TEXTO
BÁSICO
Tiago
1.2-4,12-15
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, 3 - sabendo
que a prova da vossa fé produz a paciência. 4 - Tenha, porém, a paciência a sua
obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa
alguma. 12 - Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for
provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o
amam. 13 - Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não
pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. 14 - Mas cada um é tentado, quando
atraído e engodado pela sua própria concupiscência. 15 - Depois, havendo a
concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera
a morte.”
INTRODUÇÃO A lição desta
semana é um resgate do ensino bíblico quanto ao valor do sofrimento por Cristo
e da sua importância para o nosso crescimento espiritual.
Aprenderemos acerca da tentação, do
sofrimento e da provação, não como consequência de uma vida de pecado ou de
falta de fé, mas como o caminho delineado por Deus para o nosso
aperfeiçoamento. Ninguém melhor do que Jesus Cristo, com seu exemplo de vida,
para nos ensinar tal lição (Hb 5.8). O convite do Mestre é um chamado ao
sofrimento por amor do seu nome:
Jo
16.33
“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições,
mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
Existem jargões por exemplo: “Pare de
sofrer”; “é tempo de vitória!”; é tempo de conquista; “você vai conquistar!”.
Estas são frases de efeito bem conhecidas no meio evangélico. Nelas, está
presente a ideia do não sofrimento.
A epístola de Tiago nos mostra que devemos
nos alegrar na tentação, pois a partir desta reconhecemos a nossa inteira
dependência de Deus. O sofrimento é uma realidade e não podemos fugir dele. Em
Cristo, temos o privilégio de sofrermos para a honra do seu nome. A cruz de
Cristo é a glória do Evangelho!
“Não
nos deixes cair em tentação.” Foi a oração de JESUS ensinada aos
discípulos. No tempo da provação, angústia, tristeza e sofrimento são
realidades presentes na vida do discípulo de CRISTO. Infelizmente, e em nome de
uma teologia, muitos desejam descartar da vida esta realidade humana e não dá
ao seguidor do caminho o direito de sofrer. Não é isto que a Palavra de DEUS
nos ensina! Pelo contrário, o sofrimento por CRISTO nos dá a oportunidade de
mostrarmos a nossa fé e amor por Ele, como os mártires que não retrocederam na
convicção do Evangelho.
Definitivamente,
o homem moderno não está preparado para sofrer. Os membros de
muitas igrejas evangélicas, através da Teologia da Prosperidade, têm se iludido
com a filosofia enganosa do “não sofrimento”. O resultado é que quando o
iludido sofre o infortúnio, perde a fé em “Deus”.
I. O
FORTALECIMENTO PRODUZIDO PELAS TENTAÇÕES (Tg 1.2,12)
1. O
que é tentação. O
termo empregado na Bíblia tanto no hebraico, massah, quanto no grego, peirasmos,
para tentação, significa “prova”, “provação” ou “teste”. A expressão pode estar
relacionada também ao conflito moral, isto é, a uma incitação ao pecado.
1.1.
Qual a diferença entre tentação e provação. Uma tentação é um convite para
pecar, enquanto que uma provação é um teste à nossa fé. Deus permite provas e
tentações, mas Ele nunca tenta ninguém para o pecado. Muitas vezes, a tentação
faz parte da provação.
De fato, como mostram as Escrituras, a
tentação é uma provação, uma espécie de teste. O pecado, por sua vez, já se
trata de um ato imoral consumado. Por isso, a tentação não é, em si mesma,
pecado, pois ninguém peca quando passa pelo processo “probatório”. A própria
vida terrena do Senhor Jesus demonstra, com clareza, a distinção entre tentação
e pecado.
Quando tentado, o crente é posto à prova
para mostrar-se aprovado tal como Cristo, que foi conduzido ao deserto para ser
tentado por Satanás e embora debilitado e provado espiritualmente, saiu do
deserto vitorioso e fortalecido, tendo em seguida iniciado seu ministério
terreno de pregação a respeito do Reino de Deus (Lc 4.1-13).
A Epístola aos Hebreus afirma que Jesus, o
nosso Senhor, em tudo foi tentado. Ele foi provado e testado em todas as
coisas. Todavia, o Mestre não pecou.
Hb
4.14-16
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou
nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 - Porque não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que,
como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 - Cheguemos, pois, com
confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”
Portanto, confiantes de que Jesus Cristo é
o nosso Sumo Sacerdote perfeito, devemos nos aproximar, com fé, do trono da
graça sabendo que Ele conhece as nossas tentações e pode nos dar a força
necessária para resistirmos (1ª Co 10.13).
1.2.
A Bíblia diz: “pôs Deus Abraão à prova” (Gn 22.1), o que pode dar a
entender que Deus tivesse tentado a Abraão. Mas Jesus ensinou os Seus
discípulos a orarem a Deus, dizendo: “não nos deixes cair em tentação” (Mt
6.13). Como então pode Tiago dizer, a respeito de Jesus: “Ele mesmo a ninguém
tenta” (Tg 1.13)?
