LEITURA
BÍBLICA
João
3.1-16. “E
havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2 -
Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre
vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
for com ele. 3 - Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo
que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. 4 - Disse-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a
entrar no ventre de sua mãe e nascer? 5 - Jesus respondeu: Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no Reino de Deus. 6 - O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito. 7 - Não te maravilhes de ter dito: Necessário vos é nascer
de novo. 8 - O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9 -
Nicodemos respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso? 10 - Jesus respondeu e
disse-lhe: Tu és mestre de Israel e não sabes isso? 11 - Na verdade, na verdade
te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não
aceitais o nosso testemunho. 12 - Se vos falei de coisas terrestres, e não
crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? 13 - Ora, ninguém subiu ao
céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu. 14 - E, como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja
levantado, 15 - para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. 16 - Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.”
INTRODUÇÃO
É possível alcançar a perfeição espiritual
nesta vida? Do ponto de vista humano, não. Mas, quando abrimos a Bíblia
Sagrada, constatamos que tal perfeição não somente é possível, como também
desejável e requerida de todo aquele que professa o nome de Deus.
Se nos valermos de nossas forças, jamais a
alcançaremos. Mas, em Jesus Cristo, nossa velha natureza renasce para a vida
eterna. Dessa forma, o ideal que Deus estabelecera para o primeiro Adão
torna-se possível, em seu Filho, o Último Adão.
A salvação em Jesus Cristo leva-nos à
perfeição espiritual, moral e ética, porque Ele, embora Deus, foi o mais
perfeito e completo dos seres humanos. A salvação em Cristo gera um novo
homem...
I. O
NASCIMENTO DO NOVO HOMEM
A Escritura mostra com clareza que apenas
Deus pode realizar a transformação necessária para capacitar os seres humanos a
fazerem o que é agradável aos seus olhos (Dt 30.6; Jr 31.33; Ez 36.26).
O novo nascimento, também chamado de
regeneração, é o ato pelo qual o Espírito de Deus faz gerar nova criatura no
interior daquele que se rende totalmente ao Seu Filho Jesus.
A palavra regeneração, do grego paligenesia do latim regenerationis, significa: novo
nascimento, renovação, ato de nascer de novo. Por isso renovação, regeneração,
produção de uma nova vida consagrada a Deus, mudança radical de mente para
melhor. A palavra é frequentemente usada para denotar a restauração de algo ao
seu estado primitivo e perfeita das coisas que
existiam antes da queda de nossos primeiros pais, que os judeus esperavam em
conexão ao advento do Messias, e que os cristãos esperavam em conexão com a
volta visível de Jesus do céu.
Regeneração, segundo o dicionário Aurélio,
quer dizer, transformação de vida, mudança de vida, corrigir-se do erro,
reabilitar-se moralmente, restaurar-se, reorganizar e gerar.
1. O
que é o novo nascimento? É o novo nascimento do espírito humano. É o processo
de sermos gerados de novo, por um novo Espírito e novos valores. O Espírito de
Deus recria o espírito e passa a habitar nele. É uma regeneração da vida
espiritual, o qual nós chamamos de salvação. E isso só acontece quando ouvimos
o evangelho, nos arrependemos e nos convertemos de todo coração a Cristo Jesus.
O novo
nascimento é a obra sobrenatural e instantânea de Deus que concede nova vida ao
pecador que aceita a Cristo como seu Salvador. Através deste milagre, ele é
ressuscitado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo), tornando-o
participante da natureza divina. O novo
nascimento é uma mudança profunda operada pelo Espírito Santo na vida do ser
humano, é uma divina comunicação duma nova vida à alma do homem. O homem
natural está morto pelas ofensas e pecados (Ef 2.1-2). Portanto, o homem
natural é um ser cujo viver é deste mundo, isto é, o homem sem Deus está vivo
para o pecado, para a carne e para o mundo, mas espiritualmente está morto para
Deus. Deste modo, certamente ele não pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus
pode regenerá-lo. O morto espiritual não tem forças para regenerar-se. Podemos
definir a regeneração como:
·
A comunicação de vida divina à alma (Jo
3.5; 10.10, 28; 1ª Jo 5.11,12).
·
A transmissão de uma nova natureza (2ª Pe
1.4).
·
E a concessão de um novo coração (Jr 24.7;
Ez 11.19; 36.26).
·
A produção de uma nova criação (2ª Co
5.17; Ef 2.10; 4.24).
2. O novo nascimento é uma mudança de pensamento ou uma mudança de opinião.
E
só pode ser verdadeiro se tiver uma genuína conversão e um verdadeiro
arrependimento.
“E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, qual seja a boa e
agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
Conformar no original suschematizo que quer dizer: conformar-se com a mente e caráter de
alguém; ao padrão de outro; moldar-se de acordo com.
Transformar é moldar a nossa mente e
caráter segundo a Palavra de Deus, que é nossa regra de fé e de vida. É uma
transformação de entendimento, uma metamorfose, ou seja, mudar a maneira de
pensar, agir e viver, tendo a mente de Cristo (cf. 1ª Co 2.16). Devemos deixar
os preceitos e injustiças do mundo, o pecado e a corrupção e viver segundo os
padrões bíblicos.
O homem que anda segundo o curso deste
mundo, segundo as concupiscências carnais e vive na pratica do pecado, está
morto para Deus; morto refere-se condenado e separado de Deus eternamente. Mas
quando ele crê que Jesus é o Filho de Deus enviado a este mundo para nossa
salvação, e deixa toda a prática de pecado do velho homem, então nasce de novo,
é vivificado com Cristo e torna-se nova criatura, conforme o que Paulo escreve
em Ef 2.1 “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados”. Tornando-se uma nova criatura: “Assim que, se
alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que
tudo se fez novo” (2ª Co 5.17). “Quanto ao trato passado, vos despojeis do
velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano. E vos renoveis no
Espírito do vosso entendimento. E vos revistais do novo homem, que segundo Deus,
é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.22-24). “E vos vestistes do
novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”
(Cl 3.10). Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador arrependido
permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num
relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).
O novo
nascimento envolve
a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Deus: “Em
que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos de nossa carne e
éramos por natureza filhos da ira. Estando nós ainda mortos em nossas ofensas,
nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2.2-3).
Sem esta milagrosa transformação espiritual, o pecador
arrependido permanecia morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a
Deus num relacionamento pessoal (1ª Co 2.14).
3. Qual
a participação do crente. Apesar dessa transformação ser realizada
exclusivamente pelo Espírito Santo ainda assim, tem de haver a participação
consciente do candidato. Assim como o filho é gerado com a participação mútua
do homem e da mulher, também o novo nascimento ocorre com a participação mútua
entre o Espírito Santo e o candidato.
Isto segue a seguinte ordem:
Primeiro: O candidato tem que querer
ardentemente conhecer pessoalmente o Senhor Jesus. Quando falo em “conhecer”
não me refiro a informações bíblicas d’Ele, mas de uma experiência pessoal
entre o candidato e o próprio senhor Jesus.
Segundo: Quando o primeiro passo é
satisfeito pelo candidato, o segundo é feito por Deus. O Espírito Santo é Quem
revela ou apresenta Seu Filho àqueles que desejam conhecê-Lo mais do que tudo
nesse mundo.
Jesus ensinou a Nicodemos, renomado mestre
da Lei, que o novo homem não é gerado nem da carne nem do sangue, mas de Deus,
da água e do Espírito.
4. Três efeitos do novo nascimento.
- Posicionais
(adoção).
Torna-se filho e beneficiário dos privilégios (Gl 4.1-7).
- Espirituais
(união com Deus).
