TEOLOGIA EM FOCO: O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O SISTEMA DE SACRIFÍCIOS

ESTUDO BÍBLICO

TEXTO BASE

Levítico 1.1 “E chamou o SENHOR a Moisés e falou com ele da tenda da congregação, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecereis as vossas ofertas de gado, de vacas e de ovelhas. 3- Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem mancha; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o SENHOR.” 

Levítico 2.1 “E, quando alguma pessoa oferecer oferta de manjares ao SENHOR, a sua oferta será de flor de farinha; nela, deitará azeite e porá o incenso sobre ela. 2- E a trará aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha e do seu azeite com todo o seu incenso; e o sacerdote queimará este memorial sobre o altar; oferta queimada é, de cheiro suave ao SENHOR. 3- E o que sobejar da oferta de manjares será de Arão e de seus filhos; coisa santíssima é, de ofertas queimadas ao SENHOR. 

Levítico 3.1 “E, se a sua oferta for sacrifício pacífico, se a oferecer de gado macho ou fêmea, a oferecerá sem mancha diante do SENHOR. 2- E porá a sua mão sobre a cabeça da sua oferta e a degolará diante da porta da tenda da congregação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar, em roda.” 

Levítico 7.1- “E esta é a lei da expiação da culpa; coisa santíssima é. 2- No lugar onde degolam o holocausto, degolarão a oferta pela expiação da culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor. 

1ª João 2.1 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. 2- E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” 

INTRODUÇÃO

Antes de ser uma resolução de Moisés, o sistema de sacrifícios estabelecido em Israel foi ordenado por Deus. Os livros de Êxodo e Levítico apresentam, com precisão, as instruções sobre como eles deveriam ser apresentados a Deus dentro do Tabernáculo. Nesta lição, veremos como esse sistema foi praticado e desenvolvido até que chegasse ao supremo e suficiente sacrifício de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: a expiação do Calvário. 

I. A OFERTA VOLUNTÁRIA: O HOLOCAUSTO (Lv 1.1-3) 

1. O conceito de holocausto. A palavra “holocausto”, no hebraico, olah, significa “levantar, fazer subir, que ascende”. Vimos esse conceito em lição anterior, mas em relação ao altar do holocausto. Aqui, estamos analisando a apresentação do próprio sacrifício de holocausto. Nesse sentido, essa oferta era apresentada pelo sacerdote no altar, de onde um “cheiro suave” subia “às narinas de Deus”. Era um modo antropomórfico; isto é, uma figura tipicamente humana para referir-se a Deus. 

2. O que era a oferta de holocausto? Basicamente, a oferta apresentada no altar do holocausto podia ser de animais como boi, ovelha, cabra, pombinhos ou rolinhas. Cada vítima era queimada no altar. Era um tipo de sacrifício que apontava para a vítima perfeita: o Cordeiro de Deus “que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29 cf. Is 52.13-15; Fp 2.5-8; Hb 12.2,3). 

3. Uma oferta voluntária. A oferta tinha um caráter voluntário (Lv 1.3). O objetivo do holocausto era que Deus aceitasse o ofertante. Essa aceitação dependia de a oferta apresentada pelo sacerdote ser aceita diante de Deus. Assim, o ofertante colocava a mão sobre a cabeça da vítima a ser sacrificada, transferindo, para si, os benefícios do sacrifício: a expiação dos pecados. O animal era imolado fora da tenda e, em seguida, conduzido ao altar dos holocaustos. 

4. Cristo tipificado no holocausto. O sacrifício de Cristo foi um “holocausto” agradável ao Pai. O animal inocente e fisicamente perfeito apontava para Cristo, o Justo (1ª Jo 2.1,2). O ato de colocar a mão sobre a cabeça do animal, demonstrando ao mesmo tempo uma identificação com a oferta como também a substituição que ela representaria diante de Deus, aponta para Cristo, nosso substituto na cruz, que cumpriu perfeitamente as exigências de Deus e recebeu a sentença de condenação em nosso lugar. 

