TEOLOGIA EM FOCO: outubro 2013

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CRISTOLOGIA

CRISTOLOGIA

 

I. DOUTRINA DE CRISTO

 1. O nome Cristo.

"Cristo" é a forma grega da palavra hebraica "Messias", que literalmente significa "o ungido". Normalmente os sacerdotes, reis e os profetas eram ungidos com óleo, como símbolo da consagração divina para servir, no tempo do Velho Testamento (Êx 29:1-7; 1º Sm 10:1; 16:10-13; 1º Re 19:16). O rei era chamado "o ungido do Senhor" (1º Sm 24:10). O óleo usado na unção desses oficiais simbolizava o Espírito de Deus (Is 61:1; Zc 4:1-6). A unção era sinal de:

A)    Designação para um oficio.

B)      Estabelecimento de uma relação sagrada entre o ungido e o Senhor Deus.

C)     A comunicação do Espírito Santo ao ungido.

Cristo foi designado para o seu oficio desde a eternidade, mas, historicamente, a sua unção se efetuou quando Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1:35) e quando recebeu o Espírito Santo, especialmente por ocasião do seu batismo (Mt 3:16; Mc 1:10; Lc 3:22; Jo 1:32). Isto serviu para qualificá-lo para a sua grande missão.

2. O nome Jesus.

O nome "Jesus" é a forma grega do hebraico Josué, Jehoshua, Joshua ou Jeshua (Js 1:1; Zc 3:1; Ed 2:2), O nome derivado termo hebraico "salvar", que está de acordo com o que o anjo disse em Mt 1:21: "Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (ARA). O nome Jesus significa: "O Senhor (Jeová) é salvação"; este nome foi dado a dois personagens bem conhecidos tipos de Jesus no Antigo Testamento, Um deles foi Josué, filho de Num, prefigurando Cristo como o grande General e Conquistador invencível, dando a seu povo a vitória sobre os seus inimigos e conduzindo-os à terra prometida. O outro é Josué, um sumo sacerdote no governo de Zorobabel, que tipifica o Cristo como sendo o grande Sumo Sacerdote expiando os pecados do seu povo.

3. O nome Filho de Deus.


O nome "Filho de Deus" foi variadamente aplicado no Antigo Testamento: Ao povo de Israel (Êx 4:22; Jr 31:9: Os 11:1). Ao rei prometido da casa de Davi (2º Sm 7:14; Sl 89:27); aos anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7); às pessoas da linhagem de Sete (Gn 6:2). No Novo Testamento vemos Jesus apropriando-se deste nome, seus discípulos e até os demônios lhe atribuíram esse nome (Mt 14:33; Mc 3:11). O nome "Filho de Deus" é aplicado a Jesus em três sentidos diferentes:

A) No Sentido Oficial Ou Messiânico. Este nome descreve mais o oficio do que a natureza de Cristo. O Messias é chamado o Filho de Deus como herdeiro e representante de Deus (Mt 3:17; 17: 5).

B) No Sentido Trinitário. Às vezes este nome "Filho de Deus" é utilizado para designar Cristo como a segunda pessoa da trindade santa (Jo 6:69; 8:16,18; 10:15,30; 14:20).

C) No Sentido Natalício. Cristo é também chamado "Filho de Deus" em virtude do seu nascimento sobrenatural. Serve para designar que a natureza humana de Cristo teve a sua origem na direta e sobrenatural operação do Espírito Santo (Mt 1:18-24; Lc 1:30-35).

4. O nome Filho do Homem.


No Antigo Testamento este nome é encontrado em Sl 8:4; Dn 7:13 e muitas vezes no livro do profeta Ezequiel. Aplicado a Cristo, "Filho do homem" designa-o como participante da natureza e das qualidades humanas. Era a maneira mais comum de Jesus tratar-se a si mesmo. Ele aplicou o nome a si mesmo em mais de quarenta ocasiões. As passagens em que ocorre este nome dividem-se em quatro classes:



A) Passagens que se referem claramente à vinda escatológica do Filho do homem (Mt 16:27-28; Mc 8:38; 13:26).

B) Passagens que falam particularmente dos sofrimentos, morte e, às vezes, da ressurreição de Jesus (Mt 12:40; 17:22-23; 20:18-19,28).

C) Passagens do Evangelho de João em que o lado celestial e a preexistência de Jesus são salientadas (Jo 1:51; 3:13-14; 6:27,53,62; 8:28).

D) Passagens nas quais Jesus considera a sua natureza humana (Mt 8:20; Mc 2:10,28; Lc 19:10; Jo 5:27).

5. O nome Senhor.

O nome "Senhor", quando aplicado a Cristo no Novo Testamento, tem três sentidos:

A)    Como forma submissa e reverente de tratamento; (Mt 8:2; 20:33).

B)     Como expressão de domínio e superioridade (Mt 21:3; 24:42).

C)     Como expressão máxima de sua autoridade espiritual, expressando um caráter exaltado, praticamente equivalendo ao nome "Deus" (Mc 12:36-37; Lc 2:11; 3:4; At 2:36; Fp 2:11).

O título "Senhor", aplicado a Jesus, significa: “Aquele que por sua morte e ressurreição ganhou o lugar de soberania no meu coração, e a quem me sinto constrangido a adorar e servir com todas as minhas forças” .Se Jesus é o nosso Salvador, deve ser o nosso Senhor também.

II. AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO

 1. A natureza humana de Cristo. 

As Sagradas Escrituras apresentam o Cristo encarnado, possuindo duas naturezas: A HUMANA e a DIVINA. Jesus era o Filho do homem, conforme Ele mesmo se proclamou. É nessa condição que Ele se identifica com toda a raça humana. Cristo Jesus teve que se tornar um homem verdadeiro para expiar os pecados dos homens; e esta questão da humanidade de Cristo não é simplesmente acadêmica, mas sim uma realidade bíblica. Notamos, portanto, as várias provas bíblicas da natureza humana de Cristo:

A) Ele Teve Nascimento Humano. A Bíblia nos diz que Ele nasceu de uma mulher (Gl 4:4). Este fato é confirmado pelas narrativas do nascimento virgem em Mt 1:18-25; Lc 1:26-38; 2:1-20.


B) Ele Teve Desenvolvimento Humano. Cristo Jesus teve o desenvolvimento normal dos seres humanos. O doutor Lucas diz que: "Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele" (Lc 2:40-ARA), "E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens" (Lc 2:52-ARC). O desenvolvimento físico e mental de Jesus Cristo deve ser explicado como sendo resultado das leis comuns do crescimento humano. Seu do desenvolvimento mental não pode ser atribuído ao estudo nas escolas rabínicas (Jo 7:15), mas deve ser atribuída à sua educação, em um lar temente a Deus, sua regularidade na sinagoga (Lc 4:16), suas visitas ao templo (Lc 2:41-46).

C) Ele Tinha Os Elementos Essenciais Da Natureza Humana. O Senhor Jesus Cristo tinha um corpo humano: "Corpo me formaste" (Hb 10:5-ARA); "derramando ela este perfume sobre o meu corpo" (Mt 26:12-AEC). Mesmo depois da sua ressurreição, Ele disse: “Apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24:39-ARA). Ele tinha alma: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (Mt 26:38-ARC); “Agora está angustiada a minha alma” (Jo 12:27-ARA). E Ele tinha espírito: “Jesus, conhecendo logo em seu espírito” (Mc 2:8-AEC); “Ele suspirou profundamente em seu espírito” (Mc 8:12-AEC); “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46-ARC).

D) Ele Teve As Fraquezas Não Pecaminosas Da Natureza Humana. Pelas suas limitações humanas, sem pecado, evidentemente, Ele ficou fisicamente cansado (Jo 4:6); sentiu fome (Mt 4:2; 21:18); teve sede (Jo 19:28); dormiu (Mt 8:24); foi tentado (Mt 4:1-11; Hb 4:15); morreu (Mc 15:37).

2. A natureza divina de Cristo.


A divindade de Cristo já foi suficientemente provada no estudo da doutrina da trindade. Como foi mostrado, Ele possui os atributos de divindade. As provas da natureza divina de Cristo são tão abundantes que todos os que aceitam a Bíblia como a infalível Palavra de Deus, não têm qualquer dúvida sobre este assunto. Vejamos, portanto, as várias provas bíblicas da natureza divina de Cristo:

A) No Antigo Testamento. São muitas as passagens no Antigo Testamento que provam a divindade de Cristo, como por exemplo: Sl 2:6-12 cf. Hb 1:5; Sl 45:6-7 cf Hb 1:8-9; Sl 110:1 cf Hb 1:13; Is 9:6; Jr 23:5-6; Dn 7:13,14; Mq 5:2.

