Leitura Bíblica (Ef 1.1-3; Cl 1.24-27).
Ef
1.1-3
“Paulo apostolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em
Éfeso e fiéis em Jesus Cristo; 2 - a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso
Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. 3 - Bendito o Deus e Pai de nosso senhor
Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo.”
Cl
1.24
“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das
aflições de Cristo, pelo seu corpo que é a Igreja; 25 - da qual eu estou feito
ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco,
para cumprir a palavra de Deus; 26 - o mistério que esteve oculto desde todos
os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos. 27
- Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste
mistério entre os gentios, que é Cristo em vós esperança da gloria.”
INTRODUÇÃO
Após estudarmos a Epístola de Paulo aos
Gálatas, pela bondade de nosso Deus; agora passamos a estudar também de Paulo a
Epístola aos Efésios que se destaca pela universalidade do seu conteúdo, não só
à Igreja em Éfeso, mas a todas as igrejas, sob a liderança pastoral de Paulo,
bem como a toda a Igreja de Deus em todo o mundo e em todos os tempos. O
caráter universal dessa epístola é percebido pelo plano da salvação proposto
por Deus desde a fundação do mundo e alcança a toda criatura humana,
independente de raça, cor ou raça’ judeu nem gentio, mas coloca todos debaixo
da graça imensurável de Deus em Cristo Jesus.
Antes de nos aprofundarmos no rico
comentário que temos a seguir, gostaria de expor o ponto de vista deste que vos
fala.
Esta epístola ensina-nos a manter uma
relação sem reservas com Cristo Jesus e a permanecer na simplicidade do
Espírito Santo sem contristá-lo ou extingui-lo.
Paulo começa com uma exclamação de louvor
e adoração ao Senhor.
Já no “primeiro capítulo e o v. 3,
coloca-nos à fonte de todas as bênçãos.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo”;
Não há bênção fora de Deus, pois ficaremos
expostos aos perigos do caminho.
I. O
FUNDAMENTO HISTÓRICO
Nos caps. 19 e 20 de atos dos apóstolos
está narrado o episódio que levou Paulo a passar 3 anos na cidade de Éfeso,
cidade a qual dispensou um bom tempo de seu ministério.
Diz o relator bíblico que “a palavra do
Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19 e 20).
A operação divina por meio de Paulo em
Éfeso alvoroçou os adeptos do culto a Diana que tinha seu templo na cidade, (At
19.23 - 41).
1. O
aspecto circunstancial.
Quando Paulo escreveu a epístola aos
Efésios, estava preso em Roma, onde enviou àquela igreja através de Tiquico,
por que também, enviou as cartas a Filemon e a igreja de Colossos,
provavelmente entre 61 e 63 d. C. É considerada uma das “cartas da prisão”
porque as escreveu enquanto estava preso em Roma.
2. O
aspecto geográfico.
Éfeso, ficava situada na costa ocidental
da antiga Ásia Menor, hoje parte da Turquia e que ficava distante de Atenas, na
Grécia, apenas 240 quilômetros.
Naquela época Éfeso era uma importante
metrópole pertencente ao império Romano e que chegou a ter uma população de
aproximadamente 300 mil habitantes.
Éfeso era próspera cidade, com porto de
mar, o qual favorecia a peregrinação obrigatória dos adeptos dos deuses pagãos
daquela região, tais como Diana (cultuada entre os gregos, como Artemis).
A indústria e o comercio de Éfeso atraiam
gentes de todas as regiões adjacentes.
II. IDENTIDADE
E DESTINATÁRIO
Os dois primeiros versículos da epístola
constituem a saudações do apostolo Paulo.
Naquela época havia uma forma peculiar de
se iniciar uma carta contendo no começo o nome do autor e em seguida o
destinatário.
1. A
identificação de Paulo (v. 1).
Ele começa como era o costume da época
usando o pronome Paulo e, a seguir, além de sua identificação pessoal,
apresenta os títulos que identificavam o seu ministério apostólico.
