TEOLOGIA EM FOCO: AS QUALIFICAÇÕES DE UM MINISTRO

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

AS QUALIFICAÇÕES DE UM MINISTRO

 

ESBOÇO PARA SERMÃO

1º Timóteo 3.1 “Fiel é a palavra: se alguém almeja o episcopado, excelente obra almeja”.

Tito 1.7-11 “Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; 8 antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, 9 apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.

1. Os líderes de uma igreja devem espelhar-se nas características do “Sumo Pastor” (1ª Pe 5.4).

2. E deve possuir qualificações que o credenciem para tão importante missão.

3. O pastor deve ser um servo da igreja local, e não seu mandatário ou proprietário.

A seguir, algumas dessas qualificações, conforme 1ª Timóteo 3.1-7 e Tito 1.7, relativas ao bispo, que é sinônimo de pastor. 

I. AS CARACTERÍSTICAS DE UM BOM MINISTRO 

1. Irrepreensibilidade moral. Do grego anepileptos, que significa “não apreendido, que não pode ser repreendido, não censurável, irrepreensível”, “de caráter impecável”, “que ninguém possa culpar de nada”.

Refere-se a uma vida de integridade, de que não tenha de que se envergonhar ou causar escândalo. 

2. Vida conjugal ajustada. (“marido de uma mulher”). Note-se que é prioridade o cuidado com a vida conjugal; no Novo Testamento, não é prevista a tolerância com bigamia ou a poligamia; a regra é a monogamia, como plano original de Deus para o matrimônio; e o pastor como esposo deve ser exemplo para os demais esposos, na igreja, amando sua esposa e cuidando dela (Ef 5.25).

Um presbítero, à semelhança de qualquer outro cristão não pode ter um caso ou relações extraconjugais. Por outro lado, também não pode ser alguém casado de novo, fora dos padrões bíblicos (Mt 19.9; 1ª Co 7.39) Por outro lado, também não pode ser alguém casado de novo, fora dos padrões bíblicos (Mt 19.9; 1ª Co 7.39). 

3. Sóbrio. Do grego sophron, significa “de mente sã, equilibrado, que freia os próprios desejos e impulsos, autocontrolado, moderado”. Fala de autocontrole – não só quanto à bebida, mas também com relação a cada aspecto da vida espiritual, emocional e física (2 Tm 4.5). A NVI traduziu o termo como “sensato”. 

4. Vigilante. O pastor é o guarda do rebanho. Deve estar atento ao que se passa ao seu redor; vigiando, primeiro, a sua vida pessoal e ministerial (1ª Tm 4.16). Depois, vigiando o rebanho para alertar e livrar dos “lobos devoradores”.

Ser vigilante significa ser “atento, cauteloso, cuidadoso, precavido” quanto aos perigos que o rodeiam. Para assumir a função de liderança, na igreja local, o obreiro deve ser muito cuidadoso quanto à sua vida espiritual, moral, social, familiar e em todos os aspectos. Isso porque o Diabo “anda rugindo como leão, buscando a quem possa tragar” (1ª Pe 5.7). O presbítero, bispo ou pastor deve obedecer o que Jesus disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Ele precisa ser “exemplo dos fiéis” (1ª Tm 4.12; 1ª Pe 5.3).

Neemias colocou guardas para vigiar a cidade “de dia e de noite” (Ne 4.9). 

5. Modesto. Do grego kosmios, significa “bem organizado, conveniente, modesto”. Fala de características como organização (pessoal e de trabalho), comportamento agradável e humildade. Versão Corrigida de Almeida traduziu como “honesto” e a Tradução Brasileira, “circunspecto”. Já a NVI, “respeitável”. 

6. Sóbrio. (Simples, moderado). O pastor ou bispo deve zelar pela simplicidade, no ministério; o luxo, a ostentação material, a exibição de riqueza não convêm a um homem de Deus; Jesus disse: “sede símplices como as pombas” (Mt 10.16). 

7. Honesto. Tem o significado de ser “honrado, digno, correto, íntegro; decoroso, decente, puro, virtuoso”. Todas essas qualificações podem resumir-se numa expressão: ser “santo em toda a maneira de ver” (1ª Pe 1.15). O homem de Deus não é perfeito em si mesmo, por mais que se esforce para ser santo. Mas, cuidando de sua vida pessoal, ministerial e como cidadão, pode ser muito bem visto pelos crentes como uma pessoa honesta. O seu falar deve ser “sim, sim; não, não” (Mt 5.37). Honestidade é sinônimo de integridade. O pastor ou bispo deve ser uma pessoa assim, fiel, sincera, verdadeira. Deve ser alguém que vive o que prega ou ensina (Tg 2.12). 

