INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos um pouco do
contexto histórico que envolveu a reconstrução do Templo; veremos quem foi
Zorobabel e qual a sua importância para esta reconstrução; pontuaremos os
aspectos das mensagens proféticas dos profetas Ageu e Zacarias em relação ao
restabelecimento do Templo e o seu futuro; e por fim, mostraremos a importância
do templo em nossos dias.
I.
ENTENDENDO O CONTEXTO HISTÓRICO
1. O
rei Ciro e o retorno dos ex-exilados. Em 538 a.C., Ciro rei da Pérsia,
promulgara um decreto, permitindo aos judeus exilados voltarem à pátria para
reconstruir Jerusalém e o Templo, cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias
(Is 45.1-3; Jr 25.11,12; 29.10-14), e a intercessão de Daniel (Dn 9). O
primeiro grupo de judeus a voltar a Jerusalém, havia lançado os alicerces do
novo Templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10).
No entanto, os samaritanos e outros
vizinhos opuseram-se fisicamente ao empreendimento, desanimando aos
trabalhadores de tal maneira, que a obra acabou por ser interrompida em 534
a.C. A indiferença espiritual generalizou-se, induzindo o povo a voltar à
reconstrução de suas próprias casas.
2.
Os profetas Ageu e Zacarias e a mensagem divina. A palavra profeta
deriva-se do termo hebraico “nabbi”
que significa “falar” ou “dizer”, e do termo grego “prophete”, que significa “falar de antemão”. Sua principal função é
tornar conhecidas as revelações divinas e transmitir os oráculos de Deus ao
povo (Êx 7.1; Nm 12.6; 1º Sm 3.20; Hb 1.1,2). Ageu começou seu ministério da
Palavra em 520 a.C. (Ag 1.1), e cinco de suas mensagens encontram-se
registradas no livro com o seu nome. Um ou dois meses depois, juntou-se a ele
um rapaz cujo nome era Zacarias, um sacerdote chamado por Deus para ser profeta
(Zc 1.1). Esses dois homens transmitiram a Palavra de Deus aos líderes e ao
remanescente que “iam edificando e prosperando em virtude do que profetizaram
os profetas Ageu e Zacarias” (Ed 6.14) (WIERSBE, 2010, p. 596). Conheceremos
agora dois deles que foram usados de forma tremenda para a restauração do
templo.
II.
ZOROBABEL E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO
1.
Zorobabel e sua genealogia. Zorobabel era descendente da casa de Davi, era filho
de Selatiel, neto de Jeconias, da descendência de Davi por isto seu nome é
citado na genealogia de Jesus Cristo (Mt 1.12,13; Lc 3.27). Porém, o texto hebraico
do livro de Crônicas registra que ele era filho de Pedaías, irmão de Selatiel.
Talvez isto tenha sido um erro de copista, ou mais provavelmente, que tenha
havido um casamento levirato. Sua história é contada principalmente nos livros de
Esdras e Neemias, que no Cânon Hebraico formam um único livro, e nos livros de
Ageu e Zacarias. Ele ainda é mencionado na genealogia de Judá no livro de 1º
Crônicas que cita os seguintes nomes como seus descendentes: Mesulão, Hananias,
e Selomite, Hasubá, Oel, Berequias, Hasadias e Jusabe-Hesede (1Cr 3.19,20). O
NT menciona Abiúde e Resá como seus filhos (Mt 1.13; Lc 3.27) (WIERSBE, 2010,
p. 597).
2.
Zorobabel e sua liderança. Zorobabel foi um líder israelita que liderou o
retorno do primeiro grupo de judeus exilados que se encontravam no cativeiro
babilônico, fato histórico ocorrido após 539 a.C., quando o rei Ciro da Pérsia
havia ocupado a Babilônia. A origem de seu nome é incerta; talvez venha do
acadiano, “zerubabili” que significa: “semente da Babilônia”. No livro de Ageu,
Zororabel é chamado de “governador de Judá” (Ag 1.1; 2.2). Ao estabelecer-se na
terra prometida, ele trabalhou pela reconstrução do Templo de Jerusalém,
completando a obra com muita persistência, tendo enfrentado uma interrupção das
atividades durante um período de dezesseis anos, aproximadamente de 536 a 520
a.C.
