TEOLOGIA EM FOCO

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A PESSOA DE JESUS CRISTO


Toda a Escritura aponta para a pessoa de Jesus Cristo, Ele é a semente da mulher do qual o Criador se referiu, logo após a queda do homem como já estudada, ou seja, essa será a provisão criada por Eloim para a salvação do homem.

1.      A semente da mulher.
“E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).

A declaração do Éden nos deixa uma certeza, o Criador disse que ele é a semente da mulher, mas o que seria a palavra semente aos olhos do Deus Vivo? Jesus mesmo responde, veja:

“Este é o sentido da parábola: A semente é a palavra de Deus” (Lc 8.11). Portanto quem é Jesus? Acho que ficou claro demais, JESUS é mais do que tudo que possamos falar dele, embora muitos digam, que Ele é o filho do carpinteiro, o profeta, ou o filho de Maria e José, nada disso descreve com exatidão a pessoa de Jesus, pois tudo isso seria apenas suas múltiplas características, suas facetas, pois na verdade Ele é o que João falou em sua epístola:

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida (pois a vida foi manifestada, e nós a temos visto, e dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a nós foi manifestada)” (1ª Jo 1.1-2).

O próprio mestre tentou nos dizer quem era, Jo 5.39, todavia, Ele no Velho Testamento se apresentou como apenas palavra (escrita), ou através de múltiplas sombras ou seja tipologias, Hb 1.1-3, mas Ele nasceu de mulher, Ele é a semente, e a semente é a palavra (escrita, vontade revelada) e foi essa semente que fecundou o óvulo de Maria, vejamos ainda outra narrativa.

2.      Jesus é a Palavra de Deus.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.1,2,14).

Podemos entender por esta passagem que Jesus é Deus, pois Jesus é a expressão do Pai, é a palavra que emana da boca do Pai. Podemos confirmar isto por textos no Velho Testamento, como em Gênesis, onde no ato da Criação toda palavra que Deus dizia era o próprio Jesus que é o Verbo, “Disse Deus” Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26,29, e isto é confirmado pelo apóstolo Paulo em Colossenses:

3.      Jesus é a imagem do Deus invisível.
“Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.15-16).

É também a palavra que vinha aos profetas: “Veio a mim a palavra do Senhor”, esta palavra que vinha aos profetas era o próprio Jesus pré-encarnado, anunciado por ministério de anjos, Atos 7.53, antes de se fazer homem e habitar entre nós.

Por isso podemos afirmar que Deus na pessoa de Jesus se fez homem, para redimir o mundo de seus pecados. Jesus se tornou verdadeiro homem, para que pudesse ser substituto do homem diante de Deus e assim pudesse morrer tirando os pecados da humanidade. Em outras palavras, Ele fez tudo, nos demonstrou como devíamos andar (Ele a lei escrita, revelada), vendo que não conseguíamos cumprir sua justiça divina, se fez como um de nós (a graça a lei viva real) e cumpriu toda a sua própria exigência nos justificando e como ainda fosse muito pouco morreu pelos nossos pecados, pois eram os tais que nos separavam Dele mesmo, tremendo e espantoso.


Todos os profetas do Antigo Testamento profetizaram sobre a vinda do Messias (O enviado, salvador), dando alguns detalhes da sua vida e do seu ministério. Hb 1.1 7 Deus na pessoa de Jesus Cristo cumpriu as promessas feitas, inclusive a de Gn 3.15, aí estava a semente da mulher, o descendente de Abraão (Gl 3.15,16) e o herdeiro do trono de Davi como falamos anteriormente (Mt 1.1) Jesus Cristo nasceu numa cidade chamada Belém “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”(Mq 5.2) e foi concebido milagrosamente, pois sua mãe Maria, sem que antes tivesse coabitado achou-se grávida pelo Espírito Santo “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome EMANUEL”(Is 7.14); portanto Jesus nasceu sem herdar a natureza pecaminosa. Tudo isso para que se cumpri a Escritura que é Ele próprio. Isso tudo é a obra do Criador, 1º o plano escrito (legal) depois no 2º ato o plano executado (posicional). Começou o seu ministério com 30 anos, com o fim de novamente restabelecer a comunhão entre Deus e o homem que se perdeu no Éden. No começo do seu ministério escolheu para si doze discípulos que foram comissionados para iniciarem a pregação do evangelho, fato que ocorreu quando Jesus foi elevado ao céu, todavia a respeito dos doze apóstolos já se havia pré-anunciado através das sombras das doze tribos de Israel. Ele viveu uma vida pura e santa entre seu povo Israel. Mas esse seu povo o acusava e toda a hora o tentava matar “E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem” Mt 12.14, pois não concordavam com suas palavras, principalmente pelo fato d’Ele se dizer o filho de Deus. Jo 10.22-39 Esse povo o acusando falsamente, o entregou aos romanos, que dominavam o povo de Israel naquela época, e pediram sua morte na cruz. Só que mal sabiam eles que estavam fazendo a vontade do Criador, que sabia que a morte de seu filho naquela cruz e sua ressurreição representava a vitória sobre o pecado. Isaías 53 Por isso no próximo assunto estudaremos mais detalhadamente porque que Jesus teve que morrer na cruz e o que isto representa para nós hoje. PLANO CUMPRIDO NA CRUZ POR JESUS Como anteriormente foi dito, na cruz do Calvário se deu a grande vitória de Deus sobre o pecado e o diabo. Por isso que o apóstolo Paulo em sua epístola aos coríntios enfatiza a pregação com base na cruz de Cristo (1ª Co 1.18-25).

Pr. Elias Ribas 

domingo, 9 de outubro de 2016

A GRAÇA



A questão suprema é o que a Palavra de Deus ensina sobre este assunto. A validez de uma doutrina depende totalmente de que a Bíblia ensina. A nossa única regra de fé e prática são as Escrituras somente e sempre. Para determinar o que é a verdade, e o que não é a verdade, a opinião humana, nem a filosofia humana, nem a sabedoria humana pode entrar nos nossos pensamentos. A única fonte infalível que Deus nos deu para saber a verdade é a Sua Palavra. Então, vamos ver o que Deus diz na Sua Palavra sobre a graça de Deus na salvação.

I.       DEFINIÇÃO DO TERMO

A doutrina da graça é extremamente importante no que tange o tema da segurança do crente. Infelizmente, a palavra graça (charis) não é um termo concisamente definido nas escrituras, como gostaríamos que fosse. Por essa razão, alguns se equivocaram quanto ao seu significado.

A graça de Deus é um dos temas dominantes em toda a Bíblia; aparece mais de cem vezes no Antigo Testamento e mais de 200 vezes no Novo Testamento. Além disso, ocorrem dezenas de vezes mediante palavras sinônimos, como o amor divino, Sua misericórdia e bondade.