1.3.
Deus não tentou Abraão (nem a ninguém) a pecar. Deus provou
Abraão, para ver se este pecaria ou se permaneceria fiel a Ele. Deus permite
que Satanás nos tente (cf. Mt 4.1-10; Tg 4.7; 1ª Pe 5.8-9), mas Tiago está
certo ao dizer que o próprio Deus nunca “a ninguém tenta.”
2.
Fortalecimento após a tentação (v. 2). “Meus irmãos, tende grande gozo quando
cairdes em várias tentações.”
Hebreus
12.6-8
“Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. 7
- Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a
quem o pai não corrija? 8 - Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são
feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.”
A palavra corrige no grego é paideia, treino educação para a vida; castigo.
A correção do Pai Eterno traz maturidade para o crente em Jesus.
“...todos
são feitos participantes...”. A filiação inclui provação (At 14.22).
Mas que não é filho é bastardo e não recebe disciplina d’Ele.
3.
Purificados.
1ª Pe 1.7 “Para que a prova da vossa
fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache
em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo”.
Essas
provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Do mesmo modo que
o ouro precisa do fogo para ser refinado ou purificado, o cristão passa pelas
tentações para se aperfeiçoar no Reino de Deus. Da mesma maneira, a fé que
vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que
continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em
que Jesus Cristo for revelado.
4.
Felicidade pela tentação (v. 12). - À luz do exemplo de Cristo,
compreendemos bem o que Tiago quer dizer quando exortamos a termos “grande gozo
quando [cairmos] em várias tentações”. Tal conselho aponta para a certeza de
que ao passar pela tentação, além de paciente e maduro, o crente se sentirá
ainda mais fortalecido pela graça de Deus.
Quando o cristão é submetido às tentações
há uma tendência de ele entregar-se à tristeza e à angústia. Mas atentemos para
esta expressão:
1ª
Pe 4.12-13
“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como
se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes
participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua
glória vos regozijeis e alegreis.”
Mt
5.10-12
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é
o reino dos céus; 11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 -
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim
perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Em outras palavras, como é feliz,
realizado ou atingiu a felicidade aquele crente que é provado, não em uma, mas
em várias tentações (v. 2). Ser participantes dos sofrimentos de Cristo e ao
mesmo tempo felizes parece paradoxal.
5. O
prêmio eterno para quem sofre e vence as tentações. O prêmio eterno
do cristão que sofre e vence as provações já está garantido:
Tiago
1.12
“Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.”
Vivemos sob a esperança de receber
diretamente de Jesus a coroa da vida. Uma recompensa preparada de antemão pelo
nosso Senhor para os que o amam. Você ama ao Senhor? É discípulo d’Ele? Então,
não tema passar pela tentação. Há uma promessa: Você “receberá a coroa da vida,
a qual o Senhor tem prometido aos que o amam”. Alegre-se e regozije-se em ser
participante das aflições de Cristo, pois é justamente nessa condição de
felicidade verdadeira, que Ele nos deixará por toda a eternidade quando da
revelação da sua glória.
Está é a razão pela qual o cristão pode
transformar suas provações em grandes alegrias: ele sabe que maior é o galardão
daquele que, mesmo sendo muito provado, permanece firme em sua fé.
1ª
Pe 2.20-21
“... se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a DEUS.
Porque para isto sois chamados, pois também CRISTO padeceu por nós,
deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.”
II.
A ORIGEM DAS TENTAÇÕES
1.
Deus não tenta ninguém. Ninguém pode afirmar: Ninguém, sendo tentado, diga:
De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém
tenta (v. 13).
A afirmação de que Deus não pode ser
tentado pelo mal salienta o caráter bondoso de Deus. A natureza santa de Deus é
solidificada no bem, e o mal é incapaz de seduzi-Lo. Habacuque 1.13 revela que a bondade de Deus é inabalável, a ponto
de Ele sequer poder olhar o mal. Tiago afirma no versículo 13 que “Deus não
pode ser tentado pelo mal”.
1.2.
Ele declara que elas não provêm de Deus (v. 14). “Mas cada um é
tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.”
O apóstolo assevera que a tentação tem a
sua origem, na verdade, no próprio ser humano, em sua natureza pecaminosa, ou
seja, o mundo e o Diabo são apenas agentes indutores externos da tentação.
É
importante frisar ainda que ser tentado não é pecado; pecado é ceder à
tentação.
2.
Deus não pode ser tentado. Deus não pode ser tentado pelo pecado, uma vez que Ele
é absoluto e imutavelmente perfeito e santo (Mt 5.48; Hb 6.18), nem pode ele
tentar ninguém a pecar (Tg 1.13). Quando nós, seres humanos sujeitos ao pecado,
somos tentados, é porque nos permitimos ser levados pelos desejos da nossa
cobiça (Tg 1.14-15). A origem da tentação procede de dentro de nós, não de
fora. Procede do homem caído, não de um Deus sem pecado.
