TEOLOGIA EM FOCO: A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO ENFRENTOU OPOSIÇÃO

terça-feira, 21 de julho de 2020

A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO ENFRENTOU OPOSIÇÃO



TEXTO BÁSICO
Esdras 4.7,9,11-13,15,16,21-24. 7 - E, nos dias de Artaxerxes, escreveu Bislão, Mitredate, Tabeel e os outros da sua companhia a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta estava escrita em caracteres aramaicos e na língua siríaca. 9 - Então, escreveu Reum, o chanceler, e Sinsai, o escrivão, e os outros da sua companhia: dinaítas e afarsaquitas, tarpelitas, afarsitas, arquevitas, babilônios, susanquitas, deavitas, elamitas. 11 - Este, pois, é o teor da carta que ao rei Artaxerxes lhe mandaram: Teus servos, os homens daquém do rio e em tal tempo. 12 - Saiba o rei que os judeus que subiram de ti vieram a nós a Jerusalém, e edificam aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros, e reparando os seus fundamentos. 13 - Agora, saiba o rei que, se aquela cidade se reedificar, e os muros se restaurarem, eles não pagarão os direitos, os tributos e as rendas; e assim se danificará a fazenda dos reis. 15 - Para que se busque no livro das crônicas de teus pais, e, então, acharás no livro das crônicas e saberás que aquela foi uma cidade rebelde e danosa aos reis e províncias e que nela houve rebelião em tempos antigos; pelo que foi aquela cidade destruída. 16 - Nós, pois, fazemos notório ao rei que, se aquela cidade se reedificar e os seus muros se restaurarem, desta maneira não terás porção alguma desta banda do rio. 21 - Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens parem, a fim de que não se edifique aquela cidade, até que se dê uma ordem por mim. 22 - E guardai-vos de cometerdes erro nisso; por que cresceria o dano para prejuízo dos reis? 23 - Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes se leu perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência. 24 - Então, cessou a obra da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e cessou até ao ano segundo do reinado de Dario, rei da Pérsia.

INTRODUÇÃO
O altar havia sido restaurado, a Festa dos Tabernáculos celebrada, e o holocausto contínuo estava sendo oferecido cada dia, conforme o rito (Ed 3.2-4). A vida espiritual dos judeus que haviam retornado do cativeiro seguia o que estava prescrito na Lei de Moisés. Somente esperavam o momento de iniciar a reedificação do Templo.

I. O CONTEXTO HISTÓRICO DOS REPATRIADOS E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O contexto histórico. No ano 538 a.C., Ciro rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus repatriados voltarem à pátria para reconstruir Jerusalém e o Templo, cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias (2º Cr 36.22,23; Is 45.1-3; Jr 25.11,12; 29.10-14), e a intercessão de Daniel a Deus (Dn 9). O primeiro grupo de judeus a voltar a Jerusalém (aproximadamente 50 mil judeus), havia lançado os alicerces do novo Templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10; 6.13-18). No entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente ao empreendimento, desanimando aos trabalhadores de tal maneira, que a obra acabou por ser interrompida em 534 a.C..

2. O contexto espiritual. A indiferença espiritual do povo generalizou-se, induzindo os repatriados a voltar à reconstrução de suas próprias casas e abandonar a reconstrução do Templo e se voltando para outros interesses, de modo que o Senhor enviou seus profetas Ageu e Zacarias em 520 a.C. para incitá-los a renovar seus esforços, no segundo ano de Dario, e, depois disso, expediu-se um decreto que apoiava a ordem original de Ciro (Ed 5.1,2; 6.1-12). O governador Zorobabel, da tribo de Judá, e Josué (Jesua), o sumo sacerdote, chefiaram os repatriados que retornaram e entre as primeiras coisas feitas por Josué e seus irmãos, os sacerdotes, foi a construção dum altar para a oferta dos sacrifícios diários (Ed 3.1-3) (ELISSEN, 2004, p. 330).