A graça hessed, no hebraico; “Charis no grego; gratia”, no latim, tem um sentido de ser “favor imerecido”, “cuidado ou ajuda graciosa”, “benevolência”, concedido por Deus à humanidade. Esta envolve outros assuntos tais como: o Perdão; a Salvação; a Regeneração; o Arrependimento; e o Amor de Deus. É traduzida centenas de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade, longanimidade”, etc. Portanto a graça é um favor desmerecido da parte de um superior a um inferior, ou seja é a benevolência de Deus em favo do homem.

Imerecido, porque, na verdade, por causa do pecado o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador. Diz a Bíblia que “...o salário do pecado é a morte...” (Rm 6.23). Deus, contudo, sem qualquer mérito humano, mas unicamente, pela sua graça, quis prover um meio de salva-lo. E proveu.

Graça é um favor imerecido ou algo concedido livremente por DEUS, estendido livremente a pecadores indignos de recebê-lo, ou seja, para aquela pessoa que não merece. A graça é oferecida a todos nós por meio de Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. Podemos dizer que graça é o amor de DEUS agindo em nosso favor, dando-nos livremente o seu perdão, a sua aceitação e o seu favor (imerecido) e sua misericórdia. A graça é motivada unicamente pelo amor e misericórdia de DEUS para conosco, e não por causa de dignidade ou merecimento de nossa parte”.

A graça pode ser definida como sendo o perdão imerecido que recebemos mediante o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário. Porém, muitas vezes significa mais do que isto. Pode ser definida como sabendo o desejo e o poder de fazermos a vontade de Deus. Somente através desta graça que nos é dada é que podemos cumprir a vontade de Deus (1ª Co 15.10).

O mais conhecido dos atributos de Deus e um dos mais amados da Igreja, porque não se trata do seu favor pessoal dispensado ao homem, é, sem dúvida a graça de Deus.

A graça é a resposta divina a toda deficiência humana e resulta em benefícios para todos nós. Esses benefícios são expressos através de salvação, misericórdia, benevolência, livramento, paz e alegria.
A graça é o amor de Deus em ação, trazendo-nos bênçãos em vez de castigo pelos nossos pecados. A graça divina opera amor e a misericórdia, justificando o homem diante de Deus. Portanto, devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.14).

A graça de Deus envolve dois aspectos. Um aspecto é o favor imerecido de Deus, por Ele expresso a todos os pecadores. O outro aspecto se descreve melhor como um poder ou força ativa de Deus que refreia o pecado; atrai os homens a Deus e regenera os crentes. Nestes segundo aspecto, a graça de Deus opera juntamente com o Espírito Santo, criando uma força ativa para a obra da salvação efetuada no mundo.

II.    GRAÇA É ETERNA

“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2ª Tm 1.9).

A graça de Deus se originou na Eternidade, antes da criação do mundo (Ef 1.4). Eternidade é o tempo Kairós, o tempo de Deus. É um tempo sem dimensão onde Deus habita. A graça se originou ali, além do controle humano.

III.  A GRAÇA NAS DISPENSAÇÕES

Dispensação é o período de tempo, no qual Deus se revela de modo distinto e particular ao ser humano. As diversas dispensações devem ser vistas, pois, como os sucessivos esparzimentos da luz da graça que o Senhor vem derramamento sobre a raça humana. A graça sempre esteve presente em todas as etapas de nossa história. Se Adão foi salvo na dispensação da consciência, o foi pela graça. Se Moisés e Arão foram salvos na dispensação da Lei, o foram de igual modo pela graça de Deus. Sem a graça, ninguém haveria de ser salvo. As dispensações, por conseguinte, têm de ser vistas como etapas da revelação de Deus, e não como modos distintos do homem se salvar. Pois, só há um caminho de nos salvarmos: aceitar integralmente a graça que nos oferece o Senhor. Em todas as dispensações, a graça sempre foi abundantemente dispensada. [As sete dispensações. Delavcir Batos].

IV.  A EXTENSÃO DA GRAÇA

A Graça de Deus não tem limites, é inesgotável, é abundante. Por isto ela envolve todo o mundo, é suficiente para predispor toda a humanidade a tornar-se merecedora da Redenção Divina, oferecendo-lhe a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23.) E, ainda, porque ele é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1ª Pd 5.10, ele “...quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1ª Tm 2.4). Nesse sentido, e para que isto pudesse acontecer foi que “...a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11).


V.    A GRAÇA COMUM OU UNIVERSAL

Deus não é apenas o Criador da Terra, do homem, e de tudo que nela há, mas, pela sua Graça Comum, ou Universal, ele é também, o Sustentador de todas as coisas, incluindo a existência do homem, conforme afirmou Paulo, em Atenas: “Porque n’Ele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (At 17.28). Sem a Graça comum, ou Universal, que é um favor imerecido que ele quis e continua concedendo ao homem, não haveria vida sobre a terra. Deus, através de sua Graça Comum, abençoa todos os homens, crentes, incrédulos, ou ímpios. Foi o que o Senhor Jesus deixou claro, quando afirmou: “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45). Assim quer o homem saiba disto, ou não; quer reconheça, ou não a misericórdia de Deus; quer seja grato, ou não, na verdade a sua vida está nas mãos de Deus e é sustentado pela sua Graça. É ele, Deus, que controla o dia e a noite, que administra as estações do ano, que mantém a regularidade dos movimentos de rotação e translação da terra, que mantém o equilíbrio da cadeia alimentícia, que regula o sistema de defesa do corpo humano, entre tanto outros benefícios concedidos pela sua Graça Comum, ou Universal. Por isto, nós que conhecemos a Palavra de Deus, dizemos que: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” 
(Lm 3.22).


VI.  A GRAÇA ESPECIAL

Ao contrário da Graça Comum que é extensiva e alcança, automaticamente, todos os homens, embora suficiente e esteja à disposição de todos, sua concessão não é automática, ela depende da aceitação do homem. Esta Graça Especial representa a provisão de Deus para a salvação do homem. Esta provisão foi realizada através do Sacrifício Expiatório de Jesus, na Cruz do Calvário, de onde “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Esta Graça Especial, no que dependia de Deus, foi extensiva a todos os homens, conforme ensinou Paulo, dizendo que Deus “...quer que todos os homens se salvem...” (1ª Tm 2.4), porém, recebê-la, depende da aceitação do homem, conforme afirmou Jesus: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). Assim, receber a salvação, pela fé, é uma decisão do homem, pois “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).

“Em Isaías 55.1-3 lemos uma bela apresentação da graça: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi” (Is 55.1-3 - RA).

A expressão traduzida para “fiéis misericórdia” em português é, em hebraico, graça. Assim, a, a possibilidade de bebermos de graça das águas é decorrência da “graça prometida a Davi”.

Por meio desses versículos, podemos dizer que a graça é recebida gratuitamente, assim como a água que bebermos.

