TEOLOGIA EM FOCO: O SACRIFÍCIO DA EXPIAÇÃO

sábado, 11 de dezembro de 2021

O SACRIFÍCIO DA EXPIAÇÃO

ESTUDO BÍBLICO

TEXTO BASE

Levítico 1.1-9 “E chamou o SENHOR a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo: 2- Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecereis as vossas ofertas de gado, de vacas e de ovelhas. 3- Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem mancha; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor. 4- E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito por ele, para a sua expiação. 5- Depois degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. 6- Então, esfolará o holocausto e o partirá nos seus pedaços. 7- E os filhos de Arão, os sacerdotes, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.
8- Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo em cima do altar. 9- Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isto queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR.” 

INTRODUÇÃO. Apesar da glória e da simbologia do holocausto, os profetas não demoraram a revelar a transitoriedade desse ritual levítico. Eles sabiam que, embora a oferenda fosse eficiente como tipo de um sacrifício melhor e definitivo, não era eficaz, em si mesma, para redimir o pecador. Por isso, o holocausto tinha de ser oferecido, pela fé, com os olhos postos no Calvário. 

No Antigo Testamento, o sacrifício era a única maneira de aproximar-se de Deus e restaurar o relacionamento com Ele. Havia mais de um tipo de oferta ou sacrifício, e esta variedade tornava-os mais significativos porque cada um estava relacionado a uma situação especifica da vida. Os sacrifícios eram oferecidos em louvor, adoração e agradecimento, e também para perdão e comunhão. A primeira oferta que Deus descreve é o holocausto. A pessoa que cometia um pecado deveria trazer um animal sem defeito para o sacerdote. O animal inocente simbolizava a perfeição moral demandada pelo santo Deus bem como a natureza perfeita do real sacrifício futuro - Jesus Cristo. Jesus Cristo veio a este mundo para cumprir toda a vontade de Deus Pai e dar Sua vida como uma oferta agradável ao Senhor. Na oferta da expiação esse ato é tipificado. 

I. O CONCEITO DE HOLOCAUSTO 

1. Definindo o termo (Lv 1.3). O termo hebraico traduzido por holocausto (olah) significa, literalmente, “levantar”; “aquilo que vai para cima” ou “aquilo que sobe” para Deus. É importante que você conheça e compreenda o significado desse termo. A palavra holocausto vem do grego holokauston, (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”, e “kautos”, em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”. (O dicionário Vine 2002, p. 692).

Portanto também se chamava oferta queimada, porque o olah era totalmente queimado no altar (com exceção do couro que ia para o sacerdote). 

A expressão holocausto aparece pela primeira vez na Bíblia, atrelada a história de Noé: “E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar” (Gn 8.20). 

O holocausto era o sacrifício básico que expressava devoção e consagração ao Senhor. Quando nós entregamos ao Senhor, colocamos “tudo isso sobre o altar” (Lv 1.9) e não retemos nada. O equivalente do Novo Testamento encontra-se em Romanos 12.1, 2, em que o povo de Deus é desafiado a ser um sacrifício vivo, inteiramente consagrado ao Senhor. 

O holocausto é um tema frequente e relevante no Antigo Testamento, por isso o livro de Levítico inicia com as instruções divina conferidas a Moisés a respeito dos sacrifícios que seriam oferecidos no Tabernáculo. Levítico mostra o tipo de sacrifício e a forma como deveria ser apresentado ao Senhor. 

O Deus que tudo criou precisava do sangue de animais? Não! Tudo é d’Ele, contudo os holocaustos apontavam para o plano perfeito da salvação que o Pai já havia preparado antes da fundação do mundo. Eles expunham a verdade de que Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, morreria em nosso lugar. Seu sacrifício foi perfeito, único e superior a todos os holocaustos já oferecidos. Que você aproveite cada tópico da lição para juntamente com seus alunos refletir a respeito do sacrifico perfeito de Cristo que foi realizado em nosso favor. 

