Tiago 1.1. “Tiago, servo de
Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde.”
Considerações Preliminares: Tiago é
classificada como “epístola universal” porque foi originalmente escrita para
uma comunidade maior que uma igreja local. A saudação: “Às doze tribos que
andam dispersas” (1.1), juntamente com outras referências (2.19,21), indicam
que a epístola foi escrita inicialmente a cristãos judeus que viviam fora da
Palestina. É possível que os destinatários fossem os primeiros convertidos em
Jerusalém, que, após a morte de Estêvão, foram dispersos pela perseguição (At
8.1) até a Fenícia, Chipre, Antioquia da Síria e além (At 11.19).
Palavra
Chave
Fé: Confiança absoluta em alguém. A primeira das três
virtudes teologais: fé, esperança e amor.
INTRODUÇÃO
A carta de Tiago é um dos livros mais
atuais e necessários para a igreja contemporânea. Tiago é comparado ao Sermão
do Monte. Ele tem princípios práticos. Ele tange os grandes temas da vida
cristã de forma clara, direta e rica. Tiago está preocupado com a prática do
Cristianismo.
Para ele não basta ter um credo, fazer uma
profissão de fé ortodoxa; é preciso viver de forma digna de Deus.
O estudo deste livro desafiará você a
fazer um balanço de sua vida, um diagnóstico de sua experiência cristã. É
impossível colocar-se diante do espelho deste livro sem identificar a
necessidade de sermos corrigidos por Deus.
O apóstolo Tiago dá início a sua carta com
as mesmas considerações de Paulo. Eles se consideravam servo de Deus e do
Senhor Jesus.
A apresentação de Tiago é sucinta, isto
porque ele não enfrentava os mesmos problemas que o apóstolo Paulo, Paulo tinha
o seu apostolado contestado por grupos judaizantes.
Os destinatários da carta são
identificados como sendo as doze tribos da dispersão. O apóstolo Pedro também
nomeia os destinatários de sua carta de forma semelhante.
Tal nomeação não se refere ao povo de
Israel, antes aos cristãos, sejam eles judeus ou gentios que estavam
‘dispersos’ pelo mundo de então.
Quando Tiago identifica os destinatários
como sendo os cristãos, isto nos dá um parâmetro quanto à interpretação: mesmo
utilizando uma linguagem própria aos evangelistas, ele escreve a pessoas que já
eram crentes e que conheciam o evangelho.
I.
AUTORIA, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS (Tg 1.1)
1. Autoria. Em primeiro
lugar, é preciso destacar o fato de que há, em o Novo Testamento, a menção de
quatro pessoas com o nome de Tiago:
1. Tiago, pai de Judas, não o Iscariotes,
(Lc 6.16);
2. Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João
(Mt 4.21; 10.2; Mc 1.19, 10.35; Lc 5.10; 6.14; At. 1.13; 12.2);
3. Tiago, filho de Alfeu, um dos doze
discípulos (Mt 10.3; Mc 3.18; 15.40; Lc 6.15; At 1.13);
4. Tiago, o autor da epístola, que era
filho de José e Maria e meio-irmão do nosso Senhor (Mt 1.18,20).
Após firmar os
passos na fé e testemunhar a ressurreição do Filho de Deus, o irmão do Senhor
liderou a Igreja em Jerusalém (At 15.13-21) e, mais tarde, foi considerado
apóstolo (Gl 1.19). Pela riqueza doutrinária da carta, o autor não poderia ser
outro Tiago, senão, o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém.
2. Local e data. Embora a maioria
dos biblistas veja a Palestina, e mais especificamente Jerusalém, como local
mais indicado de produção da epístola, tal informação é desconhecida. Sobre a
data, tratando-se do período antigo da era cristã, sempre será aproximada. Por
essa razão, a Bíblia de Estudo Pentecostal data a produção da carta de
Tiago entre os anos 45 a 49 d.C., aproximadamente.
3. Destinatário. “Às doze tribos
que andam dispersas” (Tg 1.1). Há muito a estrutura política de Israel perdera
a configuração de divisão em tribos. Assim, em o Novo Testamento, a expressão
“doze tribos” é um recurso linguístico que faz alusão, de forma figurativa, à
nação inteira de Israel (Mt 19.28; At 26.7; Ap 21.12). Todavia, ao usar a
fórmula “doze tribos”, na verdade, Tiago refere-se aos cristãos dispersos na
Palestina e variadas igrejas estabelecidas em outras regiões, isto é, todo o
povo de Deus espalhado pelo mundo.