B) Nos Evangelhos. Nos evangelhos estão os mais elevados conceitos da divindade de Cristo, como se vê nas seguintes passagens: Mt 1:21; 3:17; 8:29; 11:1-6; 14:33; 16:16-17; 22:41-46; 25:31-46; 28: 18-20. Mc 1:11; 3:11; 8:38; 9:2-10; 13:26; 16:9-20. Lc 1:32-35; 2:10-11; 4:16-21; 7:11-15; 24:49-51. Jo 1:1-3,14,18; 3:16-18,35,36; 4:14,15; 5:18,20-27; 11:41-44; 20:26-28.

C) Nas Epístolas Paulinas. A natureza divina de Cristo está também inserida nas epístolas de Paulo e na epístola aos Hebreus, vejamos, portanto, os exemplos: Rm 1:7; 9:5; I Co 1:1-3; 2:8; II Co 5:10; Gl 2:20; 4:4; Fp 2:6; Cl 2:9; 1ª Tm 3:16; Hb 1: 1-3,5,8; 4:14; e outras tantas.

III. O CARÁTER DE CRISTO

 1. Cristo foi absolutamente Santo.

Um dos propósitos da encarnação foi o de que Cristo nos desse o exemplo (Mt 11:29; 1ª Pe 2:21). Torna-se importantíssimo o estudo do Seu caráter, a fim de conhecermos o padrão, o ideal da jornada do cristão. Ele foi aquele "ente santo que de ti há de nascer" (Lc 1:35), o "Santo de Deus" (At 2:27); "o Santo e o Justo" (At 3:14), o "santo Servo Jesus" (At 4:27- ARA). O Senhor Jesus era Santo por natureza; pois o príncipe deste mundo nada tinha nele (Jo 14:30); e Ele era sem pecado (Hb 4:5). Era também Santo em Sua conduta; pois estava separado dos pecadores (Hb 7:26). Sempre fazia o que agradava Seu pai (Jo 8:29). Ninguém aceitou o desafio quando Ele lhes perguntou quem o "convencia de pecado" (Jo 8:46). E devemos ser santos porque Ele é Santo (1ª Pe 1:15,16). Não temos desculpas para escolhermos um ideal mais baixo do que aquele que a Bíblia Sagrada nos aponta.

2. Cristo viveu uma vida de oração.

Jesus orava incessantemente. Lucas menciona várias ocasiões em que Ele orou. Passava longas horas em oração. Às vezes, passava a noite toda em oração (Lc 6:12). Em outras ocasiões, Ele levantava bem cedo e buscava um lugar solitário para orar (Mc 1:35). Orava antes de se entregar às grandes tarefas, como por exemplo: antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6:12-13); antes de começar a viagem missionária pela Galiléia (Mc 1:35-38) e antes de ir para o calvário (Mt 26:36-46). Embora orasse por Si mesmo, nunca se esquecia de orar pelos seus (Lc 22:32; Jo 17). Orava Intensamente, isto é, orava energicamente (Lc 22:44; Hb 5:7); orava perseverantemente (Mt 26:44); orava fervorosamente (Jo 11:41-42) e com submissão (Mt 26:39). Se o Filho de Deus precisava orar, quanto mais nós precisamos buscar a Deus.

3. O amor de cristo Jesus.


A Bíblia diz que "o amor de Cristo excede todo entendimento" (Ef 3:19). "O amor de Cristo por nós se toma claro por ser descrito como aquele que excede o entendimento, o que não pode ser dito a respeito de nosso amor por Ele" (Salmond). O amor de Cristo é entendido como o seu desejo e disposição na promoção do bem-estar dos objetos de sua afeição pessoal, e de sua devoção particular. O amor de Cristo se dirige:

A) Em Primeiro Lugar, A Deus Pai. "Para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que faço como o Pai me mandou" (Jo 14:31-ARC).

B) Em Segundo Lugar, Às Escrituras. Ele tinha as Escrituras Sagradas como o registro fiel dos acontecimentos e doutrinas, que Ele veio cumprir (Mt 5:17-18); Ele usou as Sagradas Escrituras na tentação (Mt 4:4-10); esclareceu certas profecias referentes a Ele (Lc 4:14-21; 24:44-49); e declarou que as Escrituras não podem falhar (Jo 10:35).

C) O Amor De Cristo Também É Dirigido Aos Homens Em Geral. O Senhor Jesus foi acusado de ser "amigo de publicanos e pecadores" (Mt 11:19). O Senhor Jesus Cristo amou de tal maneira os perdidos, que deu a Sua vida por eles (Jo 10:11; 15:13; Rm 5:8). Mais particularmente, Ele ama os seus discípulos. Jesus os ama tanto quanto o Pai O ama (Jo 15:9); os ama tanto que ninguém pode separá-los do Seu amor (Rm 8:37-39).
D) Cristo Amou Até Seus Inimigos. Ele orou por aqueles que o crucificaram (Lc 23:34); e nos exorta a que amemos aos nossos inimigos (Mt 5:43-48).

3. Cristo foi verdadeiramente manso.


Ele próprio diz: "Sou manso e humilde de coração" (Mt 11:29). Exemplos de Sua mansidão podem ser vistos na forma como tratou uma pecadora arrependida (Lc 7:37-50); no modo como Ele atendeu ao duvidoso Tomé (Jo 20:29); e em Sua ternura para com Pedro após este tê-lo negado por três vezes (Lc 22:61; Jo 21:15-23). A mansidão de Cristo é claramente mais vista no modo temo como tratou o traidor Judas (Mt 26:47-50; Lc 22:47,48); e aqueles que o crucificaram (Lc 23:34). O apóstolo Paulo ensina que o servo do Senhor não deve contender, e, sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, (2ª Tm 2:24-25).

5. Cristo foi absolutamente humilde.


A humildade de Cristo se vê principalmente em Sua humilhação. O Senhor Jesus "não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" (Fp 2:5-8-AEC). Aqui na terra Ele vivia em grande pobreza. Ele que era rico, se fez pobre por nós (2 Co 8: 9) .Nasceu em um estábulo, pois, não havia lugar para Ele na hospedaria (Lc 2:7); não tinha onde reclinar a cabeça quando ia ensinando e curando (Lc 9:58). Ele mandou Pedro pescar um peixe para fornecer o dinheiro suficiente para o imposto do templo para Si e para Pedro (Mt 17:27); e foi sepultado em um túmulo emprestado (Mt 27:57-60). Jesus se ocupou dos serviços mais humildes. "Não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20:28). O Senhor Jesus nos provou a sua humildade, ele lavou os pés aos discípulos (Jo 13:14).

6. Cristo foi um trabalhador incessante.


"Jesus lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (Jo 5:17). "É necessário que façamos a,s obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" (10 9:4 - ARA). Começando de manhã bem cedinho (Jo 8:2; Mc 1:35), Ele continuava até tarde da noite (Jo 3:2; Lc 6:12; Mt 8:16). O Senhor Jesus às vezes não tinha tempo de se alimentar (Mc 3:20-21; Jo 4:31-34), e de descansar (Mc 6:31-34). Seu trabalho consistia em ensinar (Mt5:7); pregar (Mc 1:38,39); expulsar demônios (Mt 4:23-24; Mc 5:12,13); curar os enfermos (Mt 8:9); salvar os perdidos (Lc 7:48; 19:9); ressuscitar os mortos (Mt 9:23-26; Lc 7:14,15; Jo 11:43-44); chamar e treinar Seus discípulos (Mt 10; Lc 10).