8. Hospitaleiro. Do grego philoxenos, significa “hospitaleiro, generoso para as visitas”. Esta palavra vem de hospital, na sua origem. Não havia casas de saúde como hoje. Uma hospedaria era um hospital, um lugar onde os viandantes podiam pousar, e também os enfermos, uma hospedaria ou estalagem (Lc 10. 34,45). Mas o pastor não tem obrigação de transformar sua casa em hospedaria. No sentido do texto, hospitaleiro é sinônimo de acolhedor, que sabe tratar bem as pessoas, sem fazer acepção de ninguém; é pecado (Dt 16.19; Ml 2.9; 1ª Tm 2.11; Tg 2.9). O pastor tem um coração aberto e amoroso que permite que o próprio lar seja um lugar de acolhida. Essa característica revela alguém que se importa com os outros e não é egoísta (Hb 13.2). 

9. Apto a ensinar. Do grego didaktikos, significa “apto e hábil no ensino”. Como o pastor é o que alimenta ou apascenta o rebanho, o pastor deve saber fazer uso da Palavra de Deus, ministrando mensagens, estudos e reflexões que edifiquem o rebanho sob seus cuidados. Há um entendimento bíblico necessário para viver e ensinar a Palavra de Deus em todos os aspectos, o que inclui a capacidade de correção e refutação do erro (Tt 1.9-11). Se não tiver essa aptidão, deve estar no lugar errado (2ª Tm 2.15).

 II. UM EXEMPLO PARA OS FIÉIS E OS INFIÉIS 

1. Não dado ao vinho. A palavra grega é paroinos e significa “dado ao vinho, bêbado”. Nos tempos de Paulo, o vinho era já uma bebida alcoólica que podia causar dependência química ou psicológica. Seria uma tristeza um pastor ficar embriagado pelo uso constante do vinho. Se fosse escrito hoje, o texto talvez dissesse: “não dado à cerveja, à champanhe, ao licor ou a outra bebida alcoólica”. O pastor ou bispo deve dar exemplo de abstinência desse tipo de bebida para o seu bem, de sua família e do rebanho sob seus cuidados. 

2. Não violento. Do grego plektes, significa “brigão, pronto para um golpe, contencioso, pessoa briguento”. A Tradução Brasileira traduziu como “não espancador: Trata-se de quem se domina emocionalmente e não é pavio curto” (2ª Tm 2.24). Por que Paulo fez referência a esse tipo de comportamento? Sem dúvida, porque observou que algum obreiro tinha o costume de “espancar” as pessoas a seu redor. Sempre houve pastores grosseiros, prepotentes, alguns que cometeram “assédio moral” contra pessoas a seu redor. Isso é reprovável sob todos os aspectos. O pastor deve ser ordeiro, humilde, de bom trato para com todos, não cobiçoso nem ganancioso. Ordeiro quer dizer que mantém a ordem, na casa de Deus.  

3. Cordato - Moderado. Do grego epieikes, significa “aparente, apropriado, conveniente, equitativo, íntegro, suave, gentil”. É sinônimo de suave, brando, comedido, prudente, contido. É qualidade sem a qual o pastor pode sofrer sérios revezes em sua vida, no relacionamento com outras pessoas, em seus hábitos, costumes, etc. Ele não pode ser um desequilibrado mental, sem controle de suas emoções. Para ser moderado, precisa ter o fruto da temperança e da longanimidade (cf. Gl 5.22). 

4. Não contencioso. O pastor ou bispo não deve viver em contenda, nem com a família, nem com os crentes, nem com os de fora. Contenda é o mesmo que porfia, dissensão, peleja, que são “obras da carne” (Gl 5.2,1). Diz um ditado: a melhor maneira de ganhar uma contenda é evitá-la. Com oração e vigilância é possível viver em paz. 

5. Inimigo de contendas. Do grego amachos, significa “irresistível, invencível, pacífico, que se abstêm de lutar”. A Versão Corrigida de Almeida traduziu como “não contencioso”, enquanto que a NVI optou por “pacífico”. Fala de alguém que não tem a briga (ainda que só verbal) ou a intriga como opção. 