3. A
tentação é humana.
V. 15 “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado;
e o pecado, sendo consumado, gera a morte.”
Paulo vai dizer em 1ª Coríntios 10.13 “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas
fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a
tentação dará também o escape, para que a possais suportar.”
A tentação serve para por nossa fé e
lealdade a prova. Porém, ela não vem acima de nossa estrutura humana e Deus é
nosso protetor (1ª Co 1.9; 1ª Ts 5.24; Lm 3.23), para trazer o escape (Hb
4.16). Embora a tentação objetive provar o crente, as Escrituras afirmam que
ela não vem da parte de Deus, mas da fragilidade humana (Tg 1.13).
Todavia, Deus não tenta ninguém ao pecado,
Ele permite que sejamos tentados por Satanás e por nossas concupiscências. É
claro, o seu propósito ao permitir (mas não ao produzir nem ao promover) o mal
é fazer-nos mais perfeitos.
Deus
permitiu que Satanás provasse a Jó, de forma que este pudesse dizer: Jó 23.10 “se ele me provasse, sairia eu
como o ouro.”
Deus
permitiu que o mal sobreviesse sobre José por meio das mãos de seus irmãos, mas
no fim José pôde dizer a eles: Gn
50.20 “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em
bem.”
3.1.
Atração vem pela própria concupiscência. O texto bíblico é claro ao dizer que
“cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”
(v.14). A tentação exterioriza o vício, os desejos, a malignidade da natureza
humana, isto é, a concupiscência. Ser tentado é sentir-se aliciado pela própria
malícia ou os sentimentos mais reclusos de nossa natureza má. Você tem ouvido o
ressoar das suas malícias? Elas te atraem? Ouça a Epístola de Tiago! Não dê
vazão às pulsões interiores, antes procure imitar Jesus afastando-se do pecado.
Assim, não darás luz ao pecado e viverás.
III. A
TENTAÇÃO TEM TRÊS ORIGENS OU FONTES
1. Da
parte da carne.
1.1.
Tentação humana. A
Bíblia nos diz que “não veio sobre vós tentação, senão humana" (1ª Co
10.13). Neste texto, podemos entender que “tentação humana” quer dizer a que é
própria da natureza carnal do homem (ver Rm 7.5-8; Gl 5.13,19). Ela tem seu
aspecto mal, pernicioso, incitador ao pecado.
1.2. O
significado da carne.
- A carne, é o “centro dos desejos pecaminosos”
(Rm 13.14; Gl 5.16,24).
- Daí vem o pecado e suas paixões (Rm 7.5; Gl
5.17-21).
- Na carne não habita coisa boa (Rm 7.18).
2. Da
parte do mundo. O
mundo, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por Deus. O
Dicionário da Bíblia, de Davis, diz que “a palavra mundo emprega-se
frequentemente para designar os seus habitantes” (Sl 9.8, Is 13.11 e Jo 3.16).
O Dicionário Teológico (CPAD), referindo-se ao
mundo, diz que “No campo da teologia, porém, é o sistema que se opõe de forma
persistente e sistemática ao Reino de Deus”.
João exorta a que não amemos “o mundo, nem o
que no mundo há” (1ª Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.
3. Da
parte do Diabo. É a
fonte mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre destrutivo.
3.1.
Jesus foi tentado. É a
fonte mais terrível e avassaladora da tentação. Dela, não escapou nem mesmo
nosso Senhor Jesus Cristo. Após o batismo em água, Ele foi conduzido “pelo
Espírito para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1; Mc 1.13; Lc 4.2). Foi o único
que não caiu em pecado (Hb 4.15).
3.2.
Homens de Deus foram tentados. Homens de Deus, do porte de Abraão, Sansão,
Davi, e tantos outros, foram tentados pelo Adversário (Satanás) a fazerem o
que não era da vontade de Deus, com sérios prejuízos para suas vidas.
3.3. Os
homens comuns são tentados. Os homens são tentados a praticar toda espécie de males, crimes,
violência, estupros, brigas, ciúmes, guerras, mentiras, calúnias, roubos, etc.
3.4. Os
crentes são tentados. Até os
crentes em Jesus são vítimas da ação do maligno, quando causam prejuízos à
Igreja do Senhor, com escândalos, calúnias, invejas, divisões, rebeliões,
busca pelo poder, politicagem religiosa, e tantas outras coisas ruins.
IV. OS
ESTÁGIOS DA DO PECADO
Teologicamente o pecado pode
atingir as três dimensões humanas: corpo, alma e o espírito.
O homem é formado de três partes distintas
em um só (tricotomia). O pecado segundo a Bíblia é a transgressão da lei moral
que fere por vez a santidade de Deus.
1ª João 2.16 “Porque tudo que
há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba
da vida, não procede de Pai, mas procede do mundo”.
A. Nos apetites
malignos da carne a concupiscência da carne.
