Levítico 4.3; 13; 14 “Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá pelo seu pecado, que pecou, um novilho sem mancha, ao Senhor, por expiação do pecado. 13- Mas, se toda a congregação de Israel errar, e o negócio for oculto aos olhos da congregação, e se fizerem, contra algum dos mandamentos do Senhor, aquilo que se não deve fazer, e forem culpados. 14- E o pecado em que pecarem for notório, então, a congregação oferecerá um novilho, por expiação do pecado, e o trará diante da tenda da congregação.”
INTRODUÇÃO. Em Levítico 4 vemos o início das ofertas sem cheiro, sendo a primeira delas o sacrifício pelo pecado, onde Jesus é representado, levando sobre si o erro do pecador. Ao contrário do que vemos nas ofertas de cheiro suave, onde cada oferta nos apresenta um símbolo da perfeição de Cristo.
Aqui, vemos o símbolo da morte de Jesus como nos é apresentada em Salmos 22 e Isaías 53. Contudo, a santidade e perfeição do Senhor permanecem puras, fazendo dEle o único capaz de ser feito pecado em nosso lugar (2ª Co 5.21).
O propósito eterno de Deus exigiu que Ele canalizasse toda a humanidade para Jesus Cristo “Para em todas as cousas [Cristo] ter a primazia” (Cl 1.18). Por um lado, a lei foi designada para convencer o homem do pecado e mostrar-lhe a necessidade de eliminar o seu pecado, porém essa lei foi divinamente projetada para não conseguir providenciar tudo o que o homem realmente necessitava. A sabedoria de Deus sabia que isso faria o homem ansiar por um sistema melhor.
I. O PECADO DO SACERDOTE
O pecado impede o relacionamento de Deus com o homem, mas o amor de Deus fez com que Ele oferecesse o Seu Filho para morrer pelo homem e assim Deus pode restaurar essa comunhão.
O pecado deturpou a criação e ao homem ficou impossível fazer o que é agradável a Deus. O homem ficou impossibilitado de fazer qualquer coisa que Deus ordenasse. A lei foi dada para mostrar essa incapacidade do homem.
1. O pecado do sacerdote (Lv 4.3-7). Se o sacerdote pecasse, o texto bíblico afirma que deveria ser levado para o sacrifício da expiação um novilho (Lv 4.3). O pecado do sacerdote afetava toda a congregação e desse modo era exigido para o sacrifício um novilho, que era o maior animal para oferta. A missão do sacerdote em poder se aproximar de Deus em benefício do povo também aumentava a sua responsabilidade perante o Senhor. A grande responsabilidade do sacerdote comprometeria toda a congregação, caso algum pecado estivesse sobre ele. A excelência do ministério vem acompanhada de grandes responsabilidades.
Assim comentou Russel N Champlin: “Quando
um sacerdote pecava, escandalizava o povo todo, por ser o homem que,
supostamente, ensinava os outros. (Ver o paralelismo no Novo Testamente (2ª Co
6.3; Tiago 3.1, onde lemos que os líderes receberão juízo mais severo: “O sacerdote
que pecasse trazia pecado sobre todos, por ser um representante de todos”.
O sacerdote que pecou devia trazer um novilho (sem defeito, por expiação do pecado), na frente da porta da tenda. perante o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o Senhor. O sacerdote tinha que molhar o seu dedo no sangue, e daquele sangue devia espargir sete vezes perante o Senhor diante do véu do santuário. Também o sacerdote por daquele sangue sobre as pontas do altar do incenso aromático, perante o Senhor que está na tenda da congregação; e todo o restante do sangue do novilho era derramado à base do altar do holocausto...” (Lv 4.3-7). A nossa comunhão com Deus é restabelecida depois de o pecado ser confessado e de sermos purificados pelo sangue de Jesus.
1.2. Fora do arraial. Mas o couro do novilho e toda a sua carne, bem como a cabeça e as pernas, as vísceras e os excrementos, isto é, tudo o que restar do novilho, ele os levará para fora do acampamento, a um local cerimonialmente puro, onde se lançam as cinzas. Ali os queimará sobre a lenha de uma fogueira, sobre o monte de cinzas. (Lv 4.11, 12).
O sacrifício pelo pecado deveria ser oferecido fora do arraial, isto é, fora dos limites do acampamento. Uma clara referência a morte de Jesus, que foi crucificado fora dos limites de Jerusalém.
