TEOLOGIA EM FOCO: O ALTAR SEMPRE ACESO

terça-feira, 30 de novembro de 2021

O ALTAR SEMPRE ACESO

 



Levítico 6.9-10-12 “Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: O holocausto será queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele. 10- E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho sobre a sua carne, e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar. 12- O fogo, pois, sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto, e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.” 

INTRODUÇÃO

No Antigo Testamento os sacerdotes eram responsáveis por manter o fogo aceso na Casa do Senhor, no Tabernáculo. Aquele fogo simbolizava a presença de Deus (Lv 9.24). Nosso Deus se manifesta com fogo (Êx 3.2,6; Ap 4.5). Na Nova Aliança todos somos sacerdotes (1ª Pe 2.9; Ap 1.6), e temos a responsabilidade de manter aceso o fogo do céu no altar da nossa vida. O altar sempre aceso significa que tudo deve ser colocado sobre ele. Não pode existir na vida do cristão nada tão valioso que não possa ser colocado sobre o altar para ser queimado em oferta ao Senhor. 

I. O ALTAR É LUGAR DE ENTREGA 

A instrução do Senhor para que o altar ficasse sempre aceso caracteriza que tudo ali era colocado era para ser queimado, isto é, para ser entregue a Ele. O altar é uma figura da cruz, onde Jesus passou pelo fogo do juízo divino. O altar é um lugar de entrega de um animal sem defeito e do derramamento de sangue; o lugar onde algo valioso é entregue ao Senhor para ser queimado em adoração a Ele. Esses sacrifícios repetitivos sobre o altar aceso são tipos do sacrifício único feito por Jesus Cristo. 

1. Entregar no altar o que tem valor. A exigência de Deus para que a oferta fosse sem mancha demonstra que devemos trazer apara o altar de Deus o que é melhor, isto é, algo de valor. Ao exigir que Isaque fosse oferecido em sacrifício e não Ismael, Deus exige de Abraão o filho que lhe era mais querido. Todos que desejam agradar a Deus no altar devem aprender com Abraão. Mesmo depois da promessa se cumprir com o nascimento de Isaque, o mais importante é Deus e não Isaque, e se for necessário oferecer Isaque em holocausto, será feito, pois é a vontade do Senhor. 

Colocar a oferta sobre o altar aceso é querer oferecer ao Senhor por completo, tendo em vista que tudo será consumido pelo fogo. Esse princípio bíblico permeia a vida dos que agradaram a Deus em todas as épocas, de não valorizar nesta vida nada acima d’Ele. Na época do profeta Elias, após anos sem orvalho e sem chuva, ele se apresentou no Monte Carmelo e levantou o altar, colocando sobre este algo de grande valor: água (1º Rs 18.34-35). Quando é oferecido ao Senhor o que é valioso para o homem, Deus reconhece e tem prazer nesta oferta. Este é o grande privilégio da Igreja, que pode colocar sobre o altar aceso o que realmente agrada a Deus. E hoje, somente a Igreja pode oferecer este sacrifício a Deus. 

2. Altar aceso é a lei do holocausto. Deus estabelece que o fogo sobre o altar deveria arder durante todo o dia e toda a noite (Lv 6.12). Durante a travessia do deserto o cuidado com o fogo durante a noite deveria ser maior, pois no deserto, à noite, a temperatura diminui bastante e pode fazer com que o fogo venha a se apagar. Em tempo de frieza é mais difícil manter o fogo aceso e a Igreja deve observar este detalhe para que a temperatura espiritual não diminua no meio do povo de Deus. Jesus fala sobre o esfriamento do amor: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mt 24.12). 

Conforme a noite começa e os raios solares se vão, começa a esfriar. Deus quer um altar aceso durante o dia e também durante a noite. Já vivemos o adiantado da hora. Jesus disse que a noite vem (Jo 9.4), e com a noite vem as dificuldades, como a falta de luz (Jo11.10). A frieza espiritual tem tomado conta de muitas vidas e contemplamos o reflexo desse fato nas nossas reuniões, em que muito entretenimento é oferecido com intuito de atrair os crentes para o culto, quando deveria ser um prazer estar na igreja para adorar ao Senhor. Há movimentos que, com o intuito de atrair as pessoas, oferecem milagres, vendem indulgências e talismãs, e prometem bens meramente terrenos. Resultado de um altar que se apaga lentamente devido ao fato da noite ter chegado. 

