Deuteronômio
34.10
“E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor
conhecera face a face; 11- nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que
o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus
servos, e a toda a sua terra; 12- e em toda a mão forte e em todo o espanto
grande que operou Moisés aos olhos de todo o Israel.
Hebreus 11.23 “Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. 24- Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, 25- escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; 26- tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. 27- Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível. 28- Pela fé, celebrou a Páscoa e a aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos lhes não tocasse. 29 - Pela fé, passaram o mar Vermelho, como por terra seca; o que intentando os egípcios, se afogaram.”
Se há alguma coisa de valor transcendente que os líderes podem deixar aos sucessores é o seu legado. Queremos dizer com legado toda a disposição, tradição, exemplos e valores morais e espirituais, deixados pelo líder para o bem da igreja local.
Conta-nos a Bíblia a história de um rei
chamado Jeorão (2º Cr 21.4-20). Este era um opressor, sem qualquer
sensibilidade humana e que andava nos caminhos dos reis de Israel. Esse rei não
deixou qualquer legado edificante para os seus sucessores, ao ponto de o texto
bíblico descrever o sentimento do povo quando da sua morte, desse modo: “e
foi-se sem deixar de si saudades” (v.20). Que este não seja o legado dos
líderes cristãos!
INTRODUÇÃO.
Moisés nasceu quando Israel estava cativo
no Egito, durante os terríveis dias em que Faraó ordenou que todos os
recém-nascidos israelitas do sexo masculino fossem mortos (Êx 1.15,16).
Casou-se com Zípora, filha de Jetro, sacerdote de Midiã, descendente de Abraão
(Gn 25.1,2). Ele teve uma comunhão especial com o Senhor e nas Escrituras Sagradas
é repetidamente chamado de “servo de Deus”, pois “foi fiel em toda a sua casa”
(Hb 3.5). No último livro do Antigo Testamento, Deus chama Moisés de “meu
servo” (Ml 4.4), e no último livro do Novo Testamento ele é chamado “Moisés,
servo de Deus” (Ap 15.3). Moisés é uma figura tipológica de Cristo.
I. OS ÚLTIMOS DIAS DE MOISÉS
1. As palavras de despedida. O ministério de Moisés chegaria ao fim em breve. Consciente deste fato, ele se despede ensinando o seu povo a guardar as leis.
No capítulo 32 do livro de Deuteronômio,
temos o último cântico de Moisés. O servo do Senhor se despede com adoração e
louvor. Moisés de forma bem didática faz um resumo de toda a história de Israel
em forma de cântico. Segundo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, ele “fez o
povo lembrar de seus erros, a fim de que não mais os repetisse e suscitou a
nação a confiar apenas em Deus”.
2. Moisés incentiva o povo a meditar na Palavra. Moisés era um homem que amava os preceitos divinos. Por isso, antes de sua partida ele incentiva e reforça a ideia de que os israelitas precisavam ouvir e obedecer às ordenanças de Deus, a fim de que prosperassem enquanto nação. Sabemos que todos que amam e meditam na lei de Deus são bem-aventurados (Sl 1.1-6).
3. Moisés vê a Terra Prometida e morre. Antes de morrer, Moisés abençoou cada uma das tribos de Israel (Dt 33.1-29). Ele lutou em favor do seu povo e o amou até os últimos dias de sua vida. Ele foi fiel a Deus e à sua nação em tudo. Por ocasião de sua morte, por ordem de Deus, Moisés sobe até o monte Nebo e dali avista toda a Terra Prometida. Porém, não tem permissão para entrar nela. Moisés havia desobedecido a Deus ferindo a rocha (Nm 20). Ali no monte, solitário, o grande legislador vai se encontrar com o seu Deus. Ele foi sepultado pelo Senhor em um vale na terra de Moabe, todavia, o local nunca foi revelado a ninguém (Dt 34.6). Certamente Deus quis evitar que o local, assim como o corpo de Moisés, fossem venerados pelos israelitas. Durante trinta dias os israelitas choraram e lamentaram a morte de Moisés (Dt 34.8).
Parece injusto que o Senhor negue a Moisés
o acesso à Terra Prometida (Dt 31.2), por causa de uma explosão e descontrole
por parte daquele homem (1.37; cf. Nm 20.12). Mas Moisés, aquele homem que
havia recebido um privilégio especial, também foi incumbido de uma
responsabilidade especial. Deixar de cumprir a sua responsabilidade de uma
forma completa significava passar a ter uma má reputação, tanto para si mesmo
como para o seu Deus. Por este motivo, ele não pôde entrar na terra, com a nova
geração.
