TEOLOGIA EM FOCO: AS FILHAS DA SANGUESSUGA

quarta-feira, 8 de julho de 2020

AS FILHAS DA SANGUESSUGA



Provérbios 30.15-16 “A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta! A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!”

INTRODUÇÃO
Apenas o capítulo 30 do livro de Provérbios é atribuído a Agur, um sábio de quem nada sabemos. Mas pela inspiração divina, o escritor bíblico apresenta uma coleção de pequenos provérbios. No geral, esses provérbios tratam acerca da verdadeira sabedoria. O escritor enfatiza que o homem não possui sabedoria em si mesmo; mas a verdadeira sabedoria vem do Senhor através de Sua auto revelação nas Escrituras.

Em sua reflexão, o sábio pontua vários comportamentos humanos insensatos, entre eles a ganância. Então é ao condenar o comportamento ganancioso que ele escreve neste sentido figurado.

I. O SIGNIFICADO DA PALAVRA

A palavra sanguessuga no hebraico é aluqah que significa “chupadora. Uma sanguessuga é um animal hematófago, de nome cientifico: Hirudínea ou Annelida, distinguidos por terem exatamente trinta e quatro segmentos nos corpos, dos quais os primeiros cinco ou seis formam a cabeça, que chupa, enquanto que os últimos sete formam a cauda, que chupa. A sanguessuga é um verme (anelídeo, pois o corpo é formado por anéis) comum em todos os lugares do mundo, em todos os ecossistemas. Existem no planeta mais de 15 mil espécies de sanguessugas e vivem águas e lama! Elas têm este nome, obviamente, porque se alimentam do sangue de suas vítimas, depois de aderir ao corpo do ser vivo de que se alimenta, podendo ingerir uma quantidade de sangue 10 vezes superior ao seu próprio volume.

II. QUEM SÃO AS DUAS FILHAS DA SANGUESSUGA?

1. Dá e Dá”. O sábio chama as duas ventosas da sanguessuga personificada como suas filhas de “Dá e Dá”. Esses nomes referem-se ao clamor insaciável delas. Por isso algumas versões traduzem: “Duas filhas tem a sanguessuga. Dê! Dê! Gritam elas” (NVI).

Talvez a ideia seja que assim como a sanguessuga parece não ter outra finalidade, se não sugar sangue, o homem ganancioso parece servir apenas à sua concupiscência ambiciosa. O sábio expande seu raciocínio citando ditos numéricos que fornecem quatro ilustrações sobre a ganância: “a sepultura, a madre estéril, à terra, que se não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta”.

Russel Norman Champlin afirma que: “metaforicamente, a sanguessuga refere-se a algum individuo ou alguma circunstância debilitadora, gananciosa e extremamente egoísta em suas exigências.” E ele diz mais: “A sanguessuga é o modelo do egoísmo e da ganância, e é vista como animal que vive do sangue de outro animal, uma apta metáfora para as pessoas gananciosas”.

Quando Agur escreveu este texto, sua preocupação não era com a sanguessuga em si, mas, apresentar um princípio moral e espiritual que tem como parâmetro a vida da sanguessuga.

2. A sanguessuga continua tendo duas filhas. Infelizmente vivemos num tempo em que a ganância não é apenas incentivada, mas quase que cultuada. Ser ganancioso parece que se tornou sinal de força, determinação e um pré-requisito essencial para o sucesso.

O princípio moral e espiritual é o da ganância, do egoísmo, da autossatisfação que leva pessoas, grupos, entidades a se beneficiarem de coisas de forma desonesta, de maneira ilimitada e insaciável, querendo sempre mais e mais, sugando, chupando, extraindo, explorando para proveito próprio.

Inclusive, esse tipo de mentalidade mundana tem invadido até as igrejas. Quantas e quantas comunidades cristãs têm sido exploradas por homens gananciosos que não se fartam de negociar Jesus para satisfazerem sua ambição e seu compromisso com Mamom (cf. Mt 6.24).

Quando se observa a vida da sanguessuga percebe-se claramente que Agur está descrevendo o agir egoísta e interesseiro do ser humano.

