TEOLOGIA EM FOCO: O GLORIOSO PROPÓSITO DA SALVAÇÃO EFÉSIOS

quinta-feira, 2 de abril de 2020

O GLORIOSO PROPÓSITO DA SALVAÇÃO EFÉSIOS



Leitura Bíblica (Ef 1.1-3; Cl 1.24-27).


Ef 1.1-3 “Paulo apostolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis em Jesus Cristo; 2 - a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. 3 - Bendito o Deus e Pai de nosso senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo.”

Cl 1.24 “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo que é a Igreja; 25 - da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; 26 - o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos. 27 - Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós esperança da gloria.”

INTRODUÇÃO
Após estudarmos a Epístola de Paulo aos Gálatas, pela bondade de nosso Deus; agora passamos a estudar também de Paulo a Epístola aos Efésios que se destaca pela universalidade do seu conteúdo, não só à Igreja em Éfeso, mas a todas as igrejas, sob a liderança pastoral de Paulo, bem como a toda a Igreja de Deus em todo o mundo e em todos os tempos. O caráter universal dessa epístola é percebido pelo plano da salvação proposto por Deus desde a fundação do mundo e alcança a toda criatura humana, independente de raça, cor ou raça’ judeu nem gentio, mas coloca todos debaixo da graça imensurável de Deus em Cristo Jesus.

Antes de nos aprofundarmos no rico comentário que temos a seguir, gostaria de expor o ponto de vista deste que vos fala.

Esta epístola ensina-nos a manter uma relação sem reservas com Cristo Jesus e a permanecer na simplicidade do Espírito Santo sem contristá-lo ou extingui-lo.

Paulo começa com uma exclamação de louvor e adoração ao Senhor.

Já no “primeiro capítulo e o v. 3, coloca-nos à fonte de todas as bênçãos.

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”;

Não há bênção fora de Deus, pois ficaremos expostos aos perigos do caminho.

I. O FUNDAMENTO HISTÓRICO

Nos caps. 19 e 20 de atos dos apóstolos está narrado o episódio que levou Paulo a passar 3 anos na cidade de Éfeso, cidade a qual dispensou um bom tempo de seu ministério.

Diz o relator bíblico que “a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19 e 20).
A operação divina por meio de Paulo em Éfeso alvoroçou os adeptos do culto a Diana que tinha seu templo na cidade, (At 19.23 - 41).

1. O aspecto circunstancial.
Quando Paulo escreveu a epístola aos Efésios, estava preso em Roma, onde enviou àquela igreja através de Tiquico, por que também, enviou as cartas a Filemon e a igreja de Colossos, provavelmente entre 61 e 63 d. C. É considerada uma das “cartas da prisão” porque as escreveu enquanto estava preso em Roma.

2. O aspecto geográfico.
Éfeso, ficava situada na costa ocidental da antiga Ásia Menor, hoje parte da Turquia e que ficava distante de Atenas, na Grécia, apenas 240 quilômetros.

Naquela época Éfeso era uma importante metrópole pertencente ao império Romano e que chegou a ter uma população de aproximadamente 300 mil habitantes.

Éfeso era próspera cidade, com porto de mar, o qual favorecia a peregrinação obrigatória dos adeptos dos deuses pagãos daquela região, tais como Diana (cultuada entre os gregos, como Artemis).

A indústria e o comercio de Éfeso atraiam gentes de todas as regiões adjacentes.

II. IDENTIDADE E DESTINATÁRIO

Os dois primeiros versículos da epístola constituem a saudações do apostolo Paulo.
Naquela época havia uma forma peculiar de se iniciar uma carta contendo no começo o nome do autor e em seguida o destinatário.

1. A identificação de Paulo (v. 1).
Ele começa como era o costume da época usando o pronome Paulo e, a seguir, além de sua identificação pessoal, apresenta os títulos que identificavam o seu ministério apostólico.

“Apóstolo de Jesus Cristo”, “Apostolo” foi o termo que Jesus aplicou aos doze primeiros obreiros que Ele chamou dentre os discípulos.

Paulo não tinha falsa modéstia.
Nem tinha em seu coração qualquer atitude de vaidade e presunção, aplicando a si mesmo um título sem merecê-lo.

Paulo esclarece que seu apostolado não veio de homens, mas “pela vontade de Deus”.

Ele exalta a vontade de Deus porque ela expressa a soberania divina na edificação e destino da Igreja de Cristo.

Se o título de apóstolo dependesse apenas de vontade de homens Paulo não teria a aprovação do Espírito Santo no seu ministério.

2. Os destinatários (v. 1). Paulo saúda os cristãos de Éfeso chamando-os de “santos” e “fiéis”.
São dois termos aplicados aos cristãos através do Novo Testamento.

A Igreja é constituída de “santos e fiéis”.

Ao tratar os cristãos de Éfeso como santos, o apostolo reforçava a posição desses cristãos em relação á idolatria daquela cidade. Eram santos porque eram separados da vida mundana de Éfeso.

Eram chamados fiéis porque não se deixaram levar pela força demoníaca que dominava os habitantes da cidade e os escravizava ao paganismo.

Um santo, no Novo Testamento, não é uma pessoa sem pecado, mas um pecador salvo.

E mediante a fé no Senhor Jesus Cristo que um pecador se torna um santo.

Vejamos o que está escrito em Rm 1.7 “A todos os amados de Deus; que estais em Roma chamados para serdes santos”... como está acima, no Novo Testamento, a palavra santo sempre se refere a uma pessoa santificada, uma pessoa separada para propriedade e serviço invioláveis de Deus, (compare as palavras gregas relacionadas, “hagios e hagiazõ, traduzido para “santo” e “santificado” respectivamente).