3. O contexto político. No ano 536 a.C., começou uma grande era para os judeus com a volta do cativeiro e o reinício das ofertas da aliança em Jerusalém. Mas a pausa na reconstrução por causas políticas e de uma denúncia acusatória dos vizinhos e inimigos do povo judeu (Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24) esfriou o entusiasmo de todos, e eles se voltaram para interesses pessoais (Ag 1.4). A reconstrução estava sendo feita por força do decreto de Ciro, rei da Pérsia que era o representante político do povo (Ed 1.1; 6.3). Os judeus retornaram e o Templo foi restaurado (2º Cr 36.22,23; Ed 1.1-4; 5.13,17; 6.3,14; Ed 5.1-6.15).

4. O contexto cronológico. O livro de Esdras resume cronologicamente várias tentativas de interromper os trabalhos de reconstrução do Templo durante os reinados de: Ciro (Ed 4.1-5); Xerxes (A tradição judaica identifica-o com o mesmo Assuero do Livro de Ester. Alguns estudiosos consideram que “Assuero” era um título real que os monarcas persas recebiam) (Ed 4.6); Artaxerxes (Ed 4.7-23); e, Dario (Ed 4.24). Conhecer a ordem dos acontecimentos nos ajudará a entender Esdras. Vejamos:

DATA ACONTECIMENTOS
538 a.C. Decreto de Ciro para o retorno dos judeus a fim de reconstruírem o Templo (Ed 1.1).
537 a.C. Retorno dos primeiros cativos sob governo de Zorobabel (Ed 2.1,2); e o altar é reerguido em Jerusalém (Ed 3.6).
536 a.C. Começa a reconstrução das fundações do Templo (Ed 3.10).
534 a.C. A reconstrução do Templo é interrompida devido a ameaça dos samaritanos (Ed 4.4-5).
530 a.C. Interrupção oficial da reconstrução do Templo por ordem de Artaxerxes (Ed 4.6,21).
521 a.C. A ascensão de Dario ao trono persa (Ed 4.5).
520 a.C. Retomada da reconstrução do Templo (Ed 5.1,2; Ag 1.14,15) e decreto de Dario para conclusão obra (Ed 4.24; 6.8).
516 a.C. A conclusão da reconstrução do Templo possibilitando a observância da festa Páscoa (Ed 6.13-22).

II. SIGNIFICADO DO TERMO OPOSIÇÃO

1. Definição da palavra oposição. O dicionário Houaiss da língua portuguesa define oposição como: “ato ou efeito de oporse; impedimento; obstáculo; objeção; contrate; contestação; impugnação; negação; resistência; contraposição; protesto; queixa; contradita; desmentido; obstáculo” (2001, p. 2072). Podemos destacar alguns exemplos de personagens que sofreram oposições: Moisés (Êx 5.20,20; 14.11,12; Nm 16.1-3); Isaque (Gn 26.1-35); Davi (1º Sm 18.17-19; 2º Sm 15.1-13); Jesus (Mt 11.18,19; Mc 3.22; Lc 23.2); e, Paulo (At 13.45; 14.19,20; 16.22,23).

III. OS ALICERCES DO TEMPLO SÃO LANÇADOS

Depois que os materiais para a construção do Templo chegaram, segundo a concessão feita pelo rei Ciro da Pérsia, Zorobabel e os que haviam voltado do cativeiro lançaram os alicerces do templo (Ed 3.8). Todos apresentavam muita animação para o trabalho.

1. O lançamento dos alicerces foi celebrado com uma solenidade. “… Os sacerdotes, já paramentados e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com saltérios, para louvarem ao SENHOR, conforme a instituição de Davi, rei de Israel” (Ed 3.10).

Todos os que assistiram o lançamento dos alicerces expressaram seus sentimentos com tão grande júbilo, que as suas vozes se ouviam de mui longe (Ed 3.12,13).

2. A reedificação do Templo. A reedificação do templo foi resultado do despertamento que veio através de Ciro, rei da Pérsia (Ed 1.1,2). Convém lembrar que o despertamento pentecostal, que chegou ao Brasil em 1910, trouxe consigo uma verdadeira renovação da doutrina da Igreja de Deus, que pode ser simbolizada pelo templo de Deus (1ª Co 3.16). A Igreja de Deus é um MISTÉRIO (Ef 5.32), que não pode ser compreendido pelo homem natural (1ª Co 2.14).

