Skandalon é a palavra que a ARA traduz por “escândalo”, “tropeço”, “armadilha”, e “cilada”, e skandalizein é o verbo correspondente. O que há de interessante nesta palavra é o fato de ela ter por trás de si não um retraio, mas dois, e a distinção entre os dois freqüentemente nos oferecerá um quadro muito mais vívido.
A palavra skandalon não é de modo algum uma palavra do grego clássico. É grego posterior, no clássico é skandaléthron, que significa “a vareta com isca na armadilha”. O skandaléthron era o braço ou a vareta em que a isca era fixada. O animal para o qual a armadilha era armada era levado pela isca a tocar ou pisar na vareta; a vareta acionava uma mola, e assim o animal era conduzido à sua captura ou destruição. No grego clássico a palavra significa “armadilhas verbais” armadas para levar uma pessoa a ser derrotada num argumento. Portanto, fica claro que a qualidade original da palavra não era tanto “uma pedra de tropeço” para fazer alguém tropeçar, mas uma “atração” para levar alguém à destruição.
A palavra grega skandalon é usada para traduzir duas palavras hebraicas:
· É usada para traduzir a palavra michsol, que bem claramente significa uma “pedra de tropeço”. Assim está em Lv 19.14: “Não porás tropeço diante do cego”. É usada assim no Sl 119.165: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço”.
· É usada para traduzir a palavra mokesh, que certamente significa “um laço” ou “uma armadilha”. Sendo assim, declara-se em Js 23.13 que as alianças com as nações estrangeiras são “laços” e “redes”. No Sl 140.5 o salmista diz que os soberbos ocultaram “armadilhas” e cordas contra ele; estenderam uma “rede” à beira do caminho; armaram “ciladas” contra ele. No Sl 141.9 o salmista ora: “Guarda-me dos laços que me armaram, e das armadilhas dos que praticam iniqüidade”. No Sl 69.22 o salmista diz: “Sua mesa torne-se-lhes diante deles em laço, e a prosperidade em armadilha”. A idéia é que o sucesso e a prosperidade podem tomar-se em armadilha em lugar da bênção.
Na Septuaginta, portanto, a palavra skandalon tem duas idéias por trás dela: “uma pedra de tropeço”, objeto colocado no caminho de um homem para fazê-lo tropeçar, ou “uma armadilha”, “uma isca”, “um engodo” para atraí-lo para fora do seu caminho e assim arruiná-lo.
No NT descobrimos que a ARA quase sempre traduz skandalon por “tropeço”, palavra esta que é melhor entendida quando vamos àquelas passagens com o sentido duplo de skandalon em nossas mentes; achamos que em certas passagens o outro significado oferece um quadro mais vivo.
Em Mt 13.41 diz-se que o Filho do homem removerá todos os skandala do Seu Reino. Quando o Reino vier, todas as coisas que pretendem levar o homem a pecar, todas as coisas que poderiam fazê-lo tropeçar, todas as coisas que o atrairiam e o seduziriam para o caminho errado serão removidas. O Reino será um estado de coisas onde a tentação perderá o seu poder.
Há algumas passagens onde o significado “pedra de tropeço” é mais apropriado, ou onde é até mesmo essencial. Em Rm 14.13 somos proibidos de colocar “tropeço” ou “escândalo” ao nosso irmão. A palavra aqui traduzida “escândalo” é proskomma, que significa “barreira”, “impedimento”, “obstáculo que bloqueia a estrada”. É a palavra que seria útil para descrever uma árvore que foi cortada e colocada atravessando a estrada para bloqueá-la. Nunca devemos praticar ou permitir coisa alguma que seja um obstáculo no caminho para a bondade. Em Mt 13.21 declara-se que o ouvinte superficial da palavra é “escandalizado” (skandalizein) pela perseguição. A perseguição é um tropeço que o impede de avançar pelo caminho cristão. Os fariseus “se escandalizaram” com Jesus e Suas palavras (Mt 15.12). Jesus prediz que todos os Seus discípulos se “escandalizarão” com Ele (Mt 26.31). Os falsos mestres armam “ciladas” diante dos outros (Ap 2.14). Os judeus acham a cruz de Cristo um “escândalo” (lª Co 1.23; Gl 5.11). Em todos estes casos, as palavras significam algo que impede o progresso de um homem, algo que o faz tropeçar, algo que lhe impede o caminho. Esse “algo” pode provir da atuação maliciosa dos outros, ou pode provir do preconceito e orgulho do próprio coração do homem.
Jesus avisou com bastante franqueza: “Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Aí do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!” (Mateus 18.6-7).
Segundo o ensino de Jesus, quem arruinar espiritualmente uma criança, ou um crente sincero, incorrerá em maior ira de Cristo.
Pastores, padres, professores e principalmente os pais devem prestar atenção especial a esta palavra de Cristo. É responsabilidade dos pais e mestres instruírem as crianças nos caminhos de Deus.
Jesus diz que inevitável o homem trazer escândalo. Mas, também adverte com um “ai” de juízo para aquele que escandalizam a obra de Deus pelos seus maus atos. Seria melhor atar uma pedra de moinho no pescoço e se jogar no mar. Teriam uma condenação menos acentuada no inferno.
Em Romanos 14.13 somos proibidos de colocar “tropeço” ou escândalo ao nosso irmão. A palavra aqui traduzida “escândalo” é proskomma, que significa “barreira”, “impedimento”, “obstáculo que bloqueia a estrada”.
O verdadeiro ministro não coloca “barreiras” ou “impedimento”, para aqueles que desejam entrar no reino de Deus, pois se agir assim está se tornando um fariseu.
Pr. Elias Ribas
Excelente artigo sobre pedra de tropeço, li e recomendei...Deus o abençoe pastor...
ResponderExcluirgostei muito desse artigo, é bem esclarecedor. que o Senhor continue lhe usando na terra dos viventes!
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