B. No materialismo
avarento e transitório a concupiscência dos olhos.
C. No orgulho da vida
sem Deus a soberba da vida.
1. Concupiscência da carne. Qualquer pecado da
carne; desejo da carne: paixões carnais, imoralidades, glutonaria, bebedice,
materialismo manifesto pelos prazeres extravagantes, pelos sentimentos, pelo
endeusamento das gratificações mundanas e perversas.
2. Concupiscência dos olhos. Cobiça, avidez,
ambição desenfreada por riquezas, desejo incontido por aquilo que vê, convicto
que ficará plenamente satisfeito quando tiver o objeto da sua avareza, sendo
isso um engano.
3. Soberba da vida. Arrogância de viver,
orgulho, jactância, insolência, presunção; o homem que pensa e fala muito de si
mesmo e seus bens e benefícios, suas riquezas, seus feitos, sendo estes quase
sempre falatórios e exageros seus; um petulante convencido e vaidoso.
No grego clássico pleonexia, significa “uma ganância arrogante”, e o
espírito que procura tirar proveito do seu próximo. O verbo correspondente, pleonektein,
significa “defraudar” ou “burlar”.
V. O
PROCESSO DA TENTAÇÃO
Segundo o texto de Tiago 2.14,15, a
tentação se constitui num processo, que tem os seguintes passos:
1.
Atração do desejo (v. 14a). “Mas cada um é tentado, quando atraído...” Primeiro,
vem a atração pelos sentidos: visão (1ª Jo 2.16); audição (1ª Co 15.33);
olfato; gosto, e tato (Pv 6.17).
2.
Engodo (isca).
A pessoa é atraída, seduza e “engodada pela própria concupiscência” (v.14b).
3.
Concepção do desejo (da concupiscência). Na mente, nos pensamentos (cf. Mc
7.21-23), o desejo é concebido. Só se fez o que se pensa (v.15a). Nesse ponto,
ainda se pode evitar o pecado.
4. O
pecado é gerado.
“Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado” (v.15). Ainda
na mente, já nasce o pecado. Alguém pode adulterar só na mente (Mt 5.27,28).
5. A
consumação do pecado (v. 15b). “...e o pecado, sendo consumado, gera a
morte.” A morte, aqui, é espiritual. Nesse ponto, só há solução se houver
arrependimento, ainda, em vida. É importante entendermos esse terrível
processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém já disse que ninguém pode
impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode impedi-lo de fazer um
ninho nela. Isso ilustra o processo da tentação. Esta, em si, não é pecado.
Pecado é praticar o que a tentação sugere.
VI. QUEM SEDUZ O HOMEM A PECAR
1. O diabo é quem seduz ao pecado. É o agente da tentação.
Gn 3.1-6 - “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos
que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não
comereis de toda árvore do jardim? 2 - Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das
árvores do jardim podemos comer, 3 - mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
4 - Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. 5 - Porque
Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal. 6 -Vendo a mulher que a árvore era boa
para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento,
tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu”.
2. O
ser humano é atraído por aquilo que deseja. A história de Adão e Eva nos
mostra o primeiro casal sendo tentado por aquilo que lhe atraía (Gn 3.2-6).
Mesmo sabendo que não poderiam tocar na árvore no centro do Jardim do Éden,
depois de atraídos pelo desejo, Adão e Eva entregaram-se ao pecado (Gn 3.6-9).
A Epístola de Tiago aplica o termo “gerar”, utilizado no versículo 15, à ideia
de que ninguém peca sem desejar o pecado. Assim, antes de ser efetivamente
consumada, a transgressão passa por um processo de gestação interior no ser
humano. Portanto, a origem da tentação está nos desejos humanos e jamais no
Altíssimo, “porque Deus [...] a ninguém tenta”.
3. O
diabo é astuto. Além da
fragilidade humana, o crente precisa perseverar porque o tentador procura nos
derrubar.
A
Bíblia nos alerta:
1ª Pe 5.8 “Sejam sóbrios e vigiem. O
diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem
possa devorar.”
Toda tentação é proveniente da própria natureza
humana (1ª Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é
Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7).
Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos
no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef
6.10-18).
VII.
O PECADO ATINGIU AS TRÊS PARTES DO SER
HUMANO.
1. Corpo, alma e espírito.
* No Corpo: “... a
concupiscência da carne...”. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se
comer...”.
* Na alma: “... a
concupiscência dos olhos...”. “... agradável aos olhos...”.
* No espírito: “... e a soberba
da vida...”. “... e árvore desejável para dar entendimento...”.