João testificou sobre o sangue e água não somente em seu evangelho como também em sua primeira epístola. No evangelho, ele apenas relatou o que viu, mas em sua carta, ele aplicou o fato. Ele da ênfase ao fato de que a água, o sangue e o Espírito são unânimes em testemunhar com respeito ao Filho de Deus. A redenção por meio do sangue e o infundir da vida eterna por meio da água são testificados, ratificados e aplicados a nós por meio do Espírito. Desse modo, é nos possível crer em Cristo e, assim recebermos a graça.

Em 1ª João 5.6-11, a palavra testemunho aparece várias vezes. O versículos 11 destaca: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho”.

No Filho de Deus está a vida eterna; quando O recebemos pela fé, recebemos a vida eterna e a graça, a qual é o cumprimento da aliança feita com Davi (Is 55.1) e é nos dada gratuitamente” (LAN, p.19-21).

VII.         AGRAÇA SALVADORA

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8).
A graça e a misericórdia tem duas distinções importantes. Primeiro, a misericórdia é universal, a graça salvadora é particular. A misericórdia se baseia no mandamento universal de Deus para que se arrependamos (At 17.30). Mediante a este mandamento conclui-se que o pecador arrependido será perdoado. Existe uma oferta divina de misericórdia a toda a humanidade. Por esta razão, Deus nunca pode ser acusado de injusto por que alguns alcançaram a graça especial. Deus nunca rejeita um pecador arrependido.

Porém a graça, nunca foi oferecida a todo mundo. A graça não é uma oferta, mas um presente de DEUS que recebemos sem o nosso merecimento.

Se atentarmos bem para o texto, poderemos ver que a primeira declaração é que somos salvos pela graça de Deus, e este dom não vem de nós. Isto coloca de imediato a verdade, que o ato de salvar a humanidade procede de Deus. A salvação, portanto é uma dádiva de Deus para o homem. Não podemos pagar por ela. Nunca merecemos a graça de Deus e não há nada que possamos fazer para retribuir o favor de Deus.

“É difícil descrever resumidamente um assunto tão amplo e maravilhoso como este, mas um ponto que bem completamente a ideia da benção de Deus para nossas vidas é o fato mencionado por Paulo de que Cristo, além de pagar nossas dívidas (pecados), “cravou –as na cruz” (Cl 2.14). Esse fato retrata um costume entre os orientais.

Ao ser paga a dívida, o ex-devedor afixava junto à sua porta o documento de quitação, uma espécie de recibo, onde estava descritas cada uma das dívidas. Esse ato tinha por objetivo mostrar para todos que a dívida havia sido resgatada totalmente. Paulo refere-se a esse costume ao falar da conta dos nossos delitos diante de Deus, a qual ninguém poderá pagar, e que nos condenava. Porém, Jesus quitou essa dívida na cruz, e agora quem vem a Ele aceitando-o.mo Salvador e Senhor de sua vida tem os pecados perdoados.

O Espírito Santo nos revela, por meio do apostolo São Pedro, uma característica peculiar de Deus, quando o chama de “Deus de toda a graça” (1ª Pe 5.10). Essa expressão significa a profundidade da graça divina. No dizer do autor do hino 205 da Harpa Cristã, é “mais alta nuvens celestes, mais funda que o profundo mar”. É somente esta “toda a graça” que é capaz de anular os tristes efeitos do pecado.

Qual o alvo da graça de Deus? Não podia ser outro, senão o de salvar o homem (Ef 2.8-9; Tt 2.11-13). Um homem sem Deus é considerado na Bíblia como morto. É isso que está escrito em Efésios 2.5 diz: “Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos”. Ora, um defunto nada pode fazer por si mesmo, nem para ressuscitar, nem para renascer fisicamente, nem ainda espiritualmente. É então aí que atua a graça. Tudo é realizado pela bondade de Deus para que o homem não tenha nenhum mérito nisso. Isso fica bem claro no texto de Efésios 2.8-9: ‘Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras (ação humana), para que ninguém se glorie.

VIII.      A GRAÇA É IMERECIDA

A graça de Deus não está associada aos nossos méritos, mas diametralmente oposto, conforme Paulo esclarece em Romanos 11.6: “E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.

Igualmente, a graça não depende da obediência da lei: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl 2.21).

“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl 5.4).

“A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito! Amém” (Gl 6.18).

Pr. Elias Ribas

A CONTESTAÇÃO DA DOUTRINA DA GRAÇA



Havia duas correntes antibíblicas no período apostólico que procuravam contestar a doutrina da Graça: o legalismo e o antinomismo.

I.       LEGALISMO

Certamente os Judeus não entenderam o propósito de Deus ao dar a Lei, lá no Sinai. Nós sabemos que Deus nunca teve como objetivo salvar o homem através da Lei. Paulo entendeu isto quando afirmou:

“...porque, se dada fosse uma lei que, pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei...” (Gl 3.21-23).

Para Deus a Lei não era um fim, ma, apenas, um meio. Ela seria o instrumento de Deus para revelar Sua “Graça Salvadora”. Mas, os Judeus legalistas não entenderam a verdade de Deus e queriam alcançar a Salvação pelas obras da Lei. Paulo, porém, foi enfático quando afirmou que a Salvação não é pelas obras, mas pela Graça (Ef 2.8-9).

A lei opõe-se à graça, não no sentido da origem, porque ambas provêm de Deus, mas, sim, no sentido do efeito, das conseqüências produzidas: a lei faz abundar o pecado, enquanto que a graça liberta do pecado e o eliminará por completo quando da glorificação do homem. Por isso, quem quiser viver segundo a lei, ou seja, quem quiser construir uma vida sobre aparências exteriores, sobre adesão ou conformidade exterior a mandamentos e regras, fatalmente trará sobre si maldição e condenação, porque tão só angariará condenação e morte, mas, quem reconhecer seu imerecimento e clamar pela misericórdia divina, este, sim, será alcançado pela graça, que tem o poder de libertá-lo do pecado.

Dentro de um sistema legalista, as pessoas entendem que, ao cumprirem exteriormente o que mandam as regras, há plena satisfação dos requisitos necessários para a sua justificação, ou seja, crê-se que o homem é capaz de, por si só, alcançar merecimento para ser salvo. Entretanto, mostra-nos o apóstolo, esta atitude não leva a situação alguma a não ser a um aumento do pecado. De nada adianta cumprir exteriormente os preceitos da lei se, no interior, o homem continua a desobedecer a Deus e a se rebelar contra o Senhor. Aliás, a imagem do legalista foi-nos dada pelo Senhor Jesus que, ao se referir aos maiores legalistas do Seu tempo, os fariseus, disse que eles eram “sepulcros caiados”, que “…por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt.23.28b).

