TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

BIBLIOLOGIA - A DOUTRINA DAS SAGRADAS ESCRITURAS



I.        A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS

1. Para revelar um pouco mais de Deus.


O homem precisa de uma revelação. E isto é justamente o que Deus tem feito. Ele quer que o homem o conheça; eis aí a razão Dele se revelar. Certamente, nunca poderíamos conhecer a Deus se Ele não tivesse se revelado a nós. A ampla revelação de Deus encontrada: na NATUREZA (Sl 8:1-3; 19:1-6; Is 40:12-14,26; At 14:15-17); na HISTÓRIA (Sl 78:1-7; At 17:26, 27) e na CONSCIÊNCIA (Rm 1:19, 20; 2:14-16). Apesar da revelação geral de Deus na natureza, na história e na consciência, o mundo gentio voltou-se para a idolatria, a mitologia e para o politeísmo, Por isso uma revelação mais plena se fazia grandemente necessária.

2. Para dar aos homens um agrupamento das revelações de Deus por escrito.

É de se esperar da parte de Deus uma incorporação das revelações que foram dadas, ara fornecer uma fonte confiável da verdade. As Sagradas Escrituras registram o conhecimento de Deus e o Seu relacionamento com as criaturas. O cristão tem a Bíblia como, a única fonte suprema e infalível, ela é a sua única regra de fé e prática (Rm 15:4). A Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem. As revelações não escritas de Deus não oferecem respostas reais à questão da condição caída do homem (Êx 17:14; 24:12; 31:18; 32:15, 16; Dt 10:4; 31:9).

3. Por causa da condição humana.

O homem não é apenas um pecador debaixo da condenação eterna, inclinando-se para longe de Deus, ignorante a respeito dos propósitos e dos métodos de salvação de Deus. Incapaz de retomar para o Senhor Deus por suas próprias forças. O ser humano encontra-se em uma condição desesperadora, da qual ele apenas parcialmente tem consciência, e não sabe se pode ser salvo dessa condição e nem, se isso for possível, como fazê-lo. O homem precisa de instrução infalível a respeito de seu mais importante problema na vida: sua eternidade. A revelação por escrito se tornou necessária devido à queda do homem. Dessa maneira a Bíblia é o principal meio do homem natural vir a conhecer a Deus e sua vontade para com a humanidade. Ela foi escrita, segundo a presciência de Deus, para revelar ao homem caído o plano da salvação. O Senhor Deus é Onisciente: Ele conhece tudo sobre a necessidade do homem. Ele é santo, não podendo desculpar o pecado e aceitar a comunhão com o homem enquanto ele estiver nessa condição. Como Ele é amoroso e bondoso, pode escolher e pôr em funcionamento um plano de salvação. E como Ele é Onipotente, pode revelar a Si próprio e também dar por escrito as revelações a Seu respeito que forem necessárias para trazer salvação a todos (Sl 53:1-3; 130: 1-8; Is 64:6-8; Jo 20:29-31; Rm 3:9-23).

II.     A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS


1. A definição de inspiração.

A palavra inspiração designa a influência controladora que Deus exerceu sobre os escritores das Sagradas Escrituras. O Espírito Santo habilitou-lhes a receber e registrar a mensagem divina com absoluta exatidão. "Inspiração é a operação; a assistência do Espírito Santo sobre os escritores sagrados, a fim de evitar que cometessem erros, na ocasião em que escreveram o que haviam recebido por intermédio da operação sobrenatural" (O Cristão). Inspiração é "aquele inexplicável poder que o Espírito divino estendeu antigamente aos autores das Sagradas Escrituras, para que fossem dirigidos mesmo no emprego das palavras que usaram e para preservá-los de qualquer engano ou omissão" (L. Gaussen). Inspiração é essencialmente "orientação divina", isto é, o Espírito Santo supervisionou a seleção dos autores e dos seus escritos. Temos na Bíblia, portanto, a Palavra de Deus verdadeiramente inspirada pelo Espírito Santo (2ª Tm 3:14-17; 2ª Pe 1:19-21).

2. Provas da inspiração da Bíblia.

A Bíblia é superior a todos os outros livros religiosos em seu conteúdo. Ela estabelece os mais altos padrões éticos; exige a mais absoluta obediência; denuncia todo tipo de pecado; mas informa o pecador sobre como ele pode se acertar com Deus, preservá-la em face de perseguição e a oposição da chamada ciência. As Sagradas Escrituras têm produzido resultados práticos; tem influenciado várias gerações, transformando vidas, trazendo luz, inspiração e conforto a bilhões que a leem e sua obra ainda continuará. Dentre outras provas da inspiração da Bíblia, vamos ainda referir as seguintes:

A) O Senhor Jesus aprovou a veracidade e autoridade da Bíblia: lendo-a (Lc 4:16-20); ensinando-a (Lc 24:27); chamando-a de a Palavra de Deus (Mc 7:13); interpretando-a (Lc 24:44).

B) Nosso Senhor deu sua opinião a respeito da inspiração da Bíblia. Ele disse que "a Escritura não pode ser anulada" (Jo 10:35-ARC). Ele também disse que não veio para "destruir a lei ou os profetas" (Mt 5:17-ARC); o Senhor estava se referindo a todo o Antigo Testamento.

C) Jesus aprova a inspiração da Bíblia ao decretar: "Em verdade vos digo que até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” Mt 5:18-AEC.

D) Os discípulos também aprovaram a Bíblia (Lc 3:4-2; 2ª Tm 3:16; Hb 1:1; 2ª Pe 1:21; 3:2; At 1:16; 3:18).

3. O que as escrituras dizem acerca da sua inspiração.

As Escrituras se dizem inspiradas. Um exame delas revelará esta grande verdade. A Bíblia afirma ser a inspirada Palavra de Deus. Os escritores do Velho Testamento tinham plena convicção de que escreviam aquilo que Deus lhes ordenava (Êx 34:27; Is 8:1; Jr 30:2; Ez 24: 1-2; Dn 12:4; Hc 2:2). Os profetas tinham certeza absoluta de que eram mensageiros do Senhor Deus, por isso, eles sempre usavam os termos: "E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:" (Ez 6:1); "Assim diz o Senhor" (Is 66:1); "Assim me disse o Senhor" (Jr 13:1); "E veio a palavra do Senhor a" (Jn 1:1-ARC). A Bíblia registra mais de 3.800 destas confirmações proféticas. Os escritores do Novo Testamento usam com freqüência muitos termos como estes: "não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina" (I Co 2:13-ARC); "como, em verdade, é a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós" (I Ts 2:13-ARA); "nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus" (At 20:27-ARC) e "as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor" (1ª Co 14:37-ARC).