2. Jesus também foi tentado. Jesus sendo Deus
também foi tentado NO ESPÍRITO, ALMA, E CORPO, mas venceu o pecado e o
tentador. Compare a tentação de Jesus:
Lc
4.1-12:
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo
Espírito, no deserto, 2 durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada
comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome. 3 Disse-lhe, então, o diabo:
Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão. 4 Mas Jesus
lhe respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem. 5 E, elevando-o,
mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo. 6 Disse-lhe o diabo:
Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi
entregue, e a dou a quem eu quiser. 7 Portanto, se prostrado me adorares, toda
será tua. 8 Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Ao Senhor, teu Deus,
adorarás e só a ele darás culto. 9 Então, o levou a Jerusalém, e o colocou
sobre o pináculo do templo, e disse: Se és o Filho de Deus, atira-te daqui
abaixo; 10 porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te
guardem; 11 e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma
pedra. 12 Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus.
2.1. Jesus foi tentado nas 3 áreas
humana.
“Cobiça da carne” - Pedras em pães
“Concupiscência dos olhos” - Reinos da
terra.
“Orgulho da vida” - Pináculo do templo.
3. O homem é tentado pela cobiça. Tiago
1.13-15;
“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando
esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz ao
pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”.
3.1.
A concupiscência é a mãe do pecado. “A concupiscência havendo concebido, dá à
luz o pecado”. Tiago está seguindo a mesma linha de raciocínio de Jesus. O mal
procede do interior do homem. São os maus desejos do seu interior que o levam
ao pecado. A força determinante não é nada mais que interior.
3.2.
A concupiscência (cobiça). É o desejo da carne.
O
pecado.
“Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz ao pecado” (V. 15).
A
morte.
“... e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (V. 15).
Romanos
6.23
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.”
4. O pecado separa o homem de Deus.
Isaías
59:1-2 “Eis que a mão
do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu
ouvido, para não poder ouvir. 2 - Mas as vossas iniquidades fazem separação
entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para
que não vos ouça.”
5.
O pecado está ao nosso redor. Hb 12.1 “o
pecado que tão de perto nos rodeia.”
- O
pecado tira o homem do meio em que deve viver.
O
pecado converte luz em trevas, a alegria em tristeza, a vida em morte.
O
pecado é o maior e mais terrível inimigo do homem. Ele destrói as promessas,
mata as esperanças, dá serpentes ao invés de peixes, pedra em lugar de pão,
tormento em lugar de prazer.
O
pecado sempre destrói e nunca edifica; promete e jamais cumpre a promessa. Como
dizem as Escrituras:
“O
salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
VIII. O PECADO TEOLOGICAMENTE
1. Concupiscência da carne - Gl
5.19-21: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são:
adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades,
porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios,
bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos
declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o
reino de Deus”.
2. Concupiscência dos olhos. Mt 5.27-28:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos
digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração
cometeu adultério com ela”.
O que levou o rei Davi pecar no seu
palácio? No
livro de 2º Samuel a Bíblia relata o pecado de Davi dizendo: “E aconteceu, à
hora da tarde, que Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço
da casa real, e viu do terraço a uma mulher que se estava lavando; e era esta
mulher mui formosa à vista. E enviou Davi e perguntou por aquela mulher; e
disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o
heteu? Então, enviou Davi mensageiros e a mandou trazer; e, entrando ela a ele,
se deitou com ela (e já ela se tinha purificado da sua imundície); então, voltou
ela para sua casa. E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e
disse: Pesada estou” (2º Sam 11.1-5).
O que levou Davi ao pecado foi: A
concupiscência dos olhos, a ociosidade e a concupiscência da carne. Davi era o
rei de Israel, já era casado, mas quando olhou para a beleza da mulher, não se
preocupou em saber como era sua vida se era casada ou não e sim em satisfazer o
desejo de seus olhos e de sua carne; e fez com que ela viesse á sua presença e
deitou com ela, e cometeu adultério.
O pecado de Adão e Eva; de Davi e do
próprio Lúcifer e muitos outros que a Bíblia relata não são de usos e costumes,
mas da concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida.
3. Soberba da vida - pecado do
espírito. O que levou Lúcifer a pecar contra Deus? O pecado da
cobiça.
O
pecado se originou no querubim Lúcifer. A Bíblia diz que Lúcifer estava num
paraíso numa terra coberta de pedras preciosas e, era o ser mais perfeito em
sabedoria, mas entrou no seu coração à soberba, o orgulho de querer ser Deus (Ez 28.19; Is 14.11-15), e foi lançado
ao mundo dos mortos (Is 14.15).
Ezequiel 28.12-17: “Filho do homem, levanta
uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu
eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no
Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia,
topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro;
em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram
preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte
santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos
teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em
ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e
pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó
querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por
causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu
resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para
ti.
Is 14.12-15: “Como caíste desde o
céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas
as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados
do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo”.
IX.
VERDADES SOBRE A NATUREZA DA TENTAÇÃO (Tg 1.13-14)
1.
Inevitável. As
principais versões da Bíblia em língua portuguesa indicam que todos passarão
por tentações (Tg 1.13). A questão não é “se”, mas “quando” vamos ser tentados.