Obedecer a regulamentos, leis e tradições do cristianismo não é suficiente para sermos salvos. Mesmo que pudéssemos manter puros os nossos atos, estaríamos condenados, porque nosso coração e nossa mente são perversos e rebeldes. Como Paulo, não poderemos encontrar alívio na sinagoga ou na igreja se não procurarmos o próprio Senhor Jesus Cristo para obter a salvação que Ele nos concede gratuitamente. Quando realmente o buscamos, somos inundados de alívio e gratidão.

O sistema religioso judaico não foi capaz de justificar o homem perante Deus, é o que Paulo diz aos romanos: “Nenhuma carne será justificada diante de Deus pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20).

Paulo ensina que as obras da lei em si mesmas jamais puderam, nem podem, nem poderão justificar e salvar o homem. O homem tem sido sempre salvo pela graça de Deus, por meio da fé (Ef 2:8-9). Nunca houve, nem há, nem haverá outro modo de ser salvo. Este é um princípio fixo do qual Hebreus 11 testemunha repetidas vezes: “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb 10.4).

II.    ANTINOMISMO

O termo significa “contrário a lei”. Os antinomianos acreditavam que podiam viver no pecado e, ainda assim, estarem livres da condenação eterna (Rm 6.1-7; 3.7; 4.1-25). Paulo refuta esta distorção antinomiana da doutrina da graça, pondo em relevo uma verdade fundamental: o verdadeiro crente demonstra estar ‘em Cristo’ por estar morto para o pecado. Ele foi transportado da esfera do pecado para a esfera da vida — com Cristo (vv. 2-12). Uma vez que o crente genuíno separou-se definitivamente do pecado, não continuará a viver nele. Inversamente, quem vive no pecado não é crente genuíno (cf. 1ª Jo 3.4-10). Em todo este capítulo, Paulo enfatiza que não se pode ser servo do pecado e servo de Cristo a um só tempo (vv. 11-13, 16-18). Se um crente torna-se servo do pecado, o resultado será a condenação e a morte eternas.


Com a manifestação da graça de Deus, conseguimos nos libertar do pecado. O pecado dominava sobre o homem, mas Cristo veio e nos libertou do domínio do pecado. Quando cremos em Cristo, somos libertos do pecado, pois o pecado é, sobretudo, incredulidade (Jo 16.9), pois é a incredulidade que nos impede de chegar à Terra Prometida (Hb 3.19). Liberdade, porém, não se confunde com libertinagem e reside aqui um dos grandes erros patrocinados pelo inimigo de nossas almas e que levam o homem à escravidão do pecado, que é mantida quando se adota um comportamento como o “antinomismo”.

Pr. Elias Ribas

A GRAÇA É UM DOM DE DEUS



“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9).

“Esse versículo destrói o conceito errôneo de graça, qual seja, que ela é uma espécie de pagamento ou reconhecimento de Deus para nossos méritos. Se fomos bons, se agimos corretamente, se formos “espirituais” e “religiosos”, então Deus, em contrapartida, dá nos a graça. No entanto a Bíblia mostra que se a graça depende do quanto amamos ao Senhor ou de nossas boas obras, ela já não seria graça. “E, se é por graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6)” (LAN, p. 22).

“A idéia básica da palavra é a de um dom gratuito e imerecido, alguma coisa dada ao homem sem trabalho nem merecimento, algo que vem da graça de Deus e que nunca poderia ter sido realizado, galgado ou possuído pelo esforço do próprio homem. Também é usado para o salvamento divino numa situação difícil. Portanto a salvação não é por obras para que ninguém se glorie, mas pela fé em Jesus Cristo e obediência à Sua Palavra. É importante sabermos que a Bíblia garante a justiça pela fé”.

O brado da reforma protestante de Sola Scriptura, Sola Gracia, Solo Cristus e Sola Fides foi um apelo dramático ao retorno ás Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática.

“Se atentarmos bem para o texto, poderemos ver que a primeira declaração é que somos salvos pela graça de Deus, e este dom não vem de nós. Isto coloca de imediato a verdade, que o ato de salvar a humanidade procede de Deus. A salvação, portanto é uma dádiva de Deus para o homem.

A salvação não brota a partir do coração humano. Por mais que uma pessoa seja dada a fazer o bem, por mais que suas obras sejam excelentes, a salvação não vem de si mesma. A Salvação é um ato da graça de Deus. Aí prezado leitor você pergunta: O que é a graça divina? E como esta graça atua em nossa vida?

Graça é definida como favor, misericórdia, perdão. A graça é um atributo, uma característica divina exercida para com os seres humanos. Não a buscamos, porque ela nos foi dada por Deus.

Ao cair em pecado, o homem experimentou as amargas conseqüências da transgressão. Nessa condição, não havia nada que pudesse fazer para modificar a sua situação. Não fosse a intervenção divina, e a humanidade estaria condenada a uma miserável existência e por fim a morte, sem nenhuma esperança de vida.

“A graça de Deus que foi primeiramente oferecida a Adão e Eva, e, por extensão à toda humanidade, provê uma porta de saída para a condição pecaminosa do homem. Deus, sabendo que o homem por si só nada poderia fazer, já havia estabelecido um plano para a salvação, caso o pecado entrasse no mundo.

Deus em sua misericórdia executou fielmente o seu plano, e Jesus veio até nós, pagou o preço que o pecado exigia: a morte. Com Sua vida santa e sem pecado, e com Sua morte em sacrifício, Jesus adquiriu o direito de salvar perfeitamente a todos quantos crerem no Seu nome.

Tudo o que Deus poderia fazer para salvar a humanidade da condição de pecadores, Deus realizou. O sacrifício de Jesus foi perfeito e completo. Sua ressurreição, e ascensão confirmam e provam isto.

Assim, o homem, não poderia fazer nada para se salvar, porque era impossível para ele, mas Deus providenciou de maneira maravilhosa. E esta maravilhosa graça Deus oferece a todos. É um presente divino para humanidade.

Somente um amor inexplicável é capaz de executar este plano maravilhoso e oferecer gratuitamente, sem que precisemos fazer absolutamente nada. Agora, nós que fomos criados com a capacidade de escolher o que queremos para nossa vida, poderemos ou não aceitar este precioso presente divino. Está em nós aceitar ou não este sacrifício de amor.

Afirmamos que receber da graça de Deus a salvação em Cristo Jesus, sem acrescentar a isto qualquer coisa mais, é o único meio que a Bíblia apresenta, pelo qual devemos ser salvos.

Pr. Elias Ribas

OS MÉRITOS DE CRISTO E A GRAÇA DE DEUS NÃO SE EXCLUEM, NEM SE CONFLITAM



“Deve-se explicar também esta questão, pois certos homens perversamente sutis, os quais, embora confessem que alcançamos a salvação através de Cristo, entretanto não suportam ouvir a palavra mérito, a qual pensam obscurecer a graça de Deus. E por isso querem que Cristo seja apenas o instrumento ou ministro, não o autor da vida, ou Chefe e Príncipe, como é chamado por Pedro (At 3.15).

