Este capítulo trata do ritual da oferta pela culpa e das ofertas pacíficas, como o último capítulo tratou do ritual da oferta queimada, da oferta de carne e da oferta pelo pecado. Neste capítulo 7, dos vs. 1-10, veremos as instruções para as ofertas pela culpa, dos vs. 11-36, veremos o sacrifício pacífico e, finalmente, a conclusão nos vs. 37 e 38, deste trecho que começou em Lv 1.1 e se estendeu até Lv 7.35.
Como já vimos, é difícil diferenciar uma oferta da outra quando se trata das ofertas pelo pecado, das ofertas pela culpa. Mas sabemos que elas foram plenamente cumpridas em Cristo. Aqui na oferta pela culpa, o sacerdote deveria comer do sacrifício, na porção que tinha direito, somente dentro do átrio do tabernáculo – ver 6.16.
I. A LEI DA OFERTA PELA CULPA
1. Ritual adicional da oferta pela culpa (7.1-10). Deve-se notar que o sangue da oferta pela culpa não deve ser colocado nas pontas do altar, como era a regra na oferta comum pelo pecado, mas lançado contra a parte interna do altar, como na oferta queimada e oferta de paz. A garupa em Levítico 7.3 deve ser traduzida como cauda, como em Levítico 3.9.
Conter um preceito geral ou nota sobre a porção dos sacerdotes na oferta pelo pecado, pela oferta pela culpa, pela oferta queimada e pela oferta de carne. O sacerdote oficiante deveria ter a carne da oferta pela culpa e da oferta pelo pecado (exceto a gordura queimada no altar), e a pele da oferta queimada e das ofertas de carne cozida (exceto o memorial queimado no altar), enquanto as ofertas de carne de farinha e de grãos ressecados, que poderiam ser mantidos por mais tempo, seriam propriedade do corpo sacerdotal em geral, todos os filhos de Arão ... um tanto quanto o outro. As peles das ofertas de paz foram retidas pelo ofertante ('Mishna, Sebaeh', 12, 3).
II. A LEI DAS OFERTAS PACÍFICAS
1. Ritual adicional da oferta de paz (Lv
7.11-21).
Existem três tipos de ofertas de paz:
1.1. Ação de graças. Que expressavam a
gratidão a Deus pela ajuda recebida em tempos de tristeza e dificuldades. O ofertante
oferecia bolos e coscorões ázimos amassados com azeite, os bolos, feito de flor
de farinha, tinham de ser fritos (Lv 7.12-15).
Os produtos trazidos a Deus vinham acompanhado de sacrifícios de louvores.
1.2. Voto, vs. 16-17. Realmente muito usado
nas situações de grande desespero e aflições quando a pessoa quer uma resposta
divina e se compromete com votos prometendo algo. São exemplos: Gn 28.20-22; 1ª
Sm 1.11.
Os votos eram normalmente acompanhados de ofertas pacíficas por ocasião da declaração e, posteriormente, do cumprimento do voto. Nesse caso, a comida poderia ser comida no mesmo dia ou no dia seguinte.
1.3. Ofertas movidas, diante do Senhor vs. 30-31. Na última etapa, o adorador entregava a oferta pacífica ao sacerdote, segundo o manual levítico, aspergia o sangue do sacrifício sobre o altar. Em seguida, queimavam a gordura do animal (Lv 7.30). Normalmente fazia parte de um ritual mais amplo no qual o peito do animal era movido, talvez levantado, diante do altar pelo sacerdote e pelo adorador antes de ser entregue ao sacerdote como alimento (Nm 5.25). Esta oferta é mencionada 10 vezes aqui em Levítico.
Destes, as ofertas de agradecimento foram feitas em memorial agradecido pelas misericórdias passadas; as ofertas votivas foram feitas em cumprimento de um voto previamente feito, de que tal oferta deveria ser apresentada se uma condição de terreno fosse cumprida. As ofertas voluntárias diferem das ofertas votivas por não terem sido previamente prometidas, e das ofertas de agradecimento por não terem referência a nenhuma misericórdia especial recebida. A oferta de agradecimento deve ser comida pelo ofertante e seus amigos, no mesmo dia em que foi oferecida; as ofertas votivas e voluntárias, inferiores à oferta de agradecimento em santidade, no mesmo dia ou no dia seguinte. A razão pela qual um tempo mais longo não foi concedido provavelmente foi que, quanto mais a refeição foi adiada, menos um caráter religioso seria associado a ela. A necessidade de um consumo rápido também afastou a tentação de agir de má vontade em relação àqueles com quem o banquete poderia ser compartilhado, e também impediu o perigo de a carne se corromper. Se alguma carne permanecesse até o terceiro dia, seria queimada com fogo; se comido naquele dia, não deve ser aceito ou imputado àquele que ofereceu, isto é, não deve ser considerado como sacrifício de doce sabor a Deus, mas uma abominação (literalmente, um fedor), e quem o comeu suportar sua iniquidade, isto é, deve ser culpado de uma ofensa, exigindo, provavelmente, uma oferta pelo pecado para expiá-la. O presente de pão que acompanha o sacrifício de animais consistia em três tipos de bolos sem fermento e um bolo de pão fermentado, e um de toda a oferta, ou seja, um bolo de cada tipo, deveria ser oferecido por ser levantado e depois dado para o padre oficiante, os demais bolos fazem parte da refeição festiva do ofertante. Se alguém participasse de um banquete em uma oferta de paz enquanto estivesse em um estado de impureza levítica, ele seria separado do seu povo, isto é, excomungado, sem permissão para recuperar a comunhão imediata, oferecendo uma oferta pelo pecado. São Paulo juntou-se a uma oferta votiva (At 21.26).