IV. A OBRA DE CRISTO

 1. As razões para a encarnação.

 As Sagradas Escrituras ensinam que o Cristo preexistente se tomou homem. Pois, não é possível falar da encarnação de alguém que não teve existência prévia. Esta preexistência é claramente ensinada na Bíblia. Assim disse o Senhor Jesus: "Eu desci do céu" (Jo 6:38; 1:1-4, 14; Gl 4:4; Fp 2:6-7). O preexistente Filho de Deus assume a natureza humana e se reveste de carne e sangue humano, um milagre que ultrapassa o nosso limitado entendimento. Há diversas razões pelas quais Cristo encarnou:

A) Para Confirmar As Promessas De Deus. O Verbo se fez carne para confirmar as promessas feitas por Deus e para mostrar misericórdia para com os gentios (Rm 15:8-9). Começando em Gn 3:15 e continuando através do Velho Testamento, o Senhor Deus, em várias ocasiões, prometeu mandar Seu Filho ao mundo (Is 9:6; 7:14; Mq 5:2; etc.). Um estudo acurado do Antigo Testamento revela o fato de que há duas linhas de profecias referentes à vinda de Cristo: Ele haveria de vir como Salvador e como Rei. A Sua vinda como SALVADOR é prefigurada nos sacrifícios do Velho Testamento e ensinada em muitos Salmos e nos Profetas (Êx 29:1-46; Lv 1:1-17; Sl 16:8-10; 22:1,7,8,18; 41:9-11; Is 52:14; 53:2-12; Zc 2:12,13; 13:1,7). A vinda de Cristo como REI é predita em muitas passagens do Antigo Testamento (Gn 17:6, 16;  49:9-10; II Sm 7:8-17; Sl 2; 8; 24; 45; 72; 89; 110; Is 11:1;  Jr 23:5; 31:31-34; Ez 37:15-24; Zc 14:9).

B) Para Revelar O Pai. No Antigo Testamento, Deus é revelado como Criador e Governador (Sl 104; Ec 12:1; Is 40:28); Cristo acrescentou a esta revelação de Deus como Pai. As Escrituras revelavam a Unidade, Santidade, Poder e Beneficência de Deus; Cristo Jesus completou a revelação acrescentando a idéia de Deus como Pai (Jo 1:18; 14:9; 16:27; Mt 6:8-9,32; 7:11; 1ª Jo 3:1-2).

C) Para Aniquilar O Pecado. Cristo encarnou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo (Hb 9:26). João diz: "E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado" (1ª Jo 3:5-ARC). Ele veio para redimir os homens de seus pecados por Sua morte (Jo 1:29,36).

D) Para Destruir As Obras Do Diabo. Cristo veio para "destruir as obras do diabo" (I Jo 3:8-AEC). Assim escreveu o autor da epístola aos Hebreus: "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse a todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hb 2:14-15-ARA). A vinda de Cristo, particularmente Sua obra na cruz, trouxe derrota a Satanás (Jo 12:31; 14:30). Ele é um inimigo vencido. Um dia, serão lançados no lago de fogo ele e seus seguidores (Ap 20: 10,15).

2. A morte de Cristo.


O acontecimento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento resumem-se nas seguintes palavras: "Cristo morreu pelos nossos pecados" (I Co 15:3). Em todo o tempo que Ele viveu na terra, especialmente no fim da sua vida, Jesus suportou, no corpo e na alma, a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana. Estes sofrimentos foram seguidos por sua morte na cruz.

A) A Importância Da Morte De Cristo. A morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza o cristianismo. A morte de Cristo é anunciada no Antigo Testamento. Por exemplo, temos as profecias da traição de Cristo (Sl 41:9-11; At 1:16); as profecias da crucificação de Cristo e dos fatos que a acompanharam (Sl 22:1,7,8,18; Mt 27:39-41,45-46) e da ressurreição de Cristo (Sl 16:8-10; At 2:22-36). Nos livros proféticos, temos muitíssimas referências à Sua morte, por exemplo: Is 53:4-9; Dn 9:25,26; Zc 11:12,13; 13:1,7. A MORTE DE CRISTO É NOTÁVEL NO NOVO TESTAMENTO. O último três dias da vida terrena de Jesus ocupa aproximadamente um quinto das narrativas nos quatro evangelhos. Paulo diz que o evangelho consiste da morte de Cristo por nossos pecados, seu sepultamento e ressurreição (1ª Co 15: 1-4). A MORTE DE CRISTO É IMPORTANTE PARA O CRISTIANISMO. As religiões baseiam suas reivindicações ao reconhecimento sobre os ensinamentos de seus fundadores; o cristianismo diferencia-se de todas elas pela importância que dá à morte do seu Fundador (Rm 5:6-11; Hb 2:9,14,15). A MORTE DE CRISTO É FUNDAMENTAL PARA A NOSSA SALVAÇÃO. É necessário que Jesus Cristo fosse levantado para que o homem seja salvo (Jo 3:14-15); é preciso que o grão de trigo caia na terra e morra, para produzir muito fruto (Jo 12:24). O Senhor Deus, sendo Justo, não pode perdoar o pecador simplesmente com base no arrependimento do mesmo. Ele pode perdoar apenas quando a pena tiver primeiro sido paga. Para que Deus pudesse perdoar ao pecador e permanecer justo ao mesmo tempo, foi necessário Cristo pagar a pena do pecador. Jesus Cristo disse repetidamente que era necessário que Ele sofresse muitas coisas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia (Mt 16:21; Mc 8:31; Lc 9:22; 17:25; Jo 12:32-34). Para que o homem seja salvo, é de extrema necessidade a morte de Cristo. Paulo provou aos tessalonicenses a necessidade da morte de Cristo (At 17:3). O Senhor Jesus Cristo veio com um propósito definido de morrer pelos pecadores; logo, Sua morte não foi acidental, nem morreu como mártir. Ele morreu para redimir o homem caído (Hb 9:22-28).

B) O Significado Da Morte De Cristo. A morte de Cristo tem três significados: morte vicária, morte expiatória e morte redentora. MORTE VICÁRIA: Significa morte substitutiva (Is 53: 11,12). Morte vicária é a morte pela qual uma pessoa morre em lugar de outra pessoa, isto é, eu seu lugar. Vigário é um substituto, alguém que toma o lugar de outrem age em seu lugar. Lemos na Bíblia que Cristo morreu pelos pecados de outros: "Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades  o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados com ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; e o Senhor fez cair sobre ele à iniquidade de nós todos" (Is 53:5-6-AEC); "que Cristo morre pelos nossos pecados, segundo as Escrituras" (1ª Co 15:3; 2ª Co 5:21; Rm 5:8; 1ª Pe 2:24; 3:18). A comunhão que o homem tinha com Deus interrompida. E o homem não somente está distanciado de Deus, como também está manchado o seu caráter. Existe um obstáculo muito grande entre os dois; e o homem não pode removê-lo pelos seus próprios esforços. Esse grande obstáculo é o pecado. O testemunho das Escrituras é este: que Deus enviou seu Filho ao mundo para remover esse obstáculo. Ao morrer pelos nossos pecados, o Senhor Jesus reconciliou o homem com Deus (Jo 3:16; Rm 4:25; Gl 1:4). MORTE EXPIATÓRIA: Expiação é cumprimento de pena. É morte satisfazendo, isto é, cumprindo a justiça de Deus. Assim, a morte de Cristo é uma expiação. A palavra expiação significa literalmente "cobrir" de modo a não ser visto. Em Lv 6:2-7, temos expiação individual por pecado individual; e em Lv 4:13-20, teu expiação nacional por transgressão nacional. Por estas passagens fica claro que o novilho ou carneiro tem que morrer e que o perdão é possível apenas através da morte de um substituto. O sofrimento do novilho carneiro tem o efeito de cobrir a culpa do verdadeiro criminoso, culpa e torná-la invisível aos olhos do Deus Santo. O sangue do sacrifício interposto entre Deus e o pecador e, em vista, a ira de Deus é afastada. Tem, pois, o efeito de afastar do pecador a ira de Deus (Sl 51:9; Is 38:17; 53:10; Mq 7:19). MORTE REDENTORA: Isto é, resgatando por meio de pagamento (Gl 4:4,5). A morte de Cristo é mostrada como sendo o pagamento de um preço ou de um resgate. A ideia de resgate é a de pagamento de um preço para livrar alguém que esteja aprisionado. O Senhor Jesus disse que Ele veio para dar a Sua vida em resgate por muitos (Mt 20:28; Mc 10:45). A palavra grega lutron (resgate) significa "preço de libertação", o dinheiro pago em prol de um escravo para que este possa sair livre. A vida de Cristo foi oferecida para pagar a dívida do nosso pecado, para nos libertar e justificar (Is 53:4,7-9; Tt 2:14; 1ª Pe 1:18,19).