Mediante o Espírito Santo, resulta em novo caráter; crente deve manter contato
com Deus, preservando e nutrindo sua vida espiritual (2ª Pe 1.4 e Rm 6.4).
- Práticos. Pessoa nascida
odiará o pecado, 1ª Jo 3.9 e 5.8; em obras de justiça, amor fraternal e vitória
que vence o mundo.
Observação: Estamos sujeitos a falhar: (Não
podemos habituar com o pecado, mas se pecarmos, não voluntariamente, de forma
premeditada, temos o bom advogado (1ª Jo 2.1 e 3.9).
5.
Nascido não do sangue nem da carne. No prólogo de seu evangelho, o apóstolo
João afiança que o novo homem, em Cristo, é, antes de tudo, uma criação
espiritual; não é gerado nem do sangue nem da carne, mas de Deus (Jo 1.12,13).
Apesar do pecado do primeiro Adão, nós podemos renascer para Deus, através dos
méritos de Jesus, o Último Adão.
- O novo homem antes de tudo é uma criação
espiritual (Jo 1.12,13).
- Podemos renascer para Deus, através de
Jesus Cristo.
- O Espírito Santo opera poderosamente na
atuação desse novo homem (Jo 3.6).
- Ao nascer de novo, o homem experimenta
plena comunhão com o Pai (Rm 8.16).
6.
Nascido de Deus.
O novo homem é nascido de Deus (Jo 1.12).
- Ele aceitou a Cristo pela fé. Esse era o
plano de Deus elaborado antes da fundação do mundo Ap 13.8).
- Em Cristo, ele se tornou uma nova
criatura (2Co 5.17; Gl 6.15).
- O nascido de Deus torna-se filho de Deus
pela fé (Jo 1.12).
7. O novo nascimento é necessário para entrar no céu. “Na verdade, te
digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a
entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, te digo que
aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”
(Jo 3.3-5).
Este versículo não somente promete ao
crente a sua entrada no céu após a morte, como também indica a realidade
“presente”, de possuir uma “nova vida”. Note que Jesus declara que aos que creem
já receberam esta nova vida. Já passamos da morte para a vida. “Assim também
vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus”
(Rm 6.11).
7.1.
Nascer da água e do espírito. O primeiro passo para o homem ser
regenerado é ouvir a Palavra de Deus. A Palavra simboliza a água. Ela serve
para limpar algo que está sujo, por isso o mestre Jesus diz aos Seus discípulos:
“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Paulo nos
diz que: “Para santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra”
(Ef 5.26); “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para
que fôssemos como primícias das suas criaturas” (Tg 1.18).
O Espírito Santo é quem convence o homem
do pecado: “Quando ele vier, convencerá o mundo
do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8).
A Palavra de Deus ensinada, limpa o homem do
pecado e o Espírito convence o homem do pecado trazendo uma regeneração
perfeita e completa.
A Palavra de Deus nos purifica e nos limpa
de todo o pecado, transformando a vida velha numa nova criatura. O novo
nascimento não é mérito do homem, mas unicamente do Espírito Santo: “Não pelas
obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou
pela lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo” (Tt 3.5).
“...aquele que não nascer da água e do
Espírito não pode entrar no Reino de Deus”. Somos salvos pelo sacrifício de
Jesus e limpos (santificados) pela lavagem da Palavra de Deus e transformados
pelo o Espírito Santo de Deus mediante a fé.
Nascer da água e do Espírito é o único
meio para entrarmos no Reino de Deus. Sem que haja uma transformação radical
proveniente da graça, misericórdia e do poder de Deus, jamais o homem poderá
ver a Deus.
Este novo nascimento não é a relação
física entre o homem e a mulher, mas algo sobrenatural: “Sendo de novo gerados,
não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e
que permanece para sempre” (1ª Pe 1.23).
Pedro afirma que o novo nascimento não é
de uma semente corruptível (a semente do homem e da mulher), mas é da semente
incorruptível pela Palavra, que permanece para sempre.
Sendo que o Espírito Santo usa a Palavra
de Deus na sua obra de regeneração bem como na sua obra de convicção, nos leva
a achar que a Palavra de Deus, ou seja, a verdade é o meio que o Espírito Santo
usa na obra de regeneração. O Espírito Santo emprega a Palavra da Verdade.
Existe um apelo à natureza racional do homem mediante a verdade. A Palavra de
Deus santifica e convence o homem do pecado; e essa convicção nos leva aquele
que pode nos purificar e através dele experimentarmos o novo nascimento. Em
outras palavras a obra regeneradora do Espírito Santo acompanha a pregação do
Evangelho: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não
teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo
Jesus” (1ª Co 4.15).
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou
pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas
criaturas” (Tg 1.18).
A natureza da regeneração: “ele nos gerou”;
O instrumento da regeneração: “pela
palavra da verdade”;
O autor da regeneração: “Ele”;
A causa suprema da regeneração: “segundo o
seu querer”;
O propósito da regeneração: “para que
fôssemos como que primícias das suas criaturas”.
7.2.
Batismo em água. Os
que defendem que o batismo é necessário destacam “nascer da água” como prova.
Como uma pessoa explica: “Jesus descreve e diz-lhe claramente como - ao nascer
da água e do Espírito. Esta é uma descrição perfeita do batismo! Jesus não
poderia ter dado uma explicação mais detalhada e precisa do batismo.” No
entanto, se Jesus quisesse dizer que é preciso ser batizado para ser salvo, Ele
poderia ter claramente declarado: “Digo-lhe a verdade: a menos que alguém seja
batizado e nascido do Espírito, essa pessoa não poderá entrar no reino de
Deus.” Além disso, se Jesus tivesse feito tal declaração, teria contradito
inúmeras outras passagens da Bíblia que deixam claro que a salvação é pela fé
(Jo 3.16; 3:36, Ef 2.8-9, Tt 3.5).
O batismo cristão não salva, não lava
pecados e não complementa a salvação. Somente a obra expiatória de Cristo
consumada no Calvário salva e purifica o pecador de seus pecados (Hb 2.17; Ef
1.7; 1ª Co 15.3). No entanto, o batismo em água por imersão é um testemunho
público da nova vida em Cristo assumida pelo batizando.
Ao tratar do batismo, a Bíblia é incisiva
ao demonstrar que o convertido deve ser imerso na água (At 8.36) como um sinal
físico e visível de sua fé. Portanto, o batismo além de requerer muita água (Jo
3.23), também condiciona que, tanto o que batiza, o oficiante, quanto o
batizando, o candidato, desçam à água (At 8.38). A linguagem bíblica empregada
na simbologia do batismo em Romanos 6.4 e Colossenses 2.12 implica imersão
total.
As
realidades espirituais figuradas no batismo. O batismo em água é uma
identificação pública do crente com Cristo, o seu Salvador, em que:
a) A descida do candidato às águas fala da
nossa morte com Cristo.
b) A imersão nas águas está relacionada
com o nosso sepultamento com Cristo.
c) O levantamento das águas representa a
nossa ressurreição com Cristo em novidade de vida (Rm 6.3,4).
Um dos propósitos do batismo em águas é
simbolizar a morte, sepultamento e ressurreição do novo crente e sua nova vida
em Cristo.
7.3.
Nascido do Espírito Santo. A regeneração só é possível através da atuação do
Espírito Santo na vida do pecador arrependido; é Ele quem opera o novo
nascimento (Jo 3.6). Esse ato regenerador não pode ser explicado em linguagem
humana (Jo 3.8). Somente a partir dessa ação sobrenatural, em nossa alma, é que
o novo homem, em Cristo, torna-se possível (Gl 6.15). Temos, aí, a genuína
conversão.
- É o Espírito Santo quem opera o novo
nascimento (Jo 3.6).
