TEOLOGIA EM FOCO: TABERNÁCULO – UM LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS

terça-feira, 22 de junho de 2021

TABERNÁCULO – UM LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS

 


Êx 25.1-9 Então falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. 3- E esta é a oferta alçada que recebereis deles: ouro, e prata, e cobre,4- E azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabras, 5- E peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de acácia, 6- Azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso, 7- Pedras de ônix, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral. 9- E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. 10- Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis.”

INTRODUÇÃO

“O Tabernáculo – Símbolos da Obra Redentora de Cristo”. Nesta primeira lição, definiremos a palavra tabernáculo; faremos algumas considerações sobre este templo móvel; quais os propósitos de Deus ao ordenar a Moisés que erguesse essa tenda; e, por fim, abordaremos que o tabernáculo e seus utensílios prefiguram a pessoa do Messias Jesus e Sua obra na cruz do Calvário em favor do mundo.

I. DEFININDO O TABERNÁCULO

O tabernáculo era uma tenda portátil que os israelitas carregaram nos 40 anos de vagueações no deserto e durante seus anos na Terra Prometida até que Salomão construiu o primeiro templo. Geralmente chamava-se “tenda” ou “tabernáculo” por sua cobertura exterior que o assemelhava a uma tenda (Êx 26.1; Lv 8.10; Nm 1.50; Js 22.19). Também se denominava “tenda da congregação” porque ali Deus se reunia com o seu povo (Êx 29.42-44). Visto como continha a arca e as tábuas da lei, chamava-se “tabernáculo do testemunho” (Êx 38.21). Chamava-se, além disso, “santuário” porque era uma habitação santa para o Senhor (Êx 25.8). No hebraico os dois termos principais para tabernáculo são “Bayith”, “casa”, e, “Miqdash”, “sagrada” (CHAMPLIN, 2004, p. 124).

II. CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TABERNÁCULO

Depois de haver resgatado o povo de Israel da escravidão, Deus lhes deu um código de Leis (Êx 20-23); orientou-lhes também sobre um tabernáculo, como um lugar específico de adoração (Êx 25.1-8); os ministros do culto (Êx 28.1-43); as ofertas para o culto (Lv 1-4); e, as festas que deveriam anualmente ser celebradas como culto (Lv 23.1-44). Vejamos algumas considerações sobre o tabernáculo:

1. Idealizado por Deus. O livro de Gênesis nos mostra que os patriarcas costumavam construir altares em diversos locais de acordo com a sua peregrinação, não havendo, portanto, um lugar fixo para adoração a Deus (Gn 8.20; 12.8; 13.18; 26.25; 35.7). No entanto, na ocasião em que Deus redimiu o povo de Israel da escravidão no Egito, o conduziu ao deserto, o Senhor ordenou-lhes que construíssem um lugar pudesse estar no meio do Seu povo. A ideia da construção do tabernáculo foi divina, não humana: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8). O tabernáculo que era um templo móvel, que com o passar do tempo foi substituído por um templo fixo, arquitetado por Davi e construído por seu filho Salomão (1º Cr 28.6). A afirmação de que no NT não se faz necessário um templo é um equívoco, pois Jesus frequentava o templo (Mt 21.14; 26.55; Lc 19.47); e, os discípulos da igreja primitiva também (At 2.46; 5.25; 5.42).

2. Foi construído com as contribuições do povo. Para a edificação deste lugar de adoração, Deus ordenou que Moisés recolhesse do povo as contribuições, que fossem dadas voluntariamente: “Fala aos filhos de Israel, que me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada” (Êx 25.2). O relato de Moisés nos diz que Deus especificou os materiais necessários para a construção dessa casa sagrada (Êx 25.3-7). Estas ofertas foram custosas, pois se calcula que por si sós equivaleriam hoje a mais de um milhão de dólares” (HOFF, 1995, p. 71). Interessante que a Bíblia não somente registra as contribuições para a edificação desta casa, como também fala de que era responsabilidade do povo a manutenção dela, e dos ministros que vivem exclusivamente para o trabalho do Senhor (Nm 18.19-21). Esta manutenção se dá por meio entrega dos dízimos e das ofertas: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa…” (Ml 3.10). Este mesmo princípio é válido no NT para os obreiros que vivem exclusivamente para a obra (Lc 10.7; 1ª Co 9.9-14; 1ª Tm 5.17,18).