O sábio Agur do ápice de sua sabedoria afirma que a sanguessuga tem duas filhas: Dá, Dá. Isto é, quanto mais sangue bebe, mais sangue quer. Quanto mais se tira, quanto mais se desvia, quanto mais se locupleta, mais se quer, mais se deseja, mais se inventa uma maneira de se tirar mais e mais e mais.

Um escritor afirmou: “Há pessoas tão excessivamente gananciosas e cobiçosas que elas deixarão sem nada qualquer ser vivo, elas se agarram a qualquer coisa que possa dar lucro e nunca largarão até que tenham extraído até a última porção que haja de bom.”

Infelizmente, estamos vivendo em nossa sociedade este princípio moral e espiritual da sanguessuga.

III. A SANGUE SUGA DA CORRUPÇÃO

           Miqueias 7.2-3 “Pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja reto. Todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma rede. As suas mãos fazem diligentemente o mal; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles são perturbadores”.

A sociedade capitalista muitas vezes valoriza mais o dinheiro do que as pessoas. Este pensamento utilitarista abre brechas para ações corruptas como:

1. Suborno. Êxodo 23.8 “Também suborno não aceitarás, pois o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos”.

O suborno é uma troca de favores remunerada, quando “o ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça” (Pv 17.23). Mas a Palavra de Deus condena o suborno, pois “ai dos que...justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam justiça” (Is 5.22-23).

2. Propina. Lucas 3.12-13 “Chegaram também uns cobradores de impostos, para serem batizados, e lhe perguntaram: Mestre, que devemos fazer? Respondeu-lhes: Não peçais mais do que o que vos está ordenado”. A propina é um valor à parte recebido pela pessoa, mas que Jesus condenou dizendo que não deveria ser feito.

A corrupção está presente na sociedade, pois muitas pessoas praticam suborno comprando o ‘silêncio’ de outra pessoa, achando que podem pagar para ficar certos. Outros já vivem da chamada propina, vendendo seus serviços e recebendo dinheiro ilícito. (faz gato para roubar energia elétrica, tentar subornar o guarda para não levar multa, furar fila, comprar produtos piratas etc).

IV. A SANGUE SUGA NA ÁREA DA POLÍTICA

Deuteronômio 16.19-20 “Não torcerás a justiça, nem farás acepção de pessoas. Não tomarás subornos, pois o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. Segue a justiça, e só a justiça, para que vivas e possuas a terra que o Senhor teu Deus te dá”.

Finalmente, a corrupção também chega à política. A palavra política vem do grego polyticos, que significa cidadão da polys, que é a cidade. Então todos nós somos políticos, quando exercemos nossa cidadania.

Duas formas de corrupção na política são:

1. Leis injustas. Salmos 82.2-5ª “Até quando defendereis os injustos, e tomareis partido ao lado dos ímpios? Defendei a causa do fraco e do órfão; protegei os direitos do pobre e do oprimido. Livrai o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios. Eles nada sabem, e nada entendem. Andam em trevas”. Infelizmente, muitas pessoas quando chegam a um cargo ou função pública, acaba se corrompendo e usando os recursos para benefício pessoal e legislando em causa própria.

2. Políticos injustos. Isaías 10.1,2 “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres, e para arrebatar o direito dos aflitos do meu povo, despojando as viúvas, e roubando os órfãos!” Precisamos saber o que as pessoas fazem quando chegam ao poder e lutar contra a injustiça. “Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” (Is 1.23). Se um político não defende os direitos do povo, não está cumprindo o seu papel.

Os políticos estão muito envolvidos com corrupção devido ao sistema corrupto que foi instaurado no meio em que atuam. Além disso, as pessoas já veem de uma sociedade corrompida e de um comércio onde a corrupção toma conta para a busca do lucro a qualquer preço.

Alguns exemplos de corrupção na política são: quando o legislador cria uma lei para beneficiar um setor em troca de apoio político, superfaturamento de obras, cobrança de serviços que deveriam ser gratuitos, etc.

“Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme.” (Pv 29.2). “Quando os justos exultam, grande é a glória; mas quando os ímpios sobem, os homens se escondem.” (Pv 28.12).

Vamos lutar contra a corrupção na política!

V. A SANGUE SUGA NO MEIO RELIGIOSO

1. Falsos mestre. Na Bíblia encontramos uma relação de falsos líderes que podemos enquadrar como falsos profetas. O Senhor Jesus nos adverte no evangelho de segundo Mateus 24.11, 24 “E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.”

Alguns falsos mestres e pregadores iniciam seu ministério com sinceridade, veracidade, pureza e genuína fé em Cristo. Mais tarde, por causa do seu orgulho, avareza e desejos imorais, sua dedicação pessoal e amor a Cristo desaparecem lentamente. Em decorrência disso, apartam-se do reino de Deus (1ª Co 6.9-10; Gl 5.19-21; Ef 5.5-6) e se tornam instrumentos de Satanás, disfarçados em ministros da justiça (2ª Co 11.15).

2. Outros falsos mestres e pregadores nunca foram crentes verdadeiros. A serviço de Satanás, eles estão na igreja desde o início de suas atividades (Mt 13.24-28,36-43).

Estes falsos líderes transformam o Evangelho de Jesus em objeto de liquidação. Vendem às pessoas um lugar no céu; negociam os cargos ministeriais, não tem nenhum escrúpulo de cobrar quantias vultosas por uma oração de libertação e cura. Negociam com os carismas de Deus, dizendo estarem incentivando a fé. Usam versículos isolados da Sagradas Escrituras para explorar a fé dos incautos. Por exemplo: “Não vá a casa do profeta de mãos vazias;” “É melhor dar do que receber” Note que eles gostam de usar o verbo dar, pois são a as filhas da sangue suga “Dá, Dá.

3. O que a Bíblia diz sobre os falsos mestres. Vejamos o que o apóstolo Pedro nos diz com respeito as duas filhas Dá, Dá: “Também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.” (2ª Pe 2.3).
3.1. Pedro descreve o caráter destes falsos mestres: Eles são arrogantes e não têm respeito pela autoridade (2.10,18). Eles são indivíduos gananciosos, tirando lucro financeiro dos seus “seguidores” (2.3 “movidos por avareza, farão comércio de vós”; 2.14 “tendo coração exercitado na avareza”; 2.15 seguiram no erro de Balaão que queria lucrar amaldiçoando Israel). Além disso, eles são culpados de imoralidade (2.10 “imundas paixões”; 2.13 “sua luxúria carnal”; 2.14 “tendo os olhos cheios de adultério”).

De acordo com o apóstolo Paulo, os que agem assim se tornam inimigos da cruz de Cristo, porquanto o seu Deus é o ventre e a sua glória é a vergonha (Fp 3.18-19); lobos cruéis (At 20.29-30); e ministros de Satanás (2ª Co 11.12-15).

3.2. O mestre Jesus vai dizer no evangelho de Lucas: “...que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, largas orações. Estes receberão maior condenação” (Lc 20.45-47).

À luz das Escrituras, os falsos mestres têm sempre no seu perfil algumas características especificas. Mas a Bíblia aponta como defeito principal do falso profeta.

A. Apesar de sua falsa religiosidade, os fariseus eram avarentos. Jesus declara que os fariseus da Sua época faziam longas orações para lograr e devorar as casas das pobres viúvas. Eles tinham como mandamento cuidar das viúvas, órfãos e necessitados, porém eles agiam com um espírito cobiçoso. Mas Jesus os advertia: “vocês vão sofrer maior juízo seus fariseus”.

Avareza, de acordo com o original, é ganância, e se aplica a alguém que nunca está contente com que tem; sempre querendo o que é dos outros. Avareza na Bíblia é comparada com o pecado de idolatria (Cl 3.4), porque a pessoa coloca toda sua concentração naquela coisa que está roubando a posição de prioridade de Deus em sua vida.

