo 3.16), e estude-o à luz do seu contexto, no
caso todo o capítulo 3 do Evangelho de João.
4. Princípio quatro.
Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição
pode ser considerada figurada. As grandes passagens “Eu sou”, no Evangelho de
João, ilustram a regra onde objetos inanimados são usados para descrever um ser
vivo. Ali encontramos Jesus dizendo: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6.35); “Eu sou
a luz do mundo” (Jo 8.12); “Eu sou a porta” (Jo 10.9); “Eu sou o caminho” (Jo
14.6); “Eu sou a videira...” (Jo 15.1). É evidente que nenhum cristão e
cuidadoso estudante da Bíblia chegaria às raias do absurdo, a ponto de
acreditar que os substantivos “pão”, “luz”, “porta”, “caminho” e “videira” tenham
relação literal e não figurada com a pessoa de Jesus Cristo.
III. PRINCÍPIOS HISTÓRICOS
DE INTERPRETAÇÃO
l. Princípio um. Uma
palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entendê-la como
palavra viva, isto é, originada na alma do autor. A melhor maneira de se
conhecer uma pessoa é associando-se com ela. Assim também, a melhor maneira de
conhecer o autor dum livro é estudando diligentemente os seus escritos,
prestando especial atenção aos mínimos detalhes da sua vida. Por exemplo: quem quiser
conhecer a pessoa de Moisés, deve estudar o Pentateuco, especialmente passagens
como Êx 2.4; 16.15-19; 33.11;34.5-7; Nm 12.7,8; Dt 34.7-11. Quem quiser
conhecer o apóstolo Paulo deverá dar especial atenção a passagens como At 7.58;
8.1-4;9.1,2,22,26; 26.9; 13.46-48; Rm 9.1- 3; lª Co 15.9; 2ª Co 11; 12.1-11; G1
1.13-15; 2.11-16; Fp 1.7,8,12-18; 3.5- 14; l Tm 1.13-16.
2. Princípio dois. É impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que
ele seja visto à luz de suas circunstâncias históricas. Por circunstâncias,
entende-se tudo aquilo que não faz parte da vida normal duma pessoa, mas que
esta é levada a participar com o povo da sua época. Particularmente, quanto aos
escritores da Bíblia, eles estiveram sujeitos a circunstâncias geográficas,
políticas e religiosas; fatos que influíram sensivelmente nos seus escritos.
Por exemplo: a menos que compreendamos as circunstâncias políticas sob as quais
se achava o apóstolo Paulo, jamais poderemos compreender passagens como a de lª
Coríntios 12.3.
3. Princípio três. Uma vez
que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas
à luz da história. A compreensão desta regra não indica que tudo quanto a Bíblia contém só
deva ser explicado historicamente. Como revelação sobre- natural de Deus, é
concebível que a Bíblia contenha elementos que transcendem os limites do
histórico. A compreensão desta regra de interpretação determina, sim, que o
conteúdo da Bíblia seja, em grande parte, determinado historicamente, sendo,
portanto, na história que se encontra a sua explicação.
IV. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS
DE INTERPRETAÇÃO
1. Princípio um. Você
precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la
teologicamente. Melhor explicando esta regra de interpretação teológica do texto das
Escrituras, queremos dizer que você precisa entender o que diz a passagem linguisticamente,
antes de poder esperar entender o que ela quer dizer teologicamente, isto é, o
seu sentido, sua mensagem.
2. Princípio dois. Uma
doutrina não pode ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o
que a Escritura diz sobre ela. O propósito básico desta regra de interpretação é
determinar a verdade doutrinária do texto bíblico. É evidente que a Bíblia
inteira é a Palavra de Deus; toda ela é a verdade, e tudo nela é útil para a
nossa vida. Mas é igualmente importante lembrar que nem tudo na Bíblia tem o
mesmo valor, nem é útil da mesma maneira. Evidentemente a determinação da
legitimidade da doutrina não implica que algumas partes da Bíblia não sejam
verdadeiras e que outras o sejam. Entretanto, a verdadeira doutrina (as
passagens que declaram a vontade de Deus para o homem agora), é útil a nós de
uma maneira mais particular pelo fato de exigir alguma coisa de nós de forma
particular. Assim como Filipe foi usado como instrumento do Espírito Santo para
interpretar o texto de Isaías 53 ao alto oficial de Candace, resultando daí a
sua conversão a Cristo, de igual modo, Deus espera que sejamos fiéis
intérpretes da Sua Palavra no mundo hoje. Não impeçamos, pois que os homens
sejam abençoados por intermédio da fiel interpretação das Sagradas Escrituras.