3. No altar Deus cheira o suave cheiro. O holocausto era uma oferta de cheiro suave ao Senhor e esse bom cheiro hoje é oferecido a Deus por uma Igreja separada deste mundo, consagrada ao Senhor e santificada pelo sangue de Jesus, pela ação da Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. Deus nunca ficou sem testemunhas na terra em todas as épocas e hoje também tem os fiéis, que perseveram em meio a todas as adversidades, e estes colocam sobre o altar aceso uma oferta que Deus recebe, uma oferta de cheiro suave (1º Rs 19.18). 

Toda pessoa que quer agradar a Deus tem que conhecer a cruz. Sem o conhecimento da cruz tudo que é oferecido a Deus é proveniente da carne e de modo nenhum pode agradar a Deus (Rm 8.8). Pessoas que não conhecem a cruz são meramente religiosas no seu caráter. Julgam-se capazes de oferecer a Deus alguma coisa do seu labor, da sua capacidade natural, desconhecendo a si próprio e desconhecendo a Deus. Toda oferta que agrada a Deus deve ser em Cristo oferecida. Somente assim Deus pode cheirar o suave cheiro da oferta colocada sobre um altar que arde. 

II. O ALTAR É LUGAR DE ADORAÇÃO 

Deus criou o homem para que O adorasse. Jesus disse que Deus procura verdadeiros adoradores (Jo 4.23). Um leproso ouviu de longe, como ordenava a lei, o Sermão do Monte e a ação da Palavra em seu interior agiu tão forte que ele entendeu que uma lepra não poderia impedi-lo de cumprir o propósito pelo qual fora criado por Deus. Assim, se aproximou de Jesus e O adorou: “E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” (Mt 8.2). 

1. O altar de bronze. Havia o altar de bronze (cobre) que ficava no pátio do tabernáculo (Êx 27.2; 40.6) e o altar de ouro que ficava dentro do santuário (Êx 30.1, 6) e o altar de ouro que ficava dentro do santuário (Êx 30.1, 6). O altar para sacrifício era o de bronze, onde o fogo deveria arder continuamente. Nesse altar de bronze eram oferecidos os sacrifícios cruentos no altar de ouro era queimado o incenso aromático pela manhã e tarde. Em ambos altares o cheiro era agradável a Deus, isto é, Deus aceitava a adoração. 

“Alguns estudiosos supõem que os sacerdotes, por turnos, pusessem a intervalos os pedaços do sacrifício sobre o altar, garantindo assim que sempre houvesse algo queimando. Mas considerando-se que o combustível era somente a lenha, o sacrifício ficaria requeimando durante a noite inteira, sem nenhuma ajuda. No entanto, parece que na época do segundo templo, ficar alimentando as chamas fazia parte da prática dos sacerdotes” (R. N. Champlin). É no altar de bronze que o nosso ego desaparece e tudo que está relacionado com a carne é destruído. Renunciamos a nossa vida pela vida de Deus (Gl 2.20). 

2. Uma oferta de fé. A fé é essencial para a adoração do ofertante no altar. Se aproximar do altar sem fé é apenas formalismo; é procurar encontrar o Senhor Deus e entende-lo pela razão humana. O escritor aos Hebreus, ao fazer menção dos primeiros atos de adoração registrados na história humana (as ofertas oferecidas a Deus por Caim e Abel – Gn 4.1-7), enfatiza que Abel foi movido pela fé (Hb 11.4), diferentemente de Caim. Foi também pela fé que Abraão ofereceu Isaque (Hb 11.17). Não basta apenas ofertar (Hb 11.6). 