3.
Zorobabel e a reconstrução do Templo. No ano 536 a.C. Ciro apodera-se da
Babilônia e ordena o repatriamento dos judeus mantidos em cativeiro e a
reconstrução do seu templo (Ed 1.1-4) que, segundo a descrição presente no
livro de Esdras, terá tido lugar sob o sacerdote Josué, filho de Jazadaque e
Zorobabel, filho de Sealtiel (Ed 3.8). A obra, porém, foi interrompida durante
o reinado de Ciro, e só foi retomada no reinado de Dario (Ed 4.1-5). Em 520
a.C. o profeta Ageu acompanhado pelo profeta Zacarias, conclama Zorobabel e o
povo a retornar à construção da casa de Deus. Quatro anos mais tarde, o Templo
foi completado e dedicado ao Senhor (Ed 4.8-13). A Bíblia nos informa que Deus
usou o rei Dario para confirmar a ordem de reconstrução do Templo (Ed 6.1-12).
Os secretários do rei procuraram nos arquivos e encontraram o rolo no qual Ciro
havia registrado o édito a volta do povo de Judá para sua terra (Ed 6.13-22).
III.
O PROFETA AGEU E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO
1. O
profeta Ageu.
Seu nome vem do hebraico “Haggai”
significa “festividade” ou “festivo”. Provavelmente ele recebeu este nome
porque o seu nascimento coincidiu com uma das festas judaicas. Seu nome está
ligado ao maior objetivo de sua profecia, que era completar o Templo para
reiniciar as festividades religiosas. A tradição judaica sustenta que ele
nasceu na Babilônia e estudou sob a orientação do profeta Ezequiel.
Evidentemente veio para Jerusalém após o retorno do primeiro grupo de exilados
em 537 a.C., pois o seu nome não consta da lista dos que retornaram (Ed 2.2)
(ELISSEN, 2004, p. 329).
2. A
mensagem de repreensão Ageu (Ag 1.1-11). Por causa do descaso do povo judeu para
com a reconstrução do Templo, Deus os castigou e lhes sobreveio colheitas
escassas, secas e miséria (Ag 1.6). Eles trabalhavam intensamente, mas não
sentiam real alegria e motivação (Ag 1.6, 9-11). Mais do que qualquer outra
pessoa, Ageu foi o responsável por conseguir que a reconstrução recomeçasse e
fosse concluída. Ele insistiu com os líderes e o povo para atender a essa prioridade,
para que Deus pudesse derramar bênçãos sobre todos os empreendimentos do povo
(Ag 1.9,10).
3. A
mensagem de ânimo de Ageu (Ag 2.1-9). Enquanto o povo edificava, novo desânimo
apoderou-se deles. Os mais velhos, lembrando-se do esplendor do Templo de
Salomão, mostravam-se decepcionados com o novo Templo, pois era inferior no
tamanho e na suntuosidade da alvenaria. Os próprios alicerces eram bem menores
em extensão e os recursos eram muito limitados. Mas Ageu veio com uma palavra
de ânimo, dizendo que Deus derramaria seus recursos naquele edifício e estaria
no meio do novo Templo: “A glória desta última casa será maior do que a da
primeira, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor
dos Exércitos” (Ag 2.9).
4. A
mensagem de esperança de Ageu (Ag 2.10-23). Esta mensagem de purificação e
bênção foi proclamada três meses depois que a reconstrução do Templo foi
iniciada. Ageu mostrou ao povo a sua impureza e pecaminosidade (Ag 2.11-14).