B. Através de seu fervor religioso os fariseus exploravam os mais pobres e idosos. Não sabemos exatamente como eles “devoravam” as casas das viúvas; talvez as persuadindo a fazer grandes doações além de suas condições. Certamente, pessoas de má fé no meio religioso hoje em dia têm este mesmo procedimento. Alguns até ridicularizam as doações pequenas e garantem bênçãos financeiras do Senhor em troca de enormes ofertas.

Muitos homens que vivem para adorar o dinheiro, para fazer do dinheiro o próprio deus. Tantas pessoas que vivem somente para isto e a vida não tem sentido. E isso não é uma fábula, mas ensinos do mestre Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mt 6.19-21).

Quando precisamos pecar para conseguir mais dinheiro, é melhor ser pobre. Muito dinheiro não acalma a consciência e não podemos pagar nossa entrada no céu. “Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro onde há inquietação. Melhor é a comida de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio.” (Pv 15.16,17).

4. Eram hipócritas fingidos, falsos. “Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23.33).

O hipócrita é o homem que, no próprio nome da religião, quebra as leis de Deus. É o homem que diz que não pode ajudar seus pais porque tinha dedicado seus bens ao serviço de Deus (Mt 15.7; Mc 7.5); é o homem que se recusa a ajudar um enfermo no sábado, porque isto seria uma violação da lei do sábado, embora não deixe descuidar do bem-estar dos seus animais no sábado (Lc 13.15).

É o que pratica todos os gestos externos da religião enquanto no seu coração está cheio de orgulho e arrogância. É o tipo de homem que nunca deixa de ir para a igreja e que nunca deixa de condenar um pecador. O seu orgulho é do tipo que imita a humildade.

Os fariseus eram referência moral, ética e religiosa para o povo de Israel à época de Jesus. Aos olhos do povo os fariseus eram tidos por justos “Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.28).

Em nossos dias a palavra fariseu é utilizada de modo pejorativo, sinônimo de hipocrisia, mas à época de Cristo nomeava um grupo específico de seguidores do judaísmo.

O farisaísmo era uma das mais severas seitas do judaísmo e seus seguidores lideravam um movimento para trazer o povo a submeter-se à lei de Deus. Eles eram extremamente legalistas, formalistas e tradicionalistas (Mt 15.1-3).

4. O dinheiro é a raiz de todo mal. A Bíblia diz que o amor ao dinheiro é raiz de todos os males (1ª Tm 6.10). Isso se dá pelo fato de que o coração ganancioso coloca o objeto de sua ambição no lugar que só pertence a Deus.
De duas maneiras esses impostores conseguem uma posição de influência na igreja:

4.1. Pregam por ganância. Hoje existem certos “líderes espirituais” que pregam sobre prosperidade ensinam que Deus quer que todos os seus filhos sejam ricos e que uma pessoa somente adoece por falta de fé. São mundanos e extremamente interessados nos prazeres terreais.

“Em nome da fé evangélica algumas denominações estão extrapolando no zelo por arrecadar numerário para a manutenção da Casa do Senhor. Ora, o compromisso de ajuda pecuniária do crente se restringe única as contribuições voluntárias e a amor pelo Reino de Deus. Porém, tem havido interpretações perversas acerca das contribuições. Os dízimos passaram a ser um meio de salvação, e não há limites na fixação das ofertas. O dinheiro tem sido a legalidade de salvação e esqueceram que a base da nossa salvação é o precioso sangue de Jesus. É preciso que os desavisados entendam que não podemos comprar as bênçãos de Deus; que não asseguramos a salvação com as obras de nossas mãos; que devemos buscar “primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Em segundo lugar devemos garantir a nossa salvação mediante sincero arrependimento, confissão dos pecados, mudança de vida, aceitação de Jesus como Senhor e Salvador. Na qualidade de salvos, de crentes em Jesus, então cumpriremos seus mandamentos, inclusive o de contribuir e, nessas condições, faremos jus a todas as bênçãos e promessas catalogadas na Bíblia.