A PREGAÇÃO E A BÍBLIA
INTRODUÇÃO
Qualquer pessoa que pensa de modo sério
acerca da situação da pregação em nosso século, forçosa- mente há de notar uma
contradição estranha. De um lado, reconhece-se que há necessidade de pregação
grandiosa, que é usualmente definida como sendo pregação expositiva. Do outro
lado, porém, a boa pregação expositiva, é praticamente inexistente. Os
seminários evangélicos (e até mesmos liberais) exortam os seus jovens, dizendo:
“Sejam fiéis na pregação... Passem muitas horas no seu gabinete, meditando
sobre a Bíblia... Tenham a certeza de que aquilo que dão ao povo é a Palavra de
Deus e não as suas próprias opiniões”. Apesar destas recomendações, é mui
grande o número de púlpitos de nossas igrejas, ocupa- dos, noites após noites,
por pregadores biblicamente iletrados.
I. POR QUE PREGAR A BÍBLIA
SAGRADA
Dentre as muitas razões por que devemos
pregar a mensagem unicamente baseada na Bíblia Sagrada, relacionamos as
seguintes:
1. Fomos chamados para
isto (2ª Tm 4.2). O ferreiro deve ser alguém habilitado para trabalhar com o ferro; o
pedreiro, com construções; o marceneiro, com madeira; o médico, com o bisturi;
e o pregador com a Palavra de Deus. O ferrador poderá ser capaz até de cingir
um anjo com um cinto de ouro, mas se não souber ferrar uma cavalgadura, ele não
será digno do nome que tem. De igual modo, o pregador que por qualquer pretexto
elimina a Bíblia da sua pregação, deveria mudar de ocupação. Tão grande foi o
crescimento alcançado pela Igreja primitiva, que os apóstolos foram levados a
dividir o seu tempo entre a pregação e a distribuição de bens entre os irmãos
mais pobres. Para resolver esse problema, os doze falaram à congregação,
dizendo: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às
mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios
do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante
negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da Palavra” (At 6.2-
4). Do mesmo modo, Deus nos chamou para sermos homens da Palavra.
2. A Bíblia é a Palavra de
Deus (Jr 1.12). Quanto mais cedo e melhor conhecermos a Bíblia, mais cedo e melhor
haveremos de compreender que Deus está moral e espiritualmente empenhado em
cumprir a Sua, e não as nossas palavras. Se queremos que a honra divina repouse
sobre o nosso ministério, de- vemos honrar a Palavra de Deus, fazendo dela o
tema das nossas mensagens. Como explicar a existência de pregadores cujo
ministério é de tão pouco ou de nenhum fruto? A resposta poderá estar numa das
seguintes razões:
a) Ele prega a Palavra de Deus, no entanto é
incapaz de crer que Deus vá cumpri-la.
b) Ele prega as suas próprias palavras e
espera que Deus as cumpra, como se Deus fosse, de fato, o seu inspirador.
II. COMO PREGAR A BÍBLIA
SAGRADA
Não basta ler, estudar, compreender e
interpretar a Bíblia. O pregador tem a responsabilidade de pregá-la de forma
racional e compreensível. Deste modo, uma mensagem bibliocêntrica, é uma
mensagem pregada.
1. Expositivamente.
A pregação expositiva é o “feijão com arroz” da mensagem evangélica. Por este
método de pregação, temas bíblicos dos mais difíceis se tornam claros e compreensíveis
até mesmo à mente das crianças. Este foi o método de pregação preferido por
Esdras e os oficiais da congregação de Israel. Neemias 8.8 diz que diante da
congregação eles “leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e explicando o
sentido, faziam que, lendo, se entendesse”.
2. Simplesmente. A pregação bíblica
dispensa a pompa da eloquência e as flores da retórica humana, para se fazer
compreendida. Paulo tinha sobeja razão quando disse aos coríntios que quando
esteve com eles, a sua palavra e pregação “não consistiu em palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder.”
(1ª Co 2.4).
3. Convincentemente. O poder convencedor do
Evangelho é uma característica inerente às Escrituras. No que tange ao
pregador, a autoridade da sua pregação é proporcional à sua submissão à Palavra
de Deus. Explicando melhor: o simples conhecimento intelectual das Escrituras
pode comunicar eloquência ao pregador; porém, se ele quiser exercer o poder de
convencer os seus ouvintes, precisa submeter-se inteiramente à ação do Espírito
Santo ao entregar a mensagem da Palavra de Deus. Lucas nos diz que Apoio, “com
grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras
que Jesus era o Cristo” (At 18.28).
III. ALCANCE DA PREGAÇÃO
BIBLIOCÊNTRICA
Já citamos a referência de lª Coríntios 2.4,
onde Paulo diz: “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder”.