Aprendemos pela Palavra de Deus a importância de ofertarmos ao Senhor não simplesmente para cumprir uma ordenança ou liturgia, ou um mero formalismo ritual, mas movidos pela confiança, convicção, certeza concreta (Hb 11.1), que se expressa em ação, como demonstrado por Abel, Abraão e outros. 

3. Um altar de adoração. Quando uma oferta é trazida ao altar do Senhor tem também o sentido da adoração. Quando o profeta Elias restaurou o altar de Israel e Deus enviou fogo do céu para consumir a oferta (1º Rs 18.38), o povo adorou ao Senhor (1º Rs 18.39). O altar da adoração deve estar levantado nas nossas igrejas, nas nossas famílias e nas nossas vidas. Deus é adorado no céu pelos seres que lá habitam e também deve ser adorado por todos aqueles que na terra professam o Seu Santo Nome. A adoração só deve ser dada a Deus. Jesus disse que somente Deus deve ser adorado (Mt 4.10). A adoração deve ser em verdade e em Espírito: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4.23,24).

Mas a hora chega, e agora é – a antiga dispensação está prestes a passar, e a nova, a começar. “Já” há tanta luz que Deus pode ser adorado de maneira aceitável em qualquer lugar. 

Os verdadeiros adoradores. Todos que verdadeiramente e sinceramente adoram a Deus. Aqueles que fazem isso com o coração, e não apenas na forma.

Em espírito. A palavra “espírito”, aqui, se opõe aos ritos e cerimônias e à pompa do culto externo. Refere-se à “mente”, à “alma”, ao “coração”. Eles devem adorar a Deus com uma sincera “mente”; com a simples oferta de gratidão e oração; com um desejo de glorificá-lo, e sem pompa e esplendor externos. O culto espiritual é aquele onde o coração é oferecido a Deus e onde não dependemos de formas externas para aceitação.

Na verdade. Não por meio de sombras e tipos, não por meio de sacrifícios e ofertas sangrentas, mas da maneira representada ou tipificada por todos esses, Hebreus 9.9 , Hebreus 9.24 . Na verdadeira maneira de acesso direto a Deus através de Jesus Cristo.

Para o Pai procurar. Jesus apresenta duas razões pelas quais esse tipo de adoração deve ocorrer. Uma é que Deus a procurou ou desejou. Ele havia designado o modo antigo, mas o fez porque procurava liderar a mente para si mesmo por essas formas, e preparar as pessoas para o sistema mais puro do evangelho, e agora ele buscava ou desejava que aqueles que o adoravam adorá-lo dessa maneira. Ele sugeriu sua vontade por Jesus Cristo.

O pai procura uma entrega total e não pela metade. Romanos 12.1 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 

“...como sacrifício vivo...”. Os animais mortos nos sacrifícios da Lei, eram a sobra do que havia de vir. A morte do único “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, varreu todas as vítimas mortas do altar de Deus, para dar lugar aos próprios redimidos, como “sacrifícios vivos” para Aquele que “se fez pecado por nós”; ao passo que tudo que sai dos seus corações agradecidos em louvor, e todo ato motivado pelo amor de Cristo, é em si um sacrifício a Deus de cheiro suave (Hb 13.15-16).

“...santo...”. Como os animais, quando oferecidos sem defeito a Deus, eram considerados santos, assim também os crentes, “entregando-se a Deus como os que estão vivos dentre os mortos, e seus membros como instrumentos de justiça para Deus”, são considerados por Ele, não ritualmente, mas realmente “santos”, e assim agradáveis a Deus. 

Um altar aceso continuamente significa uma adoração continuada, uma adoração que não para e que não esteja sujeita a situações que o adorador venha passar. A adoração da Igreja não é afetada pelas crises desta vida, pelas enfermidades ou pelas tempestades que possam advir. Adorar a Deus é grande privilégio a nós concedido e por essa razão o inimigo de nossas almas tenta de todas as maneiras atrair essa adoração para a pessoa dele. Mas o Espírito Santo na vida do crente, na vida da Igreja, leva o povo de Deus a adorar somente ao Senhor. Abel adorou a Deus oferecendo o sangue e a gordura sobre o altar. O sangue manifesta a excelência da vida e a gordura a excelência inerente à pessoa de Cristo, Sendo Deus Espírito, os seus adoradores devem adorá-Lo em espírito e em verdade. Isso é possível, pois Deus nos deu a Sua natureza através do Espírito Santo. 