A grande maioria dos que buscam essas denominações que anunciam um evangelho deturpado e viciado são almas frágeis, enfraquecidas pelos embates da vida, e ali vão dispostas a fazer o sacrifício que for sugerido ou determinado. Não têm o conhecimento bíblico para refutar as heresias. Assim, acreditam que se venderem todos os seus bens e entregarem todo o dinheiro “aos pés de Jesus” terão resposta imediata de Deus. A teoria do TUDO OU NADA é anti-bíblica e, portanto, herética.

Os exemplos a seguir, pelo inusitado e extravagância teológica, sem paralelo na história recente da Igreja, denotam uma situação de ambição desenfreada, de loucura inteligente, de ânsia incontida, só comparável aos tempos da diabólica Inquisição e da venda de indulgências.

Eles sabem, os promotores do mercantilismo religioso, que o povo brasileiro traz consigo a herança maldita da idolatria, exemplo das imagens dos santos falecidos, como algo tangível, visível, capaz de “auxiliar” na comunhão com Deus. Sabedores disto procuram preencher a lacuna substituindo os ícones por outras coisas, seja uma rosa, uma fitinha, um cajado, um manto, um lenço, uma vassoura, um sabonete ungido etc. É realmente uma jogada inteligente. É imperioso que o povo de Deus saiba que coisas não transformam vidas, não trazem bênçãos, não afastam as maldições, não purificam os lares. A finalidade da igreja não é arrecadar dinheiro, e o principal compromisso dos crentes não é contribuir com somas cada vez maiores. [Loucos Por Dinheiro Airton Evangelista da Costa http://opoderdafe.com/artigos/63].

4.2. O modismo religioso. Há casos em essas inovações desvirtuam o ensino da Palavra de Deus, voltando às fábulas, exatamente como previsto por Paulo, em sua célebre advertência a Timóteo. (2ª Tm 4.3-4).

O crente em Jesus deve estar atento quanto às distorções da Palavra de Deus e enganos sutis do diabo no meio cristão. Confesso que estou muito preocupado com o rumo que as igrejas evangélicas, principalmente as renovadas, têm tomando. Muitas doutrinas estranhas ao cristianismo estão sendo sutilmente injetadas, doutrinas de anjos e técnicas para curar os enfermos. Muitos pastores e líderes, na ânsia de verem suas igrejas crescerem e serem avivadas, estão adotando métodos e técnicas estranhas sem uma criteriosa investigação de seus aspectos, muitas vezes ocultos.

O modismo é crescente e desenfreado e tem tomando lugar das reuniões de oração e estudo da Palavra. Quase não se convida mais para reuniões de estudos bíblicos e quando alguém se atreve, aparece apenas um pequeno grupo. Nos ensinos de Jesus Ele atraía multidões para ouvi-lo, mas os seguidores do “evangelho” mercantilista preferem frequentar um culto com nome extravagante, por exemplo: reunião para desencapetamento, corredor de fogo, novena das nove fitas, sete quintas feiras etc. Essas inovações exibicionistas têm arrastado multidões atrás de um evangelho fácil para alcançar a “prosperidade”. Ao contrário do que ensinou Jesus: “E estes sinais acompanharão aos que crerem...” (Mc 16.17). Mas o que vemos e ouvimos é o contrário. Os líderes com suas mensagens atraentes têm levado as pessoas a correrem atrás dos sinais, usando a sutileza do engano.

Hoje as pessoas numa grande maioria superlotam igrejas, mas não para ouvirem sobre andar com Deus, não para ouvirem sobre santidade, não para ouvirem a respeito de viver como sal e luz num mundo perdido, mas as pessoas enchem os templos para participarem de cultos de bênçãos, de vitórias, de negociar com Deus, de obter as bênçãos de Deus, desde que dinheiro esteja envolvido.

“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3.17.20).