2. Descrição bíblica. A oferta do holocausto, também chamada de oferta queimada (Lv 1.9), era inteiramente consumida sobre o altar (Lv 6.9), com exceção da pele do animal (Lv 7.8), e das entranhas com os resíduos de comida (Lv 1.16). Esse sacrifício era oferecido a Deus como ato de adoração (1º Cr 29.20,21), em ação de graças (Sl 66.13-15), para obter algum favor (Sl 20.3-5) e, em diversos ritos de purificação (Lv 12.6-8; 14.19,21,22; 15.15,30; 16.24; Jó 1.5). Era o único sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido diariamente, de manhã e à noite por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”, ou seja, perpétuo, contínuo (Êx 29.38-42; Ez 46.13; Dn 8.11; 11.31) (TENNEY, vol. 03, p. 63 – acréscimo nosso). Deveriam ser apresentados como sacrifício de holocausto, animais específicos (Lv 1.2,10,14), sendo macho sem defeito (Lv 1.3,10; 22.19-21). 

II. UMA OFERTA VOLUNTÁRIA 

Toda pessoa que deseja servir ao Senhor com alegria deve saber e ter por princípio básico a voluntariedade. O que é feito por imposição não agrada a quem oferece e nem ao que recebe. É o que Jesus, o sacrifício perfeito, diz: “Por isso o Pai me ama, Porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (Jo 10.17-18). 

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1. Uma oferta de animal limpo. Toda oferta que fosse oferecida ao Senhor deveria ser de animais limpos e domésticos e as características dos animais limpos são: unhas fendidas e a ruminação de alimentos (Lv 11.3). A unha fendida dá firmeza para o caminhar e o ruminar exprime o processo natural de digerir interiormente. A vida do salvo neste mundo também assim está relacionada, pois o seu caminhar tem a ver com o seu alimento. O alimento digerido pelo salvo vai servir de formação do seu caráter espiritual e da sua maturidade espiritual. O cristão deve procurar alimento que o ajude a servir a Deus com dignidade, sendo verdadeira testemunha de Cristo, isto é, sendo sal e luz do mundo. 

A Igreja do Senhor está enfrentando uma grande dificuldade, que se caracteriza por divisões e mais divisões em seu seio justamente pela falta desse ato: “digerir interiormente”. Infelizmente, muitas denominações têm surgido porque alguns se acham líderes e não querem mais obedecer a uma autoridade eclesiástica. Isso tem promovido muitos escândalos na obra de Deus. Muitos também não aceitam a correção porque sabem que sempre tem uma porta aberta ao lado para recebê-los. Devemos atentar para a Palavra de Deus: “unhas fendidas e ruminar o alimento”. 

2. Uma oferta sem mancha. A oferta oferecida para o holocausto não podia ter mancha, isto é, nada que denotasse fraqueza ou imperfeição. A característica do animal a ser oferecido no sacrifício da expiação era a perfeição. Essa exigência de perfeição foi plenamente satisfeita em Jesus Cristo, o homem perfeito imaculado e incontaminado (1ª Pe 1.19). Ele andou neste mundo de pecado, porém sem pecar. Conviveu com os pecadores, mas não se contaminou. Perdoou pecadores, mas sempre confrontou o pecado. Assim, pode salvar perfeitamente (Hb 7.25). 

O pecado manchou o homem no seu entendimento e também no seu sentimento e, assim, a sua vontade tornou-se independente da vontade de Deus e homem caiu, tornando-se escravo de Satanás. No entanto, pela obra realizada por Jesus o homem pode hoje oferecer a Deus um culto agradável (Rm 12.1). Assim como Jesus andou neste mundo de forma perfeita, também devemos empreender todos os esforços para seguir os Seus passos. Não há defeito em Seu caráter. Ele é perfeito em todos os aspectos, logo é para Ele que devemos olhar e não para os defeitos do nosso irmão. 

3. A mão sobre a cabeça da oferta. A tradição judaica diz que a mão tinha que ser imposta sobre a cabeça do animal com uma certa pressão. Esse gesto simbolizava que o ofertante estava se identificando com a oferta e transferindo algo de si para o sacrifício. Nesse ato ele estava dizendo para Deus: “Assim como esse animal é entregue inteiramente a Ti, da mesma forma eu me entrego a Ti neste altar onde este animal é oferecido”. Era um reconhecimento de que o animal estava sendo oferecido em seu lugar. Ao colocar a mão sobre a cabeça do animal, o ofertante se tornava participante e não um mero assistente. Pois, afinal, o sangue do animal substituiria o seu. Assim, o ofertante confessava sua condição de pecador rogando por expiação. Hoje, a Igreja do Senhor também não é meramente assistente, mas participante do culto de adoração e da entrega total a Deus. 