3. Foi revelado a Moisés. Deus não somente ordenou a Moisés a construção do tabernáculo como, no monte, mostrou-lhe o modelo “conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo…” (Êx 25.9), e, também especificou os materiais e os móveis que deveria ter, com uma grande riqueza de detalhes (Êx 25-27). Ensina a grande lição de que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados com o culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o culto prestado segundo prescrições de homens. Por isso mais duas vezes no livro de Êxodo o Senhor exorta a Moisés dizendo: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40); e, “Então levantarás o tabernáculo conforme ao modelo que te foi mostrado no monte” (Êx 26.30).

4. Uma representação das coisas celestes. A palavra de Deus para Moisés sobre o tabernáculo foi: “Atenta, pois, que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êx 25.40). O escritor da epístola aos hebreus assevera que existe um tabernáculo celeste e que o tabernáculo terrestre é uma representação dele: “os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hb 8.5-a). O autor usa os termos gregos “hypodeigma” e “skia”, traduzidas aqui como “exemplo” e “sombra” Portanto, cada detalhe exposto na sombra – tabernáculo terrestre, que era um tipo, tinha o propósito de aproximar-se da realidade, isto é, do antítipo – tabernáculo celeste” [GONÇALVES, 2017, p. 70 ].

III. O PROPÓSITO DO TABERNÁCULO

Quando Deus ordenou a Moisés que construísse esta casa sagrada, Ele tinha em mente pelo menos três motivos. Notemos:

1. O lugar do encontro de Deus com o Seu povo. Deus desejava habitar com o Seu povo e quando ordenou a construção do tabernáculo tinha esse objetivo: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8).

2. O lugar onde o povo ofertaria ao Senhor. Era para este lugar que cada israelita deveria trazer suas ofertas e apresentá-las ao Senhor, seja para se redimir (Lv 1.1-9), ou ações de graças, voto ou oferta voluntária (Lv 7.11-21).

3. O lugar onde o povo se redime com Deus. Além dos sacrifícios diários que os hebreus poderiam apresentar a fim de redimirem diante de Deus (Lv 1-4); havia também no tabernáculo, anualmente, o Dia da Expiação onde nacionalmente o povo se redimia com Deus (Êx 30.10; Lv 16.1-34).

IV. O TABERNÁCULO PREFIGURA CRISTO JESUS

A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Vejamos em que o tabernáculo revela a pessoa de Cristo Jesus:

1. O próprio tabernáculo (Êx 25.8). O corpo humano é chamado na Bíblia de tabernáculo (2 Co 5.1,4; 2 Pd 1.13,14). Quando o evangelista João falou sobre a encarnação de Cristo, ele afirmou que “…o Verbo se fez carne, e habitou entre nós…” (Jo 1.14). A palavra grega “eskenosen” traduzida por “habitou”, neste caso, se deriva do substantivo “skenoõ” que significa “tenda”; e é bem provável que apesar desse vocábulo ser usado no simples sentido de “habitar”, sem qualquer referência à sua etimologia, contudo, o autor deste evangelho talvez tenha querido fazer uma definida alusão ao tabernáculo, armado no deserto (Êx 25.8,9; 40.34) [CHAMPLIN, 2005, p. 272.