6. Não avarento. Do grego aphilarguros, significa “que não ama o dinheiro, não avarento”. O pastor ou bispo não deve ser sovino, mesquinho, e não deve ter amor ao dinheiro (avareza), que é “a raiz de toda espécie de males” (1ª Tm 6.10). O pastor não deve viver em função de dinheiro ou de bens materiais. Sua missão é elevadíssima, e deve focar-se no amor às almas ganhas para Cristo, que ficarão aos seus cuidados ministeriais. A Tradução Brasileira utiliza “não cobiçoso” e a NVI, “não apegado ao dinheiro”. Refere-se a contentamento (Fl 4.11; Hb 13.5) e ausência de ganância (1ª Pe 5.2). 

III. EXEMPLO PARA A FAMÍLIA 

1. Que governe bem a sua casa. “…criando os filhos com disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)”. A família do líder deve ser referência e modelo ao rebanho. A principal razão de Deus ter eliminado a casa de Eli do exercício do sacerdócio foi justamente a desestrutura familiar (1ª Sm 3.12-14). 

Esta é uma qualificação de grande importância, pois as pessoas ouvem as mensagens dos pastores, mas olham para ele e como se relaciona com a família, notadamente com os filhos. Ele é o cabeça (líder) da esposa e do lar (Ef 5.22). Ao lado da esposa, que também governa a casa (1ª Tm 5.14), deve criar seus filhos “com sujeição” (1ª Tm 3.4). Porque, diz Paulo: “se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? (1ª Tm 3.5). 

2. Experiente (“não neófito”). “…para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo”. A palavra “neófito” significa “novo na fé” e foi traduzida pela NVI como “recém-convertido”. A maturidade advinda do tempo de caminhada cristã é essencial, uma vez que a palavra “presbítero” significa “ancião” e fala, como já vimos não de maturidade cronológica, mas espiritual (1ª Tm 4.12).

Nem todo presbítero (ancião) é pastor. Mas todo pastor deve ser presbítero. Pedro, um dos pastores líderes da Igreja Primitiva, exortou aos colegas de ministério, sobre como liderar a igreja local, dizendo: “Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar...” (1ª Pe 5.1).

Aqui, temos base para dizer que presbítero é termo equivalente a pastor ou bispo. Assim, o pastor não deve ser um obreiro muito novo (neófito), pois, a missão de pastor exige capacidade para aconselhar em situações que só a experiência mostra as lições a serem indicadas. 

2.1. Homem de (com) Maturidade.

“Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo”. Esta é advertência contra a promoção muito rápida à liderança de “recém-convertidos” ou pessoas “recentemente batizadas”. Embora a igreja efésia já tivesse muitos anos de existência e, provavelmente, não devesse ter carência de líderes maduros, havia indícios de que candidatos imaturos ao ministério estavam sendo postos em serviço. Paulo acreditava em maturidade e preparação de candidatos para este cargo santo, e por uma boa e suficiente razão. Existia o perigo de que, para alguém inadequadamente preparado, a tentação ao orgulho espiritual se tornasse grande demais para ser resistida. Isso é tragédia na certa, tragédia descrita pelo apóstolo nos seguintes termos: Cair na condenação do diabo.

A tradução de Phillips expressa o que o apóstolo quis dizer: “Para que não se torne orgulhoso e participe da queda do diabo” (CH).

O ministro cristão tem de estar atento para que o orgulho não o compila a participar desta condenação. 

3. Ter bom testemunho dos de fora. O pastor deve ser um proclamador do evangelho transformador de Cristo. A vida cristã deve primeiro ganhar o respeito dos que o conhecem no dia a dia, para depois servir de referência à igreja, caso contrário você será envergonhado e preso pelo inimigo. Seu testemunho deve ser uma pregação viva de que Jesus converte e transforma o pecador. Esse testemunho deve ser demonstrado, primeiramente, em sua vida pessoal; depois, em sua casa, na igreja e, por fim, perante todas as pessoas que o conhecerem. 

4. De uma só palavra. A Tradução Brasileira usa expressão “não dobres em palavras” e a NVI, “homens de palavra”. Fala de compromisso com aquilo que se diz (Sl 15.4; Mt 5.37; Tg 5.12). Aqueles que têm a língua dobre dizem uma coisa a certas pessoas, mas depois dizem algo diferente a outras, ou dizem uma coisa, mas querem dizer outra. Eles têm duas faces e são insinceros. As suas palavras não podem ser confiadas, então eles carecem de credibilidade.

Pr. Elias Ribas

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