III.  A CANONICIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS

1. A canonicidade dos livros do Antigo Testamento.


O termo cânone vem da palavra grega Kanon, que significa "vara reta de medir", isto é, aquilo que serve de norma, regra, padrão. Referindo-se à Bíblia, significa aqueles livros que foram medidos, foram aprovados como tendo sido inspirados por Deus e aceitos por sua autoridade e autenticidade divina. As Sagradas Escrituras como cânone sagrado é a nossa norma, regra ou padrão de fé e prática. Os livros do Velho Testamento são canônicos por vários motivos: um desses motivos é que eles são inspirados por Deus (Jr 1:12); e, em segundo lugar, o Senhor Jesus colocou sobre eles o selo de sua autoridade (Jo 5:39, 45-47; Lc 24:27, 44-45; Mt 5:17-18). A Igreja investigou a autoridade dos escritores de cada livro da Bíblia para considerá-los canônicos, isto é, sagrados. O cânone do Velho Testamento compreende trinta e nove livros, que são os que temos hoje. Os livros do Velho Testamento foram colecionados e selecionados por Esdras e os membros da grande sinagoga, como afirmam os historiadores judeus: Flávio Josefo (37-100 d.C.), David Kimchi (1160-1232 d.C.) e Elias Levita (1465-1549 d.C.). Os escritores do Novo Testamento atestam como canônicos os livros do Velho Testamento, fazendo centenas de citações do Velho no Novo como sendo oráculos divinos. São mais ou menos 190 referências ao Pentateuco, 101 aos Salmos, 104 ao profeta Isaías e umas 30 aos profetas menores. No ano 90 d.C., em Jâmnia, perto de Jafa na Palestina, os rabinos, reunidos numa assembléia, sob a presidência de Johanan Ben Zakai, reconheceram e sancionaram o cânone do Velho Testamento. Porém, o trabalho deles foi apenas o de reafirmar a canonicidade do Antigo Testamento que já era aceito por todos os judeus muitos séculos antes desta data.

2. A canonicidade dos livros do Novo Testamento.

A formação do cânone do Novo Testamento levou quase cem anos para ser concluído.  É notável o fato de não ter havido a interferência da autoridade da igreja na constituição do cânone do Novo Testamento; este se formou sozinho. Esta não interferência de autoridade constitui numa posição valiosa de evidência quanto à genuinidade destes livros. Existe quatro princípios gerais que ajudaram a determinar que livros deveriam ser aceitos como canônicos ou não, pois naquela época surgiram muitos livros apócrifos do Novo Testamento, exatamente como aconteceu nos tempos do encerramento do cânone do Antigo Testamento; estes livros nunca foram aceitos pelos judeus, nem por nosso Senhor Jesus como parte das Sagradas Escrituras. Estes princípios ou provas usadas para determinar a canonicidade dos livros do Novo Testamento são os seguintes:

A) Prova Apostólica. Se o livro foi escrito por um apóstolo ou se o autor tinha um relacionamento muito grande com um apóstolo, de modo que o seu livro viesse a ser autenticado pela autoridade apostólica. O evangelista Marcos foi respaldado pelo apóstolo Pedro; o doutor e evangelista Lucas pelo apóstolo Paulo.

B) Prova Da Espiritualidade. Se o livro tinha alguma evidência interna de seu caráter único e se o seu conteúdo era de natureza espiritual, trazendo ajuda e edificação para as necessidades espirituais do ser humano; ou, se trazia a revelação divina.

C) Prova Da Universalidade. Se o livro era recebido universalmente nas igrejas locais, pois houve entre elas total unanimidade quanto à certeza de que estes livros que compõe o Novo Testamento podiam ser contados como livros sagrados, isto é, canônicos.

D) Prova Da Inspiração. Se o livro era lido e estudado em todas as igrejas e se o mesmo, realmente, apresentava evidências de ter sido inspirado por Deus. A prova final foi a da inspiração; tudo tinha que cair diante deste teste. No final do quarto século da nossa era, todos os vinte e sete livros do Novo Testamento atual haviam sido reconhecidos por todas as igrejas do ocidente. Depois do Concílio Damasino de Roma (382 AD.) e do Concílio de Cartago (397 AD.), a questão do cânone foi concluída no ocidente. 

HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA

I. PARTICULARIDADES DA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA

A existência das Sagradas Escrituras até os dias atuais constitui-se num milagre ímpar. Jamais aconteceu, em outro lugar deste mundo e em situações tão contrárias, se reunirem tantos e diferentes escritos contendo lei, história, poesia, profecia, biografia e ética, em um único livro. Apesar de quarenta homens haver levado cerca de dezesseis séculos para produzir os sessenta e seis livros que compõe a Bíblia, ela é, na realidade, um livro único e harmonioso. Ela apresenta um ponto de vista doutrinário, um único e infalível plano de salvação, um padrão moral, um programa das eras e uma visão do mundo.

A) Os Escritores. Os escritores da Bíblia foram homens escolhidos por Deus e eram homens de praticamente todas as atividades da vida humana daquela época, motivo da diversidade de estilos encontrados nela. Moisés foi príncipe e legislador, "educado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras" (At 7:22-ARA). Josué foi um grande comandante. Davi e Salomão foram reis e poetas. Isaías foi profeta e estadista. Daniel foi ministro de estado. Pedro, Tiago e João foram pescadores. Amós foi agricultor e cuidava do gado. Jeremias e Zacarias eram profetas e sacerdotes. Mateus, funcionário público. Lucas, historiador e médico. Paulo, teólogo e erudito, e assim por diante. Apesar de toda essa diversidade de formação e ocupação dos escritores, quando se examina os seus escritos, nota-se que eles se harmonizam e se completam, formando um só e não muitos livros.

