LEITURA
BÍBLICA
Efésios 2.20-22; Mateus 7.24-27.
Efésios
2.20-22
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus
Cristo é a principal pedra da esquina; 21 - no qual todo o edifício,
bem-ajustado, cresce para templo santo no Senhor, 22 - no qual também vós
juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.
Mateus
7.24-27
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica,
assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. 25- E
desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa,
e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 - E aquele que ouve estas
minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou
a sua casa sobre a areia. 27 - E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”
INTRODUÇÃO.
Por meio da reconciliação efetivada na
cruz, Cristo formou a Igreja (2.13,19). O apóstolo Paulo a compara como um
edifício em construção (2.21). A pedra angular dessa edificação é Cristo e o
fundamento é a doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas (2.20).
Assim, há o propósito divino de que sejamos o templo santo do Senhor, a morada
do Altíssimo (2.22). Nesta lição, estudaremos cada um desses aspectos.
Nosso Senhor Jesus Cristo é o edificador
da Igreja. Os santos profetas e apóstolos testemunharam e ensinaram sobre este
edificador. Nesse sentido, podemos dizer que a fé cristã é um edifício em que
Cristo é a pedra angular, isto é, a pedra principal; e os ensinos dos apóstolos
e os testemunhos dos profetas são o fundamento erguido sobre esta pedra
angular. Portanto, tudo o que os apóstolos e os profetas ensinaram e
testemunharam é fiel ao que Cristo ensinou e praticou.
I.
UM EDIFÍCIO ESPIRITUAL
1. O
santuário judeu.
O templo em Jerusalém era o símbolo do exclusivismo de Israel como povo de Deus
(1º Rs 8.16-20). A proibição dos estrangeiros acessarem o Templo era um motivo
de inimizade entre judeus e gentios (2.14). Ao reconciliar ambos os povos,
Cristo aboliu as leis cerimoniais, desfez a inimizade entre eles e formou uma
nova humanidade - a Igreja (2.18,19). Assim, o templo judaico perde sua
relevância e um novo conceito de santuário é apresentado.
2. O
santuário cristão.
Os que pertencem a Cristo são comparados a um edifício onde Deus habita em
Espírito (2.22). O ensino apostólico lembra Salomão, quando este reconheceu que
o templo em Jerusalém não poderia conter a Deus (1º Rs 8.27); e reafirma a
instrução de Estevão em que “o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos
de homens” (At 7.48; cf. 17.24). Desse modo, os crentes — judeus ou gentios —
tornaram-se o templo onde o Espírito de Deus habita (1ª Co 3.16), em que eles são
“pedras vivas” em um “edifício espiritual” (1ª Pe 2.5).
3. A
pedra angular.
Na arquitetura antiga, a construção de um edifício requeria uma pedra angular.
Ela é traduzida como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”. Ela era
posta no canto do prédio para sustentar o alicerce, firmar e unir toda a
estrutura e manter as paredes em linha certa. Para que se tenha uma ideia dessa
dimensão, em uma das escavações no local do templo em Jerusalém, foi encontrado
um monólito com cerca de 12 metros de comprimento.
4.
Cristo, a pedra principal. A identificação de Cristo como a pedra angular
remonta a profecia messiânica em que a pedra rejeitada “tornou-se cabeça de
esquina” (Sl 118.22). Ele mesmo afirmou ser “a cabeça da esquina” (Mc 12.10),
assim como também os apóstolos testificaram ser Cristo “a pedra principal” (At
4.11; 1ª Pe 2.7). Portanto, a pedra angular deste novo santuário é o próprio
Cristo. No Sermão do Monte aprendemos que o homem prudente edifica a sua casa
sobre a rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24).
II.
O FUNDAMENTO: APÓSTOLOS E PROFETAS
1. O
conceito de Apóstolos. O termo grego apóstolos é usado para “enviado” ou
“mensageiro”. O apostolado é centrado na natureza da missão de Cristo, que foi
enviado para ser o salvador do mundo (Hb 3.1; 1ª Jo 4.14). Nos Evangelhos,
Mateus, Marcos e Lucas usam o termo quando se referem aos doze escolhidos por
Jesus (Mt 10.2-5; Mc 6.30; Lc 6.13). Eles foram testemunhas oculares do
ministério, morte e ressurreição de nosso Senhor (At 1.21,22). Assim, Paulo
também foi chamado pelo próprio Senhor para ser Apóstolo (1ª Co 15.8,9; Rm 1.1).
Aos apóstolos foi confiado o ministério da Palavra com o compromisso de
instruírem a Igreja (At 6.2-4). Nesse aspecto, os apóstolos são aqueles que
foram comissionados por Cristo para a Igreja primitiva, e a mensagem de Cristo,
o fundamento.
2. A
doutrina dos apóstolos. Embora não se possa desassociar das pessoas o ofício
que ocupavam, o que constitui o fundamento da igreja não são os apóstolos em
si, mas a doutrina que eles ensinavam, ou seja, as Escrituras (At 2.42; 2ª Tm
3.16). Os apóstolos receberam a doutrina diretamente de Cristo (Rm 6.17; 1ª Tm
1.3; 2ª Pe 3.16). Assim como não se pode mexer na pedra angular depois de
colocado o alicerce, igualmente o fundamento da Igreja não pode ser violado.
Acerca disso, o Senhor Jesus asseverou: “as minhas palavras não hão de passar”
(Lc 21.33). A Bíblia de Estudo Pentecostal ratifica que a revelação dos
Apóstolos conforme temos no Novo Testamento nunca poderá ser substituída ou
anulada por revelação, testemunho ou profecia posterior.