III. DEUS PROÍBE COMER GORDURA E SANGUE
1. Não comereis gordura (Lv 7.22-27). Esta ordem repetida com frequência baseia-se na explicação de que “toda gordura é do Senhor” (Lv 3.16). A gordura de animais mortos naturalmente ou caçados por predadores poderia ser usada para outros propósitos, mas não como alimento (Lv 7.24).
2. Não comereis sangue (v. 26). Esta expressão se refere ao ato de comer carne cujo sangue não foi drenado (1º Sm 14.33). A razão dessa proibição é dada em 17.11 e Gn 9.4. [Bíblia de Genebra].
Desde que o derramamento de sangue representava perda de vida (Gn 9.4), e que o sangue assim derramado era usado somente para a expiação, nunca se podia comer ou beber. Esta proibição se referia somente ao uso do sangue como alimento, e não deve ser considerada uma lei contra a transfusão de sangue, o que é uma operação médica para salvar vidas. Se queremos atribuir-lhe algum sentido espiritual, seria apenas o de ilustrar a santidade do sangue de Cristo, derramado em nosso favor para que tenhamos a plenitude da vida mediante Seu sacrifício supremo. (Bíblia Shedd).
IV. CONTINUAÇÃO DO RITUAL DAS OFERTAS DE PAZ
1. A porção do sacerdote (Lv 7.28-34 – Cf. Lv 3.1). A igual dignidade das ofertas pacíficas com as outras ofertas, é justificada pelo mandamento de que o ofertante a traga com suas próprias mãos, embora possa ter sido considerado apenas a parte constituinte de uma festa e, portanto, enviado pela mão de uma pessoa, o servo.
2. Oferta movida (Lv 6.30-36). A parte da oferta que os sacerdotes moviam era deles. O movimento de ida e volta para o altar simbolizava a oferta do sacrifício a Deus e seu retorno aos sacerdotes. Estas ofertas ajudavam a manter os sacerdotes que cuidavam da casa de Deus. O Novo Testamento ensina que os ministros deveriam ser mantidos pelas pessoas a quem eles servem (1Co 9:10). Nós devemos dar generosamente àqueles que ministram por nós. (Application Study Bible).
O peito e o ombro direito deveriam ser agitados e levantados (para “levantado” não significa apenas “retirado”, como alguns já disseram). A ondulação consistia no sacerdote colocando as mãos sob as do ofertante que segurava a peça a ser acenada e movendo-as lentamente para trás e para frente diante do Senhor, de e para o altar; o levantamento foi realizado levantando lentamente as peças levantadas para cima e para baixo. Os movimentos foram feitos para mostrar que as peças, embora não fossem queimadas no altar, ainda eram consagradas de maneira especial ao serviço de Deus. O ombro direito era provavelmente a perna traseira, talvez o quadril. A palavra hebraica é geralmente traduzida como “perna” (Dt 28.35; Salmos 147.10).
“Esta é a porção de Arão … e de seus filhos” (v. 35). A ênfase no capítulo 7 é sobre a parte que pertencia aos sacerdotes. Deus ordenou uma provisão liberal para o Seu ministério e pretendia que cada israelita compreendesse a responsabilidade de mantê-lo. Isso mantinha o sacerdócio em elevada estima entre o povo. Muito do que era doado revertia aos sacerdotes.
3. Ofertas preparadas no fogo Lv 7.35 - 38). A oferta da consagração se referia à oferta apresentada na cerimônia em que os sacerdotes foram introduzidos no cargo (8.22). Application Study Bible).
Deus deu a Seu povo muitos rituais e
instruções a seguir (v. 38). Todos os rituais em Levítico deveriam
ensinar valiosas lições ao povo. Entretanto, com o passar do tempo o povo se
tornou indiferente a estes rituais e começou a perder contato com Deus. Quando
os rituais (louvor, adoração, e Palavra de Deus) de sua igreja começarem a
parecer secos, tente redescobrir o significado e propósito originais atrás
deles. Seu louvor será revitalizado. (Application Study Bible).
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