“Apóstolo de Jesus Cristo”, “Apostolo” foi
o termo que Jesus aplicou aos doze primeiros obreiros que Ele chamou dentre os
discípulos.
Paulo
não tinha falsa modéstia.
Nem tinha em seu coração qualquer atitude
de vaidade e presunção, aplicando a si mesmo um título sem merecê-lo.
Paulo esclarece que seu apostolado não
veio de homens, mas “pela vontade de Deus”.
Ele exalta a vontade de Deus porque ela
expressa a soberania divina na edificação e destino da Igreja de Cristo.
Se o título de apóstolo dependesse apenas
de vontade de homens Paulo não teria a aprovação do Espírito Santo no seu
ministério.
2. Os
destinatários (v. 1).
Paulo saúda os cristãos de Éfeso chamando-os de “santos” e “fiéis”.
São dois termos aplicados aos cristãos
através do Novo Testamento.
A Igreja é constituída de “santos e
fiéis”.
Ao tratar os cristãos de Éfeso como
santos, o apostolo reforçava a posição desses cristãos em relação á idolatria
daquela cidade. Eram santos porque eram separados da vida mundana de Éfeso.
Eram chamados fiéis porque não se deixaram
levar pela força demoníaca que dominava os habitantes da cidade e os
escravizava ao paganismo.
Um santo, no Novo Testamento, não é uma
pessoa sem pecado, mas um pecador salvo.
E mediante a fé no Senhor Jesus Cristo que
um pecador se torna um santo.
Vejamos o que está escrito em Rm 1.7 “A
todos os amados de Deus; que estais em Roma chamados para serdes santos”...
como está acima, no Novo Testamento, a palavra santo sempre se refere a uma
pessoa santificada, uma pessoa separada para propriedade e serviço invioláveis
de Deus, (compare as palavras gregas relacionadas, “hagios e hagiazõ,
traduzido para “santo” e “santificado” respectivamente).
Este aspecto da santificação cristã é
posicional, com base no sangue expiador de Cristo, (Hb 13.12; 10. 10 – 14).
Voltando para Éfeso, ainda no v. 1; Este é
o lugar do cristão como membro do corpo de Cristo, vitalmente unido com Ele
pelo batismo com o Espírito Santo, (1ª Co 12.12-13).
3. A
saudação peculiar da igreja primitiva; “graça e Paz” (v. 2).
Paulo usava estas palavras em suas
saudações em todas as epístolas enviadas às igrejas.
Na tradição judaica usava apenas a palavra
“paz” (shalom, no hebraico), mas
Paulo por inspiração divina adicionou a palavra “graça” a já conhecida “paz” e
deu a saudação cristã um sentido muito especial; “graça e paz”.
Os crentes em Cristo têm agora a “paz” da
parte de Deus Pai, mas obtiveram a “graça” por Jesus Cristo.
III.
BÊNÇÃOS E PRIVILÉGIOS EM CRISTO
O verso 3, abre o cortejo de “todas as
bênçãos espirituais em Cristo”.
Paulo começa com uma exclamação de louvor
e adoração ao Senhor, demonstrando que a vida cristã só tem sentido se tivermos
sempre uma atitude de reconhecimento e ação de graça ao doador de todas as
bênçãos;
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo”.
1. A
fonte das bênçãos (v. 3). A palavra “Bendito” torna exclusiva e singular a
fonte de todas as bênçãos que é Deus Pai.
Só Ele é digno de ser bendito, porque
somente Ele é o perfeito doador de bênçãos; A fonte é original, não é
imaginária, nem falsa. Ela é identificada como “o Deus e Pai de nasso Senhor
Jesus Cristo”. Pr três vezes nesse mesmo capítulo, A Palavra de Deus nos ensina
que a finalidade de todas as coisas realizadas por Deus é o louvor da sua
glória (Ef 1.6, 12, 14).
2. O
caráter das bênçãos (v. 3). “O qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais”.