O ato do ofertante, no momento do sacrifício, de impor as mãos era pessoal e intransferível. Os animais oferecidos representam as qualidades da perfeita oferta que é Cristo. O bezerro fala do Seu serviço e submissão, o cordeiro da Sua pureza, o cabrito da Sua voluntariedade e as rolas ou pombinhos da Sua simplicidade. A nossa segurança está em colocar a nossa fé na obra que Ele fez por nós e assim neutralizar todos os ataques que o adversário lança sobre a nossa mente para tentar impedir o culto racional que podemos oferecer a Deus. 

II. UMA OFERTA PARTIDA 

Todo o interior da oferta era exposto ao ser partida, para que tudo fosse mostrado sobre o altar. Foi o que aconteceu com Jesus em Seu desejo intenso de fazer a vontade de Deus e estabelecer os propósitos divinos. Ele nada procurou esconder dos Seus discípulos, mas, como uma oferta partida, nos trouxe a revelação do Pai (Jo 10.30). 

1. Uma oferta para ser aceita. O adorador buscava ganhar o favor divino: “para que seja aceito por ele” (Lv 1.4). A aceitação do salvo por Deus está fundamentada na obra perfeita do sacrifício de Cristo e na identificação com a oferta. A aplicação desta realidade a Cristo e ao cristão revela uma das mais valiosas verdades, que também é apresentada no Novo Testamento: o cristão se identifica eternamente com Cristo e a sua aceitação em Cristo (1ª Jo 4.17). Quando o homem não estava em Cristo, ele está em seus pecados e não pode agradar a Deus, mas, estando em Cristo, ele é aceito por Deus. 

A aceitação do salvo por Deus não acontece gradativamente e nem existe grau de aceitação de um crente em relação a outro crente, mas acontece no momento em que o homem entrega a sua vida para Deus. Se estamos em Cristo, somos “qual ele é” (1ª Jo 4.17). Cristo é a Cabeça e a Igreja é o Corpo. Assim como Deus vê a Cabeça, do mesmo modo e visto o Corpo. E o Corpo de Cristo, sendo um só, Também os membros têm a mesma aceitação. Não há, portanto, privilégios de um membro em relação a outro, mas todos são aceitos sobre o mesmo fundamento, que é a perfeita entrega que Cristo fez na cruz. 

2. Uma oferta esfolada e partida. O ritual dado por Deus a Moisés para os sacerdotes deveria ser observado rigidamente. O animal era degolado, o sangue aspergido à roda do altar diante da porta da congregação e a seguir o animal era esfolado. Esses detalhes são importantes de serem observados, pois nenhum ritual estranho poderia ser acrescentado ao sacrifício. Sempre deveria ser feito o mesmo ritual, sem nenhuma inovação com o passar dos anos. A cerimônia realiza, assim, a intenção do adorador e exclui o uso de rituais e ensinos estranhos e errôneos que anulariam o relacionamento entre Deus e o homem. A oferta era sem mancha e também era mostrado o seu interior, ensinando-nos que Deus vê o exterior e também o interior. 

Na oferta da expiação, o ensino principal na doutrina é: a razão do holocausto é apresentar a Deus uma oferta agradável. Cristo é prefigurado no holocausto, e apresentar a Deus uma oferta agradável. Cristo é prefigurado no holocausto, não para a consciência do pecador, mas para o coração de Deus. Portanto, nosso mais importante serviço a Deus não é o quanto podemos fazer por Ele, nem o quanto podemos cumprir por Ele, mas o quanto podemos cumprir por Ele, mas o quanto podemos nos entregar. Jesus fez muitos milagres, nos trouxe a doutrina de Deus, mas veio para morrer. O homem mede todas as coisas por seu próprio trabalho, pensando que se puder ter frutos, ajudar os outros a se arrependerem e crerem no Senhor, ele pode então trazer todas essas coisas para oferecer a Deus. Mas deveríamos entender uma coisa: não podemos colocar no altar de Deus o nosso trabalho. A oferta que Deus quer do homem é que ele esteja no altar, e o que vai para o altar é para morrer (Lc 14.26; Gl 6.14). 

3. Uma oferta em ordem. A oferta era partida e colocada em ordem, para que houvesse uma queima mais rápida sobre o altar. Podemos aprender com isso que a ordem será um fundamento na obra de Deus, pois a Palavra nos diz: “faça-se tudo descentemente e com ordem.” (1ª Co 14.40). A oferta era partida para queimar mais rápido, tipificando o que aconteceria com Jesus na cruz com a Sua morte (Mc 15.44; 1ª Co 11.24).

