TEOLOGIA EM FOCO: UM NOVO POVO DE DEUS

quarta-feira, 20 de maio de 2020

UM NOVO POVO DE DEUS


Leitura Bíblica
Ef 2.11-22 “Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pelas mãos dos homens; 12 - que, naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos consertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. 13 - Mas agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. 14 - Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, 15 - na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, 16 - e, pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 - E, vindo ele evangelizou a paz a vós que estável longe e aos que estavam perto; 18 - Porque Por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo espírito, 19 - Assim que não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; 20 - Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; 21 - no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, 22 - No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.”

INTRODUÇÃO.
A história bíblica apresenta o povo de Israel como a semente abençoada e frutífera que, multiplicada sobre a face da terra, representaria o reino de Deus.

Da semente de Abraão, Deus suscitou um povo especial, exclusivo separado de todas as gentes, para ser o seu povo, o seu representante entre as nações.

Prevalece na história bíblica as promessas de Deus para com Israel, mas a revelação bíblica já predita no Antigo Testamento mostra que Deus resolveu criar um novo povo, diferente entre todos os povos, que é a Igreja.

I. UNINDO JUDEUS E GENTIOS

Os vs. 11 e 12 apresentam as características das condições dos gentios no passado.

1. Sem o conserto (v. 11). Paulo começa lembrando o passado com as palavras “noutro tempo” o que indica o estado espiritual anterior dos gentios.

Paulo apela a memória dos gentios crentes para a sua condição anterior a nova vida. “Gentios na carne” tem um sentido metafórico, uma vez que os gentios não tinham a obrigação da circuncisão que os judeus tinham já antes da lei.

A circuncisão tinha um sentido moral e religioso que tornava os judeus diferentes dos demais povos do mundo (Gn 17.9-14). A palavra gentio, também, tinha um sentido, pejorativo, racial e religioso tara os judeus.

Significava ser idolatra adoradores de deuses mortos. Por isso ser “gentio na carne” era não pertencer Á exclusividade do povo de Deus.

2. Sem o sinal de exclusividade. A circuncisão física era também um sinal, uma marca que distinguia os judeus daqueles que eram “chamados incircuncisão” (v. 11). O apostolo Paulo reforça o sentido da expressão “gentio na carne” quando diz que eles são “chamados incircuncisão”,

Os judeus empregavam o termo incircuncisão em tom depreciativo; eles criam que os gentios, pelo fato de não serem judeus e nem terem feito a circuncisão, estava fora das bênçãos, sem direito a nada diante de Deus.

- O extremismo dos judeus era tal que tratavam os gentios de “cães”.
Mas Paulo, pela revelação divina, entendeu que a circuncisão feita na carne se torna vã para receber a graça de Deus, e mostrar-lhes que a verdadeira circuncisão não é feita por mãos humana mas pelo Espírito Santo (Rm 2.28-29).

4. Sem Cristo (v. 12). Os gentios não tinham qualquer afinidade com o Messias dos judeus cristãos ainda não tinha uma completa compreensão da nova posição e privilégios em cristo, dos gentios salvos.

Entretanto Paulo desfez essa ideia de exclusivismo dos judeus sobre os direitos espirituais das bênçãos da salvação.

Cristo uma vez aceito como salvador e senhor, torna-se direito de todos, (Fl 2.5-11), e o elo de reconciliação entre Deus e todos os homens, gentios e judeus, (Cl 1.19-23).

5. Sem direito á comunidade de Israel (v. 12). Essa comunidade é o resultado   de um pacto entre Deus e o povo de Israel de um teocrático.

Isto é, um governo direto de Deus através de homens que o serviam como porta vezes da divindade.

Os gentios estavam fora desse pacto que só os judeus podiam participar.

Eram considerados “estranhos aos concertos” porque os concertos eram exclusivos com o povo de Israel e desconheciam a promessa de um Salvador que um dia viria para mudar a sorte de Israel e instalar um novo reino, (Rm 9.4).

6. Sem “esperança e” (v. 12). Condenados, cegos e escravos, os gentios não podiam esperar nada; por isso, não tinha esperança (Rm 2.14-16).

7. Sem Deus no mundo. A expressão sem Deus aparece no original grego como atheoi que dá a ideia de que eles não possuíam um conhecimento verdadeiro de Deus.

Os gentios possuíam muitos objetos de culto, isto é, muitos deuses, (1ª Co 8. 4-6), mas desconheciam o único e verdadeiro Deus. Viver sem Deus pode indicar uma forma de ateísmo.