B) As Condições. As circunstâncias em que os escritores da Bíblia se encontravam quando escreveram os seus livros, foram as mais variadas. Veja o exemplo: Moisés escrevia seus livros nas paragens do deserto durante a peregrinação; Davi escreveu até mesmo quando perseguido e também nas verdes campinas; Salomão, na calma da paz e no conforto palaciano. Josué escreveu no meio das batalhas de conquista de Canaã; Paulo e Jeremias, nas escuras e sombrias prisões; João, no exílio em Patmos, por causa do testemunho de Cristo. A despeito de tantas e diferentes condições, em que os livros da Bíblia foram escritos, ela apresenta um só corpo de doutrinas, um só discurso de amor, um só raciocínio, um só assunto. A Bíblia apresenta harmonia e unidade de Gênesis ao Apocalipse.

II. O MOTIVO DA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA

Se a Bíblia fosse uma obra produzida somente pelo esforço humano, evidentemente sua composição seria muito confusa e incompreensível. Façamos a seguinte hipótese: que quarenta dos melhores escritores da atualidade, providos de alguns meios necessários, fossem isolados uns dos outros e em situações totalmente diferentes, com a missão de escreverem partes de uma obra, e, no final, fossem reunidas todas as obras escritas, nunca teríamos um conjunto harmônico e uniforme. Imagine isto acontecendo nas épocas em que as Sagradas Escrituras foram escritas. A desordem seria enorme. Num tempo em que os meios de comunicação em nada se pareciam com os de hoje. Não resta nenhuma dúvida de que a Bíblia é o resultado da operação de Deus na vida dos seus escritores. A unidade e harmonia da Bíblia são uma prova incontestável da origem divina dela (Sl 19:7-8).

III. O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA CRISTO


Cristo é o tema central da Bíblia, pois, Ele mesmo disse: "Examinais as Escrituras, porque pensais ter nelas a vida eterna. São estas mesmas Escrituras que testificam de mim" (Jo 5:39-AEC). O Antigo Testamento prepara o caminho para a Sua vinda e o prediz através de tipos e em profecias. Na Bíblia temos a lista dos ascendentes de Cristo Jesus, o Messias. Jesus haveria de ser a semente da mulher, do povo de Sem, da genealogia de Abraão, da procedência de Isaque e Jacó, da tribo de Judá e da família de Davi (At 3:18; 10:43; Ap 22:16). Há nas Sagradas Escrituras o registro de acontecimentos futuros relacionados à pessoa de Cristo e ao seu ministério terreno. Desde a sua encarnação até a sua segunda vinda, tudo foi profetizado antecipadamente, de Gênesis ao Apocalipse. O Antigo Testamento trata da preparação do nascimento de Cristo. Os Evangelhos tratam de sua encarnação e vida terrena. As Epístolas fazem a explicação da Doutrina de Cristo. O livro do Apocalipse faz a narração da consumação de todas as profecias, através de Jesus Cristo.

A CREDIBILIDADE DAS ESCRITURAS

I. A CREDIBILIDADE DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

A credibilidade dos livros do Antigo Testamento é comprovada por três grandes fatos:

A) O Testemunho De Como Cristo Recebeu O Antigo Testamento. O Senhor Jesus aceitou como digno de crédito um grande número de ensinamentos do Antigo Testamento, como por exemplo: A criação do Universo por Deus (Mc 13:19); a criação direta do ser humano (Mt 19:4-5); a personalidade e o caráter maligno de Satanás (Jo 8:44); a destruição do mundo pelo dilúvio nos dias de Noé (Lc 17:26-27); o livramento de Ló e a destruição de Sodoma e Gomorra (Lc 17:28-30); a revelação de Deus a Moisés na sarça ardente (Mc 12:26); a experiência de Jonas no ventre do grande peixe (Mt 12:3940). O testemunho de Jesus Cristo é incontestavelmente verdadeiro.

B) O Testemunho Proveniente Da História. A História fornece muitas provas da exatidão das narrações bíblicas da vida no Egito, Assíria, Babilônia, e outros. Um grande número dos governantes destes países são mencionados pelo próprio nome na Bíblia, e nenhum deles é apresentado de maneira a contradizer o que, a seu respeito, é conhecido na História. Nem Belsazar (Dn 5:1), nem Dario, o Medo (Dn 5:31), são mais considerados como personagens fictícios.

C) O Testemunho Oriundo Da Arqueologia. A arqueologia também fornece muitas confirmações dos relatos contidos nas Sagradas Escrituras. Uma tábua foi encontrada na Babilônia, com um relato do dilúvio, tão parecido com o relato bíblico, "que dizem ser dois relatos do mesmo acontecimento". A guerra dos reis (Gn 14) não pode mais ser colocada em dúvida, porque as inscrições no Vale do Eufrates "mostram, incontestavelmente que os quatros reis mencionados na Bíblia como tendo participado deste evento não são ‘invenções’, mas sim personagens históricos reais", Anrafel é identificado como o Hamurabi, cujo código de leis foi recentemente descoberto por De Morgan em Susa. A arqueologia também confirma o fato de Israel ter vivido no Egito; que o povo foi escravo naquela terra; e que ele finalmente saiu daquele país. A data bíblica para o êxodo foi confirmada recentemente pelas pesquisas de John Garstang, ele data o êxodo como em 1.447 a.C. As tábuas Tell al-Amarna revelam uma completa desunião entre as cidades-estados, cada uma vivia por conta própria; exatamente como está relatado no livro de Josué. Existe um grande número de testemunhos da arqueologia nos dias de hoje, provando que a Bíblia é digna de crédito.

II. A CREDIBILIDADE DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

A credibilidade dos livros do Novo Testamento é comprovada por quatro grandes fatos:

A) Os Livros Do Novo Testamento São Harmoniosos. Os Evangelhos Sinóticos não se contradizem, mas completam um ao outro. Os detalhes no Evangelho de João se encaixam harmoniosamente com os três primeiros. O livro de Atos dá os antecedentes históricos para as Epístolas de Paulo. As Epístolas Pastorais estão todas de acordo umas com as outras. Hebreus e as Epístolas Gerais, bem como o Apocalipse, podem, sem forçar o texto, ser encaixados no primeiro século. Também doutrinariamente os livros do Novo Testamento estão em harmonia. Os vinte e sete livros do Novo Testamento apresentam um panorama harmonioso de Cristo Jesus e de sua obra. Isto pesa em favor da credibilidade dos livros do Novo Testamento.