1.1. O propósito do tabernáculo cumpre-se literalmente no Messias. Notemos:

a. No tabernáculo Deus se revelava ao seu povo – Cristo é a maior e mais perfeita revelação de Deus (Jo 14.9; Hb 1.1; Cl 1.15);

b. O tabernáculo comportava a glória de Deus: em Cristo habita a plenitude da divindade (Cl 2.9);

c. O tabernáculo era o lugar onde o povo se redimia com Deus: Cristo é aquele que reconcilia o homem com Deus e só por Ele o homem pode ir a Deus (Jo 14.6; At 4.12; 2ª Co 5.18-20).

Os móveis do tabernáculo. Tanto o tabernáculo em si quanto os seus utensílios que havia no seu interior prefiguram a pessoa de Cristo. Notemos:

2. O tabernáculo e os móveis, representam Cristo Jesus.

2.1. O tabernáculo (Êx 25.8). A encarnação de Cristo (Jo 1.14; Fp 2.7; 1ª Jo 1.1,2).

2.2. O altar do holocausto (Êx 27.1-8). O sacrifício de Cristo (Hb 9.12-14; 25-28;10.10-14; 13.10).

2.3. A pia de bronze (Êx 30.17-21). A purificação por Cristo (Jo 15.3; Ef 5.26; 1ª Co 6.11).

2.4. O candelabro (Êx 25. 31-40). A iluminação de Cristo (Jo 8.12; 9.5; 12.46; Ap 1.13,20).

2.5. A mesa com os pães da proposição (Êx 25.23-40). A provisão de Cristo (Jo 6.32,48)

2.6. O altar do incenso (Êx 30.1-10). A intercessão de Cristo (Rm 8.34; Hb 7.25).

2.7. A arca da aliança (Êx 25.10-16). A presença de Cristo (Mt 18.20; 28.20; Jo 14.23).

3. Os sacrifícios no tabernáculo. Aos sacerdotes foi dada a responsabilidade de comparecer diante de Deus com ofertas e sacrifícios (Hb 5.11). Embora estes sacrifícios tenham sido instituídos por Deus, eles não eram plenos, pois:

3.1. Eram repetitivos (Hb 10.11);

3.2. Não limpavam à consciência (Hb 9.9);

3.3. Não purificavam os pecados (Hb 10.4).

Isaías profetizou que um homem faria expiação pelos pecados da humanidade (Is 53.1-12). Igualmente o salmista (Sl 40.6-8). O escritor aos hebreus cita este texto para mostrar que profeticamente se cumpriu em Jesus, quando este encarnou e vivendo de forma perfeita entregou o seu corpo como oblação pelo nosso pecado (Hb 10.5-9).

4. Os ministros do tabernáculo. O sacerdote, termo que no hebraico é “kohen”, era o ministro divinamente designado, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8).

O sacerdócio de Arão prefigurava o de Cristo (Hb 2.17,18; 4.14-16; 5.1-4; 7.11). No entanto, o sacerdócio de Cristo é superior, quanto a:

4.1. Perfeição moral (Hb 7.26-28);

4.2. Função mediadora (Hb 5.5,6,10; 7.21);

4.3. Consagração permanente (Sl 110.4; Hb 2.17; 7.26-28);

4.4. Intercessão nos céus (Hb 2.18; 7.25);

4.5. A oferta de si mesmo (Hb 9.14; Hb 10.10).

CONCLUSÃO

O tabernáculo foi idealizado por Deus e edificado com as contribuições dos hebreus, com o propósito de que neste lugar Deus habitasse entre o Seu povo e dele recebessem ofertas. Esta casa sagrada e os seus móveis prefiguram Cristo e a Sua obra redentora em prol de todos os homens.

REFERÊNCIAS

1. CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.

2. CABRAL Elienai. Tabernáculo – um lugar da habitação de Deus. Lições bíblicas 2º Trimestre 2019. CPAD Rio de Janeiro RJ.

3. GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé.

4. HOFF, Paul. O Pentateuco.

5. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Nenhum comentário:

Postar um comentário