- Não pode ser explicado em linguagem
humana (Jo 3.8). A atuação do Espírito Santo, no interior do ser humano, é o
milagre mais expressivo que Deus pode operar em nossa vida. Ao nascer de novo,
o homem experimenta um novo gênesis - a comunhão plena com o Pai Celeste (Rm
8.16).
- Essa é a genuína conversão.
8.
Nascido de Deus.
O nascimento do novo homem é descrito, pelo Evangelista, como o ato de nascer
de Deus (Jo 1.12). Isso implica a aceitação, pela fé, do plano de Salvação que
o Pai Celeste elaborou bem antes da fundação do mundo (Ap 13.8). Tornar-se nova
criatura, em Cristo, é o auge da bem-aventurança humana (2Co 5.17; Gl 6.15).
Logo, nascer de Deus é tornar-se filho de Deus pela fé (Jo 1.12).
9. Uma
mudança de reino. “Ele
nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do
seu amor” (Cl 1.13). “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte” (1ª Co 3.14). “Em
verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”
(Jo 5.24).
Quando, aceitamos a Cristo como Senhor e
Rei de nossa vida, estamos mudando de reino, ou seja, saímos do reino das
trevas e entramos no reino da luz que é Cristo Jesus (João 8.12). Por isso nem
todas as pessoas são filhos de Deus no sentido bíblico, somente os que creem
que Jesus é o Salvador e tem uma vida de obediência a Sua Palavra, têm o
direito de serem chamados filhos de Deus. Quando o pecador recebe Jesus, nasce
de novo e é feito filho de Deus. É por isso que Paulo diz: “Porque todos os que
são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14).
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos
filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora,
segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef
2.1-3).
No capítulo 2.1-10 da carta aos Efésios,
Paulo compara o crente que foi vivificado e o descrente que está nos domínios
de Satanás. Neste trecho os descrentes são descritos como:
Mortos
em pecados.
Incessíveis e impotentes como cadáveres (corruptos, mortos espiritualmente).
Andando
segundo o curso deste mundo. Um andar não necessariamente imoral ou
irreligioso, mas um andar mundano, ou seja, sem Deus e afastado dele (cf. v. 12).
Levados
por Satanás.
O grande espírito mestre que dirige o curso deste mundo e determina a maldade e
ações nos filhos da desobediência.
Vivendo em concupiscências carnais,
entregues aos prazeres do corpo e da mente.
Depois de pintar este quadro tão negro, o
apóstolo apresenta outro, cheio de formosura, com as palavras “mas Deus”, e
fala, entusiasmado:
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por
causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos,
nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos, e, juntamente com
ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus
irá mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade
para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2.4-7).
Do seu grande amor que se manifesta em
misericórdia, e que se manifestará no porvir nas abundantes riquezas da sua
graça (v. 7).
Do seu poder vivificador, que se chama à
vida os mortos e os assenta juntamente com Cristo nos lugares celestiais. (V. 5
e 6). O versículo 5 tem sido traduzido assim: Estando nós também mortos em
nossas ofensas, nos chamou para partilhar da vida de Cristo pela graça sois
salvos.
Da
natureza da salvação.
Pensamos na significação do tempo presente no versículo 8. Nossa fé de hoje,
que hoje aprecia a graça que Cristo salva hoje do pecado. Podemos indagar se
apreciamos devidamente tudo que a graça de Deus deve significar para nós mesmo,
e se temos provado todo o seu poder salvador?
Do
verdadeiro lugar das obras. Aqui temos três referências às obras. A salvação não
prove das obras (v.8); não podemos merecê-la. Deus é o que opera (v. 10);
somente Ele pode salvar. “Para as boas obras” (10), primeiro salvos, depois
trabalhando.
10. Cristo
vive em mim. A regeneração envolve união com Cristo, e
não uma mudança de coração sem Ele: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo
Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos
nelas” (Ef 2.10).
O Espírito Santo efetua no homem a união
de sua alma com Cristo: Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos
batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? (Rm 6.3). É uma união
de vida em que o espírito humano, embora possuindo a sua própria individualidade
e distinção, é vivificado pelo Espírito de Deus, e assim torna a ser um com
Cristo. “Porque somos membros do seu corpo” (Ef 5.30). “Aos quais Deus quis dar
a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto
é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).
“Agora, pois, já nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1-2).
“Porque eu, mediante a própria lei, morri
para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já
não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na
carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por
mim” (Gl 2.19-20).
O conceito de Cristo vivendo no crente é
um pouco difícil de se compreender. Fisicamente, o crente não é diferente do
que era antes. Há, porém, um poder invisível habitando nele depois da
conversão, que fará amar a justiça e odiar o pecado.
Através dele, os homens são atraídos a
Cristo. “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (Jo
12.32).
O
poder de Cristo compartilhado. “Mas aquele que se une ao Senhor é um
espírito com ele” (1ª Co 6.17).
Mantido
pelo poder divino.
“Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação
preparada para revelar-se no último tempo” (1ª Pe 1.5).
O
poder divino passa através do crente para atrair outros a Cristo. “... para que
também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2ª Co 4.11b).
O poder divino repele o pecado. “Porque a
lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da
morte” (Rm 8.32).
O
poder divino atrai para justiça. “Visto como, pelo seu divino poder, nos
têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo
conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e
virtude” (2ª Pe 1.3).
II.
A JUSTIFICAÇÃO DO NOVO HOMEM
A palavra justificação no grego tem dois
significados: “dikaiosis”, é o ato de
Deus que declara as pessoas livres de culpa e aceitáveis para Ele e “dikaioma”, sentença favorável pela qual
ele absolve a humanidade e a declara aceitável em um ato ou feito justo. O substantivo dikaiosis se acha somente em dois lugares no NT, a saber, Rm 4.25;
5.18. Ele denota o ato de Deus declarar homens livres de culpa e aceitável a
Ele. O estado resultante é denotado pela palavra dikaiosune.
A
conversão é seguida pela justificação. Trata-se da declaração da parte de Deus
de que o crente está legalmente justificado (isento de culpa). Esta
justificação envolve dois atos: o cancelamento da dívida do pecado na “conta”
do pecador, e o “lançamento”, em seu lugar, da justiça de Cristo.
A doutrina da justificação é uma doutrina de
suma importante da Bíblia. No curso da história ela se tornou grandemente
pervertida. Foi a Reforma Protestante que restaurou a doutrina da justificação
ao seu lugar correto.
A regeneração, o homem recebe uma nova
vida e uma nova natureza; na justificação ele recebe uma nova posição. O réu
está perante Deus, o Justo Juiz, porém, ao invés de receber sentença
condenatória, ele recebe a sentença de absolvição.
A justificação pode ser definida como ato
de Deus pelo qual Ele declara justo todo aquele que crê em Cristo. A
justificação é um ato declarativo de Deus. Não é algo operado no homem, mas sim
algo declarado no homem.
Os que estão no mundo estão, naturalmente
debaixo da condenação; os que estão em Jesus, porém estão livres, absolvidos.
Assim diz A Bíblia: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
1. A
inutilidade da justiça humana. Nossas obras, ainda que boas e
aparentemente meritórias, não nos salvam nem nos justificam diante de Deus (Ef
2.8,9). Aliás, são elas consideradas trapos de imundície (Is 64.6). Só existe
um meio de obtermos a salvação e de nos justificarmos perante o Justo Juiz: a
fé nos méritos perfeitíssimos de Jesus Cristo (Rm 5.1).
A partir desse processo, o novo homem
passa a ter um novo status jurídico perante Deus (Rm 5.9).