Admito, com efeito, que se alguém quiser acrescentar as boas obras para salvação, então não haverá lugar para mérito, porquanto não se achará no homem dignidade que possa ter mérito para com Deus.

Paulo deixa bem claro na epístola aos Romanos que a Salvação do homem não se dá por nenhum mérito humano, mas que ela é resultado do favor divino, um favor que o homem, por ter pecado, não merece receber. Este favor imerecido é a Graça de Deus. Como diz o apóstolo aos efésios, “...pela graça sois alvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 1.8).

No cristianismo genuíno, a salvação é pela graça somente. Se alguém lhe der um presente, você iria perguntar: “quanto custa”? “Ou insiste em pagar”? Eu creio que não, pois seria um insulto, você estaria recusando o presente. Todavia a salvação é um dom gratuito de Deus, por meio do sacrifício vicário de nosso Senhor Jesus Cristo. Qualquer pessoa que acrescentar alguma coisa na obra completa de Cristo, qualquer boa obra, sacramento, rituais, sábado, leis, tradições, seja lá o que for, você está rejeitando o presente, a dádiva de Deus. A vida eterna é um dom gratuito de Deus e você tem que aceitá-lo sem qualquer mérito de sua parte.

“Portanto, quando se trata do mérito de Cristo, não se estatui que nele próprio resida o princípio desse mérito; ao contrário, remontamos à ordenança de Deus, que é a causa primeira, porquanto de seu puro beneplácito Deus o estatuiu por Mediador, para que nos adquirisse a salvação. E assim é insipiente contrapor o mérito de Cristo à misericórdia de Deus. Ora, é regra comum que as coisas que são subalternas não se ponham em conflito com aquelas que lhe sejam subordinadas, e por isso nada impede que a justificação dos homens seja gratuita, provinda da mera misericórdia de Deus, e ao mesmo tempo intervenha o mérito de Cristo, que à misericórdia de Deus está subordinado. Mas, a nossas obras se contrapõe apropriadamente tanto o favor gratuito de Deus, quanto a obediência de Cristo, cada um em sua medida, porquanto Cristo não pôde merecer o que quer que seja, a não ser pelo beneplácito de Deus, mas porque fora a isto destinado: que por seu sacrifício aplacasse a ira de Deus e por nossa obediência expungisse nossas transgressões. Em síntese, uma vez que o mérito de Cristo depende tão somente da graça de Deus, a qual nos constituiu este modo de salvação, com toda propriedade se opõe a toda justiça humana, não menos que a graça de Deus, que é a causa donde procede (LUZ, 1984).

Felizmente, a lógica de Deus não é a nossa lógica. A justiça Dele não é baseada nos nossos méritos, mas nos méritos de Jesus Cristo.

No NT, o ensino é igualmente claro: não fomos nós que escolhemos a Deus, mas Deus que nos escolheu. Não havia nada em nós que motivasse Deus a nos salvar—pelo contrário, graça significa que recebemos favor NÃO merecido! Quem vive num universo centrado no homem e suas habilidades, não gosta desta doutrina. Mas quem vive num universo centrado em Deus, reconhece que tudo que temos é pela graça, não pelo mérito. É isso que nos distingue da Igreja Católica! Somos salvos pela graça, não pelas obras. Éramos mortos em nossos delitos e pecados—não doentes, mas mortos! Ef 1.4 diz que Deus nos escolheu antes da fundação do mundo! Tudo isso para que DEUS seja louvado! Somos troféus da graça dele!

Pr. Elias Ribas

A GRAÇA E AS BOAS OBRAS



A Bíblia ensina que boas obras são importantes, mas comparadas a trapo de imundícia diante da graça de Deus (Is 64.6).

A Bíblia, por exemplo, conta a história de um grande homem que zelava pelas boas obras, chamado Saulo de Tarso - cumpria as tradições judaicas, fariseu e perseguidor dos cristãos, blasfemo e insolente, chegando a consentir com assassinato de um cristão simples e devotado chamado Estevão.

Saulo que depois da conversão passou a ser chamado Paulo, escreveu para um jovem de nome Timóteo, explicando sua mudança das boas obras para graça: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna” (1ª Tm 1.12-16).

O Apóstolo dos Gentios destruiu com suas doces palavras todo o argumento dos defensores das obras como condição para a salvação. Ele afirmou, categoricamente, ser o maior dos pecadores. Além disso, Paulo foi muito franco ao admitir que alcançou misericórdia por intermédio de Cristo, em outras palavras, poderia ter dito: minhas boas obras não me salvaram e sim Jesus com Sua maravilhosa graça.

Pensamos erroneamente que podemos conquistar a salvação por meio daquilo que fazemos, mas, não é trabalhando, sendo religioso, através de obras de caridade ou sociais, como querem alguns imitando o sistema desse mundo, tão pouco, através de merecimento próprio alcançaremos salvação, como pensam alguns cristãos A religião quer associar fé ao cumprimento de regras e leis. O contraponto da religião que exige esforço é a proclamação da graça. Abraão Almeida diferenciou dois tipos de religião:

1.Religião divina – é do “alto para baixo”, ou seja, nela Deus faz, oferece ao homem a graça salvadora, por reconhecer a incapacidade humana de produzir obras de justiça. É o plano de Deus para salvar o homem caído.

2. Religião humana – é de “baixo para cima”, ou seja, nela o homem faz, oferece a Deus o produto do seu esforço.

A graça de Deus não exige, não cobra, capacita. Paulo nos afirma isso em sua carta aos Efésios: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos – e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para nos mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.4-8).

Quando a graça de Deus não é reconhecida e atribuímos ao nosso esforço ou obras o que Deus de graça nos deu, demonstramos orgulho; surge o artificial, o teatral, o aparente, as máscaras.

A graça de Deus é a única garantia de que somos aceitos em Deus. No cristianismo, o amor não é dado aos que já são dignos, ao contrário, a nós, os mais indignos, agrega grande valor: Sua graça.

O emaranhado de leis e regulamentos muitas vezes dificulta o conhecimento de Deus e o alcance de Sua graça! O número de pessoas afastadas de Deus, receosas de conhecê-lo e totalmente fragilizadas pela religiosidade humana demonstra que o homem não tem aprendido o valor real da graça por não conhecer a Bíblia.