B) Os Livros Do Novo Testamento Estão De Acordo Com A História. O Novo Testamento traz inúmeras referências à História Contemporânea, tais como o recenseamento quando Quirino era governador da Síria (Lc 2:2), a história de Herodes, o Grande (Mt 2:16-18), que mandou matar os meninos de Belém, de dois anos para baixo e também matou sua mulher e três de seus filhos; de Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande. Foi esse tirano que degolou João Batista, apedido de Salomé, filha de Herodias, mulher de seu irmão Felipe (Mt 14:1-12); de Herodes Agripa I, neto de Herodes Magno, este matou Tiago, irmão de João à espada e morreu comido de vermes (At 12: 1:2-23); de Herodes Agripa II, filho de Herodes Agripa I, julgou o apóstolo Paulo, assistiu do lado dos romanos a tomada de Jerusalém pelo General Tito no ano 70 d.C. Este foi o último dos Herodes (At 25:13-27; 26:1-32); de Gállio – Junius Annaeus Gállio, procônsu1 romano da Acaia e irmão do filósofo Lucius Annaeus Sêneca (At 18:12-17) etc. Em época alguma, alguém conseguiu mostrar que o relato bíblico tem alguma contradição com a História.

C) Os Livros Do Novo Testamento Foram Escritos Por Testemunhas Competentes. Os escritores do Novo Testamento tinham as qualificações para dar testemunho e ensinar a verdade divina. Mateus, Pedro e João foram apóstolos de Cristo (Lc 6:12-16), e foram testemunhas oculares e auriculares de seus ensinos e milagres (At 4:20). Marcos, de acordo com o historiador Papias, foi o intérprete do apóstolo Pedro, escreveu com fiel exatidão os relatos de Pedro. Lucas, o médico amado (Cl 4:14), foi o companheiro de Paulo e tinha muitos contatos pessoais com os apóstolos e outras testemunhas da história cristã. .Juntando tudo isto com a sua cultura grega, o seu preparo intelectual e sua comunhão com homens como Marcos, (que também escreveu um Evangelho), capacitou-se a escrever um Evangelho agradável, completo e digno de crédito. Paulo foi chamado e nomeado por Cristo e diz que recebeu o Evangelho diretamente de Cristo (Gl 1:11-17). Judas e Tiago eram irmãos do Senhor Jesus. As mensagens destes dois escritores chegam aos nossos dias com esse antecedente (Gl 1:l9; Jd l; Mt 13:55). Todos os escritores do Novo Testamento receberam o revestimento e a inspiração do Espírito Santo, tornando-se assim homens qualificados por Deus. Seus escritos, isto é, o Novo Testamento é totalmente digno de crédito.

D) Os Livros Do Novo Testamento Foram Escritos Por Homens Honestos. A ilimitada preocupação com a verdade, o conceito moral de seus escritos e as circunstâncias de seus registros indicam que os escritores do Novo Testamento eram homens honestos. Outro fato que demonstra a honestidade deles, é que o testemunho que aqueles crentes deram, pondo em perigo todas as vantagens materiais, assim como suas posições sociais e até mesmo as suas próprias vidas (Mt 4:18-22; Cl 4:14).

FONTE DE PESQUISA
1.      TEOLOGIA SISTEMÁTICA I. Pr. Gilmar Santos e Pr. Francisco de Freitas. Faculdade de Teologia de Goiânia GO. www.fundacãogilmarsantos.



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O QUE É SECULARISMO


Como reconhecer uma igreja que presa pelos tentáculos da secularização?

Faz necessário analisarmos o conceito da palavra secularização para entendermos como o deus deste século trabalha ardilosamente no mundo espiritual.

A raiz latim saeculum refere a uma geração ou de uma época. No latim eclesiástico, adquiriu o significado de “o mundo”, “a vida do mundo” e “o espírito do mundo”, sendo por esta via que se chegou ao sentido da palavra “secularização”. Na discussão contemporânea, secularismo e humanismo são frequentemente vistas e entendem como humanismo secular, uma abordagem à vida e de pensamento, indivíduo e sociedade, que glorifique a criatura em vez do Criador.

“Secularismo é o inverso da espiritualidade bíblica na vida do crente. É uma forma sutil, capciosa, ardilosa, disfarçada, de corrupção na igreja” [Gilberto. Revista obreiro, p. 37].

De certa forma, o secularismo já adentrou dentro de algumas igrejas cristãs. O secularismo tende a profanação do sagrado. Quando uma igreja se torna secular, tende a desprezar os valores espirituais e a exaltar os humanos e materiais. Há igreja, cujos santuários e púlpitos transformaram-se em locais de entretenimentos e demonstrações de cultura popular. A Bíblia porém afirma: “Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre” (Sl 93.5).

“A pior forma de responder ao desafio do secularismo é se adaptar aos padrões seculares de linguagem, pensamento e forma de viver. Se os membros de uma sociedade secular se voltam para uma religião, eles o fazem por estarem procurando algo além do que a cultura deles já provê. É contra produtivo oferecer-lhes uma religião secularizada que está cuidadosamente arrumada de forma a não ofender suas sensibilidades seculares. Nessa conexão, parece que as principais igrejas na América ainda tem que internalizar a mensagem de Dean Kelley em seu livro escrito há quase vinte e cinco anos atrás, Why Conservative Churches Are Growing (Porque Igrejas Conservadoras Estão Crescendo). O que as pessoas buscam na religião é uma alternativa plausível, ou no mínimo um complemento à vida numa sociedade secular. A religião que é nada mais do que “mais do mesmo” provavelmente não será nada interessante.

Eu me apresso em dizer que isso não é um argumento a favor de um tradicionalismo morto. A velha maneira de fazer as coisas na igreja pode incluir elementos que são extremamente entediantes e sem sentido. O Cristianismo proposto como uma alternativa ou complemento à vida numa sociedade secularizada deve ser tanto vibrante quanto plausível. Acima de tudo, deve ser substancialmente diferente e propor uma diferença na maneira em que as pessoas vivem. Quando a mensagem e o ritual são acomodados, quando as extremidades ofensivas são removidas, as pessoas suspeitam que o clero não acredite realmente em nada muito distinto. A apresentação plausível e persuasiva das particularidades Cristãs não são uma questão de marketing. É uma questão de o quê as igrejas devem às pessoas nas nossas sociedades secularizadas: a proclamação do Cristo ressurreto, a alegre evidência da vida nova em Cristo, da vida que supera a morte.

