“Deve-se explicar também
esta questão, pois há certos
homens perversamente sutis, os quais, embora confessem que alcançamos a salvação através de Cristo,
entretanto não suportam
ouvir a palavra mérito, a qual pensam obscurecer a graça de Deus. E por isso querem que Cristo seja apenas o instrumento
ou ministro,
não o autor da vida, ou Chefe e
Príncipe, como é chamado por Pedro (At 3.15).
Admito, com efeito, que se alguém quiser
acrescentar as boas obras para salvação, então não haverá lugar para mérito, porquanto
não se achará no homem dignidade
que possa ter mérito para com Deus.
Paulo deixa bem claro na epístola aos Romanos que a Salvação
do homem não se dá por nenhum mérito humano, mas que ela é resultado do favor
divino, um favor que o homem, por ter pecado, não merece receber. Este favor
imerecido é a Graça de Deus. Como diz o apóstolo aos efésios, “...pela graça sois
alvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 1.8).
No cristianismo genuíno, a salvação é pela graça somente. Se
alguém lhe der um presente, você iria perguntar: “quanto custa”? “Ou insiste em
pagar”? Eu creio que não, pois seria um insulto, você estaria recusando o
presente. Todavia a salvação é um dom gratuito de Deus, por meio do sacrifício
vicário de nosso Senhor Jesus Cristo. Qualquer pessoa que acrescentar alguma
coisa na obra completa de Cristo, qualquer boa obra, sacramento, rituais,
sábado, leis, tradições, seja lá o que for, você está rejeitando o presente, a
dádiva de Deus. A vida eterna é um dom gratuito de Deus e você tem que aceitá-lo
sem qualquer mérito de sua parte.
“Portanto, quando se trata do mérito de Cristo, não se estatui
que nele próprio
resida o princípio desse mérito; ao contrário, remontamos à ordenança de Deus, que é a causa primeira, porquanto
de seu puro beneplácito Deus o estatuiu por Mediador, para que nos
adquirisse a salvação.
E assim é insipiente contrapor
o mérito de Cristo à misericórdia de Deus. Ora, é
regra comum que as coisas que
são subalternas não se ponham em conflito
com aquelas que lhe sejam subordinadas, e por isso nada
impede que a justificação dos homens seja gratuita, provinda da mera misericórdia
de Deus, e ao mesmo tempo intervenha o mérito de Cristo, que à misericórdia de Deus está subordinado. Mas, a nossas obras se contrapõe apropriadamente tanto o favor gratuito
de Deus, quanto
a obediência de Cristo, cada um em sua
medida, porquanto Cristo não pôde merecer o que quer que seja, a não ser pelo beneplácito de Deus, mas porque fora
a isto destinado: que por seu sacrifício aplacasse a ira de Deus e por nossa obediência expungisse
nossas transgressões. Em síntese, uma vez que o mérito de Cristo depende tão somente da graça de Deus, a qual nos constituiu este modo de salvação, com toda propriedade se opõe a toda
justiça humana, não menos que a graça de Deus, que é a causa donde procede (LUZ,
1984).
Felizmente, a lógica de Deus não é a nossa lógica. A justiça
Dele não é baseada nos nossos méritos, mas nos méritos de Jesus Cristo.
No NT, o ensino é igualmente claro: não
fomos nós que escolhemos a Deus, mas Deus que nos escolheu. Não havia nada em
nós que motivasse Deus a nos salvar—pelo contrário, graça significa que
recebemos favor NÃO merecido! Quem vive num universo centrado no homem e suas
habilidades, não gosta desta doutrina. Mas quem vive num universo centrado em
Deus, reconhece que tudo que temos é pela graça, não pelo mérito. É isso que nos
distingue da Igreja Católica! Somos salvos pela graça, não pelas obras. Éramos
mortos em nossos delitos e pecados—não doentes, mas mortos! Ef 1.4 diz que Deus
nos escolheu antes da fundação do mundo! Tudo isso para que DEUS seja louvado!
Somos troféus da graça dele!
Pr. Elias Ribas
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