A prendemos com o mestre Jesus quando diz:
“E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe
confiou, muito mais se lhe pedirá.” (Lc 12.48).
4. Moisés nomeia seu sucessor (Dt 31.1-8). É necessário começar bem um ministério e terminá-lo de igual forma. Moisés preparou Josué para que este fosse o seu sucessor. O Legislador de Israel tinha consciência de que seu ministério um dia findaria. É muito importante que o líder do povo de Deus tenha esta consciência e prepare os seus sucessores ainda em vida, assim como fez Moisés (Dt 34.7-9).
Em seus últimos dias de vida, Moisés
dispensou palavras de advertências e exortações ao povo. Em seguida, viu a
Terra Prometida e morreu.
II. MOISÉS, PASTOR DE ISRAEL
1. Homem de Deus. No final de sua carreira, Moisés é chamado nas Escrituras de “homem de Deus” (Dt 33.1). Ele é também pastor e líder do povo de Israel sob a mão de Deus (Sl 77.20). Assim, Homem de Deus é o homem a quem Deus usa como Ele quer.
2. Homem de oração. A vida de intensa oração de Moisés resultou em força, coragem, destemor, sabedoria e humildade, pois o povo de Israel era na época muito desobediente, murmurador e carnal. Moisés era um homem muito ocupado com seus encargos, mas conseguia levar sempre muito tempo em oração intercessória pelo povo. Era com a sabedoria do Alto que Moisés orava. Um exemplo disso está em Êxodo 33.13, quando ele diz: “rogo-te que [...] me faças saber o teu caminho”. No versículo 18, ele ora em continuação: “Rogo-te que me mostres a tua glória”. Essas duas orações não devem ser invertidas pelo crente, como alguns fazem por imaturidade ou fanatismo.
Moisés intercedeu diante do Senhor pedindo
para entrar na tão sonhada Terra Prometida, mas Deus negou esse pedido (Dt
3.23-25).
Oremos sempre uns pelos outros, inclusive
pelos desconhecidos. Intercedamos “por todos os homens” (1ª Tm 2.1), a fim de
que alcancem a eterna Jerusalém.
3. Homem de fé. Moisés agia por fé em Deus (Hb 11.24-29), daí a quantidade de milagres realizados pelo Senhor através dele. Seus pais foram campeões da fé (Hb 11.23), pois a fé em Deus opera milagres (Mt 17.18-21; At 3.16; 6.8;). Aliás, um dos dons espirituais é o da fé (1ª Co 12.9); fé para operar maravilhas.
Moisés e Arão realizaram muitos milagres
perante Faraó e seus oficiais no período que precedeu a saída de Israel do
Egito (Êx 4-12). Esses milagres em forma de catástrofes tinham por objetivo
demonstrar publicamente que os deuses do Egito nada eram diante do Deus verdadeiro
e único de Israel (Êx 12.12; Nm 33.4).
Moisés como pastor de Israel era um homem
de Deus, de oração e de fé.
4. O Legado de Moisés. Moisés foi um importante profeta, poeta, legislador e acima de tudo servo do Senhor valoroso. Um homem de muita fé. A fé de Moisés fez com que ele acreditasse no impossível. Sem fé não teria conduzido por tantos anos um povo rebelde e contumaz. Sua vida foi um milagre, pois ainda bebê foi salvo da morte por seus pais. Embora tenha sido criado no Egito, ele se identificou com o seu povo (Hb 11.5). Moisés viveu no Egito, foi criado pela filha de Faraó, mas nunca permitiu que o Egito entrasse em seu coração. A Palavra de Deus nos exorta: “Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12.2), o Egito é um tipo do mundo. Não podemos nos adequar à maneira de ser mundana. Vivemos neste mundo, mas não pertencem os a ele, estamos aqui de passagem. Em breve veremos não a Terra Prometida, mas a Nova Jerusalém.
Moisés foi escolhido e preparado pelo
Senhor para conduzir os hebreus até a Terra Prometida. O povo peregrinou
durante quarenta anos pelo deserto, e certa vez, Deus desejou exterminar o povo
ali mesmo e prometeu a Moisés que faria dele uma grande nação: “Agora, pois
deixa-me, que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e eu farei de ti
uma grande nação” (Êx 32.10). Todavia Moisés não buscava somente favores
divinos para si. Ele amava seu ministério e suas ovelhas e intercedeu em favor
delas (Êx 32.11-14). Moisés foi testado pelo Senhor. Deus também testa a
fidelidade e o amor daqueles que Ele chama para conduzir seu povo. Tem você
sido fiel?