Por não ser um argumento a favor do tradicionalismo (tendo em mente a perspicaz observação de Jaroslav Pelikan de que a tradição é a fé viva dos mortos enquanto o tradicionalismo é a fé morta dos vivos), então isso também não é um argumento a favor do fundamentalismo. Reconhecidamente, o termo fundamentalista hoje é usado para condenar qualquer religião que ofenda seriamente as sensibilidades seculares. Por fundamentalismo eu quero dizer uma religião que, de forma ignorante afirma uma certeza, se recusando a usar a racionalidade humana.

Será que os secularistas estão certos ao expor a irracionalidade, o fanatismo, e a intolerância quando estas aparecem em nome da religião, mesmo quando eles o fazem para desacreditar a religião como tal.
O Fundamentalismo, é o nome dado a movimentos, cujos adeptos mantém estrita aderência aos princípios fundamentais.

[...] O Termo fundamentalismo popularmente empregado refere-se pejorativamente a qualquer grupo religioso de infringentes de uma maioria, conhecido como Fundamentalismo religioso, ou refere-se a movimentos étnicos extremistas com motivações (ou inspirações) apenas nominalmente religiosas, conhecido como Fundamentalismo étnico. O Fundamentalista acredita em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, à premissa do diálogo.

Fundamentalismo “é um movimento que objectiva voltar ao que são considerados princípios fundamentais, ou vigentes na fundação do determinado grupo”. Especificamente, refere-se a qualquer grupo dissidente que intencionalmente resista a identificação com o grupo maior do qual diverge quanto aos princípios fundamentais dos quais imputa ao outro grupo maior ter-se desviado ou corrompido pela adoção de princípios alternativos hostis ou contraditórios à identidade original.

No estudo comparativo das religiões, fundamentalismo pode se referir a movimentos anti-modernistas nas várias religiões.

Por extensão de sentido o termo “fundamentalismo” passou a ser usado por outras ciências para significar uma crença irracional e exagerada, uma posição dogmática ou até um certo fanatismo em relação a determinadas opiniões... [Fundamentalismo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fundamentalismo – acessado dia 15/07/2009].

O fundamentalismo, é a observância rigorosa às crenças religiosas tradicionais.

 Existe fundamentalismo religioso no Brasil?

O forte papel das igrejas cristãs e a ascensão exponencial das igrejas evangélicas nos últimos anos aliados à uma população que, em sua grande maioria, carece de formação educacional básica (e isto inclui o mínimo de conhecimento sobre ciência, razão e tecnologia) levam, ou podem levar, à formação de cidadãos fundamentalistas religiosos?

[...] Defino fundamentalismo religioso como: “... fonte de intolerância, na qual o outro é analisado sob a ótica de ameaça, símbolo do mal, que pode fragilizar as ´muralhas de verdade´ construídas pelo fundamentalista em seu discurso” [Winikipédia <>http://pt.wikipedia.org/wiki/Fundamentalismo_religioso]

Pr. Elias Ribas


pr.eliasribas2013@gmail.com

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

NOSSOS CULTOS SÃO VERDADEIROS?


Ao observamos as eclesiologias e as liturgias em nossas igrejas, vemos uma total descaracterização. Aquilo que deveria ser direcionado para Deus e sua glória exclusivamente foi totalmente travestido de um humanismo exacerbado. Deus que deveria ser o foco central do culto foi alijado do processo e virou nota de rodapé colocado na parte inferior das atividades. Deus virou pretexto para que o homem continue no centro. Deus é citado como apoio às práticas mundanas e capitalistas que permeiam a igreja. Há uma expressão que vem dos tempos da Reforma que diz: SOLI DEO GLÓRIA. Quer dizer: Glória somente a Deus. O insuperável Johann Sebastian Bach que revolucionou a música terminava todos os manuscritos de suas composições com as letras S.D.G. (Soli Deo Glória). Isso nos mostra que tudo em nossas vidas deveria apontar para Deus. O culto é para Deus. Somente Deus merece receber a Glória e isso implica que Ele deve ser o centro do culto. A Reforma resgatou essa máxima esquecida durante séculos. O culto não pode ser voltado para o homem. Não pode procurar satisfazer os desejos do homem e nem girar em torno dele. Mas vemos que o homem assumiu o lugar de Deus e passou a ser reverenciado. As pregações não apontam mais para o pecado que leva o homem a perdição e nem mais mostram a graça salvadora de Deus, mas sinalizam maneiras dos homens superarem suas crises. Basta ver os títulos dos sermões pregados. Em uma rápida passagem de olhos pela internet encontrei alguns títulos interessantes, vejamos: “Vencendo as Batalhas; Tempo de Conquistas; Vivendo Triunfantemente etc. Vejamos alguns títulos do Príncipe dos Pregadores Charles Haddon Spurgeon: “A Humilhante mas Gloriosa Dependência de Deus; O Terrível Porem da Justiça Própria etc. Daí da para perceber a grande diferença.


As músicas não exaltam mais a Deus, mas sim se centram no homem e suas crises. Se observarmos as músicas evangélicas atuais veremos essa triste realidade. Músicas que mostram o que Deus fará pelo homem e não a expressão de uma alma agradecida a Deus. Existe até música de louvor dedicado a ser humano! Sei que existe este tipo de música religiosa entre os mormons, mas para cristão... A quantidade de vezes que o pronome eu aparece nessas músicas é algo estarrecedor. Se compararmos com os grandes hinos da hinologia cristã veremos o contraste gritante. O primeiro hino do Cantor Cristão diz: “A ti, ó Deus, fiel e bom Senhor. Eterno Pai, supremo Benfeitor, Nós, os teus servos, vimos dar louvor, Aleluia! Aleluia! O que dizer das catarses praticadas em nossos cultos? Gritos de Vitória, brados de louvor tudo isso produz alívio e não libertação. Qualquer psicólogo recém formado pode confirmar isso. Para tristeza nossa essas práticas espúrias entraram para ficar. O que dizer dos moveres de Deus nos cultos onde o frenesi se instala e o ego grupal prevalece, as pessoas rodopiam, gritam, caem ao chão, riem sem parar, imitam animais com seus sons e mais um cem números de outras bizarrices?


