TEOLOGIA EM FOCO: OS SACRIFÍCIOS PELOS PECADOS VOLUNTÁRIOS – Lv 6

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

OS SACRIFÍCIOS PELOS PECADOS VOLUNTÁRIOS – Lv 6



 O significado de Levítico 6 trata da lei das ofertas. Na seção conhecida como “a lei das ofertas”, os regulamentos adicionais eram principalmente para o benefício dos sacerdotes oficiantes. Esses regulamentos são tratados na discussão dos capítulos 3 e 4. 

A seção a seguir (Levítico 6.1-30) é um complemento ao capítulo 1-6.7, que contém os regulamentos dirigida aos sacerdotes relacionados ao ritual dos vários sacrifícios. Embora os capítulos atuais listem as ofertas em uma ordem ligeiramente diferente dos capítulos anteriores, as mesmas cinco categorias são tratadas: a oferta queimada (Lv 6.8-13; ver 1.1-17); a oferta de cereais (Lv 6.14-23; ver 2.1-16); a oferta pelo pecado (Lv 6.24-30; 4.1; 5.13); a oferta pela culpa (Lv 7.1-10; Lv 5.14; 6.7) e a oferta de paz (Lv 7.11-38; ver Levítico 3.1-17). 

I. PECADOS VOLUNTÁRIOS CONTRA O SENHOR E CONTRA O PRÓXIMO 

Quando o pecador negar devolver o penhor, roubar, extorquir, mentir quando achar algo perdido, jurar falsamente. 

Lei da Expiação e da Culpa. Levítico 6.1-7 “Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: 2- Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o Senhor, e negar ao seu próximo o que lhe deu em guarda, ou o que deixou na sua mão, ou o roubo, ou o que reteve violentamente ao seu próximo. 3- Ou que achou o perdido, e o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma pecar. 4- Será pois que, como pecou e tornou-se culpado, restituirá o que roubou, ou o que reteve violentamente, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou. 5- Ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. 6- E a sua expiação trará ao Senhor: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação, para expiação da culpa trará ao sacerdote. 7- E o sacerdote fará expiação por ela diante do Senhor, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se culpada.” 

1. Culpado negando ao seu próximo. Ofensas causadas às pessoas em questões de bens pessoais ofendem a lei de Deus, que deixa de forma bem clara como deve ser o relacionamento com o próximo (Lv 19.18). Jesus foi enfático a respeito desse mandamento no Seu ministério (Mt 22.39), e também os apóstolos (1ª Jo 4.20).

Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão. (1ª Jo 4.20-21). 

2. Prejuízos causados ao próximo. As instruções do Senhor também tratavam acerca dos prejuízos causados ao próximo em questões de propriedades que dizem respeito ao logro (algo que alguém deixou em depósito de outrem), roubo, ou ganho injusto por extorsão (agiota). A não devolução de algo achado quando se conhece o dono e outras semelhantes são situações mais próximas de atos de pecados conscientes e voluntariosos que precisavam ser confessados para que se tornassem conhecidos (Lv 6.1-7). Essas ações eram puníveis (Êx 22.7-13), pois pecar contra o próximo, dentro do concerto dado por Deus ao povo de Israel, era pecar contra o próprio Deus. 

Um grande problema em todas as épocas na sociedade é a ganância do homem. O desejo de possuir torna o ser humano frio, desumano e insensível para com o próximo. 

3. Reparando o dano. No pecado contra o próximo era necessário primeiro fazer a reparação do dano para poder depois trazer a oferta perante o altar. A Palavra de Deus não se contradiz, por isso Jesus ensinou aos Seus discípulos que antes da oferta o dano deve ser reparado (Mt 5.23-24). O transgressor, antes que pudesse ser perdoado, deveria fazer a restituição apropriada. A penalidade visava inculcar nos transgressores a importância da honestidade e responsabilidade no convívio social. Trazer a oferta, mas não restituir ao próximo não expiaria o pecado do transgressor. Há situações que não basta apenas orar, é preciso antes pagar o que se deve.

Desde que o pecado defraudou alguém, necessário é que haja restituição para a parte ofendida. A característica distinta das ofertas pela culpa era o pagamento de restituição com acréscimo, conforme determinava a lei, sem se importar se esta fosse para Deus ou para uma pessoa humana. “O carneiro das ofertas pela culpa não fazia parte da restituição, mas era a expiação pelo pecado, diante de Deus” (F. Duane Lindsey). A oferta da culpa ilustra a grande seriedade e gravidade do pecado e a eficácia do sacrifício de Cristo, que deu satisfação e plena reparação ao nosso favor diante de Deus.

Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. (Mt 5.23,24). 

4. A necessidade da oferta pela culpa. Quando Jesus purificou os leprosos, mandou que eles se apresentassem ao sacerdote (Mt 8.4; Lc 17.14), porque havia a necessidade de oferecer a oferta pela culpa para que os mesmos fossem declarados limpos. Jesus veio para cumprir a lei, e, se era essa a exigência da lei, precisava que fosse cumprida. A profanação do nazireado também exigia a expiação da culpa: “Então separará os dias do seu nazireado ao Senhor, e para expiação da culpa trará um cordeiro de um ano” (Nm 6.12).

Deus exige um comportamento honroso entre os seus semelhantes, uma existência com ética nos relacionamentos sociais, uma existência com liberalidade. Quando assim não acontece, um encargo precisa ser acrescentado. Este é o sacrifício da oferta pela culpa. Este sacrifício nos ensina que alcançamos o perdão da culpa quando observado o que está contido no texto bíblico: reconhecimento do pecado seguido pelo arrependimento, restauração do dano e finalmente o sangue espargido no altar (Lv 6.7). 

II. A LEI DO HOLOCAUTO

Levítico 6.8-13 “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: 9- Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto; o holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele. 10- E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho, sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar. 11- Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza fora do arraial para um lugar limpo. 12- O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. 13- O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.”

1. A lei do holocausto. Cristo, o sumo sacerdote da nova aliança, ofereceu o derradeiro holocausto em Seu corpo; ele estava inteiramente consagrado a Deus, sofrendo a morte pelo pecado e provocando a morte do crente para o pecado (Rm 6.2-7). [Bíblia de Genebra]. 

2. As vestes do sacerdote. Os versos 10 e 11 dão a seguinte ordem: O sacerdote tinha a obrigação de limpar as cinzas do altar, depois de ter oferecido um holocausto, usava, para isso, vestes especiais, calças e túnica de linho, laváveis, que se usavam tão-somente para o contato direto com o altar. “Quando removia as cinzas pela manhã, deixava-as ao lado altar, trocava suas vestes, colocando suas roupas normais de sacerdote, e depois removia as cinzas para algum lugar “limpo” (e não para um depósito de lixo, que seria considerado impuro), fora do arraial. (Bíblia Shedd). Eis uma pergunta para nós: com que vestes eu tenho ministrado o sacrifício? com quais vestes temos orado, nos encontrado com Deus? 

3. O fogo deveria queimar continuamente no altar. O verso 12 diz: “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.”

O holocausto deveria queimar sobre o altar “toda a noite, até pela manhã”, e o verbo, de igual modo, revela uma ação continua: “arderá”. O fogo do altar arderá nele. A noite toda o sacrifício era queimado, pela manhã, cedinho o sacerdote devia remover as cinzas e colar mais lenha para que o fogo continuasse a arder no altar de sacrifício.

“nele a cada manhã”. O sacrifício arde no altar de noite, até pela manhã (e o sacrifício somos nós), e quando chega a manhã, o sacerdote acenderá lenha (e o sacerdote também somos nós), a cada manhã (isto é, todos os dias). Se isto tem lições para nós, decerto quer nos ensinar sobre uma real vida com Deus. “Quando acordo, ainda estou contigo” (Sl 139.16). 

Ensinos espirituais. O fogo do altar, aceso ininterruptamente, era o fogo aceso pelo próprio Deus e representava a Sua presença. Quando pensamos em nossa própria vida como um altar, o Fogo é a presença do Espírito Santo, que não pode ser apagado (1ª Ts 5.19). 

II. OFERTA DE MANJARES

Levítico 6.14-18 “E esta é a lei da oferta de alimentos: os filhos de Arão a oferecerão perante o Senhor diante do altar. 15- E dela tomará um punhado da flor de farinha, da oferta e do seu azeite, e todo o incenso que estiver sobre a oferta de alimentos; então o acenderá sobre o altar, cheiro suave é isso, por ser memorial ao Senhor. 16- E o restante dela comerão Arão e seus filhos; ázimo se comerá no lugar santo, no pátio da tenda da congregação o comerão. 17- Levedado não se cozerá; sua porção é que lhes dei das minhas ofertas queimadas; coisa santíssima é, como a expiação do pecado e como a expiação da culpa. 18- Todo o homem entre os filhos de Arão comerá dela; estatuto perpétuo será para as vossas gerações das ofertas queimadas do Senhor; todo o que as tocar será santo.” 