Nem uma tradução portuguesa cogita como possibilidade, elas afirmam “quando for
tentado”. O nosso primeiro desafio em relação à tentação é entender que estamos
sujeitos a ela a todo momento. Precisamos prestar atenção continuamente.
Ninguém pode dizer que não passa por tentação, pois é naturalmente humana. “Não
vos sobreveio tentação que não fosse humana” (cf. 1ª Co 10.13). “Aquele, pois,
que pensa estar em pé veja que não caia” (cf. 1ª Co 10.12).
2. A
tentação é maligna. O
Diabo é o “tentador” (Mt 4.3; 1ª Ts 3.5). Ele é a origem externa da tentação,
sempre pronto a nos induzir ao pecado. A tentação, sendo o caminho do mal, é
totalmente contrária à natureza de Deus.
Entendamos
que, ainda que o diabo tente uma pessoa, ela só cairá se ceder. A tentação surge da
cobiça, e isso é inviável para Deus. DEUS é o Dono de tudo (cf. Sl 24.1), de
forma que não há o que cobiçar. Além disso, o décimo mandamento de Deus diz:
“Não cobiçarás” (Êx 20.17), e Deus não pode negar a Si mesmo (cf. 2ª Tm 2.13).
A tentação, sendo o caminho do mal, é totalmente contrária à natureza de Deus.
3. A
tentação é humana. Deus
não é o responsável pela tentação; Ele não tenta ninguém (Tg 1.13). A tentação
tem por objetivo fazer pecar, induzir ao erro. Não lemos na Palavra que Deus é
o tentador, mas o diabo é assim chamado (cf. Mt 4.3 e 1ª Ts 3.5). Esse papel é
do diabo, não de Deus. Imaginar que Deus nos induz ao mal é contrariar a
natureza divina Dele. Deus é bom (cf. Sl 136.1).
3.1.
A tentação entre os homens é um problema universal. Tanto salvos
quanto não salvos, crianças ou adultos, ricos ou pobres, elegantes ou brutos
sabem o que é tentação. A realidade diz: sendo da raça humana, automaticamente,
conhece a tentação (“Não veio sobre vós tentação, senão humana”.
3.2.
Quando alguém for tentado... (Tg 1.13).
O ponto principal não é “se for tentado”,
a Bíblia diz “quando for tentado” ou “ao ser tentado” ou “sendo tentado”. Todos
nós estamos sujeitos a tentação a todo momento, pois ela é naturalmente humana:
1ª
Co 10.12-13 “Assim,
aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! Não sobreveio a vocês
tentação que não fosse comum aos homens.
Mateus
4.3
“E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que
estas pedras se tornem em pães.”
Embora o diabo seja chamado de tentador, a
Bíblia atribui o problema à cobiça humana e não à tentação diabólica (Tg 1.14).
Nenhum efeito teria a tentação diabólica se não houvesse a cobiça humana, pois,
como vimos antes, não nos vem tentação que não seja humana e cada um é tentado
pela própria cobiça.
Pois Deus não pode ser tentado pelo mal
e ele mesmo não tenta ninguém. Mas as pessoas são tentadas quando são atraídas
e enganadas pelos seus próprios maus desejos (Tg 1.13,14 - NTLH).
A tentação tem por objetivo fazer pecar,
induzir ao erro. Esse papel é do diabo, não de Deus. Para nos livrar da culpa
do pecado, cometemos erro de atribuir ao diabo todas as nossas culpas. Mas a
Bíblia atribui o problema à cobiça humana e não à tentação diabólica. A fonte
interna da tentação, a “carne” ou “velho homem”. Nenhum efeito teria a tentação
diabólica se não houvesse a cobiça humana, pois não nos vem tentação que não
seja humana e cada um é tentado pela própria cobiça.
4.
Identificável. Hb 12.1 “o pecado que tão de perto nos rodeia.”
Embora o nome de “tentador” seja atribuído
ao diabo, vimos que o maior problema da tentação não é o diabo, e sim os nossos
desejos. Conforme Douglas J. Moo, em seu comentário sobre o livro de Tiago, a
ideia de “atrair e seduzir” é “caçar e pescar”. É preciso atrair o animal para
a armadilha, seduzir o peixe com a isca. Lembremo-nos de que o animal vai até a
armadilha, e o peixe vai até o anzol atraído por uma necessidade legítima de
se alimentar. Assim também, alguns desejos nossos têm fundamentos legítimos
como o desejo de comer, beber, descansar, mas que podem se tornar pecaminosos
se nos atraírem e nos seduzirem.
Tiago ainda mostra que a palavra “cobiça”,
traduzida algumas vezes como concupiscência, vem do grego epithymia e pode algumas vezes significar um desejo legítimo como
em Lucas 22.15 e Filipenses 1.23. Por isso, é importante exercitar o fruto do
Espírito (Gl 5.23), que inclui o domínio próprio. Lembre-se de que as piores
tentações são aquelas que estão ligadas às necessidades legítimas.