Muitos adentram as igrejas para buscar suas bênçãos e encontram sacerdotes corroídos que oportunamente lhes oferecem as bênçãos, buscando satisfazer os egos eternamente insatisfeitos em troca de alguma coisa material. Muitos esqueceram que as reuniões solenes dos santos são para louvor e glória de Deus. Essas reuniões deveriam ter Deus e sua glória em primeiro lugar. Nossos cânticos deveriam exaltar o nome que é sobre todo nome. Nossas orações deveriam expressar nossa gratidão Àquele que nos amou e morreu por nós. Hoje cantamos músicas desprovidas de adoração. Muitas dessas coisas cantadas em nossas igrejas expressam um antropocentrismo aviltante. Muitos acham que louvor é somente cantar qualquer coisa. Louvor também é expressão de nossa admiração em relação a Deus. Por estarmos admirados com a grandeza de Deus e com seu amor expressamos isso adorando, louvando Sua pessoa.

Mas o culto mudou. Temos culto do Eliezer. Vejamos só que nome de culto! Acredito que seja um culto específico para arranjar namorado/companheiro. Quando é que um culto se presta a isso? Paralelamente temos o culto da Terapia do Amor onde os descasados estão à cata de um companheiro/a. Nada mais mundano que isso!




O que dizer dos cultos para empresários bem sucedidos e outros falidos juntamente com os desempregados à procura de empregos? Deem outro nome a isso menos culto. Isso causa náuseas em qualquer bom cidadão.

Ao entrarmos em nossas igrejas deveríamos lembrar a máxima de João Batista: “Importa que Ele cresça e que eu diminua”. Deveríamos lembrar o que o Senhor disse a Moisés: “Descalce os pés porque a terra é santa”.

Não gostaria de falar, mas me sinto constrangido a isso. E os famigerados cultos de libertação? O próprio nome do culto é uma contradição. Libertação para quem já foi liberto? Libertar o cristão se Cristo já realizou tudo no Calvário? O que tais pessoas entendem sobre as palavras de Cristo na cruz; Tudo está consumado

Culto deveria ser expressão de nossa liberdade conquistada na cruz e nunca para buscarmos libertaçãoCulto deveria ser nossa celebração pela vitória alcançada na cruz e isso pela misteriosa, grandiosa e maravilhosa Graça de Deus.

Precisamos de uma vez por todas fazer coro com os reformadores SOLI DEO GLORIA.

Soli Deo Gloria.

Pr. Luiz Fernando R. de Souza

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OS MINISTROS QUE FAZEM DA OBRA DE DEUS FONTE DE LUCRO


“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;  e se  recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2ª Tm 4.3-4).

O apóstolo Paulo admoesta seu filho na fé que haverá um tempo “que não suportarão a sã doutrina”, ou seja, uma ação deliberada que se tronará inevitável  na medida em que as pessoas se deixarão atrair pela doutrinas falsas.

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.28-30).

O apóstolo Paulo profetizou que se levantariam homens divisores, que, pervertendo a doutrina atrairiam discípulos para si mesmo, falando coisas perversas.

Em nome da fé evangélica algumas denominações estão extrapolando no zelo por arrecadar numerário para a manutenção da Casa do Senhor. Ora, o compromisso de ajuda pecuniária do crente se restringe única e exclusivamente em ofertar segundo o Novo Testamento. O apóstolo Paulo escreve a igreja de coríntios dizendo: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2ª Co 9.7). Se examinados os motivos, são indispensáveis ao atendimento da igreja.

Tem havido uma interpretação perversa de algumas passagens bíblica. Os dízimos passaram a ser um meio de salvação, e não há limites na fixação das ofertas. É preciso que os desavisados entendam que não podemos comprar as bênçãos de Deus; que não asseguramos a salvação com as obras de nossas mãos; que devemos buscar "primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33).

Em segundo lugar devemos garantir a nossa salvação mediante sincero arrependimento, confissão dos pecados, mudança de vida, aceitação de Jesus como Senhor e Salvador. Na qualidade de salvos, de crentes em Jesus, então cumpriremos seus mandamentos, inclusive o de dizimar, e, nessas condições, faremos jus a todas as bênçãos e promessas catalogadas na Bíblia.

A Bíblia diz que: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é dom de Deus - NÃO PELAS OBRAS, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8). O dízimo e as ofertas alçadas não salvam, mas os salvos são dizimistas e ofertam com alegria. Somos salvos PARA as boas obras; não somos salvos pelas boas obras.

Não podemos colocar a fé no dízimo, na campanha da qual participamos, nem na denominação em que congregamos. A fé salvífica é a fé no Senhor Jesus, na Sua morte e ressurreição (Jo 3.18; Rm 10.9; Ef 2.8). Nenhuma religião ou denominação seja católica, seja evangélica, é caminho de salvação. O caminho é Jesus (Jo 14.6).

A grande maioria dos que buscam essas denominações que anunciam um evangelho deturpado e viciado são almas frágeis, enfraquecidas pelos embates da vida, e ali vão dispostas a fazer o sacrifício que for sugerido ou determinado. Não têm o conhecimento bíblico para refutar as heresias. Assim, acreditam que se venderem todos os seus bens e entregarem todo o dinheiro "aos pés de Jesus" terão resposta imediata de Deus. A teoria do tudo ou nada é antibíblica e, portanto, herética.

Certas denominações têm ensinado que riqueza é um sinal do favor de Deus, e pobreza um sinal da falta de fé. Esta teologia é antibíblica e herética. Aqui e acolá tomamos conhecimento de casos de pessoas desesperadas porque depositaram seus bens no cofre da denominação, e agora não possuem nada; que tentaram "comprar" felicidade e bênçãos divinas, e agora ficaram a ver navios; e, o mais terrível, perderam completamente a fé.