3. A ressurreição de Cristo.


A) A Importância Da Ressurreição De Cristo. De acordo com Bíblia Sagrada, fé a ressurreição de Cristo é essencial para a salvação (Rm 10:9-10). Se Cristo não tivesse ressuscitado, o cristianismo não seria mais do que uma religião vazia como as demais. É a ressurreição de Cristo que faz do cristianismo o elo de ligação entre o homem e Deus. A ressurreição de Cristo é a doutrina fundamental do cristianismo. A importância vital da ressurreição física de Cristo fica evidenciada pela ligação fundamental desta doutrina com o cristianismo. Em I Co 15:1-19; a Bíblia mostra que tudo depende da ressurreição corporal de Cristo; se Cristo não tivesse ressurgido: A pregação apostólica é vã (v.14); A fé dos coríntios é vã (v. 14); Os apóstolos são falsas testemunhas (v. 15); Os coríntios ainda permanecem em seus pecados (v. 17); Os que dormiram em Cristo pereceram (v. 18); e Os cristãos são os mais infelizes dos homens (v. 19). Em todo o livro de Atos e nos ensinos de Paulo, a ênfase está sobre a ressurreição de Cristo (At 2:24, 32; 3:15,26; 4:10; 10:40; 13:30-37; 17:31; 26:23; Rm 4:24-25; 6:4,9; 7:4; 8:11,34; 10:9; 1ª Co 6:14; 2ª Co 4:14; Gl 1:1; Ef 1:20; Fp 3:10; Cl 2:12; 1ª Ts 1:10; 2ª Tm 2:8; 1ª Pe 1:21; 3:21). Na verdade, a ressurreição de Cristo é uma parte essencial do evangelho (1ª Co 15:4; 2ª Tm 2:8).

B) A Natureza Da Ressurreição De Cristo. A ressurreição de Cristo consistiu em que nele a natureza humana, o corpo e a alma, foram restaurada à sua força e perfeição. Da narrativa dos evangelhos aprendemos que o corpo de Jesus passou por notável mudança: Ele não podia ser facilmente reconhecido (Jo 20: 14, 15; 21:4; Lc 24:16), Podia aparecer e desaparecer de repente (Lc 24:31,36-38; Jo 20:19). Jesus tinha um corpo material, muito real, de carne e ossos (Lc 24:39). Comeu depois de ressuscitado (Lc 24:41-45). Ele tinha no corpo as marcas dos cravos e podia ser tocado (Jo 20:24-28). O Senhor Jesus passou por portas fechadas (Jo 20: 19,26). Ele está vivo agora e para todo o sempre (Rm 6:9,10; Ap 1:18).

C) Os Resultados Da Ressurreição. Podemos destacar como resultado da ressurreição de Cristo: Ela comprova a divindade de Cristo (Rm 1:4). Ela é a garantia da nossa justificação (Rm 4:25). Ela fez de Cristo o nosso Sumo Sacerdote (Hb 7:22-25). A ressurreição de Cristo é a prova concreta de Deus de que haverá julgamento dos justos e dos ímpios (At 10:42; 17:31). Ela é a garantia de que nossos corpos também ressurgirão dentre os mortos (Jo 5:28-29; Rm 8:11; 1ª Co 15:20-23). A ressurreição de Cristo preparou o caminho para que Ele se assente no trono de Davi no reino vindouro (At 2:29-32).

4. A ascensão de Cristo.


Por ascensão de Cristo, queremos dizer Sua volta ao céu em Seu corpo da ressurreição. Pode-se dizer que a ascensão foi o complemento e a consumação da ressurreição. As Escrituras Sagradas provam a ascensão de Cristo. Lucas a relata duas vezes, Lc 24:50-53 e At 1:6-11. Marcos se refere a ela em 16:19. Apesar de João não narrar a ascensão de Cristo, ele mostra que o Senhor Jesus já havia predito claramente em Jo 6:62; 20:17; cf Jo 13:1; 14:2,12; 16:10,16,17,28. Paulo falou muitas vezes dela, em Ef 1:20; 4:8-10; 1ª Tm 3:16. Pedro e o autor aos Hebreus também falaram da ascensão de Cristo (1ª Pe 3:22; Hb 4: 14; 9:24).

5. A exaltação de Cristo.


A) Provas Bíblicas Da Exaltação De Cristo. Há abundantes provas bíblicas da exaltação de Cristo. A passagem bíblica clássica que prova a exaltação do Senhor Jesus acha-se em Fp 2:9-11: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (ARC). E também em Mc 16:19; Lc 24:36-51; At 2:33; 5:31; Rm 8:34; Ef l:20; Cl 3:1; Hb 1:3;2:9; 10:12; Ap 3:21.

B) Os Resultados Da Ascensão E Exaltação De Cristo. Os resultados da ascensão e exaltação do Senhor Jesus podem ser estudados juntos: o Senhor Deus exaltou a Jesus, concedendo-lhe dignidade de Soberano (Fp 2:9). Ele está agora espiritualmente presente em toda parte; sendo adorado pelos seus, em todo lugar (1ª Co 1:2). O Senhor Jesus entrou para o Seu ministério sacerdotal no céu (Hb 4:14; 5:1-10; 6:20; 8:1-6; 9:24). Ele derramou Seu Espírito sobre Seu povo (Jo 14:16; 16:7; At 2:33). Está dando arrependimento e fé aos homens (At 5:31; 11: 18; 2ª Tm 2:25).

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terça-feira, 29 de outubro de 2013

TEONTOLOGIA


I.        A EXISTÊNCIA DE DEUS

1. O universo prova a existência de Deus.


A grandeza do Universo ultrapassa a nossa imaginação. Dizem os astrônomos que há estrelas tão distantes do nosso planeta que a sua luz gasta mais de mil anos para chegar a terra, apesar de sua luz percorrer trezentos mil quilômetros por segundo. O Universo é um sistema de bilhões de galáxias. Cada uma destas galáxias se compõe de milhões de milhões de estrelas, planetas e satélites. O nosso Sol é uma estrela de tamanho médio e de temperatura moderada, já amarelada pela velhice, localizada na galáxia Via Láctea. O Sol é milhões de vezes maior que aterra e está girando numa órbita vertiginosa em direção à circunferência da Via Láctea a dezenove quilômetros por segundo, isto é, sessenta e oito mil e quatrocentos quilômetros por hora, que equivalem a um milhão e seiscentos e quarenta e um mil e seiscentos quilômetros por dia, levando consigo a Terra e todos os planetas do nosso sistema solar, que giram em torno do Sol a uma incrível velocidade de mais de um milhão de quilômetros por hora, enquanto a própria galáxia gira como uma gigantesca roda estelar. Destes dados podemos fazer uma vaga idéia da vastidão do Universo, cujos limites, dizem os entendidos, ainda não foi possível descobrir. Cada nova descoberta vai progressivamente desfazendo os limites já conhecidos e assim revelando novos e mais gloriosos horizontes. Sendo o universo tão grande assim e tão maravilhoso, que diremos da sua origem? Como se originou tudo isso? Sem nenhuma sombra de dúvida, o Universo prova a existência de Deus (Sl 19:1-6; Rm 1:19-25).

2. A natureza humana prova a existência de Deus.

O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de ação que deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse conhecimento se chama consciência. Ao fazer ele o bem, a consciência o aprova; ao fazer o mal, ela o condena. A consciência seja obedecida ou não, fala com autoridade. Mas o homem é dotado de livre-arbítrio e, portanto, pode desobedecer a essa voz íntima. A consciência reconhece a existência de uma lei moral que tem autoridade suprema; transgressões conhecidas desta lei moral são acompanhadas de sentimentos de desmerecimento e medo de julgamento. Quem criou esses dois poderosos conceitos do bem e do mal? Nossa consciência clama: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom. E o que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?" (Mq 6:8-AEC); e "Porque Deus há de trazer ajuízo todas as obras até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Ec 12:14 -ARA). A consciência reconhece a existência de um grande Legislador Deus e a plena certeza do castigo para toda violação de Sua eterna lei. Não somente a natureza moral do homem, como também todos os aspectos da sua natureza testificam a existência de Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o fato de que o homem, como um cego, tateando, procura algo que a sua alma anela. Quando o ser humano tem fome, essa fome médica que ha alguma coisa que o possa saciar. A exclamação: "Como o cervo anseia pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus, A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Sl 42:1-2-AEC); é um argumento a favor da existência de Deus, pois a alma não enganaria o homem com sede daquilo que não existisse. A Bíblia apela também para o argumento moral para provar a existência de Deus (Rm 1:19-32; 2:14-16).