No versículo 5, acrescenta o apóstolo do Senhor: “...para que a vossa fé não se
apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. Se podemos concordar
com Paulo de que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17), devemos,
então, pregá-la se quisermos que o povo de Deus tenha fé e seja abençoado.
1. A Palavra regenera. “Sendo de novo gerados,
não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus, viva, e
que permanece para sempre” (lª Pe 1.23).
2. A Palavra santifica. Santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade... e por eles me santifico a mim mesmo, para que
também eles sejam santificados na verdade” (Jo 17.17,19).
3. A Palavra sara. “E estava assentado em
Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca
tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que
tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés.
E ele saltou e andou” (At 14.8-10). Se quisermos que os crentes, membros de
nossas igrejas, sejam balizados com o Espírito Santo, e sejam alcançados pelo
favor do Senhor, a tempo e fora de tempo, preguemos a Palavra de Deus (2ª Tm
4.2).
A FAMÍLIA CRISTÃ E A
BÍBLIA
INTRODUÇÃO
A família é a mais antiga instituição da
Terra. Antes mesmo de estabelecer nações, civilizações e a própria Igreja, Deus
instituiu a família. Ela é a célula mater. da sociedade, o elemento essencial
da Igreja. A promessa da bênção divina sobre a vida de Abraão abrangia também a
sua família (Gn 12.2). Jacó se fez acompanhar da sua família quando, em atenção
ao mandado divino, voltou a Betel a fim de edificar um altar e prestar culto a
Deus (Gn 35.1-7). Josué disse que ele e a sua família serviriam ao Senhor (Js
24.15). Ao carcereiro, que indagou o que devia fazer para ser salvo, respondeu
o apóstolo Paulo: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua
casa" (At 16.31).
I. CONCEITO BÍBLICO DA
FAMÍLIA
No início do comentário desta lição,
afirmamos que a família é a mais antiga instituição da Terra. Ao instituí-la, parece
que Deus a organizou inspirado no relacionamento íntimo existente entre Ele e
os outros membros da Trindade, e demais seres que habitam o céu. O apóstolo
Paulo, particularmente, recomenda que marido e mulher tenham um relacionamento
inspirado na comunhão mística entre Cristo e a sua Igreja (Ef 5.22-33).
Portanto, o conceito bíblico quanto à família é de que ela tem uma missão e
vocação espiritual no mundo.
1. O esposo. Como cabeça da família
(Ef 5.23), o esposo crente tem ainda a responsabilidade de provedor e promotor
do bem-estar de sua esposa e filhos. A Bíblia mesma diz que “se alguém não tem
cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do
que o infiel” (lª Tm 5.8).
2. A esposa. A Bíblia realça o papel da
mulher, na família, na sociedade e na Igreja. À luz das Escrituras, a mulher
casada deve viver em sujeição a seu marido, amar a seus filhos e em obediência
ao Senhor. Tal submissão não a minimiza diante do marido e demais criaturas,
pelo contrário, honra-a e enobrece-a, pois que tudo quanto ela faz, o faz por
amor. (Ef 5.22-24).
3. Os filhos. Os filhos do casal são
bênçãos de Deus e devem ser desejados e aceitos com ações de graça. Aos pais
cabe a responsabilidade de protegê-los, sustentá-los, e ensiná-los a caminhar
nos santos e retos caminhos do Senhor (Dt 6.5-7; Ef 6.4). Dos filhos é exigido
amor, respeito e obediência para com seus pais e as demais pessoas. A Bíblia
atribui a longevidade dos filhos à obediência e honra devidas a seus pais (Êx
20.12; Ef 6.1-3).
II. A BÍBLIA NA VIDA DA
FAMÍLIA CRISTÃ
Uma vez que a família é uma instituição
divina, é de se esperar que ela dê lugar à operação da Palavra de Deus nas
vidas dos seus membros. Desde os mais remotos tempos da história do povo de
Israel, a bênção e a prosperidade estão condicionadas à observância da Palavra
de Deus (Dt 6.1-90).
1. A Bíblia é a
constituição divina (Dt 6.1-2). A Bíblia inteira, do Gênesis ao Apocalipse,
registra os mandamentos, os estatutos e os juízos promulgados por Deus. Deste»
modo a Bíblia se constitui na carta magna da família temente a Deus, que deseja
atravessar incólume as borrascas morais e espirituais que se abatem sobre a
ímpia sociedade.
2. A Bíblia é para ser
obedecida (Dt 6.2-3). Todos os membros da família (pais, filhos e netos) são desafiados a
guardar os estatutos e mandamentos do Senhor. Multiplicadas bênçãos são
prometidas à família que lê e observa a Bíblia, o compêndio das leis divinas.