O homem é salvo no momento que nasce de novo através da graça de Cristo, por meio da fé que lhe é imputada quando ouve e aceita a pregação do Evangelho da graça de Cristo, como está escrito em Romanos 10.17. Sabe por que ocorre isto? É porque a salvação é um “DOM”, é um presente dado pelo próprio Deus através da sua misericórdia a quem ele quer, como está escrito em Romanos 9.18. Isto ele o faz independente do quem somos ou do que façamos, mas, exclusivamente daquilo que Cristo fez na cruz do Calvário. Quando disse: “ESTÁ CONSUMADO”. Por isso, que a salvação é pela graça, caso contrário estaríamos anulando a graça e caindo no grande erro da religiosidade como nos adverte o Apóstolo Paulo em Romanos 11.6, onde diz: “Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça”. E prossegue em Gálatas 2.21 com a mesma doutrina: “Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão” (Gl 2.21).

Muitos reduzem a graça de Deus, sob o peso de um jugo de regras; se achamos que teremos de passar por um caminho de obstáculos para alcançar uma benção de Deus, ou se pensamos que nossa aceitação diante de Deus depende de nossos dogmas e tradições, experimentamos algo diferente que não a graça de Deus.

Além disso, Paulo também afirmou que a sua salvação serviria de exemplo para todos os que haveriam de crer em Jesus Cristo. Afinal, se ele alcançou misericórdia e veio ao arrependimento, não há limites para a salvação de todo aquele que crê no Filho de Deus.

Está enraizada no coração do homem a ideia que ele tem que fazer alguma coisa para tornar-se merecedor da salvação. À luz da Bíblia, não se pode garantir a salvação ou santificação como recompensa, por fazer boas obras, ou observar certos cerimoniais. A graça divina nos assegura a salvação na obra que Deus fez por nós mediante a morte de Cristo, e não em alguma obra ou atitude que a pessoa tenha feito para Deus. A graça divina afirma que tudo já foi pago no Calvário (Cl 2.14). Deus em sua misericórdia executou fielmente o seu plano, e Jesus veio até nós, pagou o preço que o pecado exigia: a morte. Com Sua vida santa e sem pecado, e com Sua morte em sacrifício, Jesus adquiriu o direito de salvar todos quantos crerem no Seu nome.

Tudo o que Deus poderia fazer para salvar a humanidade da condição de pecadores, Deus realizou. O sacrifício de Jesus foi perfeito e completo. Sua ressurreição, e ascensão confirmam e provam isto.

Somente um amor inexplicável é capaz de executar este plano maravilhoso e oferecer gratuitamente, sem que precisemos fazer absolutamente nada, nós que fomos criados com a capacidade de escolher o que queremos para nossa vida, poderemos ou não aceitar este precioso presente divino. Esta palavra pastoral é completada ao lermos romanos 12: “Assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros […] O amor seja sem hipocrisia […] Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros […].

“Uma vida que se origina em regeneração é provida e fortalecida em santificação se manifesta em boas obras. Jesus disse: “cada árvore é conhecida pelo seu fruto próprio” (Lc 6.43-45). Quando falo de boas obras, não estou falando de obras que têm valor inerente para nos dar direito a receber vida eterna. Cristãos devem sua vida toda a Deus (Lc 17.9-10), e também só podem realizar boas obras na força que Deus lhes dá dia-a-dia (1ª Co 15.10; Fp 2.13). Nem estou falando de obras objetivamente boas, pensando nos não regenerados (Lc 6.33; Rm 2.14). Alimentar os pobres, vistos em relação à natureza do ato, é uma obra boa. Vista em relação ao motivo que a induz, pode ser uma obra boa ou má. Se for feita para ser vista pelos homens, é ofensiva perante Deus. Se feita por benevolência natural, é um ato de moralidade natural. Se feita a um discípulo em nome de um discípulo, é um ato de virtude cristã”.

Estou falando de obras que são essencialmente diferentes em qualidade moral então das ações dos regenerados (ver At 9.36; Ef 2.10; 2ª Tm 3.17) e que são expressões de uma criatura em Cristo. Quando se fala de “boas obras” há certas características de obras que são espiritualmente boas:
1.      São os frutos de um coração regenerado, pois sem isso ninguém pode ter disposição para obedecer a Deus e nem o motivo de glorificá-lo que é exigido (Mt 12.33; 7.17-18; Ap 9.8).
2.      Não estão apenas em conformidade externa com a lei de Deus, mas se originam do princípio ou motivo do amor por Deus e do desejo de fazer a Sua vontade (Dt 6.2; Jo 15.10; Mc 12.33; 14.14.15, 21, 23).
3.      Seja qual for o alvo imediato, seu alvo ou mira final não é o bem-estar do homem, mas a glória de Deus. (1ª Co 10.31; Cl 3.17-23; 1ª Co 5.16; 1ª Pe 2.12; At 12.23).

Boas obras não podem ser consideradas como necessárias para merecer a salvação, nem como um meio de reter a salvação, nem como o único caminho que leva ao céu, pois crianças podem entrar na salvação sem ter feito qualquer boa obra. Ao mesmo tempo, boas obras seguem a nossa salvação em Cristo. “Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). Boas obras são necessárias sendo exigidas por Deus (Rm 7.4; 8.12-13; Gl 6.2), como os frutos da fé (Tg 2.14, 17, 20-22), expressões de gratidão (1ª Co 6.20), para confirmação da fé (2ª Pe 1.5-10) e para a glória de Deus (Jo 15.8; 1ª Co 10.31).

“Infelizmente, muitos evangélicos têm deixado de confessar de modo convicto essa verdade que está no coração do evangelho. Muitos líderes e movimentos têm voltado a insistir na prática de certas ações ou na exibição de determinadas virtudes como condição para que as pessoas sejam aceitas, perdoadas e abençoadas por Deus. Volta-se, assim, ao sistema de salvação pelas obras ou pelos méritos humanos contra o qual se insurgiram os reformadores. Com isso exalta-se o ser humano, suas escolhas, decisões e iniciativas, e se desvaloriza a Deus, sua graça, sua soberania, sua obra de expiação por meio de Cristo. Tenhamos a coragem e a coerência bíblica de reafirmar a verdade solene da justificação pela somente, que é, no dizer dos reformadores, o articulus stantis et cadentis ecclesiae, ‘o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai’”.

“Devemos deixar de lado todo senso de justiça própria e reconhecer que não passamos de pobres pecadores. Deus nos salva não é porque somos bons, mas porque Ele é bom e misericordioso.

Ao findarem a jornada aqui na terra, os pecadores arrependidos irão diretamente para a presença do Senhor. Lá, encontrarão muitos que a sociedade condenou, e que, ao serem questionados a respeito de como chegaram à presença de Deus, dirão com alegria: “Estamos aqui simplesmente pela graça”. Que o Senhor nos abençoe!”.

Pr. Elias Ribas

A LEI E A GRAÇA



Muitos afirmam que a lei e a graça se chocam. Porém, apesar de serem diferentes, elas não se chocam, mas se completam. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1.17).

Uma das diferenças mais significativas entre a lei e a graça é que a lei é negativa, pois procura evitar o mal através de proibições e ameaças. Ela nos orienta para fazermos a vontade de Deus, dando-nos os recursos necessários para tal. Já a graça é positiva e dinâmica: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 35.27).