2.1. O Espírito Santo quer salientar que JESUS em pessoa quer edificar a sua Igreja (Mt 16.18), e Ele o faz conforme a Palavra de Deus.

2.2. O Espírito Santo quer gerar um sentimento de reverência pela igreja do Senhor, que é a morada de Deus (Ef 2.22). Veja também: Êxodo 3.5; Salmos 89.7; Eclesiastes 5.1.

2.3. O Espírito Santo quer adestrar a Igreja porque ela é o instrumento da ação de Deus aqui na terra (Ef 3.10). Deus tem um trabalho para cada servo seu na grande obra de evangelização do mundo (Mc 13.34).

SUBSÍDIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

“Não foi antes da primavera, o segundo mês (abril/maio) do segundo ano da sua volta, que os judeus, sob o comando de Zorobabel, começaram a tarefa de reconstruir o Templo. Nesse ínterim, houve muita coisa a ser feita. Era necessário contratar pedreiros carpinteiros; as pedras deveriam ser cortadas e a madeira obtida nas colinas do Líbano. Esta era a mesma fonte da qual Salomão obteve a matéria-prima para o primeiro Templo (2º Cr 2.8,9). Parte do dinheiro necessário para isto conseguiu-se graças à concessão que lhes tinha feito Ciro, rei da Pérsia. Devido à santidade da tarefa, os levitas foram designados para supervisionar os trabalhadores. Jesua, ou Josué, era o sumo sacerdote (cf. 2.2; 3.2; Zc 3.1-10). Com a colocação das últimas pedras do alicerce, realizou-se uma elaborada cerimônia. Os sacerdotes e os levitas, vestidos adequadamente, tocaram suas trombetas e seus címbalos, e os corais entoaram em duas vozes o Salmo 136. E o povo jubilou com grande júbilo, louvando ao Senhor pelo que Ele tinha ajudado a realizar” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 2. RJ: CPAD, 2014, p.493).

IV. OS SAMARITANOS OPÕEM-SE À CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. Entre os moradores da terra estavam os samaritanos. Quando Nabucodonosor levou o reino de Judá cativo para Babilônia, os samaritanos passaram a morar na terra. Estes eram descendentes de uma mistura de gente que o rei da Assíria tinha deslocado para as cidades da Samaria, depois de ele ter levado as dez tribos do Reino do Norte em cativeiro para a Assíria (2ª Rs 17.23). Eram pagãos que haviam sido ensinados acerca do Deus de Israel. Assim, os samaritanos continuavam servindo a seus deuses, mas também temiam o Senhor (2º Rs 17.23-33).

3. A reconstrução do templo e a oposição dos inimigos do povo de Deus.
3.1. Os samaritanos tentam frustrar a construção do Templo (Ed 4.4,5). A maldade dos samaritanos levou-os a enviar uma carta ao rei da Pérsia contendo acusações mentirosas contra os judeus (Ed 4.12,13). O rei que recebeu aquela carta não conhecia bem o assunto, e mandou parar a obra (Ed 4.21).

3.2. Usaram de falsidade (Ed 4.2). Os opositores da obra de Deus mascararam suas más intenções e mentiram para enganar o povo: “... Deixa-nos edificar convosco, porque como vós, buscaremos a vosso Deus”. O texto bíblico os chama de “adversários” (Ed 4.1), e esta era a natureza daqueles homens maus. Seu discurso de compartilhar a mesma fé e oferecer ajuda, era falacioso (Tt 1.16). Essa conversa que “somos todos irmãos era uma armadilha maligna” objetivava ganhar a afeição do povo Deus, para depois “desviar os fracos e atacar a liderança” (1Co 5.11). Os servos de Deus devem apoiar aos líderes contra os opositores (Ed 1.3; Tt 1.9-11).