Só os pobres serão abençoados, e os ricos irão para o inferno? Não. Há ricos que não colocam o coração nas riquezas, e são salvos; há pobres que anseiam por serem ricos e não são abençoados. Vejam: "Os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1ª Tm 6.9-10).

Os exemplos a seguir, pelo inusitado e extravagância teológica, sem paralelo na história recente da Igreja, denotam uma situação de ambição desenfreada, de loucura inteligente, de ânsia incontida, só comparável aos tempos da diabólica Inquisição e da venda de indulgências.

Eles sabem os promotores do mercantilismo religioso, que o povo brasileiro traz consigo a herança maldita da idolatria, exemplo das imagens dos santos falecidos, como algo tangível, visível, capaz de "auxiliar" na comunhão com Deus. Sabedores disto procuram preencher a lacuna substituindo os ícones por outras coisas, seja uma rosa, uma fitinha, um cajado, um manto, uma vassoura etc. É realmente uma jogada inteligente. É imperioso que o povo de Deus saiba que COISAS não transformam vidas, não trazem bênçãos, não afastam as maldições, não purificam os lares. A finalidade da Igreja não é arrecadar dinheiro, e o principal compromisso dos crentes não é contribuir com somas cada vez maiores. Vejamos quais são essas coisas.

Há casos em essas inovações desvirtuam o ensino da Palavra de Deus, voltando às fábulas, exatamente como previsto por Paulo, em sua célebre advertência a Timóteo (2ª Tm 4.3-4).

Técnicas de persuasão e marketing não raro produziram efeitos grandiosos aos olhos humanos, por atraírem as massas. Púlpitos se transformaram em palcos ou palanques nessas igrejas-empresa, igrejas-partido, igrejas-teatro, igrejas-projeto, igreja-comunidade, que brotam do nada e cresceram espetaculosamente, sendo esta explosão de crescimento entendida como aprovação divina aos novos métodos. Os membros são clientes e, como tais devem sempre estar satisfeito com os produtos cada dia oferecido. O culto perdeu a solenidade e resume-se a sessões de exorcismo, falsos milagres e louvor de tolos. Para manter o interesse da clientela, é preciso muita criatividade, mas pouca ou nenhuma doutrina. O “novo evangelho” é agradável e, porque não dizer, light, ou de fácil digestão. Nele não há santificação, novo nascimento e transformação espiritual. Exortar, ensinar, repreender e disciplinar são verbos desconhecidos, pois afastam a clientela. Enfim, pecado é proibido.

            Vejas algumas inovações que os falsos ministros engrenaram no “Novo Evangelho”.

VASSOURA CONSAGRADA - Durante a campanha os fiéis adquirem por bom preço uma vassoura que, depois de ungida, servirá para varrer toda contaminação da casa. Os comerciantes das localidades onde a campanha da vassoura é lançada lucram muito. Ora, a Bíblia diz claramente que o diabo foge de nós se estivermos sujeitos a Deus (Tiago 4:7). Se não abrirem os olhos espirituais esses fiéis irão pro inferno com vassoura e tudo.

SABONETE DO DESCARREGO - Tomando-se sete banhos com determinado sabonete, adquirido por bom preço, todos os males fogem. Além de Tg 4.7, temos Jo 8.32, 36: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará; porque se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". Somente Jesus pode libertar o homem jamais um sabonete tem esse poder. O sabonete só limpará a sujeira do corpo. A sujeira da alma só sairá se deixar o pecado e crer em Jesus como filho de Deus.

ÓLEO DE ISRAEL - O ensino de que o óleo de Israel ou de Jericó é ungido não encontra amparo na Palavra de Deus. Esse óleo, vendido a bom preço nas campanhas, não é em nada superior a qualquer óleo comprado em qualquer mercearia. O óleo não cura; é apenas um complemento. Veja o que a Bíblia diz: "Está alguém entre vós doente? Chame os Presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tg 5.14-15). Note que Tiago diz que a oração da fé salvar o doente e não o óleo. As dificuldades e os custos de frete para trazer um tonel de óleo de tão longe colocam dúvida sobre sua real origem.

GOTAS DO SANGUE DE JESUS - Esta é uma das maiores blasfêmias: a venda de doze gotinhas "vermelhinhas e milagrosas", em cartelas. É o máximo de heresia e falta de temor a Deus. O nome e o sangue de Jesus não devem ser vulgarizados. Ademais, trata-se de uma mentira, e mentira é do diabo, o pai da mentira.

PEDRA DE ISRAEL - Leilão de pedra de Israel. Um absurdo. Muitos crentes pensam que tudo que vem de Israel é santo e purificador. O que nos purifica e santifica é Jesus em nós; é a justificação que recebemos no momento em que O aceitamos como Senhor e Salvador pessoal. Se forem muitas pedras, só servirão para algum serviço de construção, e nada mais.

PAGODE GOSPEL - Pistas de dança destinadas aos imitadores de Cristo. Dançar coladinho ou não coladinho é uma prática incompatível com a vida cristã. Não quis acreditar quando me contaram que há casos em que, após a cerimônia religiosa, afastam-se as cadeiras e a turma cai no embalo, com bebida alcoólica e tudo mais. Jesus faria isso? Jesus convidaria seus discípulos para um forrozinho, após um dia de trabalho? Jesus se agradaria se, ao entrar numa sinagoga, encontrasse um bacanal desse?

QUEIMAR PECADOS E PROBLEMAS - Consiste em cada um escrever seus problemas num papel para serem queimados no púlpito. Com isso, entendem que estão livres de suas aflições, dificuldades e pecados. Mentira do diabo. É preciso arrepender-se, confessar os pecados, e deixá-los (Pv 28.13; At 2.38; Rm 10.9).

O MANTO DE JESUS - O manto foi ungido, então todos deverão tocar no manto de Jesus - antes dando sua oferta, assim como fez a mulher com fluxo de sangue. Mentira do diabo. O manto não é de Jesus, e a graça não virá pelo simples toque num pedaço de tecido comprado na loja da esquina. A graça vem pela comunhão com Deus, pela fé na redenção que há em Jesus Cristo, que morreu para que tivéssemos vida abundante (Jo 3.16; 10.10).