4.3. Ele transforma o Evangelho de Jesus em objeto de liquidação. Vende às pessoas um lugar no céu; não tem nenhum escrúpulo de cobrar quantias vultosas por uma oração de libertação e cura. Negociam com os carismas de Deus, dizendo estarem incentivando a fé. De acordo com o apóstolo Paulo, os que agem assim se tornam inimigos da cruz de Cristo, porquanto o seu Deus é o ventre e a sua glória é a vergonha (Fp 3.18-19). [PAULO CÉZAR LIMA. Separando o Verdadeiro do Falso. Obreiro, ano 22, nº 11, Pg. 90. Editora, CPAD, Rio de Janeiro – RJ].

E o que dizer de Jesus Cristo ao chamar os fariseus de raça de víboras, sepulcros caiados ou filhos do Diabo? Palavras torpes? Definitivamente não; nem chamar os profetas da prosperidade de estelionatários da fé, enganadores, ladrões, mercenários, salafrários, lobos, falsos curandeiros, etc, significa usar palavras torpes. São palavras qualificadoras precisas para designar pessoas e práticas condenáveis.

Embora a palavra de Paulo aos líderes das igrejas que estavam reunidos em Mileto, especialmente os de Éfeso, tenha sido dura, o seu propósito era revelar sua grande preocupação com relação ao futuro da igreja de Deus.

Atos 20.28-30:Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

Paulo reconhece o alto valor que Deus pagou pela igreja ao entregar Seu próprio Filho na cruz e entende que o surgimento de falsos líderes era consequência natural do crescimento do evangelho, o que ele pretende é alertar à igreja que tenham cuidado com os falsos líderes, pois eles irão agir impiedosamente, sem temor à Deus, com um único propósito – atrair as pessoas para si, ao invés de Deus.

Em grandes igrejas é comum ver pastores orgulhosos pelo número de membros que mantem cadastrados em sua secretaria, mas a verdade e que poucos são assistidos regularmente.

O apóstolo Paulo fala de “lobos cruéis” que entrariam no meio do povo de Deus e, que Esses lobos representam falsos obreiros que só cuidam de si próprio, e não do rebanho do Senhor. Também diz Paulo que chegará o tempo em que alguns de vocês contarão mentiras, procurando levar os irmãos para o seu lado.

4.4. O perigo da idolatria ao dinheiro. O apóstolo Paulo enxerga a ganância como um tipo de idolatria (cf. Ef 5.5; Cl 3.5). Mas o Deus que em Sua Palavra chama a ganância de idolatria, haverá de julgar os idólatras que são devotos das riquezas (1ª Co 6.10; Ap 22.15).

O ensino bíblico a respeito de dinheiro somente faz sentido quando enxergamos o dinheiro no contexto dos “principados e potestades”. O Novo Testamento usa termos como “visíveis”, “invisíveis”, “potestades”, “tronos”, “soberanias”, “autoridades”, para descrever certos aspectos do âmbito do invisível (Cl 1.16).

Devido ao pecado, essas potestades perderam o relacionamento adequado projetado na criação pelo Senhor. Elas caíram e estão em estado de revolta contra o Criador. E é por isso que trazem consigo grande confusão.

Foster afirma que “o dinheiro é uma dessas potestades”. Quando Jesus usa o termo aramaico mamon para referir-se às “riquezas”, está conferindo a elas natureza pessoal e espiritual, personificando Mamom como um deus rival (Mt 6.24). Ao dizer isso, Jesus deixa claro que o dinheiro não é um meio impessoal de troca. Ele não é algo moralmente neutro, um recurso a ser usado de maneiras boas ou más, dependendo unicamente de nossa atitude para com ele. Mamom é um poder que busca dominar o ser humano. Mamom pede nossa devoção de uma forma que extrai de nosso ser toda reserva de bondade. É por isso que grande parte dos ensinamentos de Jesus referentes à riqueza tem natureza evangelística:

“Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.” (Mt 19.21). Se salvação não é pelas obras, por que Jesus faz essa exigência ao jovem rico? A resposta é: Jesus sabia que a riqueza daquele jovem era um deus rival, que buscava a dedicação completa do rapaz. Para Cristo, o dinheiro é um ídolo a quem precisamos dar as costas a fim de que não nos convertamos a ele.