1. Oferta de Manjares. Oferecida por um dos filhos de Arão, encher a mão de flor de farinha (1/10 de flor farinha), azeite e incenso, e queimar sobre o altar. O restante podia ser comido por Arão e seus filhos no lugar santo. É proibido pôr fermento. 

O ritual adicional da oferta de carne. A maior parte deve ser dada aos sacerdotes, e eles e os homens de suas famílias devem comê-lo sem acrescentar fermento. Com pães ázimos sem fermento será comido (Lv 6.16). Não é apenas o mais sagrado em si, mas todo aquele (ou melhor, tudo) que toca as ofertas será santo. O toque da oferta transmite o caráter de santidade à coisa tocada, que deve, portanto, ser tratada como santa.

Assim como a oferta de manjares representava os frutos da obediência, ela também prenunciava a vida de Cristo em perfeita obediência e gratidão a Deus. Bíblia de Genebra. 

Todo varão (v. 18). Esta expressão se restringe aqui aos homens que serviam no culto do tabernáculo. Antes de atingirem a idade de 30 anos, os homens não podiam entrar no lugar santo (Nm 4.3, 23, 30, 39). [Bíblia Shedd].

III. A OFERTA PARA CONSAGRAÇÃO DOS SACERDOTES

Levítico 6.19-23 “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: 20- Esta é a oferta de Arão e de seus filhos, a qual oferecerão ao Senhor no dia em que ele for ungido; a décima parte de um efa de flor de farinha pela oferta de alimentos contínua; a metade dela pela manhã, e a outra metade à tarde. 21- Numa caçoula se fará com azeite; cozida a trarás; e os pedaços cozidos da oferta oferecerás em cheiro suave ao Senhor. 22- Também o sacerdote, que de entre seus filhos for ungido em seu lugar, fará o mesmo; por estatuto perpétuo será ela toda queimada ao Senhor. 23- Assim toda a oferta do sacerdote será totalmente queimada; não se comerá.” 

A oferta de carne do sumo sacerdote em sua instituição. Não era para farinha não cozida, mas na forma de uma panqueca, feita com um décimo de um efa de farinha. Metade dela foi queimada pela manhã, e outra metade no sacrifício da tarde, nenhuma sendo reservada para consumo pelos sacerdotes. Essa oferta de carne, tendo sido oferecida pela primeira vez na consagração de Arão, seria posteriormente oferecida na consagração de cada sumo sacerdote sucessor, a expressão que Arão e seus filhos queriam dizer aqui os sumos sacerdotes sucessivos e por estatuto perpetuo. 

1. Ritual adicional da oferta pelo pecado. Levítico 6.24-30 “Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: 25- Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da expiação do pecado; no lugar onde se degola o holocausto se degolará a expiação do pecado perante o Senhor; coisa santíssima é. 26- O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá; no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação. 27- Tudo o que tocar a carne da oferta será santo; se o seu sangue for espargido sobre as vestes de alguém, lavarás em lugar santo aquilo sobre o que caiu. 28- E o vaso de barro em que for cozida será quebrado; porém, se for cozida num vaso de cobre, esfregar-se-á e lavar-se-á na água. 29- Todo o homem entre os sacerdotes a comerá; coisa santíssima é. 30- Porém, não se comerá nenhuma oferta pelo pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário; no fogo será queimada.” 

A carne das ofertas pelo pecado deve ser comida pelos sacerdotes e pelos homens de suas famílias no lugar santo, isto é, dentro dos arredores do santuário, com exceção das ofertas pelo sumo sacerdote e pela congregação, do que ... o sangue é trazido para o tabernáculo da congregação para reconciliar-se com ele no lugar santo, que seria queimado no fogo fora do arraial; se os respingos de sangue caíssem em suas vestes deviam ser lavados; o vaso de barro na qual a oferta foi cozida devia ser quebrado, o vaso de cobre lavado.

V. 28 Vaso de barro … vaso de bronze. Um vaso de louça não vitrificada absorveria alguns sucos, não podendo ser lavado ao ponto de ficar bem limpo, como o bronze. [Bíblia Shedd].

Pr. Elias Ribas

Nenhum comentário:

Postar um comentário