Deus descortina a Sua sabedoria àqueles que, com um coração sincero e quebrantado, se prostram aos Seus pés e, através da Sua Palavra tomam conhecimento dos Seus propósitos eternos e assim O exaltam e glorificam pela grandiosa obra que Jesus realizou com a Sua morte e ressurreição, nos dando acesso à presença de Deus. agora podemos chegar diante de Deus como adoradores purificados, olhar para a cruz e compreender o propósito de Cristo de cumprir a vontade do Pai. 

III. UMA OFERTA PARA APRECIAÇÃO DE DEUS 

Nessa oferta tudo era oferecido a Deus, assim como Jesus se ofereceu em oferta de cheiro agradável ao Pai com a Sua morte na cruz. Todo o perfume da oferta que Jesus ofereceu foi do agrado do Pai e encheu o Seu coração de gozo. Na cruz, o Filho deu a Sua vida a Deus, a quem, durante o Seu ministério, agradou, por sempre fazer a Sua vontade. Ali, no Calvário, consumou a obra que veio realizar (Jo 19.30). 

1. Fressura e pernas lavadas. A oferta estava lavada por dentro e por fora (Lc 1.9) e simbolicamente representa Cristo, que é essencialmente puro tanto no interior como exterior. Isso ficou claramente demonstrado durante o Seu ministério terreno para os que com Ele conviveram e tiveram o prazer de ouvi-lo. Os servidores que foram enviados pelos fariseus para prendê-Lo, por exemplo, voltaram admirados após ouvirem o Seu ensino (Jo 7.45-46). 

A fressura era lavada com água, símbolo da Palavra de Deus, como também as pernas (Lv 1.9), ensinando-nos que o exterior “as pernas” (uma representação da conduta) é conforme a “fressura” (uma representação do caráter). Os membros do corpo obedecem e executam os desígnios do coração. Um coração cheio da Palavra de Deus conduzirá a um testemunho que sempre terá o propósito da glória de Deus. 

2. Uma oferta que todos podiam oferecer. Havia a opção de se oferecer um bezerro como também de se oferecer rolas ou pombinhos. Quem tivesse uma condição melhor oferecia um bezerro, mas para o de menor poder aquisitivo poderia oferecer um animal de custo menor. Quando Maria e José foram apresentar o menino Jesus no templo, cumprindo a lei de Moisés, levaram a sua oferta (Lc 2.23-24). Eles não tinham condições de oferecer um bezerro, mas nem assim ficaram impedidos de cumprir o que a lei estabelecia. Deus sempre provê meios para que todos possam d’Ele se aproximar. 

Por meio dessa oferta o indivíduo expressava completa submissão e dedicação ao Senhor. Deus concede a todos os homens, independentemente da situação social, cultural ou financeira, a oportunidade de oferecer culto a Ele. A Bíblia nos ensina no Salmo 51.17 sobre os sacrifícios que agradam a Deus. São qualidades e condições que todos os homens podem buscar para oferecer a Deus os seus sacrifícios. 

3. Uma oferta totalmente queimada. A oferta totalmente queimada representava o sacrifício imaculado de Cristo a Deus. Sobre o altar do Calvário, o Cordeiro de Deus foi totalmente consumido pelo fogo da justiça do Senhor. Os sacerdotes podiam preparar tudo para o sacrifício, mas dele não podiam comer, porque era totalmente oferecido ao Senhor, pois Deus era o único e principal objetivo nesse sacrifício (Lv 1.9). 

Resultado de imagem para O sacrifício da expiação. As cinzas do sacrifício da expiação declaravam que a oferta fora aceita por Deus. Os sacerdotes tinham o privilégio de aprontar todo o ritual, mas somente Deus cheirava como cheiro suave. Somente Deus pode apreciar em toda a Sua plenitude a perfeita e total entrega de Jesus na Sua morte (Sl 40.8). 

CONCLUSÃO. Como é prazeroso para o salvo ter o entendimento da obra que o Senhor veio fazer e a consumou para o agrado do Pai, e como nos dá também o poder para nos apresentarmos a Deus como uma oferta sobre o Seu altar a cada dia para que esse sacrifício chegue às Suas narinas como cheiro suave.


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