Porém a visão de Jesus a respeito do dinheiro é bastante realista, principalmente, ao referir-se a este como um deus-pagão (Mt 6.24; Lc 16.13), revelando a insensatez daqueles que se fiam nos seus pertences (Lc.16.1-13), indicando aonde devemos entesourar (Mt 6.19-21). Paulo também admoesta os cristãos para que não se deixem levar pelo amor ao dinheiro (1ª Tm 6.10) e Tiago chama a atenção para aqueles que são controlados pela cobiça (Tg 4.2,3). O cristão pode buscar alcançar uma condição favorável de vida em gratidão (1ª Tm 4.4; 6.17). Mas, diferentemente da visão mundana, não vivemos ansiosos por coisa alguma, fazemos a nossa parte, sem ansiedade (Mt 6.25-34), tendo o contentamento como meta (1ª Tm 1.8), cientes, também, de que precisamos auxiliar aos necessitados, viúvas e missionários (1ª Ts 1.11; Ef 4.28; 1ª Co 16.2-3). Afinal, fomos chamados não para acumular riquezas, mas para o amor em sacrifício (1ª Co 13; 1ª Jo 3.16).

Os fariseus nos dias de Jesus, além de trazer um ensino expressamente errado ao povo, mas também em seus corações. A desonestidade com a mensagem do evangelho vai criar a desonestidade na vida. As forças interiores que produzem a mensagem desviada, a princípio (orgulho da vida, temor dos homens, amor ao dinheiro, concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (1ª Jo 2.16), inevitavelmente se manifestarão no comportamento, ainda que sutilmente. Esta é a razão pela qual a advertência de Jesus sobre os falsos profetas leva tão naturalmente a uma discussão para testá-los pelo seu caráter, bem como pela sua mensagem.

5. Assim como foi nos dias de Noé. Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, no sermão escatológico adverte: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.” (Mt 24.37-39).

A impunidade e a frouxidão dos princípios reguladores da sociedade humana degradam o homem criado à imagem, à semelhança de Deus para glorificar a Deus, ou seja, para refletir o caráter de Deus. Mas o que se vê? A Bíblia responde: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).

A maldade do coração do homem caído é insaciável, pois, como declara Gênesis 6.5 e 11: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração. A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência”.

CONCLUSÃO.
A sepultura sempre aguarda mais corpos; o ventre da mulher estéril sempre está tentando conceber; a terra ressequida sempre necessita de mais água; e o fogo nunca se cansa de queimar tudo o que toca.

É interessante notar que antes ele escreve: “Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que não dizem: Basta” (Pr 30.16). Essa é uma linguagem que aparece no livro de Provérbios com o objetivo de apresentar uma lista específica, mas não exaustiva (cf. Provérbios 6.16; 30.18; etc.).

Em outra parte, o mesmo livro de Provérbios traz a mesma lógica acerca do perigo da ganância: “O inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv 27.20).

Há quase três milênios o sábio Agur escreveu: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá”. Mas esse provérbio continua tão atual quanto nos dias em que foi escrito. Então que possamos a cada dia, pela atuação do Espírito Santo em nossas vidas, fazer com que nossa devoção a Deus esmague qualquer desejo caído pela devoção aos bens terrenos. Como diz W. W. Wiersbe, não é pecado ser rico; mas é pecado desejar mais riquezas do que precisamos, e reter aquilo que deveríamos dar.

FONTE DE PESQUISA

1. CÉZAR PAULO LIMA. Separando o Verdadeiro do Falso. Revista Obreiro, ano 22, nº 11, Pg. 90. Editora, CPAD, Rio de Janeiro – RJ.
2. EVANGELISTA Airton da Costa Loucos Por Dinheiro https://jesusamavoce.wordpress.com/2010/06/09/loucos-por-dinheiro-pr-airton-evangelista-da-costa/ - Acesso dia 08/07/2020.

3. PERREIRA SÉRGIO. As filhas da sangue suga. Mensageiro d Paz. Ano 85, Nº 1563, Agosto de 2015.

Pr. Elias Ribas
Assembléia de Deus
Blumenau - SC

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