3. O
testemunho dos profetas. A palavra grega prophetes
significa proclamador e intérprete da revelação divina. A ordem da frase em
Efésios 2.20, “apóstolos e profetas”, indica tratar-se dos profetas da Igreja,
e não os do Antigo Testamento. Mais adiante Paulo assegura que a compreensão do
mistério que no passado estivera oculto, de que os gentios tinham igual posição
no Corpo de Cristo e eram participantes da promessa, foi revelado pelo Espírito
aos profetas do Novo Testamento (3.4-6). Assim, os profetas neotestamentários
que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2ª Pe 1.21) perfazem o alicerce
da Igreja de Cristo.
SUBSÍDIO
BÍBLICO -TEOLÓGICO
“‘Essencialmente, a igreja representa uma
comunidade de pessoas. No entanto, em muitos aspectos pode ser comparada a um
edifício e, especialmente, a um templo’ (Stott, 106). A frase ‘edificados sobre
o fundamento’ é a transição para essa analogia da Igreja como um edifício em
processo de construção. Em 2.20-22, Paulo novamente assegura aos gentios que
formarão parte integral da igreja que Deus está construído. […] A Igreja é
‘edificada’ sobre a revelação original e infalível de Cristo aos primeiros
apóstolos e profetas. No entanto, deve-se acrescentar que líderes visionários e
santos, pessoas cheias da Palavra e do ‘espírito de sabedoria e de revelação’
(1.17), continuam a ser necessárias para liderar a Igreja ‘até que todos
cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito,
à medida da estatura completa de Cristo’” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD,
Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 2. RJ:
CPAD, 2017, pp.419,420).
III.
EDIFICADOS PARA MORADA DE DEUS
1.
Edifício bem ajustado. A expressão “todo o edifício, bem ajustado cresce”
indica um processo contínuo de desenvolvimento dos crentes (2.21). Assim como
todas as partes do edifício precisam estar harmônicas (Cl 2.2; 1Co 1.10), o
crescimento da igreja também depende de tudo ser bem ajustado a Cristo (Rm
14.15,16; 2ª Co 13.11). Nessa caminhada o salvo comporta-se como filho
obediente e passa a evidenciar o fruto do Espírito (1ª Pe 1.14; Gl 5.22). O
desenvolvimento prossegue até alcançar à medida completa de Cristo (Ef 4.13),
pois todo crente bem ajustado torna-se “templo santo no Senhor” (2.21).
2.
Templo santo no Senhor. A palavra aqui usada para templo é o vocábulo naon ,
que designa o recinto interior (o Lugar Santíssimo), ou seja, o lugar do
encontro do sumo sacerdote com Deus (Hb 9.7). Todavia, a analogia paulina não
se refere a uma estrutura material, mas sim ao crente que se tornou templo
santo (1ª Co 3.16). Separado do pecado, quem pertence a Cristo passa a viver em
santidade (1ª Pe 1.15; 1ª Jo 1.7). Como resultado, ao desfrutar da comunhão
divina, o crente recebe o livre acesso à presença do Pai, tornando-se assim,
“morada de Deus no Espírito” (2.22; Hb 4.14-16).
3.
Morada do Altíssimo.
No Antigo Testamento, a expressão “morada de Deus” fazia alusão ao tabernáculo
e, depois, ao templo Israelita. Indicava lugar de habitação permanente e de
comunhão íntima. Como já vimos, o crente tornou-se “templo santo no Senhor”
(2.21). Isso indica que Deus habita em nós por meio de seu Espírito (2.22) e
que tal afirmação ratifica o ensino apostólico de que “Deus não habita em
templos feitos por mãos de homens” (At 17.24). Ele reside individualmente
dentro de cada cristão, bem como no corpo inteiro de crentes, a Igreja formada
por judeus e gentios (Jo 14.23; 1ª Co 3.16).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“Templo do Espírito. Outra figura muito
significativa da igreja, no Novo Testamento, é ‘o templo do Espírito Santo’. Os
escritores bíblicos empregam vários símbolos para representar os componentes da
construção desse templo, que têm seu paralelo nos materiais necessários à
construção de uma estrutura terrestre. Por exemplo: toda edificação precisa de
um alicerce sólido. Paulo indica com clareza que o alicerce primário da Igreja
é a pessoa e obra históricas de Cristo: ‘Porque ninguém pode pôr outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo’ (1ª Co 3.11). Em
outra Epístola, no entanto, Paulo afirma que, em outro sentido, a Igreja é
edificada ‘sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas’ (Ef 2.20). Talvez
isto signifique que esses primeiros líderes tivessem sido usados de modo muito
especial pelo Senhor, a fim de estabelecer e fortalecer o templo do Espírito
com os ensinos e práticas que haviam aprendido de Cristo e que continuam a ser
comunicados aos crentes hodiernos através da Escrituras” (HORTON, Stanley
(Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: CPAD, 2018,
p.546).
CONCLUSÃO.
A comparação da Igreja como edifício em
construção indica que estamos em processo de aperfeiçoamento até que todos
cheguemos à unidade da fé (4.12,13). A pedra angular, que é o próprio Cristo,
não pode ser substituída. A doutrina dos apóstolos e o testemunho dos profetas
não podem ser revogados.
BAPTISTA, Douglas. Lições Bíblicas do
2° trimestre de 2020. Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas. CPAD – RJ.
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