III. O ALTAR É LUGAR DE ALEGRIA 

A alegria é uma das características do fruto do Espírito (Gl 5.22). Alegria faz parte do caráter dos que se aproximam de Cristo, reconhecendo a obra por Ele realizada. Sua morte e ressurreição nos deu esta alegria por termos comunhão com Deus e pelas gloriosas promessas que estão para se cumprir na vida de todos os que permanecerem fiéis, perseverando até o fim (Mt 24.13). 

1. Alegria pelo perdão. O perdão é necessário porque o homem pecou contra Deus. Sendo o pecado uma ofensa à santidade de Deus, somente Ele pode conceder o perdão. O Homem sem Deus procura de muitas maneiras se justificar perante o Senhor, mas nenhuma delas consegue conceder alegria ao homem, pois não lhe dá a certeza de ter alcançado o perdão. Fazer obras meritórias, meditação transcendental, praticar a mendicância e outras formas criadas pelas religiões não tem como conceder a certeza do perdão. Essa alegria só é alcançada quando contemplamos Cristo, que foi sacrificado por nós. Por essa razão, Davi orou pedindo: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário.” (Sl 51.12). 

O perdão só pode ser dado porque com Ele está o perdão (Sl 130.4). O perdão concede ao penitente: alegria imediata, alívio da consciência culpada e restauração da comunhão com Deus. Davi não pediu a Deus segurança do reino, um exército mais forte, mais riqueza, mas, sim “alegria da salvação”. O perdão liberta o homem de todo o tipo de escravidão, dá um novo motivo de vida. Uma pessoa perdoada é uma pessoa alegre, que tem motivos para viver, e não apenas viver, mas viver uma vida com abundância (Jo 10.10). 

2. Alegria pela presença de Deus. O altar é lugar de encontro entre Deus e o homem. O pecador, ao ouvir a voz de Deus, teme e se esconde (Gn 3.10), mas no altar tem uma vítima que toma o lugar do pecador, que muda o medo em alegria (Nm 10.10). O pecador pode entrar pelo átrio da casa do Senhor com alegria: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios.” (Sl 96.8). 

Na presença do Senhor há fartura de alegria (Sl 16.11). Para o salvo a presença do Senhor é uma busca constante e incessante, para poder desfrutar do que há de mais precioso. O salmista se alegra pelo convite que lhes é feito, de ir à casa do Senhor (Sl 122.1). Todos os que vivem uma vida totalmente entregue para Deus, e têm como fundamento da vida cristã a obra que Jesus realizou, Sua morte e ressurreição, sempre terão uma mensagem de alegria (Mt 28.8). 

3. Alegria por ser o altar de Deus. O salmista se alegra por se chegar ao altar de Deus: “Então irei ao altar de Deus, do Deus que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.” (Sl 43.4). A tradução livre do texto “aminha grande alegria” é “a alegria da minha alegria”, como encontramos nos rodapés de algumas Bíblias. O salmista está dizendo que, quando vai ao altar de Deus, ele encontra uma alegria que alegra a alegria dele. 

Existe a alegria humana (natural) e a alegria que é uma das características do fruto do Espírito (espiritual). A alegria natural está na alma, mas a alegria espiritual só tem os que nasceram de novo, pois ela está no espírito do homem. Quando nos aproximamos do altar de Deus, somos inundados pela presença do Espírito Santo e tomados pela Sua alegria, que supera qualquer dificuldade que este mundo possa oferecer. É a alegria do Espírito alegrando a alegria da alma.

CONCLUSÃO. Temos de empreender todos os esforços para que o altar esteja aceso continuamente, para que a qualquer momento que dele nos aproximarmos possamos oferecer a nossa oferta de cheiro suave ao Senhor. Seja no calor do dia, ou no frio da noite, que esta chama esteja sempre acesa.

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