Quais áreas da sua vida você acredita
serem inofensivas? Até mesmo as vontades do dia a dia podem ser ciladas para o
pecado: namorar; divertir-se; ter dinheiro, amigos; sair; passear; viajar; ser
popular. Na maioria das vezes, nós armamos essas ciladas para nós mesmos. Você
sabe qual é a natureza de seus desejos, portanto, esteja alerta! Não subestime
uma tentação!
X. O
PROPÓSITO DAS TENTAÇÕES (Tg 1.3,4,12)
1.
Para provar a nossa fé (v. 3). Na época de Tiago, os cristãos estavam
desanimados por passarem duras provas de perseguição. No versículo três, o
meio-irmão do Senhor utiliza então o termo “sabendo”, o qual se deriva do verbo
grego ginosko e significa saber,
reconhecer ou compreender, para encorajá-los a compreenderem o propósito das
lutas enfrentadas na lida cristã: Deus prova a nossa fé (Tg 1.12). À semelhança
do aluno que estuda e pesquisa para submeter-se a uma prova e, em seguida, ser
aprovado e diplomado, os filhos de Deus são testados para amadurecer a fé uma
vez dada aos santos (Jo 16.33; Jd 3). O capítulo 11 da epístola aos Hebreus
lista inúmeras pessoas que tiveram sua fé provada, porém, terminaram vitoriosas
e aprovadas. Por isso o referido texto bíblico é conhecido como a “galeria dos
heróis da fé”.
2.
Produzir a paciência (v. 3,4). No grego, “paciência” deriva de hupomone e denota a capacidade de
perseverar, ser constante, ser firme, suportar as circunstâncias difíceis. A
palavra aparece em o Novo Testamento ao lado de “tribulações” (Rm 5.3),
aflições (2Co 6.4) e perseguições (2ª Ts 1.4). Mas também está ligada à
esperança (Rm 5.3-5; 15.4,5; 1ª Ts 1.3), à alegria (Cl 1.11) e, frequentemente,
à vida eterna (Lc 21.19; Rm 2.7; Hb 10.36). O termo ilustra a capacidade de uma
pessoa permanecer firme em meio à alguma pressão, pois quem é portador da
paciência bíblica não desiste facilmente, mesmo sob as circunstâncias das
provas extremas (Jó 1.13-22; 2.10). Tiago encoraja-nos então a alegrarmo-nos
diante do enfrentamento das várias tentações (v.1), pois a paciência é
resultado da prova da nossa fé.
A Bíblia, porém, orienta-nos a que nos
alegremos em Deus porque a tribulação produz a paciência, e esta, a experiência
que, finalmente, culmina na esperança:
Rm
5.3-5
“ E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a paciência, 4 - E a paciência a experiência, e a experiência
a esperança. 5 - E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
3.
Chegar à perfeição.
A habilidade de perseverar ou desenvolver a paciência não acontece da noite
para o dia. Envolve tempo, experiência e maturidade. O meio-irmão do Senhor
destaca na epístola a paciência para que o leitor seja estimulado a chegar à
perfeição e, consequentemente, à completude da vida cristã, que se dará na
eternidade. A expressão “obra perfeita” traz a ideia de algo gradual, em
desenvolvimento constante, com vistas à maturidade espiritual. O motivo pelo
qual o cristão é provado não é outro senão para que persevere na vida cristã e
atinja o modelo de perfeição segundo Cristo Jesus (Sl 119.67; Hb 5.8; Ef 4.13).
XI. COMO
VENCER AS TENTAÇÕES
Para vencer as tentações temos que
eliminá-la já em seu primeiro estágio de atuação: a atração. E a Bíblia nos
traz algumas orientações sobre como nos manter imunes à atração do pecado:
1.
Saber utilizar a Palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo, quando foi
tentado, não deu chance ao Diabo para conversar muito com Ele. A cada insinuação
do maligno, ele usava a “espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Ef
6.17b), dizendo: “Está escrito...” (Mt 4.4b, 7a, 10b). Por isso, é preciso ler
a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.
2ª
Timóteo 3.14-17
“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo
de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas
Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo
Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,
para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”
2ª
Timóteo 2.15
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
João
5.39
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são
elas que de mim testificam.”
2.
Através da oração e vigilância. Jesus nos mandou orar para não cairmos em
tentação Lucas 22.40 “E quando
chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.”
Jesus enfatizou a importância da
vigilância para não cairmos em tentação.
Mt
26.41
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está
pronto, mas a carne é fraca.”
Paulo nos mandou orar sem cessar (1ª Ts
5.17). A maioria dos crentes, hoje, não ora. Certo pregador disse: “O Diabo ri
da nossa sabedoria, zomba das nossas pregações, mas treme diante de nossas
orações”.
3.
Através da disciplina pessoal. Falando sobre o “atleta cristão”, Paulo
diz que “aquele que luta, de tudo se abstém” (1ª Co 9.25a). Em seguida, afirma:
“Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos
outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1ª Co 9.27). Muitos
caem, por exemplo, na tentação do sexo, porque não sabem controlar seus
instintos.