Mostrou-lhes que as suas orações não eram
respondidas porque tinham protelado por tanto tempo o término do Templo. Por
sua culpa haviam arruinado tudo quanto tinham feito (Ag 2.15-19). Mas, se renovassem
o seu zelo, descobririam que Deus os abençoaria: “Há ainda semente no celeiro?
Nem a videira, nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus
frutos; mas desde este dia vos abençoarei” (Ag 2.19).
IV.
O PROFETA ZACARIAS E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO
1. O
profeta Zacarias.
O nome Zacarias, “Zekar-Yah”, no
hebraico e: significa “O Senhor se lembrou”. Os nomes de seu pai e de seu avô
têm significados interessantes (Zc 1.1). Seu pai por nome de Ido significa:
“tempo designado”, e o seu avô por nome de Berequias que significa: “o Senhor
abençoa”. Segundo Elissen (2012, p. 389) “até os nomes sugerem a mensagem do
livro: O Senhor não esquecerá suas promessas da aliança para abençoar Israel no
tempo designado”.
2. A
mensagem de mudança de Zacarias. A sua atual condição apresentava um
quadro triste, mas Zacarias transformou essa situação calamitosa em uma cena
gloriosa, enquanto ele, por meio de uma série de visões e profecias, descreve
uma Jerusalém restaurada, protegida e habitada pelo Messias (Zc 8.7,8; 12.10).
Sendo ela a capital de uma nação elevada acima de todas as demais nações.
3. A
mensagem de estímulo de Zacarias. Além da promessa de glória futura, o
profeta Zacarias fez promessas de êxitos e empreendimento que culminou
estimulando o povo, porque assegurava ao remanescente que o seu Templo seria reconstruído,
apesar da oposição. O profeta Zacarias trouxe um estímulo à nação para servir
fielmente ao seu Deus mesmo por meio da aflição atual, com a visão das glórias
futuras do tempo do Messias; e as batalhas que antecederão este tempo (Zc
9.9,10; Ap 12.6; 13.5; 14.14).
4. A
mensagem escatológica de Zacarias. Zacarias concluiu sua profecia com uma
descrição da culminante batalha terrena, quando o próprio Senhor se envolverá
na peleja. Esse “homem de guerra”, característica do Senhor, foi aludido em (Êx
15.3) e dramatizado em (Na 1.2, Hc 2.8-15 e Sf. 3.8). Quando o Senhor sair para
a peleja, se confrontará com todas as nações reunidas contra Jerusalém (Zc
14.2; Ap 19.9). Suas armas não são reveladas, mas a batalha será ganha (Zc
14.12).
V. A
IMPORTÂNCIA DO TEMPLO EM NOSSOS DIAS
Embora compreendamos que somos Templo de
Deus (1ª Co 13.16), que também somos o sacrifício (Rm 12.1) e que Deus está à
procura de adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.24), não
resta dúvidas de que a figura do Templo tem uma grande importância nas
Escrituras e consequentemente para os nossos dias. Notemos:
O Templo é um lugar de comunhão (Sl
27.4; At 2.42);
O Templo é um lugar de adoração (Sl
65.4; At 2.4);
O Templo é um lugar de oração (2º Cr
7.15; At 4.31; At 12.5);
O Templo é o lugar da manifestação da
vontade de Deus (1º Sm 1.17; At 13.1-3);
O Templo é o lugar para buscar refúgio
(Sl 18.6; At 12.11-12);
O Templo é o lugar de louvor (Sl 138.2;
Ef 5.19,20).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que quando a obra
sofre por empecilhos levantados pelo inimigo o povo pode esperar em Deus uma
resposta, e se sua vida e compromisso forem restaurados haverá uma intervenção
divina. Devemos crer que o nosso Deus continua à frente de sua obra, Ele usará
homens e mulheres que se disponham a fazer a sua vontade e a obra seguirá
avante. A Igreja do Senhor também tem essa promessa e como diz o hino: Ela
segue caminhando.
FONTE
DE PESQUISA
1. STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
2. ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o
Antigo Testamento. VIDA.
3. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
4. WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo. GEOGRAFICA.
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