A questão suprema é o que a Palavra de Deus ensina sobre
este assunto. A validez de uma doutrina depende totalmente de que a Bíblia
ensina. A nossa única regra de fé e prática são as Escrituras somente e sempre.
Para determinar o que é a verdade, e o que não é a verdade, a opinião humana,
nem a filosofia humana, nem a sabedoria humana pode entrar nos nossos
pensamentos. A única fonte infalível que Deus nos deu para saber a verdade é a
Sua Palavra. Então, vamos ver o que Deus diz na Sua Palavra sobre a graça de
Deus na salvação.
I.
DEFINIÇÃO DO
TERMO
A doutrina da
graça é extremamente importante no que tange o tema da segurança do crente. Infelizmente,
a palavra graça (charis) não é um termo concisamente definido nas escrituras,
como gostaríamos que fosse. Por essa razão, alguns se equivocaram quanto ao seu
significado.
A graça de Deus é um dos temas
dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e
mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes
mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.
A graça “hessed”, no hebraico; “Charis”
no grego; “gratia”, no latim, tem um sentido de
ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido
por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a
Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida
centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade,
longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou
seja é a benevolência de Deus em favo do homem.
Imerecido, porque,
na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou
privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem
qualquer mérito humano, mas unicamente, pela
sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.
Graça é um favor imerecido ou algo concedido
livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou
seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por
meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual.
Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos
livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua
misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS
para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte”.
A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que
recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas
vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o
poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada
é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).
O mais conhecido dos atributos de Deus e um dos mais amados
da Igreja, porque não se trata do seu favor pessoal dispensado ao homem, é, sem
dúvida a graça de Deus.
A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e
resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de
salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.
A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em
vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a
misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos
diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).
A graça de Deus envolve dois
aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os
pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de
Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes
segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando
uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.
II.
GRAÇA É
ETERNA
“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo
as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi
dada em Cristo Jesus ,
antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).
A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação
do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem
dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.
III. A GRAÇA NAS
DISPENSAÇÕES
Dispensação é o período de
tempo, no qual Deus se revela de modo distinto e particular ao ser humano. As
diversas dispensações devem ser vistas, pois, como os sucessivos esparzimentos
da luz da graça que o Senhor vem derramamento sobre a raça humana. A graça
sempre esteve presente em todas as etapas de nossa história. Se Adão foi salvo
na dispensação da consciência, o foi pela graça. Se Moisés e Arão foram salvos
na dispensação da Lei, o foram de igual modo pela graça de Deus. Sem a graça,
ninguém haveria de ser salvo. As dispensações, por conseguinte, têm de ser
vistas como etapas da revelação de Deus, e não como modos distintos do homem se
salvar. Pois, só há um caminho de nos salvarmos: aceitar integralmente a graça
que nos oferece o Senhor. Em todas as dispensações, a graça sempre foi
abundantemente dispensada. [As sete dispensações. Delavcir Batos].
IV. A EXTENSÃO
DA GRAÇA
A Graça de Deus não
tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto ela envolve todo o mundo, é
suficiente para predispor toda a humanidade a tornar-se merecedora da Redenção
Divina, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável
condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus
é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23.) E, ainda, porque
ele é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1ª Pd 5.10, ele “...quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da
verdade” (1ª Tm 2.4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer foi que
“...a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”
(Tito 2.11).
V.
A GRAÇA
COMUM OU UNIVERSAL
Deus não é apenas o
Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça Comum,
ou Universal, ele é também, o Sustentador de todas as coisas, incluindo a
existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque n’Ele vivemos, e nos movemos, e
existimos...” (At 17.28). Sem a Graça comum, ou Universal, que é um
favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida
sobre a terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens,
crentes, incrédulos, ou ímpios. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando
afirmou: “...porque faz que o seu sol
se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt
5.45). Assim quer o homem saiba disto, ou não; quer reconheça, ou não a
misericórdia de Deus; quer seja grato, ou não, na verdade a sua vida está nas
mãos de Deus e é sustentado pela sua Graça. É ele, Deus, que controla o dia e a
noite, que administra as estações do ano, que mantém a regularidade dos
movimentos de rotação e translação da terra, que mantém o equilíbrio da cadeia
alimentícia, que regula o sistema de defesa do corpo humano, entre tanto outros
benefícios concedidos pela sua Graça Comum, ou Universal. Por isto, nós que
conhecemos a Palavra de Deus, dizemos que: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque
as suas misericórdias não têm fim”
(Lm 3.22).