3.3. Forjaram uma aliança (Ed 4.2). Provavelmente foram os samaritanos que fizeram a proposta ao povo de Israel para o estabelecimento de uma aliança, mas seus intentos eram outros, queriam se infiltrar entre os judeus para obstruírem a obra que estava sendo realizada: “... Deixa-nos edificar convosco”. Não poderia haver acordo, porque os inimigos adoravam outros deuses e não se submetiam à Palavra de Senhor (2º Rs 17.24-41; Ml 3.18; 2ª Co 6.14-18).

3.4. Provocaram desânimo (Ed 4.4). Outro artifício dos inimigos do povo foi usar as armas do desânimo (falta de ânimo, desalento, abatimento), e da inquietação (falta de sossego, apreensão, aflição): “... debilitava as mãos do povo de Judá”.

Devemos reagir contra estes sentimentos, e acreditar na possibilidade da vitória, na providência divina (Sl 46.10,11; Jo 14.1). A alegria e a força do Senhor em nós é o fruto de um real avivamento.

3.5. Semearam inquietação (Ed 4.4). Os inimigos não cuidam das próprias responsabilidades, mas se prontificam em desviarem e desanimarem aqueles que estavam trabalhando: “... e inquietava-os no edificar”. Em nosso contexto atual essa passagem expõe e desmascara o homem que não evangeliza, não participa da escola bíblica dominical, não contribui, não honra a liderança, não frequenta a doutrina, mas tenta a todo custo desencorajar os que estão trabalhando.

3.6. Usaram o suborno e acusação (Ed 4.5). Os inimigos deram dinheiro a certos funcionários do governo para que estes atrapalhassem os planos dos israelitas: “E alugaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano ...”. Depois, acusaram o povo judeu diante dos governantes da Pérsia, o que resultou na paralisação da obra por dezesseis anos (Ed 1.7-24).

Certamente que durante este período, o povo judeu aguardou um mover divino em seu favor. Às vezes parece que o Senhor está indiferente à nossa situação, mas devemos sempre lembrar que Ele está no controle de todas as coisas (Is 64.4).

3.7. Usaram de violência (Ed 4.5). Eles contrataram pessoas para os ajudarem a atacar a liderança do povo e os trabalhadores. O texto diz que fizeram isso: “... todos os dias de Ciro até o reinado de Dario”. A Bíblia ainda diz que: “... apressadamente foram eles a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência” (Ed 4.23). A igreja não pode ceder diante da persistência de tais homens maus, eles buscam destruir a igreja (At 20.29), porém, Deus o dono da obra é maior (Mt 16.18).

3.8. Usaram a mentiram e a calúnia (Ed 4.6,12,13,16). Nos dias atuais, essa velha estratégia ainda é usada: [... escreveram uma carta contra os habitantes de Judá e de Jerusalém”. Os opositores do reino, maliciosamente recheiam seus discursos de benfeitorias, piedade e humildade para maquiarem a mentira e a calúnia. Eles tentam descredibilizar os homens de Deus para fragilizarem as ovelhas. Os opositores da obra de Deus têm “pressa” de fazer cessar o trabalho dos servos de Deus (Ed 4.23).

V. COMO SE EXPLICA A FALTA DE RESISTÊNCIA DOS JUDEUS?

1. Os judeus deveriam ter ido ao rei da Pérsia para assegurar a construção. Uma ordem dada por uma autoridade superior não pode ser invalidada por uma autoridade inferior. A ordem de construir o Templo tinha sido dada pelo Deus do céu, através do rei Ciro, a maior autoridade da época, que assinara o decreto da construção do Templo.

2. Os judeus deveriam ter recorrido a Deus. Toda história dos judeus é rica de exemplos de como Deus ajudou seu povo em tempos difíceis. A própria vinda dos judeus para Jerusalém era uma clara demonstração de que Deus estava neste negócio.

Vejamos alguns exemplos da história dos judeus, quando foram ajudados pelo Senhor:

2.1. Nos dias do rei Ezequias, Judá foi cercado pelo exército do rei da Assíria que ameaçava fazer com Judá o que já havia feito com o reino de Israel: levá-los em cativeiro. Nesta hora de perigo, o rei Ezequias buscou o Senhor e foi ouvido, pois um anjo feriu o arraial dos assírios, destruindo cento e oitenta e cinco mil soldados (2Rs 19.30; 2Cr 32.21-22).