Isso nos faz lembrar as palavras do escritor aos Hebreus, que nos diz que para nos santificar através de Seu sangue, Ele entregou sua vida “fora da porta” (Hb 13.13). Dessa forma, devemos nos achegar a Cristo por meio de um arrependimento sincero e cheio de fé. Nada do legalismo judaica, ou da religiosidade estéril de nossos dias. A cruz de Cristo é o altar espiritual para onde devemos nos dirigir, é onde os remidos se reúnem e oferecem sacrifícios espirituais vivos e agradáveis ao Senhor (Hb 13.15).
Há algumas preciosas lições na oferta do sacrifício pelo pecado que podemos aplicar as nossas vidas:
1. Precisamos confessar nossos pecados a
Jesus;
2. É preciso o envolvimento do sacrifício
de Cristo para que sejamos aceitos por Deus;
O pecador precisa lançar sua culpa sobre a
morte de Jesus;
3. É necessário que o pecador acredite no
poder da substituição oferecida pelo sacrifício;
4. É preciso que a vítima esteja disposta a assumir nosso lugar, o que Jesus fez com muita alegria.
Podemos desfrutar de paz com Deus hoje, quando nos aproximamos da Cruz de Jesus em arrependimento, e lançamos sobre Ele toda a nossa culpa. Com muita alegria O Senhor faz a expiação de nossos pecados e podemos desfrutar de vida abundante com Deus.
2. O pecado da congregação contra um mandamento ou por ignorância (Lv 13.21). No caso de a congregação cometer algum tipo de sacrilégio, isso tornava impossível a habitação de Deus no arraial, pois o fundamento da habitação de Deus no meio do seu povo é a santidade.
O sacrifício pelo pecado deveria ser oferecido fora do arraial, isto é, fora dos limites do acampamento. Uma clara referência a morte de Jesus, que foi crucificado fora dos limites de Jerusalém.
A santidade de Deus exige que o padrão vivido seja o que foi estabelecido por Ele. Como Seu povo, devemos com humildade nos submeter aos Seus preceitos e estatutos. O Senhor exigia pureza no acampamento de Israel, como encontramos em Deuteronômio 23.13-14. Deus quer do Seu povo pureza que alcance o espírito, a alma e o corpo (1ª Ts 5.23). Quando isso acontece, Ele se faz presente, para alegria do Seu povo.
Sendo a assembleia o local público de adoração, era necessário que todo o povo estivesse limpo cerimonialmente para a adoração ao Senhor Deus. Na obra realizada por nosso Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, este ato foi feito de uma vez e para sempre, conforme Hebreus 9.11-12.
3. O sacrifício apresentado era o mesmo. Se o pecado fosse cometido pelo sacerdote, ou fosse cometido pela congregação, perante o Senhor tinha a mesma consequência e a oferta para o perdão do pecado era idêntica e o rito era o mesmo (Lv 4.1-21). O sangue era espargido sete vezes diante do véu do santuário, colocado sobre as pontas do altar de ouro, que era o altar de incenso, e todo o resto de sangue era derramado à base do altar de cobre, que ficava no pátio do tabernáculo, onde era oferecido o sacrifício. No pátio o israelita podia estar presente para participar, colocando a mão sobre a cabeça do animal. Assim precisava ser feito, pois o pecado do sacerdote, ou de toda a congregação, tinha a ver diretamente com a presença de Deus no meio do povo.
O pecado do sacerdote, ou de toda a congregação, era de tal alcance que o ritual precisava ser seguido conforme estabelecido por Deus, pois o sangue espargido diante do véu tem relação com a presença do Senhor, o sangue colocado sobre as pontas do altar de incenso restabelecia a adoração e o sangue derramado na base do altar de sacrifício tinha a adoração e o sangue derramado na base do altar de sacrifício tinha a ver com a consciência do ofertante. Da mesma forma o couro do novilho, e toda a sua carne, com a sua cabeça e as suas pernas, e as suas entranhas, e o seu esterco. Enfim, o novilho todo levará fora do arraial a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha; onde se lança a cinza se queimará. (Lv 4.11, 12).
O pecado do sacerdote ou de toda a congregação precisava ser expiado nessas três esferas, pois o pecado impede a presença de Deus no meio do povo, a adoração fica impedida e a consciência do ofertante culpada, mas o sacrifício restabelecia essas três situações. Tudo isso encontramos em Jesus Cristo.