SAL GROSSO - Sal grosso afasta demônios. Então compre sal grosso. Mentira do diabo. O que expulsa demônios é o poderoso nome de Jesus (Mr 16.17) e uma vida de sujeição a Deus (Tg 4.7). O que se depreende desses atos indecorosos, é que os fiéis dessas seitas são consumidores cativos em potencial que consomem qualquer coisa, até capim queimado: "Mas os homens maus irão de mal a pior, enganando e sendo enganados" (2ª Tm 3.13). O sal grosso não serve nem como condimento na culinária doméstica.

CAJADO DE MOISÉS - A bênção estaria num pedaço de madeira, chamado "cajado de Moisés". Mentira do diabo. O pedaço de madeira foi adquirido no carpinteiro da esquina, não é e não representa o cajado de Moisés. E ainda que fosse, tal objeto nenhuma bênção poderia trazer ao povo de Deus. O crente já é abençoado porque nele mora o Espírito Santo. Coisas não produzem favores divinos. Já somos herdeiros das bênçãos celestiais: "Se somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo" (Rm 8.17).

A Bíblia dá a receita para ficarmos livres das investidas do diabo e de seus demônios: "Sujeitai-vos, pois, a Deus. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós. Lavai as mãos, pecadores, e vós de duplo ânimo, purificai os corações" (Tg 4.7-8). Para uma pessoa livrar-se do mal basta aproximar-se de Deus com fé e obediência, arrepender-se e afastar-se do pecado. A Bíblia diz: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2º Cr 7.14). Não é preciso enxotar o diabo. Ele fugirá diante de um crente fiel. Dispensáveis, pois, vassoura santa, sabonete ungido, sal grosso, óleo de Jericó e tantas outras inutilidades.

Não sei por qual razão os mercadores ainda não lançaram no mercado da fé produtos de há muito conhecidos, tais como vela de sete dias, rosário, imagens e chifre de boi. E por que não uma pirâmide ungida, uma cabeça de bode, um tridente para ferrar o diabo? Ou uma corda para amarrar os demônios? Por que não santificar e ungir todos os símbolos do Movimento Nova Era e do ocultismo, e vendê-los? Poder-se-ia alegar que o sagrado estava tomando o lugar do profano. Que tal a ideia da imagem ungida do Senhor Jesus na Glória? Pois o seu sangue e o seu manto já não estão nas prateleiras? Há realmente campo para diversificação nessa área: o perfume de Madalena, já cantado em hinos, poderia ser ungido para ser usado no dia-a-dia; os cabelos que enxugaram os pés de Jesus; o jumentinho ungido, que carregou Jesus; pedaços da cruz de Cristo; pequenas gotas do mar vermelho, por onde o povo passou; a capa milagrosa de Elias; fios da barba de Arão. Prossigamos:

TUDO OU NADA - Esse é o último sacrifício para quem está no fundo do poço; para quem participou de muitas campanhas e nada conseguiu. É o tiro de misericórdia. As entrevistas televisivas não contemplam os casos de desespero; apresentam os que obtiveram sucesso. Realmente Deus opera por Sua infinita misericórdia, mas não pelo uso de objetos ou entrega de dinheiro. Se você continuar assim, meu amigo, minha amiga; se você continuar confiando em objetos, em coisas, você perderá tudo, ficará sem nada, e colocará em risco sua salvação.

Em uma certa cidade um fiel de uma seita doou o seu único carro que era de seu trabalho, em uma campanha do tudo ou nada, esperando receber de Deus um novo carro. Após um ano de labuta ao trabalho e esperança de ganhar o novo carro, dirigiu-se ao seu ministro e perguntou: porque não tenho sido abençoado, pois tenho sido fiel a Deus em tudo; doei o meu único carro e estou trabalhando a pé mais de um ano e não tenho recebido de Deus o que me prometeram; a resposta foi: tu não tem fé suficiente”. E assim tem acontecido com centenas de pessoas que estão sendo enganadas pelos lobos devoradores. 

ASSOCIADOS - Aquele que se tornar sócio, e contribuir mensalmente com certa quantia será ricamente abençoado. E já começam a surgiu "entrevistas" de sócios que receberam bênçãos. Os que não aceitam o papel de inscrição de contribuinte ficam numa situação de constrangimento diante da "real" possibilidade de perder a bênção. Isso é mentira do diabo. Na Igreja do Senhor Jesus temos crentes, irmãos, irmãos de Jesus, santos, salvos, justos, filhos de Deus; não temos associados. Igreja não é clube social. Contribua ou não, o crente é um filho de Deus, uma pessoa bem-aventurada e herdeiro das promessas. As bênçãos recebidas são por sua condição de crente, e não pela qualidade de associado de um ministério.

ROSA DE SAROM - Rosa ungida, adquirida em campanha por bom preço, destinada a ungir a casa e afastar os males. Nada a ver com o evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nada a ver com a igreja primitiva dos apóstolos. Essas rosas tiradas do jardim mais próximo ou compradas no floricultor nada têm a ver com a declaração da donzela sulamita, em Cantares 2.1: "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales". O nome é sugestivo e a rosa é bela, mas para nada serve. É meio de ganhar dinheiro fácil.

PALMILHA SANTA - Se o irmão calçar a palmilha, comprada em campanha por bom preço, conseguirá tudo o que desejar; se entrar num carro novo, numa concessionária, certamente irá ganhar o carro. Heresia e mentira do diabo. Vê-se em toda essa loucura inteligente uma forma criativa de aumentar a renda. Nenhuma dessas invenções resiste a um confronto com a Palavra de Deus. A Bíblia diz: "Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra, e vive tranqüilo”; deleita-te no Senhor e ele te concederá os desejos do teu coração"; "entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará" (Sl 37.3-5).


ROSÁRIO - O rosário de tal marca é ricamente ungido e beneficia quem o usa. Heresia pura. Rosário de fábrica nenhuma serve pra coisa alguma. Jesus ensinou de forma clara como devemos orar: "Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos" (Mt 6.6-7). Nenhum objeto pode ser veículo da graça de Deus. Jesus ensinou a orar ao Pai, e a adorá-lo em espírito e em verdade (Jo 4.23) Ouçam: "não useis de vãs repetições", são palavras de Jesus.

Pr. Elias Ribas
pr.eliasribas2013@gmail.com