Como a pele do animal ficava para o sacerdote, a fim de servir-lhe de vestimentas, assim também a justiça de Cristo revestiu-nos e nos livrou da nudez espiritual que era repugnante ao Senhor (Ap 3.18); assim como o holocausto era uma oferta voluntária, Cristo é o nosso sacrifício perfeito, que se entregou voluntariamente para pagar e apagar os nossos pecados (Mt 27.35-36; Ef 5.2; Hb 7.26; 9.14; 1Jo 2.6). 

Dois textos bíblicos expressam essa verdade. Efésios 5.2 diz: “Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. E também Hebreus 9.13,14: “porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”. Trata-se, pois, de uma imagem perfeita de como fomos reconciliados com o Pai mediante o sacrifício de seu amado Filho (2ª Co 5.19). 

II. A OFERTA DE MANJARES (Lv 2.1-3) 

1. O significado da oferta. Essa oferta representava a gratidão do hebreu pela fecundidade da terra. Ele tirava os cereais comestíveis e oferecia-os ao Senhor como “um sacrifício de manjares”. Essa imagem nos fala de como devemos apresentar o fruto do nosso trabalho diante de Deus. Não podemos nos apresentar perante Ele de mãos vazias (Mt 25.14-30). 

2. Como era a oferta de manjares? Essa oferta também era chamada de “Festa das Primícias” (2.12-16). Ela compunha-se de grãos novos e macios colhidos na primeira colheita. Essa oferta também era feita de farinha fina misturada com azeite. Sabemos, pela Bíblia, que o azeite é um dos símbolos do Espírito Santo (Zc 4.2-6; Êx 30.31). Essa oferta faz-nos lembrar da importância de vivermos uma vida dependente do Espírito Santo. Que possamos, na força do Espírito, fazer as mesmas obras que o nosso Senhor fez (At 10.38). 

3. Cristo tipificado na oferta de manjares.

3.1. A oferta aponta para um alimento espiritual. A Palavra de Deus diz que o nosso Senhor é o “pão vivo que desceu do céu”, o trigo que foi moído para se tornar o nosso alimento espiritual (Jo 6.33-35). Logo, da mesma forma que Israel obedeceu à ordenança divina de apresentar a oferta de manjares diante de Deus, nós somos instados, por Cristo, a alimentar-nos dEle. O testemunho do Senhor é verdadeiro (Jo 5.30; 8.28). 

3.2 O incenso aponta a perfeição de Jesus. O incenso presente nas ofertas de manjares fala da vida perfeita de Jesus, vida de santidade diante do Pai, e por isso o Pai podia dizer: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Além disso, destacamos que incenso foi um dos presentes que Jesus recebeu quando era ainda um menino na casa de Maria e José (Mt 2.11). 

3.3. A ausência de fermento e mel apontam para Jesus como a verdade (Jo 14.6). 

3.4. O azeite aponta para a unção do Espírito Santo na vida de Jesus desde a sua concepção no ventre de Maria e durante todo seu ministério (Mt 1.20,21; Lc 4.18,19). 

III. A OFERTA PACÍFICA, O SACRIFÍCIO PELO PECADO E O DIA DA EXPIAÇÃO (Lv 3.1,2; 7.1,2) 

1. O que era a oferta pacífica? Era um sacrifício em que o ofertante imolava o animal, tirando porções especiais e separando-as do sangue e da gordura do animal. Em seguida, o sacerdote espargia o sangue do animal imolado ao redor do altar, em sinal da propiciação pela vida do pecador. Depois, os miúdos do animal eram queimados no fogo do altar e, assim, tanto o sacerdote quanto o ofertante, e sua família, comiam a carne nobre do animal imolado (Lv 2.8,13,16,17). Essa oferta significava, literalmente, “um presente oferecido a Deus”, e denotava a comunhão e a felicidade do ofertante com o Pai. 