3. A história universal prova a existência de Deus.

Não existe nenhuma dúvida sobre o fato de que em todos os lugares, em todas as épocas, entre todos os povos, tribos e línguas, tem havido uma crença na existência de Deus. A História Universal não fala de uma só tribo, mesmo as menores e mais distantes dos centros urbanos, que não tivesse alguma crença na existência de um Ser Supremo. Desde o principio da História, as idéias acerca de Deus têm exercido muita influência na vida dos homens. Certos povos, como os egípcios, tinham convicções tão fortes da realidade do mundo espiritual, que todas as outras coisas se subordinavam às idéias religiosas. Nas atividades religiosas e na crença em um Ser Supremo edificaram pirâmides e enormes monumentos que até hoje o mundo inteiro admira. Através de descobrimentos arqueológicos, realizados recentemente por arqueólogos e exploradores, foram achadas inúmeras provas da crença em Deus, do povo babilônico. Milhares de tijolos e tabuletas de barro, que estão sendo descobertos, nos dão o conhecimento das idéias religiosas daquele povo e a influência que essas idéias exerciam na vida e costumes daquele povo. A idéia que predominava dentre todos esses povos era que Deus existia. Apesar de suas idéias serem erradas, servem para mostrar que os povos antigos pensavam em Deus como os de hoje. Quando se estuda a história do povo de Israel, nota-se quão poderosa era a influência que sobre eles exercia a fé que tinham em Deus. É totalmente impossível explicar a história de Israel sem se ter em consideração a influência de sua crença. Desde Abraão até a vinda de Jesus, o que havia de mais edificante e predominante na vida dos israelitas era a idéia de Deus. E aquela mesma idéia, que foi difundida por aquele povo, é a mesma que hoje exerce a mais poderosa influência na civilização do mundo. Atualmente é a idéia de Deus que domina em todas as nações da terra. Uma monumental obra histórica, que constitui uma das mais importantes provas da existência de Deus, é a Bíblia Sagrada. Podemos afirmar, sem nenhuma margem de erro, que seu único assunto é Deus. A Bíblia é o livro mais lido em todo o mundo, e é o que traz maior consolo, esperança, transformação, etc., à alma. Sem dúvida alguma, a História Universal prova a existência de Deus.

II. A NATUREZA DE DEUS

1. A espiritualidade de Deus.

Jesus ensina-nos que "Deus é Espírito; e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4:24-ARC). "Deus é Espírito, Infinito, Eterno e Imutável em seu ser, Sabedoria, Poder, Santidade, Justiça, Bondade e Verdade", assim diz o, Catecismo de Westminster. O Senhor Deus é Espírito Pessoal, pois, Ele pensa, sente e fala; Deus não é limitado, como o é o ser humano. Os escritores bíblicos mostram o Senhor Deus como possuindo as características pessoais, tais como: intelecto (Gn 18: 19; Êx 3:7; At 15:18); sensibilidade (Gn 6:6; Sl 103:8-13; Jo 3:16) e vontade (Gn 3:15; SI 115:3; Jo 6:38). A Bíblia relata algumas qualidades da personalidade de Deus. Ela apresenta Deus: falando (Gn 1:3); vendo (Gn 11:5); ouvindo (Sl 94:9) e irando-Se (Nm 11:1); e também diz de um Deus: zeloso (Êx 20:5) e compassivo (SI 111:4). As Sagradas Escrituras dizem que Ele é: o Criador (At 14:15); o Preservador (Ne 9:6); o Juiz (SI 75:7) e o Sustentador de todas as coisas (Sl 104:27-30; Mt 6:26-30). O Senhor Deus é uma pessoa real, mas de natureza infinita. Jesus falou da "forma" de Deus (Jo 5:37; Fp 2:6).

2. A imensidão de Deus.

A palavra imensidão significa: "extensão ilimitada, o infinito". Aqui a imensidão do Senhor Deus significa Sua magnitude em relação ao espaço; Ele é ilimitado ao espaço finito. Na Bíblia Sagrada encontramos o ensino sobre a imensidão de Deus, como por exemplo, em: I Re 8:27; II Cr 2:6; Sl 113:5-6; 135:5 Is 66:1; o próprio Deus disse: "Porventura não encho eu os céus e a terra?" (Jr 23:23-24). Temos dificuldade de compreender esta idéia, devido à natureza da espiritualidade de Deus e da nossa inaptidão de pensarmos em extensões sem medidas. Todavia, uma coisa fica bem explicada: Deus é muito grande e é superior a tudo e a todos.

3. A eternidade de Deus.

Eternidade significa: "duração, sem princípio nem fim; imortalidade; vida imorredoura, etc". No sentido estrito da palavra, a eternidade de Deus significa Sua superioridade a todas as limitações do tempo; significa que Ele não tem começo nem fim de dias; que Deus está livre de toda a passagem de tempo. Nas Escrituras Sagradas encontramos abundante ensino sobre a eternidade de Deus; vejamos alguns exemplos: Ele é chamado de "o Deus eterno" (Gn 21:33). Moisés disse: "De eternidade a eternidade, tu és Deus" (Sl 90:2). O profeta Isaías apresenta o Senhor Deus como "o Alto, o Sublime, que habita na eternidade" (Is 57: 15); o apóstolo Paulo diz: “Ao Rei eterno, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre" (1ª Tm 1:17). A vida do ser humano, quanto ao tempo, está dividida em períodos de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos. A existência do homem é dividida em passado, presente e futuro. Contudo, na vida de Deus, o tempo dividido em passado, presente e futuro se harmoniza num eterno agora. O Senhor Deus é o eterno "Eu Sou" (Ex 3:14). Este verbo está numa forma que produz o passado, presente e futuro ao mesmo tempo, indicando a natureza eterna e imutável de Deus.

4. A personalidade de Deus.

Personalidade é o caráter próprio de uma pessoa; é aquilo que a distingue de outra. A personalidade representa a soma total das características necessárias para descrever o que é um ser pessoal. O nome é uma das mais fortes evidências da personalidade de um ser. O nome de Deus, na Bíblia, significa mais do que uma mera composição de letras e sons; representa seu caráter revelado. A finalidade dos nomes de Deus é; revelar-nos quem Deus é e como Ele é (Êx 6:3; 33:19; 34:5-6).

A)    EL (Deus). É um termo hebraico que tem estes sentidos: Altíssimo, Ser primeiro, Ser dominador, Ser forte, Ser poderoso. Este nome revela Deus como o Senhor forte e poderoso (Gn 14:18-22; Sl 24:8). Geralmente este termo é usado em certas combinações como: El-Elyon, o Deus Altíssimo, vem de um verbo que significa subir, ser elevado. Este nome revela Deus como o Altíssimo; o Deus que é exaltado sobre tudo o que se chama deus ou deuses (Gn 14:18-20; Sl 18:13; Dn 4:17), El-Olam, o Deus Eterno (Gn 21:33); El-Shaddai, o Deus Todo-Poderoso, revela Deus dominando e dirigindo todas as coisas no sentido de servirem aos propósitos da redenção (Gn 17:1; Êx 6:3).

B)    Elohim (Deus). Este termo emprega-se sempre que sejam descritos os poderes criadores e governadores de Deus; mostra Deus como o Deus-Criador, o Deus - Provedor, como o Supremo - Governador e também como o Dominador e Senhor Soberano (Gn 1:26; 3:22). E traz consigo a noção do Tri-Unidade de Deus.

C) Adonai. Significa literalmente "Senhor", vem de um verbo hebraico que tem o sentido de julgar e governar. Portanto, este nome mostra Deus como o Senhor que julga e governa, a quem tudo está sujeito e com quem o homem se relaciona como servo. Ele exige o serviço e a lealdade do seu povo; este nome no Novo Testamento aplica-se ao Cristo glorificado (Êx 23:17; Sl 110:1).

