TEOLOGIA EM FOCO: A UNIDADE DA FÉ

sexta-feira, 12 de junho de 2020

A UNIDADE DA FÉ


Leitura Bíblica
Ef 4.1-13 “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que foste chamado, 2 - com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, em amor, 3 - Procurando guardar a unidade do espírito pelo vinculo da Paz: 4 - há um só corpo, e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5 - um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 - um só Deus  e Pai de todos, o qual é sobre todos e por todos, e em todos.”

INTRODUÇÃO
No cap. 4, Paulo faz uma transição, passando do aspecto doutrinário teológico tratado nos três primeiros caps., e parte para a doutrina dos deveres cristãos. Ele une doutrina e serviço para fortalecer a plasticidade do cristianismo instituído por Cristo. Portanto, o cristianismo não é constituído de um punhado de teorias, mas de deveres, isto é, a prática da doutrina ensinada. Nos primeiros dez versículos deste capítulo, Paulo sai do “todo” e parte para a individualidade.

UM ANDAR DIGNO DA ALTA POSIÇÃO

1. O enfático convite para participar da unidade (v. 1).
Paulo começa com “rogo-vos”, que no original é parakaleo, que significa “chamar para estar ao lado de alguém para auxiliar”. O apóstolo faz, de fato, um apelo veemente com o sentido de encorajar e exortar os crentes que tomem uma atitude no sentido de participarem da vida cristã em unidade. Ele se identifica, mais uma vez, como “o preso do senhor” para fazer entender um duplo sentido. Ele era “o preso do Senhor” por amor a Cristo, mas também preso fisicamente por causa de sua lealdade a Ele, e ao evangelho que pregava. Mesmo estando distante, Paulo sentia-se unido aos irmãos em todas as igrejas.

2. A vocação cristã (v. 1).
A palavra “vocação” neste versículo, tem um sentido de chamamento, aquele que nos trouxe para a salvação. A Bíblia destaca três sentidos especiais sobre a “vocação com que foste chamado”; é soberana (Fl 3.14), é santa, (2ª Tm 1.9; é celestial (Hb 3.14).

2. A dignidade da vocação cristã (v. 1).
A palavra digno, aqui refere-se ao comportamento do crente de modo a corresponder ao que Cristo tem feito por ele. Andar dignamente na vida cristã significa que, quando fomos chamados do mundo para formar um povo santo e especial, Deus quer que manifestemos nossa unidade espiritual, como é o caso de judeus e gentios, e vivamos uma vida digna da vocação divina de que fomos alvo. Agora Paulo passa do ensino doutrinário para a vivencia nesse ensino na vida diária do crente, Cl 1. 9 e 10; que diz: “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus;

QUALIDADES DA UNIDADE EM CRISTO

1. O andar e o serviço do crente (vs. 1-5 e 17).
Neste ponto encontramos as qualidades espirituais que caracterizam o crente que anda de “modo digno da vocação” (vs. 1 e 2 ), são quatro as qualidades da unidade em Cristo que devem ser cultivadas pelo cristão. Elas evitam que o poder da carne tome espaço na vida do crente. Elas sustentam a unidade espiritual do crente em Cristo, tais como humildade, mansidão, longanimidade e tolerância mútua (“suportando-vos uns aos outros”).

1.1. Humildade (v. 2). É impossível que o nosso andar seja digno dessa vocação sem humildade. Essa qualidade tem a ver com a adequada e justa maneira de nos ver diante de Deus. Ninguém é digno dessa chamada com presunção e orgulho. É preciso reconhecer-se dependente de Deus. Na língua original do Novo Testamento a palavra humildade significa “modéstia”. É uma qualidade que repudia o orgulho e o egoísmo. A Igreja sempre tem unidade quando os seus membros agem com humildade (Sl 138.6; Pv 11.2; Mt 11.29; Tg 4.6).

1.2. Mansidão (v.2). Esse termo significa literalmente, “gentileza”, “cortesia”, “consideração”. É uma qualidade importantíssima para a preservação da unidade do corpo de Cristo, pois o inverso da mansidão é exasperação. A mansidão não discute, nem resiste, nem teima contra a vontade de Deus. A mansidão não deve ser confundida com a atitude covarde, nem como falta de energia para tomar decisões. A mansidão é uma virtude cristã, que pode ser produzida pelo Espírito Santo em nosso caráter para agirmos com brandura nas horas de conflito (2ª Sm 16.11; Gl 6.1; 2ª Tm 2.25; e Tt 3.2).

1.3. Longanimidade (v. 2). Esta palavra tem sua raiz no latim longanimitate, que se traduz por duas outras palavras, “longo” e “animo”. A humildade e a mansidão transmitem a ideia de “suportar-nos uns aos outros em amor” para se viver em humildade. A longanimidade requer o equilíbrio nas ações em momentos adversos (Tg 5.10). Num mundo de tanto ódios, rancores, exasperações, a longanimidade se constitui numa qualidade vital para sobrevivência, especialmente para a unidade do corpo de Cristo. O longânime não se precipita em vingar o mal nem revidá-lo (Mt 5.3,5,7; 1ª Co 13.4; Gl 5.22; Cl 3.12).

1.4. Paciência (v. 2). O ato de suportar as fraquezas dos outros exige do crente uma disposição altruísta, isto é, requer dele uma atitude que deseja para os outros aquilo que deseja para si mesmo. É a capacidade de tolerar os mais fracos. Ela é adquirida através do Espírito Santo que vive no crente; quando temos o verdadeiro amor tornamo-nos tolerantes, pacientes e amáveis. Paulo escreveu, e nós já estudamos e já comentamos; no item III. Da lição de número 11, na 3ª parte de 1ª e 2ª aos Coríntios; o amor em ação, que o amor é paciente (1ª Co 13. 4-6).