2. A simbologia da oferta pacífica. No Novo Testamento, Cristo é a grande oferta de paz que o próprio Deus oferece pela reconciliação com o mundo. Nas palavras de Paulo, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2ª Co 5.19). Jesus é o grande Príncipe da paz (Is 9.6), e por isso pode contundentemente dizer aos seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14.27). Além do mais, ainda que não literalmente, também nos banqueteamos com nosso Senhor, como os israelitas nas ofertas pacíficas: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3.20). 

O pecador, porém, que não recebe esta oferta da paz de Cristo em seu coração através da fé, ele é considerado inimigo de Deus (Tg 4.4), filho da ira (Ef 2.3; Jo 3.36), permanece em condenação (Jo 3.18) e a sentença contra ele é clara: “Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus” (Is 57.21) 

A oferta pacífica aponta para a nossa reconciliação com o Pai. A Palavra de Deus mostra que o nosso Senhor proveu a paz entre o homem e o Criador: “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl 1.19,20). Isso demonstra que o Senhor foi a oferta pacífica para reconciliar-nos com o Pai, tornando-se assim, a nossa Paz (Is 9.6). 

3. O que era a oferta pelo pecado? Diferentemente das outras oferendas, as ofertas pelo pecado e pela culpa eram obrigatórias. Elas identificavam a natureza pecaminosa do homem; alguém que necessitava apresentar a Deus algo por seus pecados. Esse sacrifício era feito fora do arraial. 

O animal teria de ser imolado fora do acampamento hebreu. A Bíblia mostra que Nosso Senhor Jesus foi morto fora de Jerusalém, fazendo-se pecado por nós (1ª Pe 2.24). 

4. O grande dia da expiação. Levítico 16 narra o mais importante dia para o povo judeu: o dia da Expiação. O dia em que todo judeu devia observar um jejum e não fazer qualquer trabalho. Esse dia é ainda hoje observado por eles como Yom Kippur, o “Dia do Perdão”. 

O dia da Expiação era a data em que o Sumo Sacerdote apresentava um novilho por si mesmo e por sua família (Lv 16.6) e um bode pelo povo (Lv 16.7-10) no Santo dos Santos, aspergindo o sangue das vítimas sobre o propiciatório (Lv 16.11-19). O rito representava a mais importante oferta pelo pecado de toda a nação. 

Esse rito aponta para o nosso grande dia da Expiação, no Calvário, quando Jesus Cristo, nosso Senhor, exclamou na cruz: “Está consumado” (Jo 19.30). 

CONCLUSÃO

Nesta lição, vimos o quanto era complexo o sistema de apresentação de ofertas para diversos pecados, e o dia anual de expiação, em que o Sumo Sacerdote apresentava a oferta pela nação inteira. O sistema sacrificial levítico tem seu prazo de validade cumprido na cruz de Cristo Jesus. A Palavra de Deus mostra-nos que o sacrifício único de Cristo, no Calvário, foi suficiente para apagar os nossos pecados (2ª Co 5.21; 1ª Pe 3.18).

Deus simplificou tudo no único e legítimo Cordeiro, cujo sacrifício é perfeito e invalida a continuidade dos sacrifícios de animais. O sacrifício de Cristo foi voluntário (ninguém o obrigou), espontâneo (de iniciativa própria) e eficaz para salvação de todo aquele que nele crê. Tamanha é a confiança daquele que crê em Jesus, que ele pode fazer coro com o apóstolo Paulo e perguntar: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo quem morreu” (Rm 8.33,34).

Valorize a graça de Deus e alegre-se no Espírito Santo por este presente: a salvação.

Comentarista: Elienai Cabral. O Sistema de Sacrifícios. 2º Trimestre de 2019. CPAD Rio de Janeiro – RJ.


Nenhum comentário:

Postar um comentário