D) Yahweh. Significa Yavé, Javé ou Jeová (traduzido na versão de Almeida como Senhor). Este nome revela Deus como o Deus da graça, e tem sua origem no verbo Ser e inclui os três tempos desse verbo: passado, presente e futuro. Portanto, este nome significa que Deus era, que é e que há de ser. Em outras palavras, o Imutável. Deus. O nome Jeová ou Javé combinado com algumas formas verbais ou substantivos, forma vários nomes compostos, como:

Jeová-Jiré, o Senhor proverá (Gn 22:l4)
Jeová-Nissi, o Senhor é minha bandeira (Êx 17: 15).
Jeová-Ra'ah, o Senhor é meu pastor (Sl 23:1).
Jeová-Rafá, o Senhor que te sara (Êx 15:26).
Jeová-Samá, o Senhor está ali (Ez 48:35; Ap 21:3,22).
Jeová-Elion, o Senhor Altíssimo (Sl 97:9).
Jeová-Shalom, o Senhor nossa paz (Jz 6:24).
Jeová-Mikadiskim, o Senhor que vos santifica (Êx 31: 13).
Jeová-Tsidkenu, o Senhor nossa justiça (Jr 23:6).
Jeová-Sabaot, o Senhor dos Exércitos (Is 37: 16; 1º Sm 1:3).

O Senhor dos Exércitos é Deus como o Rei da glória, cercado de hostes angelicais, governa o céu e a terra no interesse do Seu povo e recebe glória de todas as criaturas.

E) Theos. O Novo Testamento tem os equivalentes gregos dos nomes do Velho Testamento. Para El, Elohim e Elyom temos no Novo Testamento Theos, que é dos nomes aplicados a Deus o mais comum (Lc 1:32-35; At 7:48; 16:17).

F) Kurios. O nome Yahweh algumas vezes é substituído por "O Alfa e o Ômega" (Ap 1:8); "que é, que era, e que há de vir" (Ap 1 :4); "o princípio e o fim" (Ap 1:8); "o primeiro e o último" (Ap 1:17). Este nome designa Deus como o Poderoso, Senhor, o Possuidor, o Governador que tem poder e autoridade. É usado não somente com referência a Deus, mas também a Cristo.

G) Pater (Pai). Usa -se tanto no Velho como no Novo Testamento para designar a relação especial da primeira pessoa da Trindade com todos os crentes como Seus filhos no sentido íntimo da salvação (Dt 32:6; Is 64:8; Jr 31:9; 1ª Co 8:6; Hb 12:9).

III. OS ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS

1. A onipresença de Deus.

A infinitude de Deus em relação às suas criaturas é denominada onipresença. Sendo onipresente, o espaço não o limita, porque para Deus não há espaço nem tempo. Apesar de Deus estar em todos os lugares num mesmo sentido, e com o mesmo propósito, Ele não habita na terra do mesmo modo como habita no céu. Não devemos pensar a respeito da onipresença como se Deus estivesse espalhado por toda parte do Universo, como a atmosfera, este pensamento é errado, faz parte do materialismo, e não do cristianismo. Os materialistas dizem que Deus está dentro de tudo e os panteístas dizem que Ele é e está em tudo. Se Deus estivesse dentro de tudo, todas as coisas teriam vida divina. O Senhor Deus está relacionado com tudo, vê tudo e todos, e socorre a todos os que o buscarem de todo o coração (Jr 29:13). Deus está presente em todo o lugar onde haja necessidade dele. O Senhor Jesus frisou o lado prático desta doutrina quando disse: "Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles" (Mt 18:20-AEC). A Bíblia ensina a respeito da onipresença de Deus:

A) Sendo onipresente é impossível fugir da Sua presença (Sl 139:7).
B) Deus está no céu (Sl 139:8).
C) Está também no mundo dos mortos (Sl 139:8).
D) Ele está nas extremidades dos oceanos (Sl 139:9, 10).
E) Deus está presente na escuridão da noite (Sl 139: 11,12).
F) Nosso Deus estará conosco pelos séculos dos séculos (Mt 28:20). A onipresença de Deus é uma fonte de conforto e de encorajamento para o crente, mas, para o não crente, é uma causa de advertência e repreensão; pois ninguém consegue fugir de Deus (Jr 23:23-24; At 17:27-28).

2. A onisciência de Deus.

Pode-se definir a onisciência de Deus como a perfeição de Deus pela qual, Ele conhece a Si próprio e a todas as coisas, quer sejam passadas, presentes e futuras. Deus conhece a essência oculta das coisas, em que o conhecimento do homem não pode penetrar. Ele não vê como vê o homem, que só observa o lado externo da vida; Deus vê as profundezas do coração humano (I Cr 28:9). O Senhor Deus não ignora até as coisas mais íntimas de nossa vida, não há nada que se esconda à sua onisciência, pois, Jesus disse que: "até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados" (Mt 10:30-AEC). Deste modo, há muito conforto na Sua declaração: "Vosso Pai sabe do que necessitais, antes de lho pedirdes" (Mt 6:8). De forma abrangente o Senhor Deus conhece tudo, vejamos os exemplos:

A) Deus sabe de tudo o que acontece em todos os lugares, tanto com os bons quanto com os maus (Pv 15:3).

B) Deus vê e sabe da vida íntima de todas as pessoas, mesmo aquelas que tentam ocultar-se dos olhos do Senhor (Jr 23:24).

C) O Senhor Deus conhece os pensamentos e o coração do ser humano (Sl 139:1-6).

D) Deus conhece e anuncia o plano total dos séculos (Is 46:10).

E) Deus conhece todos os filhos dos homens, bem como as suas atitudes e suas obras (S1 33:13-15).
F) Ele conhece todas as estrelas e cada ave (Sl 147:4; Mt 10:29).

G)Deus conhece o futuro (Dn 2:20-45; 7; 8; 9; 10; 11; 12; Mt 24;25; At 15: 18).

H) Ele sabia que os homens crucificariam a Jesus (At 2:23; 3:18).

I) Deus conhece os dias da vida dos retos (Sl 37:18).

J) “Não existe uma só emoção, impulso ou pensamento dos quais Ele não tenha conhecimento”. O Senhor Deus conhece toda ocorrência ou aventura que envolve alegria ou tristeza, dor ou prazer, adversidade ou prosperidade, sucesso ou fracasso, vitória ou derrota (R.F. Oliveira). Na verdade, “não há criatura alguma encoberta diante dele. Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb 4:13-AEC).

3. A onipotência de Deus.

Onipotência é qualidade de onipotente. Onipotente significa: "Cujo poder não tem limites, Todo-poderoso".Com "onipotência" queremos dizer que Deus tem todo poder e que Ele pode fazer qualquer coisa que esteja em harmonia com Suas perfeições. A onipotência de Deus tem dois significados:

A) Seu Poder E Liberdade Para Fazer Tudo Que Esteja Em Harmonia Com A Sua Natureza. As Escrituras Sagradas ensinam que: "para Deus nada é impossível" (Lc 1:37-ARC). Mas, o que é contrário à Sua natureza Ele não pode fazer, como por exemplo: mentir (Hb 6: 18; Nm 23: 19); pecar (Tg 1:13; 1ª Jo 3:5); negar-se a si mesmo (2ª  Tm 2:13) e mudar (Tg 1:17).

B) Seu Controle E Sabedoria Sobre Tudo O Que Existe Ou Que Pode Existir. As Sagradas Escrituras dizem claramente que Deus é onipotente, ela diz que Deus tem: poder total (Gn 17: 1); poder ilimitado (Gn 18.14); poder soberano (Jó 42:2); poder independente (Sl 115:3); poder criador (Jr 32: 17,27); poder imensurável (Mt 19:26; Lc 1:37) etc. Deus manifesta o seu poder: na criação (Is 44:24; Jr 10:12); nas obras da providência (Hb l: 3); na redenção de pecadores (Rm 1:16; 1ª Co 1:24); no firmar e governar tudo (Sl 66:7); na ressurreição de Cristo (Cl 2:12) e na ressurreição dos santos (1ª Co 6:14). O Senhor Deus é o Criador, o Sustentador e o Governador de todas as coisas. O fato Dele ter criado, sustentado e governado todas as coisas é prova incontestável e suficiente de Sua onipotência (At 17:25-28; Hb 1:3).