2.2. Nos dias do rei Jeosafá, ameaçados pelos amonitas e pelos moabitas, os habitantes de Judá foram convocados pelo rei para pedirem socorro ao Senhor. Ver o texto em 2 Crônicas 20.1-24. Deus guerreou por eles, e sem terem que lutar, os inimigos foram desbaratados.

Os muitos exemplos da ajuda de Deus no passado deveriam ter inspirado os líderes do povo à resistência a esta maldade dos inimigos dos judeus.

3. O motivo da falta de resistência dos judeus era de ordem espiritual:
3.1. ZOROBABEL, o chefe político do povo judeu, até então, tinha confiado em sua própria força (Zc 4.6). Quando as suas próprias forças se esgotaram, não teve mais condições de resistir, sentindo-se inteiramente desarmado diante do inimigo.

3.2. JOSUÉ, o sumo sacerdote e líder religioso do povo, estava com suas vestes manchadas (Zc 3.3). Este fato tirou dele toda a autoridade espiritual. Diante do problema causado pelos inimigos, ele não tinha fé para buscar da ajuda de Deus, do Todo-poderoso, uma vez que o mistério da fé é guardado em uma pura consciência (1ª Tm 3.9).

SUBSÍDIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

“Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito (Zc 4.6).
Embora esta mensagem tenha sido entregue a Zorobabel, é aplicável a todos os crentes (cf. 2ª Tm 3.16). Nem o poderio militar, nem o político, nem as forças humanas poderão efetivar a obra de Deus. Só conseguiremos fazer a sua obra se formos capacitados pelo Espírito Santo. Jesus iniciou o seu ministério no poder do Espírito (Lc 4.1,18). E a igreja foi revestida pelo poder do Espírito Santo no dia de Pentecoste para cumprir a grande comissão (At 1.18). Somente se o Espírito governar e capacitar a nossa vida, é que poderemos cumprir a vontade de Deus. É por isso que Jesus batiza seus seguidores no Espírito Santo” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.717).

VI. A REAÇÃO DOS SAMARITANOS, QUANDO OS JUDEUS CESSARAM A OBRA

1. A tristeza dos judeus. O povo em geral tinha, desde o início da construção, acompanhado o trabalho com simpatia. Os judeus trabalhavam com muito entusiasmo e com muita união. O povo tinha ouvido falar de que o Deus do céu estava do lado dos judeus, ajudando-os. E agora? Onde estava seu Deus?

2. A alegria dos samaritanos. Os inimigos dos judeus regozijavam-se grandemente. Certamente os conselheiros foram parabenizados pela “sábia e competente ação”. Porém o gozo de ímpios é de pouca duração!

2.1. O gozo dos filisteus, que haviam prendido Sansão, terminou em tragédia (Jz 16.25-31).

2.2. A alegria dos sacerdotes, que alugaram Judas para trair Jesus, foi de curta duração.
Com a ressurreição de Jesus, seus problemas se agravaram (Mt 28.11-15).

3. O desânimo dos judeus. Os judeus, que tinham voltado do cativeiro para construir o Templo, sentiram-se humilhados e tristes. Mas, passado algum tempo, acomodaram-se com a situação e não lutaram pela continuação da construção do Templo. Deixaram-se dominar pelo desânimo. O desânimo é uma das mais eficazes armas usadas por Satanás, contra os crentes. Lutemos contra o desânimo, em nome de Jesus!

3.1. Alguns conformaram-se, pensando que talvez ainda não era a vontade de Deus construir o Templo (Ag 1.2).

3.2. Outros aproveitaram a interrupção da obra para dedicar-se as suas próprias casas (Ag 1.9). Outros chegaram a faltar com as suas obrigações espirituais deixando de contribuir para a casa de Deus (Ag 1.6).

3.3. Talvez alguns judeus sinceros estivessem tristes, e buscassem a Deus em oração, pedindo solução para a dificuldade, de modo que o Templo pudesse continuar a ser construído.

SUBSÍDIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

“Os samaritanos
No período do Antigo Testamento, este era um termo que se referia aos residentes da cidade ou da província de Samaria (2º Rs 17.29). Algumas desavenças entre os residentes da Palestina média e do sul eram evidentes no período dos juízes, mas os sentimentos foram intensificados com a formação do reino do norte de Israel sob Jeroboão I.

De uma forma geral, os residentes de Israel e os cananeus praticavam uma mistura racial, social e religiosa.

Os descendentes dessa população mista desejaram ajudar Zorobabel na construção do Templo, afirmando que adoravam ao mesmo Deus. Mas, quando tiveram seu pedido negado, eles se opuseram a construção. Depois que Neemias começou a reconstruir os muros de Jerusalém, este servo do Senhor sofreu forte oposição por Sambalate, Gesém e Tobias. Sambalate era governador de Samaria” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.1748).

VII. O QUE FAZER PARA VENCER AS OPOSIÇÕES

1. Ouvir a voz de Deus e de seus líderes (Ed 5.1; 6.14). A primeira coisa que os repatriados fizeram para vencer as oposições contra a obra de Deus foi dá ouvidos a voz de Deus e de seus líderes e seguiram suas orientações: “E os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá, e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram”. Podemos ver outros exemplos na Bíblia (2º Cr 15.1,2; 20.15; 1º Tm 1.18).

2. Viver em união (Ed 5.2). A segunda posição que os judeus fizeram foi mesmo em meio as oposições procuraram viver em união: [… e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém; e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam”. Todos aqueles que vivem em união amam a obra de Deus (2ª Tm 4.11).

3. Receber as bênçãos de Deus (Ed 5.5). A terceira atitude que os repatriados experimentaram foi receber as bênçãos de Deus: “Porém os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, e não os impediram, até que o negócio chegasse a Dario, e viesse resposta por carta sobre isso”. Os servos de Deus são fiéis a sua obra (2ª Tm 3.10, 4.11; 1ª Co 16.10; Fp 2.19).

4. Ser voluntário (Ed 5.8). A voluntariedade de espírito foi a quarta ação do povo de Deus: “Seja notório ao rei, que nós fomos à província de Judá, à casa do grande Deus, a qual se edifica com grandes pedras, e a madeira já está sendo posta nas paredes; e esta obra vai sendo feita com diligência, e se adianta em suas mãos”. A voluntariedade na obra do Senhor é fundamental (Rm 16.3,4; 1ª Co 16.19).

5. Ser dedicado (Ed 5.11). A dedicação dos judeus também foi uma atitude para vencerem as oposições a obra de Deus: “Nós somos servos do Deus dos céus e da terra, e reedificamos a casa que há muitos anos foi edificada ...”. Os servos de Deus são dedicados a sua obra (Tt 1.4; 2ª Co 8.16,17; 2ª Co 7.13-15).

6. Ter prontidão (Ed 5.16). A última atitude dos repatriados judeus foi a prontidão em fazer a obra de Deus: “Então veio este Sesbazar, e pôs os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalém, e desde então para cá se está reedificando....”
Aqueles que amam a obra do Senhor são sempre disponíveis (2ª Tm 4.12; Tt 3.12; 2ª Tm 4.19; At 18.1-3,24-28).

CONCLUSÃO
Todos nós estamos sujeitos à enfrentar algum tipo de oposição, principalmente quando estamos exercendo alguma função de liderança. O arqui-inimigo do povo de Deus utiliza-se de todos os artifícios possíveis para tentar deter o avanço da obra. No entanto, aprendemos com Esdras que devemos confiar em Deus, orar, vigiar e continuar trabalhando (Ne 2.20).

FONTE DE PESQUISA

1. ALMEIDA, Trad. João Ferreira. Bíblia Sagrada BÍBLIA SHEDD.
2. BERGSTÉN Eurico. O despertamento renova o altar. Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2020 - CPAD.
3. Bíblia Online - ACF - Almeida Corrigida Fiel. https://www.bibliaonline.com.br/acf
4. BARBER, Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz, Vida. 2010.
5. RENOVATO, Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise, CPAD. 2011.
6. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 1997. Rio de Janeiro RJ.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 2010
7. LOPES, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
8. PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

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