II. O PECADO DO PRÍNCIPE
O pecado de um líder de Israel diante de Deus era considerado grave e se tornava mais conspícuo do que o pecado de qualquer outra pessoa do acampamento de Israel. Ele não tinha a responsabilidade de um sacerdote, mas era um líder em Israel; havia sido levantado por Deus como uma liderança perante o povo e deveria receber mais grave condenação.
1. O alcance do pecado do príncipe. Todo o pecado que
o homem comete é contra Deus, pois Ele é quem estabelece o padrão que devemos
viver. O salmista assim se expressa diante de Deus em sua penitência: “Contra
ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos parece mal, para que
sejas justificado quando falares e puro quando julgares.” (Sl 51.4). O pecado
do príncipe não poderia alcançar o véu do santuário ou mesmo o altar da
adoração, mas tinha a ver com a sua consciência e atingia também o povo. Quando
um líder comete pecado, a tristeza vem sobre o povo por causa da queda do seu
líder.
O pecado do homem levou Cristo a cruz, mas Cristo nos leva a Deus. Todos os tipos que podemos estudar no livro de Levítico apontam para a obra perfeita que Jesus realizou ao morrer na cruz, para glorificar a Deus e tomar o lugar do homem. A libertação do pecado e a purificação dos pecados foi realizada por Jesus e é eterna, não precisando que mais obra seja feita para salvação do homem (Hb 9.14-15). Toda a malignidade do pecado foi anulada pelo sacrifício do antítipo que é Jesus Cristo e ao homem basta apenas crer nesta obra e guardar em seu coração a Palavra de Deus.
2. A oferta pelo pecado do
príncipe.
A oferta que o príncipe tinha que trazer quando obrasse contra algum mandamento
do Senhor deveria ser um bode (Lv 4.23). Um animal sem mancha e todo o ritual
exigido por Deus deveria ser seguido. Mesmo sendo um príncipe dentre o povo,
não tinha nenhuma autoridade para mudar o que fora estabelecido pelo Senhor.
Caso procedesse de acordo com as instruções do Senhor, o resultado alcançado
era paz no coração, pois, quando o homem obedece aos mandamentos do Senhor e guarda
os seus estatutos, a paz é alcançada (Lv 4.24).
Deus sabe o que é necessário para que o homem esteja em Sua presença sem nenhum temor. Na verdade, somente Ele pode nos revelar o que é necessário. Deus deseja toda a paz para o homem e ter comunhão com o homem, a excelência da Sua criação. Para que isso aconteça, dependemos de Deus e da Sua natureza. Quando Jesus realizou a obra da cruz, temos o ato. Quando nos deu o Seu Espírito Santo, passamos a ter a Sua natureza, pois produzimos o fruto do Espírito e Deus alcança o seu objetivo maior, que é a Sua habitação no homem (1ª Co 6.19).
3. Uma responsabilidade inferior à
do sacerdote.
O príncipe não tinha acesso ao santuário e nem tinha a autorização para queimar
incenso no altar de ouro, como tinha o sacerdote. Então a sua responsabilidade
espiritualmente era menor em apresentar o povo a Deus. Mas o pecado cometido
sempre ofenderá a santidade de Deus. Mas o pecado cometido sempre ofenderá a
santidade de Deus. Sendo assim, apesar da responsabilidade ser menor, um
sacrifício também era necessário e as leis que foram entregues a Moisés pelo
Senhor traziam a solução para o pecado que fosse cometido pelo príncipe (Lv
4.24).
Devemos descansar sobre a perfeita e suficiente obra realizada por Jesus, isto é, Seu nascimento, ministério, morte, ressurreição e ascensão. Tudo isso permite ao homem que crê uma paz que descansa sobre um fundamento perfeito e inabalável (1ª Co 3.11). Jesus concede ao homem uma consciência perfeitamente purificada, que descansa sobre a grandiosa obra da remissão de todos os nossos pecados, sejam de nosso conhecimento ou de ignorância. Jesus se ofereceu a si mesmo para cumprimento da vontade de Deus na expiação do pecado em completa abnegação, tomando todas as consequências do pecado do homem e levando sobre si todo o castigo que nos traz a paz (Is 53.5).
III. O PECADO DE UMA PESSOA DO POVO
Para o pecado cometido arrogantemente não havia sacrifício prescrito (Nm 15.30). Para que um pecado fosse expiado, era necessário que fosse cometido por ignorância ou involuntário, algo que fosse proibido pela lei do Senhor e que involuntariamente viesse a ser cometido pelo homem (Lv 4.27-35).