4. A imutabilidade de Deus.


A imutabilidade de Deus é a perfeição mediante a qual não existe mudança Nele. Não somente em Seu Ser, mas também em Suas perfeições, em Seus propósitos e em Sua vontade, Deus é imutável. Qualquer mudança é para melhor ou para pior. Deus não pode mudar para melhor, pois é absolutamente perfeito; também não pode mudar para pior, pela mesma razão. Por que a Bíblia diz que Deus arrependeu-se de haver feito o homem (Gn 6:6); depois Deus se arrependeu de destruir Nínive (Jn 3: 10) e também o Senhor Deus se arrependeu do mal que havia de fazer ao povo de Israel? (Êx 32: 10-14). É bom não confundir imutabilidade com mobilidade. Alguns chegam a pensar que por ser imutável, o Senhor Deus não pode agir, Ele não é imóvel qual uma estátua. A Bíblia nos ensina que Deus está cercado de várias mudanças, mudanças nas relações dos homens com Ele, mas não há nenhuma mudança em Seu Ser, em Seus atributos, em Seus propósitos, em Seus motivos de ação, nem em Suas promessas etc. Na verdade, a mudança não é em Deus, mas no homem e nas relações do homem com Deus. O termo arrepender -se na passagem de Jonas 3:10 significa: mudança de atitude de Deus em relação ao arrependimento do homem. O homem se arrepende no sentido do mal cometido, enquanto que Deus se arrepende no sentido de atitude, de suspender uma ação. "Deus permanece o mesmo quanto ao seu caráter abominando infinitamente o pecado, e em seu propósito de visitar com julgamento o pecador, quando, porém, os ninivitas mudaram em suas atitudes para com o pecado, Deus necessariamente modificou sua atitude para com eles. Seu caráter permanece o mesmo, mas seus tratos para com os homens mudam, à medida que os homens mudam de uma posição, que é odiosa à inalterável indignação de Deus contra o pecado, para uma posição que é agradável ao seu inalterável amor pela justiça” (Bancroft). As Escrituras ensinam a imutabilidade de Deus em: Nm 23: 19; 1º Re 8:56; Sl 33:11; Ml 3:6; Tg 1:17; etc. O Senhor Deus diz: “Se a tal nação, contra a qual falar, se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe” (Jr 18:8-AEC). Em outras palavras, as ameaças de Deus são às vezes de natureza condicional, como quando Ele ameaçou destruir Israel (Êx 32:9-14) e Nínive (Jn 1:2; 3:4, 10).

5. A soberania de Deus.

As Sagradas Escrituras dão forte ênfase à soberania de Deus. Ele é apresentado como o criador, e Sua vontade como a causa de todas as coisas. Sendo o criador do céu e da terra, tudo o que neles há, Lhe pertencem. Por ser soberano, absoluto, os exércitos celestiais e os moradores da terra estão subordinados a Ele. O Senhor Deus sustenta todas as coisas com a sua onipotência e domina sobre tudo e sobre todos com a Sua soberania. Ele governa como Rei, no sentido mais absoluto da palavra, e todas as coisas a Ele servem e dependem D'ele (Sl 135:6-12). A Bíblia mostra que Deus exerce governo soberano sobre todas as suas criaturas:

A) A Soberania De Deus Sobre Os Homens. Sobre um rei ímpio – Nabucodonosor (Dn 4:1-37). Sobre um governante ímpio – Belsazar (Dn 5:1-30; Is 40:23, 24). Sobre o rei da Assíria -Senaqueribe (2º Re 19:6-7; 27-28; 32-37). Sobre um profeta - Jonas (Jn 1:2; 3:1-4). Sobre o seu povo (Jr 18:1-6; Rm 9:19-21).

B) A Soberania De Deus Sobre As Nações Do Mundo. Sobre Sodoma e Gomorra (Gn 19:12-29). Sobre as nações em geral (Is 40:15-18).

C) A Soberania De Deus No Controle Do Cosmos. No controle das estrelas (Sl 147:4,5; Is 40:25,26). No controle do sol e da lua (Is 10: 12-14) e no controle das estações do tempo (Sl 78:24; 147: 16-18; Am 4:7; Ag 1:11; Mt 5:45; At 14:17).

D) A Soberania De Deus Sobre Os Animais. Sobre a jumenta (Nm 22:28). Sobre o grande peixe (Jn 1: 17; 2:10). Sobre as aves (1º Re 17:4-6; Lc 12:6). Sobre as feras (Dn 6:22).

E) A Soberania De Deus Sobre A Natureza. Sobre o mar (Ex 14; 15-21). Sobre o vento (Mc 4:39-41).

F) A Soberania De Deus Sobre Satanás (Jó 1:6-12; 2:3-7). Sobre os demônios (Mc 1:21-28,34; 16:17; Lc 8:26-33; Cl 2:15). O Senhor Deus reina absoluto (Ap 19:6). Ele é Senhor dos que estão nos; céus, na terra e no mundo invisível (Fp 2:9-11).

IV. OS ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS

1. A santidade de Deus.

A santidade de Deus pode ser definida como a sua perfeição em virtude da qual Ele mantém a Sua excelência moral; aborrece o pecado e exige pureza de suas criaturas. A idéia fundamental da santidade de Deus também é a de separação, separação do mal moral, isto é, do pecado. Deus é Santo, por isso não pode ter comunhão com o pecado (Jó 34:10; H c 1:13). "O sentido original da palavra santo é separado. Em que sentido está Deus separado? Ele está separado do homem no espaço -Ele está no céu, o homem na terra. Ele está separado do homem quanto à natureza e caráter -Ele é perfeito, o homem é imperfeito; Ele é divino, o homem é humano; Ele é moralmente perfeito, o homem é pecaminoso. Vemos, então, que a santidade é o atributo que mantém a distinção entre Deus e a criatura" (M. Pearlman). Deus exige santidade de todos os seres humanos (1ª Pe 1: 13-16); Ele não tem dois padrões ou duas medidas para julgar. Existem três fatos importantes relacionados com a santidade de Deus:

A) Existe um assombroso abismo entre Deus e o pecador (Is 59:1-8); antes de o homem pecar, o homem e Deus tinham plena comunhão um com o outro. Agora esta comunhão está arruinada e se tornou impossível reatá-la.

B) A única forma do homem se aproximar de Deus é pelos méritos, de um outro. O homem não possui, nem pode adquirir a necessária ausência de pecado para ter acesso a Deus. Mas Cristo veio e tornou esse acesso possível (Rm 5:1,2; Ef 2:18; Hb 10:19,20).

C) A razão para a expiação está na santidade de Deus; e o que a Sua santidade exigiu, Seu amor providenciou (I Pe 3:18). A suprema revelação da santidade de Deus foi dada em Jesus Cristo, que e "o Santo e o Justo" (At 3:14). As Escrituras Sagradas ensinam a santidade de Deus em Êx 15:11; Lv 11:44-45; Js 24:19; 1º Sm 6:20; Sl 22:3; Is 6:3; Ez 39:7; Jo 1711; 1ª Pe 1:15-16; Ap 4:8; etc.

2. A bondade de Deus.

Deus é bom no sentido mais amplo da palavra; é a perfeição absoluta e perfeita felicidade em Si mesmo. A bondade de Deus inclui todas as qualidades que correspondem ao nosso conceito de um personagem ideal. É neste sentido que Jesus disse ao jovem rico: "Ninguém é bom senão um só, que é Deus" (Mc 10:18). Todavia, desde que Deus é bom em Si mesmo, é bom também para as Suas criaturas. Ele é a fonte de todo bem, e assim é apresentado em toda a Bíblia. A bondade de Deus é aquela perfeição que o leva a tratar com generosidade todas as Suas criaturas. Todas as boas coisas que as criaturas gozam no presente e esperam para o futuro provêm de Deus. Pois, Nele está o manancial inesgotável de bondade. Por este motivo é que o salmista canta: "Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz" (Sl 36:9-ARA). Davi exalta a bondade de Deus com as seguintes palavras: "O Senhor é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras. Em ti esperam os olhos de todos, e tu, há seu tempo, lhes dás o alimento. Abres atua mão e satisfazes de benevolência a todo vivente" (Sl 145:9-16-ARA) A bondade de Deus é mencionada em muitas outras passagens bíblicas, como: Sl 23:6; 25:8; 31:19; Ne 1:7; Mt 7:11; 20:15; Lc 6:35; Rm 11:22; etc.