Moisés era homem e como tal um dia seu
ministério chegaria ao final. Porém, como líder ele se preocupava com seu povo
e desejava instruí-los para que depois de sua partida continuassem tendo a Deus
como o soberano e único Senhor. Antes de partir e estar para sempre com o
Senhor, Moisés se preocupou em deixar toda a lei escrita, assegurando que o
povo jamais a abandonaria.
Depois de atravessar o mar Vermelho,
Moisés cantou um hino de adoração e louvor ao Senhor pela passagem e livramento
milagroso. Perto de passar desta vida para a eternidade, Moisés canta novamente
adorando a Deus. Seu cântico é um resumo de tudo que Deus fez em favor do seu
povo. Moisés era grato a Deus por todos os Seus feitos. Moisés começou bem sua
carreira e terminaria os seus dias também bem, todavia por desobedecer a Deus
ele não entrou na Terra Prometida. Moisés vê a Terra Prometida e morre. O local
da sua sepultura é um mistério que somente será revelado na eternidade.
III. APRENDENDO COM MOISÉS
1. A cultivar comunhão com Deus. “Cultivar”, significa incentivar, preparar para o crescimento. Muito antes de as primeiras flores aparecerem ou os sinais do fruto serem vistos, muito foi feito para preparar a planta para o fruto esperado. O lavrador cuida da planta com zelo para que esta seja mais produtiva. Este processo de carinho e atenção é o cultivo. É em nossa relação com Deus, mediante a comunhão contínua, que nossa vida é mudada e desenvolvida em direção à realização plena. Como filho de Deus, você desfruta de plena comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Cultive, como Moisés, esta comunhão, passando mais tempo com Deus em oração, leitura da Palavra e adoração. Moisés foi um homem que cultivou uma comunhão bastante íntima com Deus.
2. A ter comunhão com outros crentes. Através da vida de comunhão com os santos, você é incentivado a viver a vida cristã saudável e abundante. Os primeiros cristãos tinham comunhão diária entre si (At 2.46). Não admira que suas vidas fossem testemunhos poderosos do Evangelho e fizessem com que as pessoas tivessem sede de salvação. Havia uma colheita diária de almas, à medida que o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos (At 2.46,47). Moisés prezava pela comunhão em família e com todo o povo de Deus. Sigamos de perto o seu exemplo e busquemos a comunhão com os nossos irmãos, pois estamos também todos caminhando rumo à Terra Prometida.
3. A aceitar o ministério de líderes piedosos. Os líderes são instrumentos de Deus para alimentar e nutrir seu povo. Efésios 4.11-13 enfatiza que o propósito dos ministérios de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores na igreja é edificar o povo de Deus. Quando você aceita e aplica os ensinos de Deus, que nos são proporcionados por meio dos líderes que Ele chamou, você é levado a um lugar de maior fertilidade e de crescimento (Ef 4.16). Toda vez que os hebreus deixavam de obedecer a Moisés eles pecavam e eram grandemente prejudicados. Quando Miriã se rebelou contra a liderança de Moisés, seu irmão, ela ficou leprosa e o povo todo não pôde partir. Todos ficaram retidos pela desobediência de uma única pessoa.
4. A ter cuidado com os inimigos. Ao entrarem na Terra Prometida, os israelitas tinham de destruir as nações ímpias que ali viviam. Esse era o plano de Deus, mas Israel não o seguiu. Em consequência disso, o povo de Israel foi seduzido pelos maus caminhos desses povos (Sl 106.34-36). Essa experiência é um aviso para nós. Cuidado com o Inimigo e as suas propostas. Vigie para que você e sua família não sejam seduzidos pelas coisas deste mundo. O mundo e a sua concupiscência é passageiro, mas os valores de Deus e a sua Palavra são eternos.
A vida de Moisés nos ensina a cultivar a
comunhão com Deus e com o próximo, a piedade e a prudência.
CONCLUSÃO.
Moisés cumpriu sua carreira com fé em
Deus, coragem e determinação. Em tudo ele buscou ser fiel ao Senhor. Sigamos o
exemplo deste líder a fim de que possamos viver com sabedoria e a agradar a
Deus em toda a nossa maneira de viver.
Antônio Gilberto. O legado de Moisés. Lições Bíblicas - 1º Trimestre de 2014. CPAD Rio de Janeiro – RJ.
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