2. A
maravilhosa doutrina da justificação. Ao pecador que, pela fé, recebe a Jesus,
Deus lhe concede mais que um mero perdão e muito mais que uma anistia;
concede-lhe o status de justo, pois a justiça de Cristo muda por completo a
“situação jurídica” do réu (1ª Co 6.11). Este é completamente perdoado; e seus
pecados, inteiramente apagados (Hb 10.17).
O novo homem nasce, através da fé em Jesus
Cristo, num contexto de injustiça e pecado. Por isso, precisa de um novo status
diante do tribunal de Deus - a justificação pela fé.
3. Deus
um Justo Juiz. A justiça vem de Deus. “O
Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (G 3.21).
Não existe ser algum em
todo o universo que tenha condição de justificar o homem diante de Deus. Por
isso todas as religiões, em todo o mundo, que procuram justificar o homem
diante de Deus por obras, são falhas, não produzem justificação. “A justiça vem
do Senhor” (Is 54.17).
3.1.
Deus julga de acordo com a verdade e a justiça. Em muitos
tribunais adota-se o princípio de que a sentença em qualquer caso seja de
acordo com os fatos apresentados nos autos. Nenhum juiz tem o direito de
perdoar o culpado ou condenar o inocente; e para que a justiça seja exercida, o
julgamento deve estar de acordo com este princípio.
O princípio da lei que rege os negócios
dos homens é também o princípio pelo qual Deus exerce justiça. Quando Deus,
como Juiz Santo e Justo senta-se para julgar os homens, Seu julgamento deve ser
feito de acordo com a verdade e a justiça. Deus precisa justificar o inocente e
condenar o culpado. Nenhum juiz poderia administrar a justiça se tratasse os
fatos de modo diferente do que são na realidade; e seria um juiz injusto se,
por favoritismo, absolvesse o culpado e condenasse o inocente.
Portanto, quando Deus justo e verdadeiro,
senta-se para julgar e exercer a justiça deve pronunciar todo mundo culpado (Rm
3.23), pois esta é a verdade dos fatos. Como então, pode Deus, que é amor e
misericórdia e graça, pronunciar culpado todo mundo? O fato está na Sua justiça.
O pecador arrependido e regenerado é transformado numa nova criatura, sendo
assim Jesus o justifica perante o Pai (1ª Jo 2.1). Mas aqueles que seguem o seu
próprio caminho, ou seja, um caminho de pecado e sem Deus, Jesus não pode
justificar e o Pai declara condenado. Portanto, somos justificados ou condenados
pela nossa própria decisão. Deus é onisciente e conhece todos nossos corações e
pensamentos.
3.2. Nada escapa de Seus olhos. Ele vê e conhece
tudo. Se um juiz terreno age com justiça baseando-se na lei humana, quanto
mais um Deus justo e Criador. Você acha certo um homem que comete todo o tipo
de maldade (estuprador, imoral, injusto roubador etc.), ser absolvido em um
tribunal de justiça? Se você é ético vai dizer que não. Desta mesma forma Deus
age conosco com base na Sua justiça. A Bíblia diz que um dia Ele irá julgar o
mundo, justificando o pecador arrependido e condenando o pecador que não se
arrepende. “Quem crer e for batizado
será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16).
3.3.
A justiça de Deus é perfeita e imutável. Deus jamais pode usar dois pesos e
das medidas. Ele referia-se a Sua justiça, se perdoasse o pecador, sem meio
eficaz de perdão porque disse: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). “E o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de
qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do
mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” (Gn 2.16-17).
A justificação é uma declaração de Deus,
segundo a qual todos os processos da lei divina são plenamente satisfeitos, por
meio da justiça de Cristo, em benefício do pecador que o recebe como salvador.
Justificação significa mudança de posição espiritual diante de Deus: de
condenados para justificados. Esta é a única maneira do homem com Deus,
apresentando-se a Ele sem culpa.
4. O
novo homem é justo.
A partir de sua conversão, o pecador passa a ser visto por Deus como se jamais
tivesse cometido qualquer injustiça; de agora em diante, é um justo aos olhos
de Deus (1ª Jo 3.7). Haja vista o que houve com o ladrão que, na cruz, creu no
sacrifício de Jesus Cristo (Lc 23.42,43).
5. Características
da justificação.
5.1.
A justiça divina alcança a todos. Assim como o pecador tornou-se universal,
a justificação destina a todos quantos queiram ser salvos “Pois Deus revelou a
sua graça para dar a salvação a todos” (Tt 2.2).
A expressão “para que todo aquele que nele
crê não pereça” (Jo 3.16) abrange a todos indistintamente. Todos os que se
arrependem de seus pecados e creem em Jesus como Salvador não perecerão, mas
terão a vida eterna. E é tudo pela graça de Deus, conforme está escrito: “Onde
abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Esta “multiforme graça”
alcança de igual modo todas as pessoas de todas as raças, culturas, níveis sociais,
idades e circunstancias (Jo 6.37). Ninguém é bom suficiente para se salvar,
como também não é mau que não possa ser salvo por Jesus.
5.2.
A justiça de Deus é concedida gratuitamente mediante a graça. A fonte da
justificação é a graça de Deus “Se, pela ofensa
de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a
abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a
saber, Jesus Cristo” (Rm 5.17; outras ref. Rm 3.24; Tt
3.4-7).
A lei diz: paga tudo; mas a graça diz: tudo está pago. A lei representa uma
obra a fazer; a graça é uma obra consumada. A lei representa uma obra a fazer;
a graça é uma obra consumada. A lei restringe as ações; a graça transforma a
natureza; a lei condena; a graça justifica; sob a lei a pessoa é servo
assalariado; sob a graça é filho em gozo ilimitado.
A obediência vicária de Cristo torna o
cristão justo diante de Deus. Os muitos se tornarão justos a medida que recebem
a abundância da graça e o dom da justiça quando chegam a crer neste maravilhoso
ato realizado por Cristo Jesus em favor da humanidade.
A justificação é a baseada no sangue
derramado de Cristo e a na sua justiça. O apóstolo Paulo declara que somos “justificados,
gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm
5.9).
Somos unicamente justificados
gratuitamente pela imensurável graça de Deus concedida aos pecadores, a fim de
conferir-lhes aquilo que jamais poderíamos alcançar por seus próprios méritos,
deixando de lado a sentença por eles merecida.
Portanto, desde que a justificação é uma
posição legal que só pode ser concedida por Deus, e desde que ninguém merece
esta posição, ou seja, a justificação é inteiramente pela graça de Deus.
O que Paulo quer dizer que somos
justificados sem justa causa, ou seja, sem qualquer razão ligada a nós. Deus
não nos justificou por possuirmos qualquer qualidade positiva ou qualquer traço
de bondade, nem mesmo porque valesse a pena salvar-nos. Também Ele não estava
obrigando de maneira alguma a nos justificar. Mas Ele nos justificou pela Sua graça infinita e incomparável.
Através da base da justificação
e sua causa eficiente, podemos ver com muita clareza que a justificação não é
pelas obras da lei, inclusive as obras da lei não foi dada para salvar ou
justificar quem quer que seja, mas para pôr ponto final nos argumentos e
mostrar que todos são culpados: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que
vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável
perante Deus” (Rm 3.19), para dar conhecimento do pecado: “visto que ninguém
será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o
pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20); para mostrar a excessiva pecaminosidade
do pecado: “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário,
o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a
morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno” (Rm
7.13); para conduzir o pecador a Jesus.
No tribunal de Deus, nenhum homem pode ser
considerado justo aos olhos de Deus pela obediência à lei (Gl 2.16). Como meio
de estabelecer corretas relações com Deus, a lei é totalmente insuficiente. A
única coisa que a lei pode fazer é fechar a boca de todo o homem e declará-lo
culpado perante Deus. É verdade que Jesus fez referência à lei ao jovem que lhe
havia perguntado como herdar a vida eterna; mas é evidente que Jesus fez isso
simplesmente para mostrar-lhe que a salvação é impossível de ser alcançada
nessa base.