Mesmo que os homens neguem a existência de Deus, e outros vivem entregues aos ímpetos do pecado, a Bíblia declara que há um certo grau de conhecimento de Deus em todo homem, (Rm 1.19). Inevitavelmente, todo o ser humano tem uma certa intuição da realidade de Deus dentro de si.
O espírito humano é dotado da capacidade de sentir o sobre natural.

Os gentios viviam se Deus porque não o conheciam, mas quando Jesus Cristo o fez conhecido por seu evangelho, eles o aceitaram, e o receberam e, têm os mesmos privilégios dos judeus. Ambos os povos estão no mesmo nível de direito e privilégios diante de Deus.

II. UNIDADE NO CORPO DE CRISTO

1. Antes estávamos “longe”; agora chegamos “perto” (v. 13).

É o paralelo entre a velha e a nova vida (vs. 11 e 12), antes sem Cristo; agora em cristo, v. 13, “longe” e “perto” separados na carne” agora unidos no Espírito (v. 18).

Esse contraste foi possível graças a obra expiatória de Cristo as barreiras foram quebradas.

2. Antes, sem reconciliação; agora temos paz com Deus (vs. 14-16).

Em Cl 1.20; aprendemos que a paz vem através do sangue de Cristo na cruz, porque através da morte, reconciliou todas as coisas consigo mesmo, nos céus e terra.

Não tínhamos paz com Deus, mas Cristo uniu o homem a Deus, e propiciando-nos essa paz reconciliadora.

Através dessa paz El desfez as inimizades (v. 16).

3. Antes éramos dois povos; agora, somos um só (v. 15).

O sentido da palavra homem neste versículo não é individual, mas genérico.

A unidade espiritual de dois homens, judeu e gentio, isto é, dois povos, foi feita por Cristo em si mesmo.

Agora todos os que são salvos em Cristo Jesus, formam um só corpo, o corpo de Cristo a Igreja.

Por isso não pode haver ver mais diferenças nem privilégios, mas todos somos um só em Cristo.

4. Antes não tínhamos acesso ao Pai; agora em cristo isto é possível (vs. 18-19).

Nossos pecados eram a barreira de acesso ao Pai, mas Jesus expiou nossos pecados e abriu a porta á comunhão com o Pai. Esse glorioso acesso tem a garantia da obra expiatória de Cristo, e é o Espírito Santo quem o possibilita ao Pai.

O Espírito Santo da testemunho entre do crente perante o Pai e Jesus Cristo.

Este acesso espiritual, mostra-nos a Trindade Santíssima em ação na realização da salvação no ser humano, trazendo a unidade espiritual entre os povos como uma de suas bênçãos.

Todos nós temos bênçãos e privilégios comuns no corpo de Cristo (1ª Co 12.12).

III. UNIDADE NA CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE DEUS

Nos vs. 20-22 a Bíblia emprega a tipologia da família para ilustrar a relação do povo com Deus, e a tipologia de uma construção para ilustrar a participação individual de cada crente na edificação do reino de Deus.

Nestes versículos ele ilustra a construção de um edifício, no qual os crentes são pedras vivas, e Cristo a Pedra angular (Sl 118.22; Mc 12.10; At 4.11; 1ª Pe 2.7).

1. O fundamento dos apóstolos e dos profetas (v. 20).

Os profetas do Antigo Testamento profetizaram sobre Cristo e sua Igreja, e os profetas do N. T. confirmaram as antigas profecias.

Por isso os apóstolos e profetas representam a essência e cumprimento de tudo quanto Jesus ensinou.

Portanto, eles se constituem o fundamento desse edifício espiritual que ainda está em construção, e nós “pedras vivas”, somos edificados sobre este fundamento (Sl 118.22; Mc 12.10; At 4.11; 1ª Pe 2.7).

Toda Palavra de Deus revela a construção desse edifício espiritual a Igreja de Cristo.

2. O lugar de cada crente no edifício de Deus, (vs. 21-22).

Se somos “pedras vivas”, lapidada pelo Espírito santo, nos ajustamos perfeitamente neste edifício.

Somos colocados nele como pedras umas sobre as outras, isto indica uma obra progressiva e contínua.

Somos ajustados pelo Espírito Santo para sua morada.

Isto é, somos o templo do espírito no mundo.

CONCLUSÃO.
Deus nos uniu em Cristo para formar um novo povo, a Igreja.

Todos nós, os crentes, somos um povo especial, e, hoje, representamos e cuidamos dos interesses de Deus no mundo.

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