Na lei predomina o “não”: “Não faça isso! Não faça aquilo!” Na graça predomina o “sim”: “Pois Jesus Cristo, o Filho de Deus […] não é sim e não ao mesmo tempo. Pelo contrário, Ele é o sim de Deus. Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim” (2ª Co 1.19-20).

A lei veio para mostrar o estado de alienação do homem (Rm 5.20). Contudo, Paulo disse: onde o pecado abundou, “superabundou a graça”. Deste modo, Deus estabeleceu o reinado de Sua graça, por meio da justiça de Cristo, não dos homens, para produzir vida abundante, ao povo salvo.
Portanto, as regras quando impostos na igreja como meio de salvação, passa ser uma ser uma lei. E quanto mais leis impostas pelos homens na igreja, maior é tendência do povo pecar. Paulo diz que a lei suscita ira: “Sem lei não há pecado, vindo à lei veio o pecado” (Rm 4.15). “Pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma, e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hb 7.19). Portanto a lei veio por Moisés, mas a graça por meio de Jesus Cristo.

A graça salvadora não depende da obediência da lei:

“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).

Uma forma segura para destruir a graça de Deus, é misturá-la com algum mérito qualquer que seja.
“E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.

Note que a graça de Deus não está associada aos nossos méritos, mas diametralmente oposto, conforme Paulo esclarece em Romanos 11.6:

“E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”.
Igualmente, a graça não depende da obediência da lei:

I.       A NOVA ALIANÇA

Da mesma maneira como Moisés foi mediador da aliança Mosaica, assim Cristo é o mediador da nova aliança, Hb 8.6. Com a vinda de Cristo a aliança Mosaica terminou, com a declaração do apóstolo Paulo em Rm 10.4 e Gl 3.19.

No dia da instituição da Santa Ceia o Senhor Jesus Cristo apresentou a Nova Aliança “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”. Lc 22.20. Jesus havia dito “Isso é o meu sangue, o sangue da nova aliança derramado em favor de muitos para a remissão de pecados” Mt 26.28. A provisão desta aliança era o perdão dos pecados.

A Nova Aliança inclui a presença do “Testamento” que somente tem validade quando acontece a morte do testador, neste caso o testador é Cristo. (Gl 3.15 e Hb 9.16-17).

Esse período jurídico referia-se também a Velha Aliança, pois essa também foi introduzida, delicada e sancionada pelo derramamento de sangue (Hb 9.18-20). O derramamento de sangue significava a morte do testador e concedeu a natureza de dádiva à Aliança. A Aliança Mosaica era, pois transitória e de qualidade assistencial, não era, pois definitiva. Podemos entender isso pelo fato de animais serem sacrificados como tipos do cordeiro de Deus que posteriormente daria a sua vida. Quando Jesus anunciou que o seu sangue daria, o sangue da Nova Aliança, entendemos que ele mesmo era o testador, ou seja, doador da Nova Aliança ou do Novo Testamento.

A palavra chave para esta dispensação é graça. O tempo de duração da dispensação da graça vai da crucificação de Cristo até a sua Segunda vinda, período esse que já abrange quase dois mil anos.
Com a morte de Cristo Deus consagrou um novo caminho de acesso a Sua pessoa. Esse acesso ao trono da graça e a abolição do caminho cerimonial foram simbolizados pelo rasgar do véu do templo no momento em que Jesus morreu.

A dispensação da graça, no entanto, só foi inaugurada no dia de pentecostes quando o Espírito foi derramado sobre os crentes reunidos no cenáculo. A experiência pentecostal do poder do Espírito Santo torna real na vida dos crentes, aquilo que Jesus proveu pela sua morte na cruz.

As profecias e as leis do Antigo Testamento são cumpridas em Jesus Cristo. Nosso Senhor Jesus Cristo cumpriu todas as profecias Messiânicas do Antigo Testamento.

“A carta aos romanos revela mais claramente o que é graça. No capítulo 3, vemos que éramos pecadores e, por isso, carecíamos da glória de Deus. Por essa razão, Deus justificou-nos gratuitamente por meio da Sua graça e recebemos Sua vida. O pecado entrou no homem por meio da desobediência de Adão, e com o pecado entrou a morte.

Deus não criou o homem para que esse morresse, mas para ter a vida eterna. Entretanto, em Adão todos pecaram e “a morte passou a todos os homens” (Rm 5.12), impedindo o homem de desfrutar da glória e da graça de Deus. Por isso, Paulo diz que a morte reina (v. 14). Estamos no tempo em que podemos desfrutar da graça e da verdade, o qual se estenderá até a entrada do reino milenar, mas até hoje a morte tem reinado. Somente quando saímos do domínio de Satanás, do domínio do pecado, da vida natural, e nos uniu em vida a Cristo é que escapamos do reinar da morte e passamos a reinar em vida”.

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.

A graça de Deus nos da liberdade para desfrutar dos direitos de filhos. É liberdade para ser tudo o que Cristo quer que seja, sem ter que se fixar-me como são os demais. Ensina a ser eu mesmo, não uma marionte dos demais.

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

Uma vez que todo homem, sem exceção, é pecador, ninguém jamais tem a capacidade aproximar-se do padrão da justiça exigida por Deus. Alguns se esforçam mais, outros menos, porém desde Adão até a ultima criança a nascer, todos são excluídos da comunhão com Deus cf. Rm 3.23. Toda a humanidade foi infectada pelo pecado original. Isso quer dizer que todo descendente de Adão e Eva carrega a culpa universal e também uma inclinação pecaminosa. Daí surge à necessidade absoluta da graça de Deus. Antes ou depois de Cristo, sem que receba a graça perdoadora de Deus, não houve e nem há salvação.

Na graça vivemos sob orientação do Espírito Santo em Cristo Jesus: “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.2-4).

“Uma vez que o homem é incapaz de cumprir a lei por causa de sua natureza caída, o ministério veterotestamentário, porquanto, tornou-se um ministério da condenação. O ministério do Novo Testamento, porém, é diferente, pois visa a que pessoas ganhem vida.

A lei de Deus era fraca pela carne Rm 8.3. Deus enviou Jesus e condenou o pecado na carne Rm 8.3. Em Cristo à ordenança da lei de Deus é cumprida em nós que andamos segundo o Espírito Rm 8.4. Aqueles segundo o Espírito estão com a mente segundo o Espírito (Rm 8.5).

A mente do Espírito é vida e paz. Vocês não estão na (em) carne, mas no (em) Espírito sendo que o Espírito de Deus habita em vocês (Rm 8.9). Somos devedores não para a carne, para viver segundo a carne Rm 8.12. Se você pelo Espírito levar a morte (mortificar) as práticas do corpo, você viverá (Rm 8.13).