Este aspecto da santificação cristã é posicional, com base no sangue expiador de Cristo, (Hb 13.12; 10. 10 – 14).

Voltando para Éfeso, ainda no v. 1; Este é o lugar do cristão como membro do corpo de Cristo, vitalmente unido com Ele pelo batismo com o Espírito Santo, (1ª Co 12.12-13).

3. A saudação peculiar da igreja primitiva; “graça e Paz” (v. 2).
Paulo usava estas palavras em suas saudações em todas as epístolas enviadas às igrejas.

Na tradição judaica usava apenas a palavra “paz” (shalom, no hebraico), mas Paulo por inspiração divina adicionou a palavra “graça” a já conhecida “paz” e deu a saudação cristã um sentido muito especial; “graça e paz”.

Os crentes em Cristo têm agora a “paz” da parte de Deus Pai, mas obtiveram a “graça” por Jesus Cristo.

III. BÊNÇÃOS E PRIVILÉGIOS EM CRISTO

O verso 3, abre o cortejo de “todas as bênçãos espirituais em Cristo”.

Paulo começa com uma exclamação de louvor e adoração ao Senhor, demonstrando que a vida cristã só tem sentido se tivermos sempre uma atitude de reconhecimento e ação de graça ao doador de todas as bênçãos;

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.

1. A fonte das bênçãos (v. 3). A palavra “Bendito” torna exclusiva e singular a fonte de todas as bênçãos que é Deus Pai.

Só Ele é digno de ser bendito, porque somente Ele é o perfeito doador de bênçãos; A fonte é original, não é imaginária, nem falsa. Ela é identificada como “o Deus e Pai de nasso Senhor Jesus Cristo”. Pr três vezes nesse mesmo capítulo, A Palavra de Deus nos ensina que a finalidade de todas as coisas realizadas por Deus é o louvor da sua glória (Ef 1.6, 12, 14).

2. O caráter das bênçãos (v. 3). “O qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais”.

As bênçãos de que trata a Bíblia aqui, tem uma total abrangência mediante a palavra “todas” porque essa palavra refere-se, não a coisas naturais e materiais, mas essencialmente, espirituais. As bênçãos espirituais em Cristo estão acima de todo e qualquer bem físico ou material.

As riquezas de que fala Paulo, são espirituais, porque, na realidade, Paulo não tinha nada materialmente.

Sua fé e confiança estavam depositadas na contemplação das riquezas espirituais.

Lamentavelmente, esse texto tem sido interpretado erradamente como se referisse às riquezas materiais, como sendo bênçãos espirituais.

Cuidado com a falsa teologia da prosperidade.

3. O campo de fruição das bênçãos (v. 3).
A expressão “nos lugares celestiais” indica a sublimidade da vida cristã, o nível mais elevado no qual fomos colocados.

Essas “bênçãos espirituais” são alcançadas evidentemente pelos que pela fé em Cristo vivem no plano espiritual, (Gl 2.20; Cl 3.3), pois o termo “lugares celestiais” não tem um sentido geográfico, físico, ou espacial, mas trata-se de estado e realidade espirituais que são alcançados somente pelos que, por amor e dedicação a Cristo, renunciando a uma vida carnal e vivem uma vida biblicamente espiritual (Rm 6.1b; em outras versões da Bíblia usa-se o termo “regiões” que não muda o sentido do termo “lugares”.

Ser abençoado “nos lugares celestiais” significa ter alcançado um estado de vida espiritual e galgado uma posição espiritualmente acima do plano meramente físico ou material.

Em Cristo o crente é levantado desse mundo tenebroso e colocado numa posição de superioridade.

Significa que está por cima, nunca por baixo, o que deve ser uma coisa normal da nova criatura, (2ª Co 5.17).

Vejamos o que diz o “DR. C. I. Scofield”:
Literalmente, “nas regiões celestiais”. A mesma palavra grega foi usada em Jo 3. 12, onde acrescentou-se “coisas”nos dois lugares a palavra significa aquilo que é celestial em contraste àquilo que é eterno. Em efésios, “regiões” é especialmente enganoso.
“As regiões celestiais” podem ser definida como a esfera da experiência espiritual cristã identificada com Cristo na natureza, “Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para que por elas fiqueis participante da natureza divina, havendo escapado da corrupção que pela concupiscência que há no mundo”, ( II Pe 1. 4;

Vida; Que diz; “quando cristo que é nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3. 4).

“Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (1ª Jo 5.12).

Relacionamentos. “Disse-lhe Jesus: não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mais vai para meus irmãos e disse-lhes, que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”, (Jo 20. 17).

Serviço. “Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu tenho mandado, e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos, Amem. (Mt 28.20; Jo 17.18).

Sofrimento. “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo não somente crer nele como também padecer por ele” (Fl 1.29; 3.10; Cl 1.24).

Herança. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”, “E se somos filhos, somos logo herdeiros, também herdeiro de Deus e coerdeiros de Cristo; ...” (Rm 8.16 e 17).

E futura glória no reino (Rm 8.18 -21; 1ª Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10).

O cristão é um homem celestial e um estrangeiro e peregrino na terra.

“Pelo que, irmãos santos, participante da vocação celestial considerai a Cristo, apostolo, e sumo Sacerdote da nossa confissão” (Hb 3.1).

“Amados, peço-vos como a peregrinos e forasteiros que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1ª Pe 2.11).

CONCLUSÃO
Vimos através desse estudo, o plano de Deus quanto a constituição do seu novo povo, a Igreja.

Dentro do propósito divino, ela, seria formada de modo diferente a Israel, o povo da antiga aliança.

Louvemos ao Senhor pelo seu maravilhoso plano para continuar esse novo povo o qual, embora no mundo, lhe pertence unicamente!

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