VI. A GRAÇA
ESPECIAL
Ao contrário da
Graça Comum que é extensiva e alcança, automaticamente, todos os homens, embora
suficiente e esteja à disposição de todos, sua concessão não é automática, ela
depende da aceitação do homem. Esta Graça Especial representa a provisão de
Deus para a salvação do homem. Esta provisão foi realizada através do
Sacrifício Expiatório de Jesus, na Cruz do Calvário, de onde “A graça de Deus se há manifestado, trazendo
salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Esta Graça Especial, no que
dependia de Deus, foi extensiva a todos os homens, conforme ensinou Paulo,
dizendo que Deus “...quer que todos os homens se salvem...” (1ª Tm 2.4), porém,
recebê-la, depende da aceitação do homem, conforme afirmou Jesus: “Quem crer e
for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Assim,
receber a salvação, pela fé, é uma decisão do homem, pois “Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
“Em Isaías 55.1-3 lemos uma bela apresentação da graça: “Ah!
Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes
dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem
preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o
vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e
vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e
a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste
nas fiéis misericórdias prometidas a Davi” (Is 55.1-3 - RA).
A expressão traduzida para “fiéis misericórdia” em português
é, em hebraico, graça. Assim, a, a possibilidade de bebermos de graça das águas
é decorrência da “graça prometida a Davi”.
Por meio desses versículos, podemos dizer que a graça é
recebida gratuitamente, assim como a água que bebermos.
João testificou sobre o sangue e água não somente em seu
evangelho como também em sua primeira epístola. No evangelho, ele apenas
relatou o que viu, mas em sua carta, ele aplicou o fato. Ele da ênfase ao fato
de que a água, o sangue e o Espírito são unânimes em testemunhar com respeito
ao Filho de Deus. A redenção por meio do sangue e o infundir da vida eterna por
meio da água são testificados, ratificados e aplicados a nós por meio do
Espírito. Desse modo, é nos possível crer em Cristo e, assim recebermos a
graça.
Em 1ª João 5.6-11,
a palavra testemunho aparece várias vezes. O versículos
11 destaca: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está no seu Filho”.
No Filho de Deus está a vida eterna; quando O recebemos pela
fé, recebemos a vida eterna e a graça, a qual é o cumprimento da aliança feita
com Davi (Is 55.1) e é nos dada gratuitamente” (LAN, p.19-21).
VII.
AGRAÇA
SALVADORA
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não
vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes.
Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A
misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos
(At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido
será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade.
Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns
alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.
Porém a graça, nunca foi oferecida a todo mundo. A graça não
é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.
Se atentarmos bem para o texto, poderemos ver que a primeira
declaração é que somos salvos pela graça de Deus, e este dom não vem de nós.
Isto coloca de imediato a verdade, que o ato de salvar a humanidade procede de
Deus. A salvação, portanto é uma dádiva de Deus para o homem. Não podemos pagar
por ela. Nunca merecemos a graça de Deus e não há nada que possamos fazer para
retribuir o favor de Deus.
“É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e
maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de
Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de
pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato
retrata um costume entre os orientais.
Ao ser paga a dívida, o ex-devedor afixava junto à sua porta
o documento de quitação, uma espécie de recibo, onde estava descritas cada uma
das dívidas. Esse ato tinha por objetivo mostrar para todos que a dívida havia
sido resgatada totalmente. Paulo refere-se a esse costume ao falar da conta dos
nossos delitos diante de Deus, a qual ninguém poderá pagar, e que nos
condenava. Porém, Jesus quitou essa dívida na cruz, e agora quem vem a Ele
aceitando-o.
O Espírito Santo nos revela, por meio do apostolo São Pedro,
uma característica peculiar de Deus, quando o chama de “Deus de toda a graça”
(1ª Pe 5.10). Essa expressão significa a profundidade da graça divina. No dizer
do autor do hino 205 da Harpa Cristã, é “mais alta nuvens celestes, mais funda
que o profundo mar”. É somente esta “toda a graça” que é capaz de anular os
tristes efeitos do pecado.
Qual o alvo da graça de Deus? Não podia ser
outro, senão o de salvar o homem (Ef 2.8-9; Tt 2.11-13). Um homem sem Deus é
considerado na Bíblia como morto. É isso que está escrito em Efésios 2.5 diz: “Estando
nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça
sois salvos”. Ora, um defunto nada pode fazer por si mesmo, nem para
ressuscitar, nem para renascer fisicamente, nem ainda espiritualmente. É então
aí que atua a graça. Tudo é realizado pela bondade de Deus para que o homem não
tenha nenhum mérito nisso. Isso fica bem claro no texto de Efésios 2.8-9: ‘Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não de obras (ação humana), para que ninguém se glorie.
VIII.
A GRAÇA É IMERECIDA
A graça de Deus não está associada aos nossos méritos, mas
diametralmente oposto, conforme Paulo esclarece em Romanos 11.6: “E, se é pela
graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.
Igualmente, a graça não depende da obediência da lei: “Porque
o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da
graça” (Rm 6.14).
Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la
com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém
da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela
lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).
“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o
vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).
Pr. Elias Ribas
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