Todos que são guiados pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus (Rm 8.14). Você recebeu um Espírito de adoção pelo qual clama Aba, Pai (Rm 8.15).

Na graça o verdadeiro cristão é guiado pela lei do Espírito. “... mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei” (Gl 5.18). Na epístola dos hebreus o escritor diz: “E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10.15-16).

II.    LEI DE CRISTO

“Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2).

“No V.T., todas as vezes que o Moisés ia ter comunhão face a face com Deus, ele ficava com o rosto resplandecente, pois a glória de Deus brilhava sobre ele. Quando Moisés descia do monte e falava com o povo de Israel, seu rosto brilhava, a ponto de os israelitas não ousarem olhar para ele, por isso então, ele cobria o rosto. Contudo, enquanto falava, a glória do seu rosto ia se desvanecendo. Por quê? Por afastar-se da comunhão face a face com Deus. Se não houvesse brilho no seu rosto, provavelmente os israelita não o respeitariam, tampouco ao seu ministério. Quando ia novamente á presença de Deus, Moisés tirava o véu para que a luz da glória uma vez mais brilhasse sobre seu rosto.

Podemos dizer que o ministério do Antigo Testamento era visível e material. Entretanto, no Novo Testamento, o ministério depende da graça, que é o próprio Senhor Jesus. Já não é um ministério exterior, mas, sim, interior. Ele também sua glória, a qual é invisível, não desvanecente, e perceptível aos homens O exercício dos dons acrescenta graça e esta, por fim torna-se ministério.

A nossa fé está baseada na lei de Cristo, que representa a graça de Deus em favor do homem caído, garantindo a nossa salvação. As leis e as cerimônias do Antigo Testamento, não foram capazes de salvar ninguém, conforme está escrito em At 15.11 “Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram”.

Para a igreja de Corinto, Paulo explica dizendo: “Aos sem lei, como se eu mesmo fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei” (1ª Co 9.21). Adaptar-se é imprescindível para a comunicação do evangelho. Ser diferente interiormente atrai o descrente (Rm 12.2), mas ser esquisito exteriormente o repele. O maior mandamento da lei de Cristo é o amor (2ª Co 5.14). Assim como o filho pródigo não foi obrigado pelo seu pai provar a sua mudança moral para ser aceito, pela graça, o pecador é aceito incondicionalmente, sua divida foi cancelada. O Espírito Santo é quem faz a obra de regeneração no interior do homem (Jo 3.3-5), e convence do pecado e do juízo (Jo 16.8). Paulo também afirma que nossa divida para com a lei foi fixada na cruz (Cl 2.14; Ef 2.14-16). Enquanto o exército exige pessoas sadias, Jesus Cristo não aceita senão doentes que queiram se tratar.

É difícil imaginar que o filho pródigo, uma vez reconciliado com seu pai, desejaria voltar para o lamaçal. O poder para transformar o querer do pecador faz parte integral da graça que salva. É impossível explicar o poder da graça de Deus na vida do pecador sem empregar o vocábulo “milagre” ou transformação.

No caminho de Damasco Paulo recebeu o milagre da transformação, por isso ele pôde explicar a Tito dizendo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo. Para que, sendo justificados pela graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.5-7).

III. LEI DA FÉ


“E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3.9).

Justificação, portanto, é o ato pelo qual Ele declara justo o pecador que crê em Cristo, na base da obra redentora da cruz (Rm 3.21-22).

Na Nova Aliança somos justificados pela fé em Cristo Jesus. A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam.

“Sendo, pois, justificado pela fé, temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1-2). “Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei. 29 É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim também dos gentios. Visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé o incircunciso” (Rm 3.27-30).

A lei cancela a promessa de Deus, mas a fé em Jesus Cristo nos justifica perante Deus. Paulo o aposto damasceno explica: “Não foi por intermédio da lei que Abraão ou sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a fé. Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa” (Rm 4.13-14).

Quando Deus fez o concerto com o patriarca Abraão, não existia a lei mosaica, por esta razão Paulo está dizendo que não foi mediante a lei que Deus fez a promessa a Abraão, mas por intermédio da fé. É explicito que a lei anula a nossa fé, e cancela a promessa feita ao patriarca Abraão. Se não buscarmos a justificação pela fé em Jesus estaremos, com certeza, condenados.

O povo judaico venerava Abraão como grande patriarca da sua nação. Foi a sua obediência cheia de fé à voz do Senhor que fez com que o filho da promessa, Isaque, nascesse. A Isaque nasceu Jacó (cujo nome foi mudado para Israel – Gn 32.28). A ele nasceram doze filhos, cujos descendentes tornaram-se as doze Tribos de Israel.

Paulo faz uma pergunta: Como foi Abraão justificado? Não pelas obras (os seus próprios atos de retidão), mas crendo em Deus.

1.      O Princípio da Fé e a Justificação em Cristo (Rm 3.27-5.9).

A independência da lei. A justiça de Deus independe de tudo que é humano, justiça própria e meritória.

Somos justificados pela fé em Cristo Jesus. A fé exclui a glória do homem (Rm 3.27). A justificação só pode ser conseguida por fé e mediante a fé (princípio e meio) (Rm 3.30).

“A Igreja de Cristo apregoa a justiça, segundo a justiça de Deus, que se manifestou em Cristo, o qual cumpriu toda a justiça (Rm 1.17). Por isso, Cristo se tornou da parte de Deus sabedoria, justiça, santificação e redenção (1ª Co 1.30). A misericórdia de Deus é a expressão da sua justiça (Êx 34.6-7; Sl 145.8)”.

2.      O Princípio da Fé e a lei.

A lei estabelece a justificação pela fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus. A fé estabelece a lei, pois em Cristo cumprimos a lei.

Paulo deixa bem claro que não podemos ter duas opções. Ou cremos nas Escrituras com relação à justificação pela fé, ou estamos em incredulidade, perdidos, sem nenhuma esperança. “Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não encontrou. Por quê? Porque não a buscaram pela fé...” (Rm 9.31-32).

“Pode-se dizer que a justificação está estreitamente relacionada com três princípios da Reforma: “sola gratia”, “sola fides” e “solo Christo”. Daí, James Montgomery Boyce a define como “um ato de Deus pelo qual ele declara os pecadores justos somente pela graça, somente por meio da , somente por causa de Cristo”. Assim, a fonte da justificação é a graça de Deus, o fundamento da justificação é a obra de Cristo e o meio da justificação é a . A é o canal através do qual a justificação é concedida ao pecador que crê; é o meio pelo qual ele toma posse das bênçãos obtidas por Cristo (como a paz com Deus, Rm 5.1). Ela não é uma boa obra, mas um dom de Deus, como Paulo ensina em Efésios 2.8-9. É o único meio de receber o que Deus fez por nós (“sola fides”), ficando excluídos todos os outros atos ou obras”.

Pr. Elias Ribas