6. A condição da justificação.
6.1. Fé. Se a justificação
é unicamente pela graça de Deus, como o próprio homem pode estar envolvido
então no processo de ser justificado? As Escrituras Sagradas dizem que somos
(gr. diá pisteos; ek pisteos ou pistei – dativo). A preposição dia (Rm 3.25; Gl 2.16; Fp 3.9), enfatiza
o fato de que a fé é o instrumento pelo qual nos apropriamos de Cristo e de sua
justiça. A preposição ek (Rm 3.26, 30; 5.1; Gl 3.8, 24) indica que a fé
logicamente precede a nossa justificação pessoal, para isto que origina-se em
fé. O dativo é usado em um sentido instrumental (Rm 3.28).
A. A
fé a condição para sermos justificados. Contudo, a Escritura nunca indica que
sejamos justificados (gr. dia tem pistin),
por causa da nossa fé. Isto quer dizer que a fé nunca é representada como a
base da nossa justificação. Como já temos notado, se isso fosse o caso, fé
teria que ser considerada como obra meritória do homem. E isto seria a
introdução da doutrinada da justificação pelas obras que o apóstolo opõe
coerente ou constantemente (Rm 3.21, 27-28; 4.3-4; Gl 2.16, 21; 3.11).
B. A
fé é a condição da nossa justificação e o sangue de Cristo é a base da nossa
justificação.
Podemos notar que somente o sacrifício de Cristo é o que nos justifica. Não é
para fé que somos justificados, mas pela fé somente. A fé não é o preço da
nossa justificação, mas o meio de apropriar-se dela. A fé é a aceitação de
métodos divinos da justificação. A fé apropria daquilo que a graça fornece.
“Tendo em vista a manifestação da sua
justiça no tempo presente, para ele mesmo justo e o justificador daquele que
tem fé em Jesus. Onde, pois, a jactância? Foi de toda excluída. Por que lei?
Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é
justificado pela fé, independente das obras da lei” (Rm 3.26-28).
Cristo ocupa uma posição única como o
representante de Deus com o homem e do homem com Deus. O valor infinito da fé é
derivado do seu objeto: Deus e sua manifestação. Crer é, portanto, agarrar de
uma vez a perfeição de Deus.
Cristo sofreu a penalidade dos nossos
pecados. Logo, os nossos pecados não foram desculpados ou ignorados; pelo
contrário, a sua “conta” foi totalmente paga. Não somos inocentes quanto aos
nossos pecados cometidos, mas Deus não nos julgará mais por eles, pois foram
perdoados e pagos por Cristo. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o
madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para
a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (1ª Pe 2.24). “Pois também Cristo
morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos
a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1ª Pe 3.18).
Não somente somos perdoados de todos os
pecados que nos separaria de Deus, mas, sim, pela justiça de Cristo, somos
dignos de ter comunhão com Deus. Quando Deus olha para nós, não vê nossos
pecados e fracassos; pelo contrário, apenas vê a santidade do Seu Filho, e Sua
obediência e bondade; sendo justificado desta maneira temos paz com Deus e
acesso a Ele (Rm 5.1-2).
“Justiça de Deus mediante a fé em Jesus
Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção” (Rm
3.22). “Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém
da fé” (Gl 5.5). “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que
crê” (Rm 10 4).
A fé salvífica é o único meio do homem
tornar-se justo e permanecer neste estado. Os efeitos da justificação pela fé
abrangem a totalidade da vida do crente. No passado a fé justificou-o,
libertando-o inicialmente da condenação do pecado. No presente, a fé continua a
justificá-lo, libertando da “pratica do pecado”. À medida que ele continua na
fé em Cristo, a justificação do crente culminará na glorificação, libertando-o
para todo o sempre da própria “presença do pecado”.
6.2. O sangue é a base da justificação.
A justificação é a baseada no sangue
derramado de Cristo e a na Sua justiça. O apóstolo Paulo declara que somos
“justificados, gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em
Cristo Jesus” (Rm 5.9). Em romanos 5.9 ele diz: “Logo, muito mais agora, sendo
justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.
O sangue de Cristo é a base da nossa
justificação, pelo qual a perfeita justiça de Cristo é imputada ao pecador. Sem
o sacrifício de Cristo não seria possível a nossa justificação. Deus planejou
nossa justificação e providenciou também o modo como seria realizado;
unicamente através do sangue derramado por Jesus Cristo.
Temos redenção pelo sangue (Rm 3.24);
temos propiciação pelo sangue; temos a remissão dos pecados, tudo através de
seu sangue. O sangue é o fundamento da justificação porque as Escrituras
revelam que a vida está no sangue. E quando Jesus Cristo derramou Seu sangue,
entregou Sua vida, a vida dele em substituição à nossa. A morte dele em lugar
da nossa morte, para que nós pudéssemos receber a remissão de pecados através
do sangue de Cristo.
Por ter Cristo suportado o castigo de
nossos pecados em seu próprio corpo, Deus revogou a pena e nos restabeleceu a
Seu favor.
Na justificação os nossos pecados não são
desculpados, mas punidos na pessoa de Cristo, nosso substituto. “O qual foi
entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa
justificação” (Rm 4.25).
A base da nossa justificação é unicamente
o sangue de Cristo, pelo qual a perfeita justiça de Jesus é imputada ao
pecador. Sem o sacrifício de Cristo não seria possível a justificação.
Deus planejou nossa justificação e
providenciou também o modo como seria realizada; unicamente através do sangue
derramado por Cristo Jesus.
Quando Jesus verteu o Seu
sangue nesse sacrifício inigualável, abriu-se a fonte da graça para a
justificação de todo aquele que n’Ele crer.
“Como agora fomos
justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por
meio dele”! (Rm 5.9).
6.3. A justificação concede uma
nova posição em relação à lei de Deus. A lei de Deus
exigia perfeita obediência para se obter a vida eterna (Mt 19.17).
Evidentemente, ninguém pode cumprir perfeitamente esta exigência. A solução
divina não foi abolir a Lei, mas, sim fazer que Cristo “cumprisse” a Lei por
nós, pois Ele pôde obedecer à Lei de modo perfeito.
Justificação é um termo legal (que se
refere à maneira correta de se apresentar diante de Deus). Esse estado não pode
ser obtido pelos méritos humanos, mas pela redenção em Cristo Jesus.
Redenção é o ato que propicia a liberdade
ao escravo por meio da fé em Cristo, ou seja, pecadores são libertos da
escravidão do pecado (Jo 8.32).
Propiciação do grego hilasterion,
carrega a ideia de apaziguar ou satisfazer. Portanto, propiciação se refere à
obra de Cristo na cruz. Por meio da propiciação, Cristo satisfez ambas as
demandas da justiça de Deus e cancelou a culpa dos pecadores. A fé em Jesus
Cristo como Senhor e Salvador é a única condição do homem ser justificado
diante de Deus.
III.
A SANTIFICAÇÃO DO NOVO HOMEM
Ao contrário da regeneração, que é um ato
instantâneo, a santificação é um processo que demanda toda a nossa vida até
alcançarmos a estatura de varões perfeitos.
1. A definição da palavra santo. A
palavra santo no grego hagios e no heb. Kadosh, quer dizer
separado. Santo então é separar do mundo e apartar-se do pecado, consagrar a
fim de termos ampla comunhão com Deus e servi-lo com alegria. É aquele que se
separa do mal, e dedica-se ao serviço de Deus, é o ato de santificar; tornar
sagrado; dedicado exclusivamente para Deus; ter uma vida de santificação, ou
seja, ter qualidades específicas que nos mantenham ou nos levem à separação das
pessoas pecadoras que vivem longe da presença de Deus.