4. Submeter-se
a Deus e resistir ao diabo. O inimigo sabe qual é o ponto fraco de cada crente.
Mas, com determinação e resistência, no Espírito, é possível ser vitorioso (cf.
1ª Pe 5.8,9; Tg 5.17). José, jovem hebreu, mesmo pagando terrível preço, não se
deixou vencer pelo pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado por Deus.
Os jovens na Babilônia não se contaminaram
com as iguarias do rei (Dn 1).
1ª
Pedro 5.8-9
“Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor,
bramando como leão, buscando a quem possa tragar; Ao qual resisti firmes na fé,
sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.”
Tiago
4.7
“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”
5.
Buscando a santificação. É preciso que o crente viva a separação integral
para Deus (Hb 12.14; 1ª Pe 1.15).
6.
Ocupando a mente com as coisas espirituais. Isso se consegue através da
oração, jejum, estudo da Bíblia e leitura de bons livros; servindo,
evangelizando, louvando, participando da obra do Senhor, santificando a mente,
a vida e o corpo (ver 1ª Ts 4.3-7).
A tentação, no seu sentido mais comum, é
um processo terrível, da parte do homem, do mundo e do Diabo, cuja finalidade
é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus, levando o crente a pecar.
Para vencer, é preciso fazer como Jesus, que usou a “Espada do Espírito” a Palavra. É preciso
usar as armas que Deus colocou à disposição de Seus servos. Em Cristo, “somos
mais que vencedores” (Rm 8.37).
7.
Andar em espírito. Gálatas 5.16 “Digo, porém: Andai em Espírito, e não
cumprireis a concupiscência da carne.”
8.
Desviar-se do mal (proteção passiva). Jó 1.1 e 8 “Havia um homem
na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a
Deus e desviava-se do mal. 8 E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu
servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto,
temente a Deus, e que se desvia do mal.”
Provérbios
16.17
“Os retos fazem o seu caminho desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho
preserva a sua alma.”
9. Fugir
do pecado (proteção ativa).
1ª
Coríntios 6.18-19
“Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o
que fornica peca contra o seu próprio corpo. 19 - Ou não sabeis que o vosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e
que não sois de vós mesmos?”
2ª
Timóteo 2.22
“Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz
com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.”
CONCLUSÃO
Sabemos que todo cristão passa por
aflições e tentações ao longo da vida. Talvez você esteja vivendo tal situação.
Lembre-se de que o nosso Senhor Jesus passou por inúmeras tribulações e
tentações, mas venceu todas, tornando-se o maior exemplo de vida para os seus
seguidores. Cada tentação vencida pelo crente significa um avanço rumo ao
amadurecimento espiritual. Um dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à
medida da estatura de Cristo (Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada
cristã! Deus nos recompensará! Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já
venceu por nós e por isso somos mais que vencedores.
Temos um Sumo Sacerdote que em tudo foi
tentado, mas sem pecado: Jesus Cristo. Este é a mediação entre Deus e o homem
e, por isso, podemos ir ao Pai com confiança (Hb 4.15,16).
A tentação é um problema provocado por nós
e não por Deus. O diabo é o tentador, mas está em nós cair na tentação e pecar.
O desafio é reconhecer nossa vulnerabilidade, nossa fraqueza, e vencê-la. Não
temos condições de enfrentar a tentação, pois somos fracos diante de nossos
próprios desejos. Portanto, a única forma de vencer a tentação é fugir dela.
Mas fugir do que nos atrai exige força
espiritual. Por isso precisamos buscar forças no único que foi tentado, mas
nunca pecou: Jesus Cristo (cf. Hb 4.15). Alimentemo-nos da palavra de Deus e
cuidemos (cf. 1Tm.4.16), pois o mal que o tentador sugerir só terá efeito se
nos deixarmos levar por ele!
FONTE
DE PESQUISA
1. Carta de Tiago. O cristão e as
tentações. Editora Kaleo. Assembleia de Deus Blumenau SC.
2. CORREA Claudionor de Andrade. O Dicionário Teológico –
CPAD. Rio de Janeiro - RJ.
3. GINGRICH F Wilbur. Revisado Frederick
W. Danker. 1ª edição 1984. Lèxico do N.T. Grego/Português. Edições Vida Nova.
São Paulo SP.
4. LIMA RENOVATO DE. Lições bíblicas a prática
da vida 1º trimestre de 1999. CPAD Rio de Janeiro - RJ.
5. LIRA Eliezer Silva. Lições bíblicas 3º
Trimestre de 2014. Título: Fé e Obras. CPAD - RJ.
6. PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F.
Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2009.
7. RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
8. SILVA
Eliezer de Lira. O propósito da tentação. Lições Bíblicas 13 de Julho de 2014. CPAD
RJ.
Montado e elaborado pelo:
Pastor Elias Ribas – Dr. em teologia
Blumenau SC.
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