O autor da
epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. A carta foi escrita provavelmente em
Jerusalém, entre os anos 45 e 49 d.C. e dirigida aos cristãos dispersos da
Palestina bem como as igrejas de outras regiões.
II.
O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA DE TIAGO
1. Orientar. Em um tempo
marcado pela falsa espiritualidade e egoísmo, as orientações de Tiago são relevantes
e pertinentes. Isso porque a Escritura nos revela o serviço a Deus como a
prática concreta de atitudes e comunhão: guardar-se do sistema mundano (engano,
falsidade, egoísmo, etc.) e amar o próximo. Assim, através de orientações
práticas, Tiago almeja fortalecer e consolar os cristãos, exortando-os acerca
da profundidade da verdadeira, pura e imaculada religião para com Deus a qual
é: a) visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações; b) não fazer acepção de
pessoas e c) guardar-se da corrupção do mundo (Tg 1.27).
2. Consolar. Numa
cultura onde não se dobrar a César, honrando-o como divindade, significava
rebelião à autoridade maior, os crentes antigos foram impiedosamente
perseguidos, humilhados e mortos. Entretanto, a despeito de perder emprego,
pais, filhos e sofrer martírios em praças públicas, eles se mantiveram fiéis ao
Senhor. Por isso, a epístola é, ainda hoje, um bálsamo para as igrejas e
crentes perseguidos espalhados pelo mundo (Tg 1.17,18; 5.7-11).
3. Fortalecer. Além das
perseguições cruéis, os crentes eram explorados pelos ricos e defraudados e
afligidos pelos patrões (Tg 5.4). Apesar de a Palavra de Deus condenar com
veemência essa prática mundana, infelizmente, ela ainda é muito atual (Ml 3.5;
Mc 10.19; 1ª Ts 4.6). A Epístola de Tiago não foge à tradição profética de
condenar tais abusos, pois, além de expor o juízo divino contra os
exploradores, o meio-irmão do Senhor exorta os santos a não desanimarem na fé,
pois há um Deus que contempla as más atitudes do injusto e certamente cobrará
muito caro por isso. A queda de quem explora o trabalhador não tardará (Tg
5.1-3).
III.
ATUALIDADE DA EPÍSTOLA
1. Num tempo de superficialidade
espiritual. Outro
propósito da epístola é levar o leitor a um relacionamento mais íntimo com Deus
e com o próximo. A carta traz diversas citações do Sermão do Monte como prova
de que o autor está em plena concordância com o ensino de Jesus Cristo. Tiago
chama a atenção para a verdade de que se as orientações de Jesus não forem
praticadas, o leitor estará fora da boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Portanto, a Igreja do Senhor não pode abandonar os conselhos divinos para
desenvolver uma espiritualidade sadia e profunda.
2. Num tempo de confusão entre
“salvação pela fé” ou “salvação pelas obras”. O leitor
desavisado pode pensar que a Epístola de Tiago contradiz o apóstolo Paulo
quanto à doutrina da salvação mediante a fé. Nos tempos apostólicos, falsos
mestres torceram a doutrina da salvação pela graça proclamada pelo apóstolo dos
gentios (2ª Pe 3.14-16 cf. Rm 5.20—6.4). Entretanto, a Epístola de Tiago
evidencia que não se pode fazer separação entre a fé e as obras. Apesar de as
obras não garantirem a salvação, a sua manifestação dá testemunho da
experiência salvífica do crente (Ef 2.10; cf. Tg 2.24).
3. Uma fé posta em prática. Muitos dizem ser
discípulos de Cristo, mas estão distantes das virtudes bíblicas. Estes não
evidenciam sua fé por intermédio de suas atitudes. Os pseudodiscípulos visam os
seus interesses particulares e não a glória de Deus. Precisamos urgentemente
priorizar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). Tiago nos ensina, assim
como João Batista (Lc 3.8-14), que precisamos produzir frutos dignos de
arrependimento.
Num tempo de
superficialidade espiritual e de confusão entre “salvação pela fé” e “salvação
pelas obras”, a epístola de Tiago é uma mensagem atual sobre a fé posta em
prática.
CONCLUSÃO
Ao ler a Epístola
Universal de Tiago chegamos à conclusão de que o Evangelho não admite uma vida
cristã acompanhada de um discurso desassociado da prática. A nossa fé deve ser
confirmada através das obras. Caro professor, de maneira profunda, estude esta
epístola, pois, temos um grande desafio: convencer os nossos alunos de que vale
a pena levar estes ensinamentos até as últimas consequências.
Pr. Elias Ribas
Igreja Ev. Assembleia de Deus
Blumenau SC
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