As bênçãos de que trata a Bíblia aqui, tem
uma total abrangência mediante a palavra “todas” porque essa palavra refere-se,
não a coisas naturais e materiais, mas essencialmente, espirituais. As bênçãos
espirituais em Cristo estão acima de todo e qualquer bem físico ou material.
As riquezas de que fala Paulo, são
espirituais, porque, na realidade, Paulo não tinha nada materialmente.
Sua fé e confiança estavam depositadas na
contemplação das riquezas espirituais.
Lamentavelmente, esse texto tem sido
interpretado erradamente como se referisse às riquezas materiais, como sendo
bênçãos espirituais.
Cuidado
com a falsa teologia da prosperidade.
3. O
campo de fruição das bênçãos (v. 3).
A expressão “nos lugares celestiais”
indica a sublimidade da vida cristã, o nível mais elevado no qual fomos
colocados.
Essas “bênçãos espirituais” são alcançadas
evidentemente pelos que pela fé em Cristo vivem no plano espiritual, (Gl 2.20;
Cl 3.3), pois o termo “lugares celestiais” não tem um sentido geográfico,
físico, ou espacial, mas trata-se de estado e realidade espirituais que são
alcançados somente pelos que, por amor e dedicação a Cristo, renunciando a uma
vida carnal e vivem uma vida biblicamente espiritual (Rm 6.1b; em outras
versões da Bíblia usa-se o termo “regiões” que não muda o sentido do termo
“lugares”.
Ser abençoado “nos lugares celestiais” significa
ter alcançado um estado de vida espiritual e galgado uma posição
espiritualmente acima do plano meramente físico ou material.
Em Cristo o crente é levantado desse mundo
tenebroso e colocado numa posição de superioridade.
Significa que está por cima, nunca por
baixo, o que deve ser uma coisa normal da nova criatura, (2ª Co 5.17).
Vejamos o que diz o “DR. C. I. Scofield”:
Literalmente, “nas regiões celestiais”. A
mesma palavra grega foi usada em Jo 3. 12, onde acrescentou-se “coisas”nos dois
lugares a palavra significa aquilo que é celestial em contraste àquilo que é
eterno. Em efésios, “regiões” é especialmente enganoso.
“As regiões celestiais” podem ser definida
como a esfera da experiência espiritual cristã identificada com Cristo na
natureza, “Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas para
que por elas fiqueis participante da natureza divina, havendo escapado da
corrupção que pela concupiscência que há no mundo”, ( II Pe 1. 4;
Vida; Que diz; “quando cristo que é nossa
vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl
3. 4).
“Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem
o Filho de Deus, não tem a vida” (1ª Jo 5.12).
Relacionamentos. “Disse-lhe Jesus:
não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mais vai para meus irmãos
e disse-lhes, que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”, (Jo
20. 17).
Serviço. “Ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu tenho mandado, e eis que estou convosco todos os
dias, até a consumação dos séculos, Amem. (Mt 28.20; Jo 17.18).
Sofrimento. “Porque a vós vos
foi concedido, em relação a Cristo não somente crer nele como também padecer
por ele” (Fl 1.29; 3.10; Cl 1.24).
Herança. “O mesmo Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”, “E se somos filhos,
somos logo herdeiros, também herdeiro de Deus e coerdeiros de Cristo; ...” (Rm
8.16 e 17).
E futura glória no reino (Rm 8.18 -21; 1ª
Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10).
O cristão é um homem celestial e um estrangeiro
e peregrino na terra.
“Pelo que, irmãos santos, participante da
vocação celestial considerai a Cristo, apostolo, e sumo Sacerdote da nossa
confissão” (Hb 3.1).
“Amados, peço-vos como a peregrinos e
forasteiros que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra
a alma” (1ª Pe 2.11).
CONCLUSÃO
Vimos através desse estudo, o plano de
Deus quanto a constituição do seu novo povo, a Igreja.
Dentro do propósito divino, ela, seria
formada de modo diferente a Israel, o povo da antiga aliança.
Louvemos ao Senhor pelo seu maravilhoso
plano para continuar esse novo povo o qual, embora no mundo, lhe pertence
unicamente!
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