Santo do Lat. Sanctitatem,
significa perfeição moral; estado de quem se destaca pela natureza. Ambas as palavras no original representam
um indivíduo que pela fé crê no sacrifício de Jesus, e separa-se do mundo e de
tudo que no mundo há.
Santificação. O substantivo hagiasmos, o mesmo que santificação é usado em
alusão a total separação do homem para com Deus (1ª Co 1.30, 2ª Ts 2.13, 1ª Pe
1.2), e ao curso de vida adequado aos que são separados (1ª Ts 4.3, 4-7; Rm 6.19-22;
1ª Tm 2.15).
A santificação envolve: a separação ao
mundo e a sua completa dedicação ao serviço de Deus: “Assim, pois, se alguém a
si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e
útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2ª Tm 2.21).
2. Ser
santo significa uma separação do pecado. “Mas a vós outros vos tenho dito:
em herança possuireis a sua terra, e eu vo-la darei para a possuirdes, terra
que mana leite e mel. Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos separei dos povos.
26. Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos,
para serdes meus” (Lv 20.24,26).
Deus escolheu Abraão, separando de outros povos e prometeu ser o pai de
uma grande nação. Abraão seria pai de um povo de
quem Javé seria Deus (Gênesis 17.7) e por meio do qual Deus viria ao mundo. A
nação resultante de Israel prenunciava um povo espiritual e ideal no qual Deus
teria o que desejava.
Assim Deus
queria que viesse agir Israel, que foi libertada dos laços de Faraó para
habitar na terra que mana leite e mel, mas na terra havia outros povos que não
conheciam a Deus e viviam em práticas pagãs, o que levou Deus a todo momento a
adverti-los para que viessem a guardar os seus mandamentos e se separarem para
o uso exclusivo de Deus, para não caírem no laço das outras Nações, pois Deus
sabe que a palavra é um meio de santificação, separação (Jo 17.17). Mas o povo
tinha a velha natureza, o velho homem, que dificultou muito o povo e tem
dificultado os cristãos de hoje em dia a se livrarem dos maus hábitos.
“...vos separei dos povos...”. A palavra é
usada para distinguir entre o santo e o profano, entre o especial e o vulgar:
“Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que
serve a Deus e o que não o serve” (Ml
3.18).
Santo significa uma retidão moral de um
caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante de Deus, na
obediência à sua Palavra e na inculpabilidade desse crente diante do mundo (Fp
2.14-15; Cl 1.22; 1ª Ts 2.10).
“Retirar-vos, retirar-vos, saí de lá, não
toqueis coisas imundas; saí do meio dela, purificai-vos, vós que levais os
utensílios do Senhor” (Is
52.11).
O cristão é chamado por Deus para viver
uma vida irrepreensível, correta e pura perante o Senhor Deus, e separada do
mundo.
“A fim de que seja o vosso coração
confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na
vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos” (1ª Ts 3.13).
Santo é o crente que vive separado do
pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de
Deus. É exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas
tenebrosas do pecado.
Santificação é um processo pelo qual a
condição moral da pessoa é elevada à conformidade com seu estado legal perante
Deus. Santificação é um ato subsequente a regeneração, pelo qual os crentes são
libertos do pecado original e de suas depravações, e trazidos num estado de
inteira devoção a Deus, e a obediência santa de amor perfeito.
Santificação no sentido próprio da palavra
é uma libertação instantânea de todo o pecado, e inclui poder instantâneo, dado
sempre para manter-se fiel a Deus.
O ser santificado não é nada mais ou menos
do que uma completa remoção do coração, daquilo que é inimizade contra Deus.
Segundo o NT, a
santificação não é descrita como um processo lento, de abandonar o pecado pouco
a pouco. Pelo contrário, é apresentada como um ato definitivo mediante o qual,
o crente, pela graça, é liberto da escravidão de Satanás e rompe totalmente com
o pecado a fim de viver para a Deus (Rm 6.18; 2ª Co 5.17; Ef 2.4-6; Cl 3.1-3).
O cristão, pela graça que Deus lhe deu,
morreu com Cristo e foi liberto do poder e domínio do pecado (Rm 6.18); por
isso, não precisa nem deve pecar. E sim obter a necessária vitória no Seu
Salvador, Jesus Cristo. Mediante o Espírito Santo, temos a capacidade para não
pecar (1ª Jo 3.6), embora nunca cheguemos à condição de estarmos livres da
tentação e da possibilidade do pecado.
No mesmo tempo,
no entanto, a santificação é descrita como um processo vitalício mediante o
qual continuamos a mortificar os desejos pecaminosos da carne (Rm 8.1-17),
somos progressivamente transformados pelo Espírito à semelhança de Cristo (2ª
Co 3.18), crescemos na graça (2ª Pe 3.18), e devotamos maior amor a Deus e ao
próximo (Mt 22.37-39; 1ª Jo 4.10-12, 17-21).
A nossa santificação é realmente mediante
a renúncia ao pecado e a o seguir a santidade. Mediante a rendição total da
própria vida (Rm 12.1; 6.12-13, 19). Uma rendição que é voluntária, completa e
definitiva (final) é uma ação necessária para que o crente possa experimentar inteira
santificação. Uma entrega definitiva da vida para Deus constitui a condição
suprema para a santificação prática. Se o homem que ser santo, ele deve
oferecer a si mesmo a Deus, para que este possa realizar esta obra nele.
3. Por
que ser santo.
3.1.
Porque Deus é santo.
Essa santidade é absoluta, pois Deus é santo em Se caráter e essência conforme
disse o profeta Amós “Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade”. Ele é singular
por causa de Sua majestade infinita e também em virtude de se tratar de um Ser
totalmente distinto e separado, em pureza, de suas criaturas (Sl 99.1-5).
“Disse o Senhor a Moisés: Fala a toda
congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o
Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv
19.1-2).
A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo:
“Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” (Is 6.3; Ap 4.8). A santidade de
Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Ap 15.2; Lv 19.2). É o atributo que
melhor expressa sua natureza. Essa santidade é a plenitude gloriosa da
excelência moral de Deus, que existe nEle e que nEle se originou, não tendo
sido derivada de ninguém: “Não há santo como é o Senhor (1º Sm 2.2). No
cristão, porém, a santificação não é um estado absoluto, é relativo assim como
a lua, que não tendo luz própria, reflete a luz do sol (Hb 12.10; Lv 21.8).
3.2. Santidade é uma ordem divina. “Sede santo, por
que eu sou santo” (1ª Pe 1.16; Lv
11.44; Lv 19.1, 2). “Santos serão a seu Deus e não profanarão o nome do
seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do SENHOR, o pão de seu Deus;
portanto, serão santos” (Lv 20.6).
A Bíblia afirma que temos dentro de nós a
“lei do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordena que sejamos santos (1ª Pe 1.16;
Lv 11.44; AP 22.111), Pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1ª
Co 3.17).
Sendo Deus Santo exige dos Seus filhos a
santificação. A ideia principal de santidade é a separação dos modos ímpios do
mundo e dedicação a Deus, por amor, para o seu serviço e adoração. Santidade é
o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser
semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef
1.4; 2.10), é ficar perto de Deus, e, de todo coração, buscar sua presença, sua
justiça e sua comunhão.
Seria zombaria para Deus exigir o que Ele
não proveria. Santidade seria impossível se não fosse pela graça de Deus, (Sl
51.10; Mt 5). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma
ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1ª Pe 1.15-16). O poder do Espírito na obra da
santificação é operação capacitadora do Espírito Santo na vida do crente.