1.5. A preservação da unidade do Espírito (v. 3). “A unidade do espírito” não pode ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na verdade e receberam a Cristo, conforme o apostolo proclamou nos capítulos (1-3). Os crentes devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os esforços ou organizações, humanos, mas pelo andar como é digno da vocação com que foste chamados (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade e o andar segundo o Espírito (vs.1-3,14,15; Gl 5.22-26). Não pode ser conseguida pela carne (Gl 3.3). São todas as qualidades apresentadas no v. 2, quando produzidas pelo Espírito Santo. A prática delas fortalece a unidade da Igreja pelo Espírito mediante o vínculo da paz. A paz é o elo que une cada crente com os outros pelo Espírito. E o vínculo entre Deus e o crente é a unidade do Espírito, a qual não é produzida pelo homem, por qualquer esforço humano.

III. SETE UNIDADES A SEREM MANTIDAS

A unidade do Espírito é firmada na unidade da Trindade divina. Nos vs. 4-6; encontramos algumas expressões que confirma a umidade da Trindade, tais como: Um só Espírito (v. 4); um só Senhor (v. 5); e um só Deus e Pai (v. 6); Para que haja um só corpo, a Igreja. O exemplo maior é o da trindade. Porém, a lição que Paulo queria ensinar nos vs. 4- 6; é sobre o tipo de unidade que mantém a Igreja, que é a unidade da fé e doutrina.

1. Há um só corpo (v. 4).
O texto de Ef 2. 15 e 16, representa o retrato da criação da igreja, sob a linguagem figurada do “novo homem” que forma um corpo, o corpo místico de jesus.

A igreja é a constituição de milhões de membros no mundo inteiro a formar, “um só corpo” (Rm 12.5; 1ª Co 10.7; 12.12-30).

Somos um só corpo, independente das diferentes denominações evangélicas, com exceção das falsas igrejas cristãs. Temos uma só cabeça espiritual, Cristo.

2. Há um só Espírito (v. 4).
A Igreja tem a vida do Espírito Santo, assim como o corpo dinamizado pelo espírito humano, o corpo de Cristo é dinamizado pelo Espírito Santo. É Ele a terceira pessoa da Trindade, que dá vida ao corpo de Cristo. Só faz parte desse corpo os regenerados pelo Espírito (2ª Co 5.17; Rm 8.9, 11; 1ª Co 12.12).

3. Há uma só esperança (v. 4).
A “esperança da nossa vocação”. Quando Deus nos chamou para a salvação, tornou possível o nosso futuro em Cristo. De que valeria o cristianismo se existisse somente o hoje, e nunca o amanhã. A obra que Cristo realizou no Calvário nos propiciou a esperança da glória. Esta esperança vem da Bíblia a qual nos assegura que um dia teremos a libertação do corpo de pecado e a obtenção de um corpo espiritual e glorioso, o qual jamais terá dores e morte (1ª Ts 4.16-18; 1ª Co 15.44, 52-54; Cl 3.4).

4. Há um só Senhor ( v. 5).
Uma parte essencial da fé e unidade cristã é a confissão de que há “um só Senhor”:

(1)“Um só Senhor” significa que a obra da redenção que Jesus efetuou é perfeita e suficiente e que não é necessário nenhum outro redentor ou mediador para dar ao crente salvação completa (1ª Tm 2.5 e 6; Hb 9.15; O crente deve aproximar-se de Deus, somente através de Cristo (Hb 7.25).

(2) Um só Senhor significa também, que devotar lealdade igual ou maior a qualquer autoridade secular ou religiosa) que não seja Deus, revelado em Cristo, e na sua Palavra inspirada, é a mesma coisa que recusar o senhorio de Cristo, e, portanto, da vida que somente n’Ele existe. Não pode haver nenhum senhorio de Cristo e nem unidade do Espírito (v. 3) a parte da afirmação de que o Senhor Jesus é a suprema autoridade para o crente, e de que esta autoridade lhe é comunicada na Palavra de Deus.

5. Há uma só fé (v. 5)
Trata aqui do nosso credo, aquela fé racional e espiritual que produz a vida, diz respeito ao corpo de doutrina da Bíblia que rege a vida cristã (Gl 1.23; 1ª Tm 3.9; 4.1; 2ª Tm 6.7; Jd 3). A Igreja rege e obedece a uma só fé, isto é, tem uma só doutrina.

7. Há um só batismo (v. 5).
Trata-se é evidente, do batismo como sinal físico e simbólico da nossa entrada no corpo de Cristo, e esse batismo e o realizado por emersão em águas; É o símbolo do sepultamento de um ser humano morto para o mundo: “ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte”? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo; na morte, Para que, como cristo ressuscitados mortos, pela Glória do Pai, assim andemos nós também, em novidade de vida (Rm 6.3-4).

8. Há um só Deus e Pai de todos (v. 6).
Em sentido geral e correto a afirmação segundo a qual “Deus é Pai de todos nós”. Evidentemente Deus é Pai de todos, mas não o é em um mesmo nível de relacionamento.

CONCLUINDO

Podemos dizer que, cada crente, em particular tem responsabilidade na preservação da unidade do corpo, colocando em pratica as qualidades que sustentam essa unidade; humildade, mansidão, longanimidade e paciência.

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