3. A Bíblia inspira amor a
Deus (Dt 6.4-5). As pessoas tendem a se amar menos à medida em que desconhecem a
Bíblia e o Deus que as criou. A família cristã, porém, é chamada a se
constituir num modelo de amor e de obediência a Deus. Ao Israel dos seus dias,
e a nós hoje, escreve o profeta Moisés:
“Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.5).
4. A Bíblia deve afetar
todo o nosso ser (Dt 6.6). “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração”.
A palavra “coração”, aqui empregada, não se
refere àquele músculo propulsor do sangue que pulsa em nosso peito. No sentido
bíblico, o vocábulo coração refere-se à totalidade do nosso ser. Paulo compreendia
assim, quando disse: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda
a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos
e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl
3.16). Para ser fiel à vocação que Deus lhe deu a viver no mundo, a família
cristã deve permitir que a Palavra de Deus exerça influência sobre cada um de
seus membros, em seu viver diário.
5. A Bíblia deve ser o
tema da família (Dt 6.7-8). A ordem divina quanto à observância da Palavra de
Deus dada aos pais, era: "E as intimarás a teus filhos, e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por testeiras entre os teus
olhos”. Dentre as boas lembranças da minha infância, destacam-se,
evidentemente, os momentos que o meu pai passava com a Bíblia aberta diante de
mim e de meus irmãos, expondo a Palavra de Deus.
6. A Bíblia deve adornar a
nossa casa (Dt 6.9). “E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas”.
Esta era a ordem do Senhor às famílias que
compunham a nação de Israel. Do mesmo modo, Deus quer que na ornamentação de
nossa casa testemunhemos da sua Palavra. Conta-se dum pastor que visitando a
casa dum seu filho que estava prestes a se casar, ouviu do filho a seguinte
pergunta: "Que tal, pai, gostou da decoração da minha casa?" Ao que o
pai respondeu: “Tenho uma observação a fazer: Não há nada na sua casa que
demonstre que ela será ocupada por um casal crente”.
III. A BÍBLIA NO CULTO
DOMÉSTICO
O culto doméstico tem a vantagem, dentre
outras, de dar à Bíblia a primazia que ela merece dentro da família. Deste modo
ela vem a tornar-se num canal de bênçãos para todos os membros da família.
l. Guia para o pai. O pai de família, de
acordo com a Bíblia, é também sacerdote e profeta em benefício da sua casa.
Como sacerdote e profeta, ele tem o dever de conduzir os seus filhos a uma
perfeita e maior comunhão com Deus. Deve dar aos filhos a visão adequada da
pessoa do Deus da Bíblia. Deve interceder sempre em benefício de todos eles, a
fim de que sejam conservados irrepreensíveis, e o Senhor lhes perdoe pecados
por acaso cometidos. Jó foi um especial exemplo neste particular, e a forma
como agia nestas circunstâncias, se constitui num modelo para o pai de família
hoje (Jó 1.4-5). Para encontrar na Bíblia a orientação necessária à sua
família, o pai deve cultivar o hábito da leitura e meditação diárias na Palavra
de Deus. Só assim ele terá como conduzir a sua família em segurança.
2. Instrução para os filhos
(Pv 22.6).
Paulo atribui a fé não fingida de Timóteo à ação piedosa da sua avó Lóide e de
sua mãe Eunice, que lhe ensinaram, desde a infância, “as sagradas letras”
capazes de fazê-lo “sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2ª
Tm 1.5; 3.15). Quando o meu filho caçula completou seis anos, ele teve a
iniciativa de me pedir de presente uma bola de futebol. Perguntei-lhe: “Meu
filho, do que mais o Brasil está precisando: de jogadores de futebol ou de
pregadores do Evangelho?” Ele respondeu: “De pregadores”. “Então eu vou lhe dar
um Novo Testamento.” Adquiri um Novo Testamento e lhe dei de presente.
3. Conforto para a mãe. Nenhum trabalho de rotina
é levado a efeito ao longo de tanto tempo, quanto aquele que envolve as
responsabilidades domésticas duma mãe de família. Na verdade, se não fosse o
obstinado amor que ela demonstra ao executá-las, se tornaria uma carga
demasiadamente enfadonha para conduzir. A esposa e mãe cristã, leva grande
vantagem sobre as demais mulheres, pela compreensão que tem acerca da vontade
de Deus para com a sua vi- da. Esta compreensão decorre, evidentemente, da sua
comunhão com a Palavra de Deus. É na leitura e meditação diárias da Bíblia que
ela encontra força para vencer as lutas, e conforto para superar as frustrações
dos sonhos não realizados na sua vida como mulher, esposa e mãe. Se permitirmos
que a Palavra de Deus molde a nossa família, sem dúvida poderemos partilhar da
felicidade de Josué, e assim como ele dizer: “...eu e a minha casa serviremos
ao Senhor” (Js 24.15).
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