3.3. Porque já estava nos planos de
Deus. A santidade foi o propósito de Deus para Seu povo
quando Ele planejou sua salvação. “...como também nos elegeu nele antes da
fundação do mundo, para que fossemos santos, irrepreensíveis diante dele em
caridade” (Ef 1.4).
3.4. Porque era o
propósito de Cristo. A santidade
foi o propósito de Cristo para Seu povo quando Ele veio a esta terra (Mt 1.21;
1ª Co 1.2, 30).
“Maridos, amai
vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por
ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água
pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.25-27).
4.5.
Santidade sempre foi a prioridade de Deus para Seu povo. “Se é que, de
fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus,
no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que
se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos removais no espírito do
vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em
justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.21-24).
4.6. Porque é à vontade de Deus. O novo homem é
impossível sem o processo de santificação (Hb 12.14). Quanto mais nos
santificamos, mas parecidos nos tornamos com o Senhor Jesus; somos seus
imitadores (1Co 11.1). Logo, devemos ver a santificação como a vontade suprema
de Deus para a nossa vida (1Ts 4.3). Mas, se pecarmos, o sangue de Jesus Cristo
nos purifica de toda a injustiça e impureza (Jo 1.7).
A santificação no AT. foi a vontade de
Deus para o povo israelita; eles tinham o dever de levar uma vida santificada,
separada da maneira de viver dos povos à sua volta: “Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis
a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é
minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras
que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.5-6).
Como parte do propósito de Deus para os
israelitas ao tirá-los do Egito, eles deviam ser um reino sacerdotal (separados
e consagrados ao serviço de Deus) e uma nação santa. Da mesma forma os crentes
do NT, devem ser um reino de sacerdotes (1ª Pe 2.5-9). Um povo santo, separado
do modo ímpio de vida do mundo e que anda nos caminhos justos de Deus e na Sua
santa vontade.
“Pois esta é a vontade de Deus: a vossa
santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba
possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a
Deus” (1ª Ts 4.3-5).
Santificação envolve a morte do velho
homem, isto é, a pessoa que você era antes da sua salvação, para que nosso
corpo, que era o instrumento do poder do pecado, fosse feito ineficaz e inativo
para com o mau e para que não mais sejamos escravos do rei do pecado. Mediante
a obra sobrenatural de Deus, a pessoa é liberta do poder do pecado que dominava
sua vida. A nova pessoa que somos em Cristo Jesus, vive em novidade de vida.
Santificação foi um quesito que Deus
sempre exigiu de Seu povo, tanto no VT, quanto no NT. Alguém acha que por
estarmos vivendo num período de graça, Deus tem a obrigação de tolerar um
amontoado de imundícias que vem tomando conta da Sua Igreja, está muito
equivocado. À vontade de Deus para Sua Igreja é que haja uma separação das
coisas e maneiras más. (1ª Ts 4.3).
Santificação envolve o homem todo:
espírito, alma e corpo (1ª Ts 5.23). Santificação ocorre na vida interior do
homem, no seu coração; e, sendo que o homem interior está liberto e mudado,
haverá mudança também na sua vida diária. O corpo é o órgão ou instrumento da
alma, pelo qual as inclinações, hábitos e paixões pecaminosas se expressam.
Santificação do corpo envolve o emprego dos membros como implementos de volição
santas (Rm 6.12.13; Cl 3.5). Também aparece nas Escrituras que santificação
afeta todo os poderes ou faculdades da alma: o entendimento (Ef 4.13; Rm 12.2;
Cl 3.1-2; Jo6.45)), a vontade (Ez 36.25-27; Fp 2.13), as paixões (Gl 5.24) e no
espírito, a consciência (Tt 1.15; Hb 9.14; 2ª Co 7.1).
4.7.
Santo significa um revestimento da plenitude de Cristo. “Para que sejais
cheios de toda a plenitude de Cristo” (Ef 3.19). A maior motivação para sermos
santo é a esperança da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. A mesma vida que foi separada do mundo e entregue a Deus. A
santificação plena tem de acontecer nesta vida.
Paulo ordena a Igreja em Éfeso que se
tornem perfeitos e cheguem “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).
Na carta de Paulo aos efésios capítulo 4
verso 13, Paulo ora pela santificação plena dos crentes nesta vida. Está
implícito em estarmos “arraigados e fundados em amor” e “cheios de toda a
plenitude de Deus” que somos tão perfeitos em nossa medida e de acordo com
nossa capacidade, segundo Deus é. Se nos mostrarmos cheios da plenitude de Deus
implica em um estado de santificação plena.
4.8. Porque fomos chamados para ser
santos.
“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus,
chamados para ser santo, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1ª Co 1.2).
5. A
santificação como posicionamento. No exato instante de sua conversão, o
pecador arrependido passa a ser visto não apenas como justo, mas também como
santo por Deus e pela Igreja (Lc 23.42; 1ª Co 1.2). Já separado do mundo,
torna-se propriedade exclusiva do Senhor (Êx 19.5; 1ª Pe 2.9). Posicionalmente
é santo, embora esteja ainda em processo de santificação.
6. A
santificação como processo. O novo homem, em Cristo, ainda que seja visto como
santo, e realmente o é, terá de submeter-se a um longo e disciplinado processo
de santificação, até que venha a alcançar a estatura do Filho de Deus (Pv 4.18;
Ef 4.13).
Na santificação do novo homem, a Palavra
de Deus é imprescindível, pois nos conduz ao ideal cristão: perfeição e santidade,
para que em tudo sejamos imagem e semelhança de Deus (Gn 17.1; Mt 5.48; 1ª Pe
1.16).
7. Para que ser santo.
7.1. Para ver a Deus. A santificação é
para todo o crente em Cristo. As Escrituras declaram que sem a santificação
ninguém verá a Deus (Hb 12.14).
Deus é santo e exige de seus filhos a
santidade como Ele na verdade é santo. E sem esta santidade ninguém O verá. A
santificação é o ato de preparar-se para ver a Deus. Acima de todas as coisas,
a santidade é a prioridade de Deus para os Seus seguidores (Ef 4.21-22).
A palavra “seguir”, quer dizer:
“procurar”, “perseguir”, como Paulo de Tarso persegui e segui os cristão. Não
podemos ser relaxados em ser santos. A santidade de Deus requer a nossa
santificação (1ª Pe 1.15-16).
Uma criatura não santa não tem lugar no
favor e no seio de Deus santo. Santificação é o que Deus espera do crente (Rm
6.15; 1ª Co 15.3-4; 1ª Jo 2.1; 3.6; Sl 119.1-4,11; Ju 24).
7.2. Para ser um vaso de honra,
santificado e idôneo - para ser útil a Deus. Sem
santidade, ninguém poderá ser útil a Deus: “Ora, numa grande casa não há
somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns,
para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se
purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu
possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2ª Tm 2.20-21).
7.3. Para anunciar as virtudes de
Cristo.
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo
adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz” (1ª Pe 2.9).
Somos uma geração eleita por Deus com a
finalidade de anunciar Sua excelência, bem como seguir Seus passos e Seus
exemplos deixados por Cristo Jesus.
7.4. Para ter intimidade com Deus. Sem santidade, ninguém terá intimidade nem comunhão com Deus: “Quem,
SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que
vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade” (Sl
15.1-2).
8. Como podemos obter a
santificação. O
pecado original não é erradicado da carne, por si mesma (pois não haveria
morte), nem pode ser libertar por observância de regras e regulamentos (pois a
lei não santifica - Legalismo) e não pode tentar subjugar a carne por privações
e sofrimentos. A santificação somente acontece após o novo nascimento.
8.1. É Deus é quem santifica. “E
o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensível para vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo” (1ª Ts 5.23).