1. Uma cabra fêmea como oferta. Por mais que o homem se esforce, é impossível cumprir a lei, pois a carne está enferma (Rm 8.3). Isso significa que logo quebraria um ou mais desses inúmeros preceitos. Sendo assim, os sacrifícios pelo pecado eram constantes e intermináveis. No caso de qualquer pessoa do povo pecar, poderia trazer uma cabra fêmea como oferta (Lv 4.28). O pecado sempre ofenderá a Deus, mas nas ofertas trazidas temos uma gradação que está relacionada com a responsabilidade que cada um ocupa perante o Senhor. Que verdade maravilhosa é ilustrada por este ato cerimonial dos diversos animais apresentados sendo relacionados com a ocupação no acampamento do Senhor Deus pelos respectivos ofertantes. O sacerdote podia também comer da carne do sacrifício oferecido por uma pessoa, porque o sangue da oferta não era levado para dentro do santuário (Lv 6.26).
Deus, quando dá a lei ao homem, é para que o homem trabalhe para Ele e torne-se agradável e aceito diante d’Ele. No entanto, isso é impossível de acontecer, pois o homem está incapacitado de cumprir a lei por causa do pecado. Sendo assim, Deus nos concede a graça, que é Deus trabalhando para que o homem possa estar na Sua presença, sendo aceito e agradável a Ele. Nós somos levados a Deus através de Jesus Cristo, que ressuscitou de entre os mortos e tirou os nossos pecados, segundo s perfeição da Sua obra. Uma cabra fêmea poderia ser apresentada apenas por uma pessoa comum do povo e não por um príncipe, a congregação ou o sacerdote, porque, quanto maior for o privilégio, maior é a responsabilidade.
2. Um ato pessoal. Quando o ofertante oferecia um animal sem mancha, que era uma figura de Jesus Cristo, e também no momento em que ele colocava a mão sobre a cabeça do animal, ele se identificava com o animal oferecido e, através da vítima, oferecia-se a si mesmo a Deus (Êx 29.10). Uma pessoa que ouvisse uma blasfêmia e não denunciasse (Lv 5.1), uma impureza cerimonial (Lv 5.2), tocasse em uma pessoa com fluxo ou lepra (5.3), ou juramento falso (Lv 5.4); necessário era confessar (Lv 5.5) e oferecer a sua oferta, que poderia ser uma cabra (Lv 5.6) ou duas rolas ou dois pombinhos para o que fosse pobre (Lv 5.11).
Não atentar para os detalhes do sacrifício, e trazer um animal com defeito perante o Senhor (Ml 1.8), era atentar contra a perfeição do antítipo, que é Cristo, e se identificar com o animal que estava sobre o altar. Uma pessoa que trouxesse um animal com mancha para o altar do Senhor estava dizendo que Deus poderia aceitá-lo com os seus defeitos, sem a necessidade de expiação. Ele estaria se identificando com o animal defeituoso ao colocar a mão sobre a sua cabeça. Hoje isso está representando em todos aqueles que procuram se justificar perante o Senhor com suas próprias obras e apresentam sacrifícios segundo o seu coração, como se isso pudesse satisfazer a santidade de Deus.
3. Uma provisão divina. Apesar das diferenças de animais oferecidos sobre o altar, de acordo com a responsabilidade exercida por cada um no acampamento de Israel, todos eles eram provisões da parte de Deus para perdão dos pecados e consequente comunhão com o Seu povo. Somente Deus pode prover a salvação para o homem (Gn 3.21). Uma provisão necessária ao homem para que o propósito eterno de Deus se cumpra e que estará plenamente consumado na eternidade.
Ao trazer o sacrifício, o ofertante estava dizendo que tinha cometido um pecado não proposital (quer por fraqueza, quer por negligência). Sua presença ali indicava que aceitava os mandamentos do Senhor e que humildemente pedia o Seu perdão e a Sua misericórdia. Esse simbolismo apontava para Cristo, aquele que, mesmo sem pecado, “se fez pecado” para nos tornar aceitos perante o Senhor. Em Cristo Jesus temos a provisão perfeita de Deus para a remissão do pecado do homem.
CONCLUSÃO. Em sua ignorância e arrogância, o homem pensa em agradar a Deus se apresentando diante d’Ele com seus trapos de imundícia (Is 64.6). No entanto, através da justiça de Deus em Cristo Jesus, temos livre acesso à Sua presença e lá podemos permanecer (Rm 5.1-9-11).
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