3. A justiça de Deus.

A justiça de Deus está estreitamente relacionada com a sua santidade. A justiça de Deus é santidade em ação; é a santidade de Deus manifestada no tratar retamente com suas criaturas. A idéia fundamental de justiça é a de um rigoroso apego à lei. "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18:25). A justiça de Deus é a retidão da natureza divina, isto é, Deus é infinitamente reto em Si mesmo; e é também a perfeição de Deus pela qual Ele se mantém contra toda violação (pecado) da Sua santidade. A justiça de Deus se manifesta especialmente em dar a cada ser humano o que lhe é devido, em tratá-lo de acordo com os seus merecimentos. Naturalmente esta perfeição de Deus sugere a idéia de governador que exerce domínio tanto sobre o bem como sobre o mal. Em virtude de Sua justiça, Deus instituiu um governo moral no mundo e impôs ao homem uma lei justa, com promessas de recompensa aos obedientes e ameaças de punição aos transgressores. A distribuição de recompensas é chamada de JUSTIÇA REMUNERATIVA, e é mencionada na Bíblia Sagrada nas seguintes passagens: Dt 7:9-13; Sl 58:11; Mt 25:21; Rm 2:5-7; Hb 11:24-26. O ato de aplicar castigo é chamado de JUSTIÇA PUNITIVA, mencionada nas seguintes passagens bíblicas: Gn 2:17; Êx 34:7; Dt 5:9; Ez 18:4; Rm 1:18, 32; 2:8-9; 2ª Ts 1:8.

4. O amor de Deus.

O amor é mais que sentimento; é a atitude firme de dar-se ao ente ou objeto amado, e de possuí-lo em íntima comunhão. O amor de Deus pode ser assim definido: é Deus dando-se a Si mesmo, e dando tudo quanto é bom às suas criaturas, com o fim de possuí-las na mais íntima comunhão consigo mesmo. “A grandeza do amor revela-se naquilo que se oferece ao amado. A pureza do amor revela-se no desejo que é o do bem-estar do amado. E o ardor do amor manifesta-se no esforço feito para possuir o amado. O amor não somente dá, mas quer possuir e viver pelo amado" (Langston). Em Deus encontramos tanto o impulso de dar a si mesmo como também o ardente desejo de possuir o amado em íntima comunhão. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3:16). O amor de Deus é um amor perfeito, porque está ligado a uma bondade perfeita. Devido a esta bondade perfeita, o amor de Deus vale mais do que o amor de qualquer criatura humana, porque, quando Ele se dá aos homens, oferece-lhes e dá-lhes ao mesmo tempo, a bondade perfeita (Mt 10:37 cf. Lc 14:26). A vinda de Jesus ao mundo, toda a sua vida, todo o seu sacrifício, a sua morta sua ressurreição, são manifestações do grandioso amor de Deus aos homens. Deus ao homem no seu estado pecaminoso e caído, apesar, de que o pecado destes uma abominação para Ele (Mt 5:44-45). O Senhor Deus ama o crente com amor especial, porque Ele os vê como Seus filhos espirituais em Cristo. E é a estes que Deus se comunica no sentido mais abundante e mais perfeito, com toda a inteireza da Sua graça e misericórdia (Jo 16:27; Rm 5:8-9; 1ª Jo 5:1). O amor de Deus é ensinado na escritura Sagrada em: Dt 1:8, 13; 10:18; Is 38:17; 43:3-4; Os 11.4, Jr 31.3, Jo 17.23, Rm 5.5-8,39; 1ª Jo 4.7-19.

5. A misericórdia de Deus.

A misericórdia de Deus pode ser definida como a bondade ou amor de Deus manifestada para com os que estão na miséria ou aflição espiritual, precisando de ajuda. A misericórdia de Deus vê o homem como um ser que está sofrendo as conseqüências do pecado, que se acha em lastimável condição, e que necessita urgentemente do socorro divino. Em sua infinita misericórdia Deus se revela um Deus compassivo, que tem pena dos que se acham em estado lastimoso e está sempre pronto a aliviar a sua desgraça. As Sagradas Escrituras mostram Deus como sendo "riquíssimo em misericórdia" (Ef 2:4-ARC) e "cheio de misericórdia e compaixão" (Tg 5:11-AEC). Sua misericórdia é: grande (Sl 69:16; 1ª Pe 1:3); duradoura (Dt 5:10) e eterna (Lm 3:22). O Senhor Deus é misericordioso para com os gentios (Rm 11:30-31); para com os que O temem (Dt 7:9; Lc 1:50) e até os que não temem a Deus compartilham das ternas misericórdias Dele (Ez 18:23, 32; 33:11; Lc 6:35-36). Outros termos usados na Bíblia para expressar a misericórdia de Deus são: compaixão, piedade, pena e benignidade.

6. A graça de Deus.

A graça de Deus é a sua imerecida bondade ou amor manifestado para com os que perderam o direito a ela e estão sob sentença de condenação. O amor de Deus para com o ser humano é sempre imerecido, pois é oferecido gratuitamente e o homem muitas vezes o rejeita, mesmo sem merecer. A graça de Deus é a fonte de todas as bênçãos espirituais concedidas aos pecadores. Sua graça tem maior significação prática para os pecadores. É pela graça de Deus que o caminho da redenção foi aberto aos pecadores (Rm 3:24; 2ª Co 8:9) e pela graça os pecadores recebem o dom de Deus em Jesus Cristo (Ef 2:8). Pela graça são justificados (Tt 3:7); também pela graça são enriquecidos de bênçãos espirituais (Jo 1:16; 2ª Ts 2:16); e finalmente recebem a salvação pela graça (Ef 2:8-9; Tt 2:11). Os seres humanos vivem absolutamente sem méritos próprios, estando na total dependência da graça de Deus em Cristo.

V. A TRINDADE SANTA

1. A Trindade no Antigo Testamento.

A doutrina da trindade é um mistério que ultrapassa a nossa possibilidade de compreensão. Com trindade queremos dizer que Deus subsiste em três pessoas. Há em Deus três personalidades divinas e distintas, sendo cada uma igual à outra quanto à essência. No entanto, não há três deuses; as Escrituras Sagradas ensinam que Deus é um e que além Dele não existe outro Deus (Dt 6:4). Embora sejam obras das três pessoas conjuntamente, atribui-se a criação primariamente ao Pai, a redenção ao Filho e a santificação ao Espírito Santo. No entanto, em cada uma dessas operações divinas os três estão presentes cooperando juntamente. As passagens do Antigo Testamento que ensinam acerca da trindade são as seguintes: Gn 1:1-2,26; 3:22; 11:6-7; etc. Todos os membros da trindade santa são mencionados no Antigo Testamento: o Pai (Is 63: 16; Ml 1:6; 2:10); o Filho (Sl 2:6-7; Pv 30:4; Is 9:6); o Espírito Santo (Gn 1:2; Sl 51:11; Is 48:16; 61:1; 63:10-11). A Bíblia diz que o Pai é Deus (Is 64:8), que o Filho é Deus (Jo 1:1; 20:28) e que o Espírito Santo é Deus (At 5:34).

2. A Trindade no Novo Testamento.

No Novo Testamento encontramos a doutrina da trindade com mais clareza do que no Velho Testamento:

A) No batismo do Filho, o Pai fala, ouvindo-se do céu a sua voz e o Espírito Santo desce na forma de pomba (Mt 3:16-17).

B) Na grande comissão Jesus menciona as três pessoas, na formula batismal: "Batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19).

C) Na declaração de Jesus de que ele rogaria ao Pai para nos dar outro Consolador "O Espírito da verdade" (Jo 14: 16,17).

D) Na maneira pela qual o Pai, o Filho e o Espírito Santo estão associados em Sua obra (I Co 12:4-6; I Pe 1:2; 3:18).

E) E na benção apostólica, pela qual invocamos “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo”, sobre as pessoas (2ª Co 13: 13 -ARC).

3. A Bíblia Sagrada atribui a cada pessoa da trindade as perfeições divinas.

A) Eternidade. O Pai (Rm 16:26); o Filho (Ap 22: 13); o Espírito Santo (Hb 9:14).

B) Onipresença. O Pai (Jr 23:24); o Filho (Mt 28:20); o Espírito Santo (Sl 139:7-12).

C) Onisciência. O Pai (Mt 10:29-30); o Filho (10 2:24-25); o Espírito Santo (1ª Co 2:9-11).

D) Onipotência. O Pai (Gn 17:1); o Filho (Ap 1:8); o Espírito Santo (Rm 15: 19).

E) Santidade. O Pai (Jo 17:11); o Filho (At 3:14); o Espírito Santo (At 5:3-4).

F) Doador Da Vida Eterna. O Pai (Rm 6:23); o Filho (Jo 11:25); o Espírito Santo (Gl 6:8).

FONTE DE PESQUISA


TEOLOGIA SISTEMÁTICA I. Pr. Gilmar Santos e Pr. Francisco de Freitas. Faculdade de Teologia de Goiânia GO. www.fundacãogilmarsantos