8.2. Somos santificados observando
a Palavra de Deus.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). “Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio
da lavagem de água pela palavra” (Ef
5.26). “Vós já estais limpo pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3).
A santificação só é possível mediante a
obediência integra a Santa Palavra do Senhor.
8.3. Somos santificados pela
Palavra e a oração. “Porque pela palavra de Deus e pela oração é
santificado” (1ª Tm 4.5).
A Palavra de Deus serve para nos orientar
o caminho certo, nos purificar, lavar e santificar o nosso espírito, alma e
corpo para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
A santificação não vem pelos sacrifícios,
mas unicamente pela Palavra. Nem mesmo o jejum tem este poder.
A verdade em si mesma, certamente não tem
nenhuma eficiência adequada para santificar o crente, mas o Espírito Santo pode
usá-la em nossas vidas. As Escrituras revelam o estado do coração e mostram o
remédio para as falhas. As Escrituras servem para incentivar a atividade
espiritual por apresentar motivos e dar direção através de proibições,
exortações e exemplos.
Mediante o conhecimento da verdade e uma
entrega definitiva da vida para Deus constitui a condição suprema para a
santificação prática. É Deus que precisa fazer o homem santo. Se o homem quer
ser santo, ele deve oferecer a si mesmo a Deus, para que este possa realizar
esta obra nele.
8.4.
Somos santificados pelo sangue de Jesus. “Por isso, foi que também Jesus, para
santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hb 13.12).
8.5.
Somos santificados pelo poder regenerador do Espírito Santo. “Eleitos, segundo
a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a
aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1ª Pe
1.2). “...porque Deus vos escolheu
desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito Santo” (2ª Ts
b).
Somos eleitos, ou seja, escolhido por Deus
para vivermos uma vida santifica no Espírito. Fomos lavados, santificados e
justificados, em nome de Jesus Cristo e no Espírito Santo de Deus, (1ª Co
6.11). Pregando a Palavra de Deus, seremos agradáveis e santificados pelo
Espírito Santo de Deus, (Rm 15.16).
É o Espírito Santo de Deus que realiza em nós a santificação, que purifica do
pecado nossa alma e nosso espírito, que renova em nós a imagem de Cristo e que
nos capacita, pela comunicação da graça, a obedecer a Deus segundo a Sua
Palavra (Gl 5.16, 22, 23, 25).
8.6.
Os filhos de Deus são santificados mediante a fé. Fé na obra
redentora de Cristo é a causa mediadora ou condicional de santificação. Aquele
que crê em Cristo é santificado posicionalmente, pois Cristo é naquele momento
feito para ele santificação (1ª Co 1.30). Mas também é mediante a fé que o crente
torna-se na experiência e na prática separado do poder do pecado para Deus (At
26.18; 15.9; Hb 13.12-13; Gl 6.14; Cl 2.12). Devemos lembrar que o objeto da
nossa fé é Cristo Jesus. Santificação não começa olhando por dentro, mas por
estar em Cristo e olhando para Ele.
O homem não se torna santificado em
experiência nem cresce em santificação por fazer esforço para experimentar ou
crescer, mas colocar a si mesmo nas condições de crescimento, por viver e
permanecer em Cristo. A lua não faz esforço para brilhar, nem poder em si mesma
para brilhar. Ela brilha somente por refletir a luz do sol. À medida que
permanecemos em Cristo, reconhecemos o que temos nele e confiando nele,
refletimos Cristo em nossa vida.
A Bíblia não ensina que um grau mais alto
de fé é necessário para santificação do que justificação. A fé envolve temor a
Deus e a Sua Palavra sem duvidar ou raciocinar. É fé independente de todo o
sentimento e desapegado de qualquer outra dependência senão só de Cristo.
Na comissão divina do apóstolo Paulo
extraímos um grande exemplo de santificação pela fé: “Para lhes abrires os olhos
e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a
fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são
santificados pela fé em mim” (At 26.18).
Este versículo é uma declaração típica
feita pelo Senhor Jesus daquilo que Ele quer realizar através da pregação do
Evangelho.
Jesus veio a este mundo “para abrir os
olhos dos cegos”. Satanás cegou a mente dos perdidos para não verem a realidade
da sua condição de perdidos que perecem, nem a verdade de Cristo Jesus, no
poder do Espírito Santo, seu entendimento será aberto (2ª Co 4.5; Ef 1.18).
9. Estorvos
à santificação do crente. Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver
em santidade. Vejamos alguns:
9.1.
Desobediência. Desobedecer
de modo consciente, continuo e obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Êx
19.5-6).
9.2.
Comunhão com as trevas. Comungar com as obras infrutíferas das trevas (Rm
13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas doutrinas (Ef 5.3;
2ª Co 6.14-17).
- Erros
a respeito da santificação.
O pecador não percebe sua necessidade de
santificação. Sua culpa e condenação no começo ocupam sua atenção, somente mais
tarde ele vem a ver sua necessidade. Mas se o pecador convertido não tiver um
discipulado eficiente, poderá portanto, mais tarde, caracterizar sua
santificação com as tradições e regaras humanas. Erros a respeito da santificação, poderão portanto, confundir qualquer
cristão imaturo e com isto vir a cair da graça (Gl 1.6-7). O próprio
Pedro enganou-se a respeito da santificação (At 10.10-15). Vejamos o que não é
santificação bíblica:
A. Exterioridade (Mt 23.25-28). Usos, práticas e
costumes. Este último, quando bom, deve ser o efeito da santificação, e não a
causa (Ef 2.10).
Grande parte dos pentecostais atribuem
tradições legadas dos pais (usos e costumes), como meio de santificação. Há
líderes que ensinam sua igreja dizendo que pecar é transgredir as tradições e
regras da igreja. Portanto o próprio Jesus combateu estes ensinos (Mt 15.1-8). Os costumes são hábitos
criados pelos homens, podendo ser mau ou bom dependendo como ele usa.
As diferenças no ensino de hoje, faz
necessário também que olhemos cuidadosamente o ensino das Escrituras
concernentes a esta doutrina. Não devemos adaptar a doutrina à luz de nossa
vida, mas sim, ajustar nossa vida à doutrina.
Santificação é uma obra sobrenatural de
Deus realizada por Sua graça e amor para com aquele que buscam um dia estar com
Deus. Ela não é portanto, uma mera reforma moral feita por motivo de
consciência, da opinião dos outros, nem de auto interesse, nem de
autodisciplina, nem de auto esforço, nem poder da vontade nem pelos recursos
humanos. Esta reforma externa simplesmente deixa o caráter interior, diante de
Deus, inalterado. É Deus o autor da obra sobre natural de santificação e não o
homem. É algo feito por Ele, não algo que nós fazemos (Ef 5.26; Tt 2,14).
B.
Maturidade cristã.
Não pelo tempo que algo se torna limpo, mas pela ação continua da limpeza. A
maturidade cristã varia, como se vê em 1ª Jo 2.12-13: “Filhinhos”; “pais”;
“jovens”.
Que a Igreja de Cristo volte a pregar, com
mais instância e urgência, a doutrina da santificação. Nenhum impuro ou profano
entrará na Jerusalém Celeste (Ap 21.8).
CONCLUSÃO
Quem recebeu Jesus como o seu Salvador e
Senhor, tomou a melhor decisão, pois os seus pecados foram apagados por Cristo.
A nova vida em Jesus é um presente de Deus.
E, quando do arrebatamento da Igreja, você
será semelhante ao Senhor Jesus, porque esta é a promessa que Ele nos fez por
intermédio do apóstolo João: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é
manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1Jo 3.2).
Sim, nós os redimidos do Cordeiro, seremos
glorificados. E, nessa bem-aventurança, estaremos para sempre com o Senhor.
Que o Cordeiro de Deus seja eternamente
louvado!
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