TEOLOGIA EM FOCO: CARACTERÍSTICAS DOS QUE SÃO DE CRISTO E DOS ANTICRISTOS

quarta-feira, 15 de abril de 2020

CARACTERÍSTICAS DOS QUE SÃO DE CRISTO E DOS ANTICRISTOS


1ª João 2.18-29 “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. 19- Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. 20 - E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas. 21 - Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. 22 - Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. 23 - Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. 24 - Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. 25 - E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26 - Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. 27 - E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis. 28 - E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.”

INTRODUÇÃO
O apóstolo João escreveu esta epístola aos crentes por causa da heresia gnóstica que os falsos mestres estavam disseminando no meio da Igreja. Esta heresia negava a pessoa e a obra de Cristo.

João começou defendendo Jesus dizendo-se testemunha ocular do que Ele fez e de quem Ele era (1.1-4). Falou sobre o engano do pecado (1.5-10). Apontou Jesus como o único que pode nos livrar do pecado e da morte (2.1-2). Depois começou a distinguir os verdadeiros crentes dos falsos crentes (2.1-17), ou seja, os que são de Cristo e os quem não são.

Começa falando sobre os que não são. E ele diz que existe o Anticristo e os anticristos.
Façamos uma análise de cada um deles separadamente.

I. O ANTICRISTO
1. Nomes que a Bíblia lhe dá. Abominável da desolação (Mt 24.15), Homem da iniquidade (2ª Ts 2), Besta (Ap 13), Anticristo (1ª Jo 2). Estes textos mostram que será um homem, enviado por Satanás, para se opor a Deus e a seus servos, requerer louvor e adoração para si, produzindo grande tribulação aos crentes. Ele já tem muitos servos trabalhando para ele, preparando-lhe o caminho: são anticristos.

II. OS ANTICRISTOS E SUAS CARACTERÍSTICAS

1. O prefixo “anti” aqui significa “oposto” a Cristo. Mas não necessariamente uma oposição aberta, pelo contrário, uma oposição velada. O Anticristo será um homem que se coloca em status messiânico, se colocará no lugar de Cristo, como um salvador, esta é uma forma de se opor a Cristo. Os anticristos que o precedem são todos aqueles que se opõem à verdade, pregando o contrário de Cristo, distorcendo suas palavras, mesmo estando no meio dos que se dizem cristãos. Todo aquele que pega heresias é um anticristo (2.19; 2ª Jo 7).

2. Os anticristos. V. 18 - São muitos e anunciam que é a última hora. Os anticristos são mencionados por João como os que precedem a chegada do Anticristo. A última hora mencionada por João é todo o período entre a primeira vinda de cristo e o seu retorno. É um alerta para a Igreja de Cristo, que o Abominável está chegando.

V. 19 - Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, por que não permaneceram. João escreve em face a um problema real que enfrenta em sua época, os gnósticos. A saída deles da comunidade dos santos é providência divina em revelar a verdadeira natureza dos mesmos. Em nossos dias os anticristos também estão presentes. Também se nomeiam cristãos. Enquanto o Senhor não fizer cair sua máscara, continuarão enganando.

3. Quem são os anticristos de nossos dias e quais suas características. Na verdade, não é difícil identificá-los. São todos aqueles que pregam uma doutrina contrária à pureza do evangelho.

3.1. São avarentos. Enquanto Jesus disse para não acumularmos tesouros nos céus, tais pessoas ensinam a prioridade do acúmulo material nesta vida. Colocam-se muitas vezes em uma postura diante do povo não como exemplo dos fiéis, mas como quase perfeitos, de maneira a haver uma idolatria por parte de suas comunidades para com eles. Ensinam muitas coisas contrárias à verdade das Escrituras. Embora sejam carismáticos, atraem as pessoas, mas não há neles sinceridade, não há amor para com a igreja do Senhor e para com Sua obra.

3.2. Eles não têm unção de Cristo, por isso, seu conhecimento espiritual é falso (v. 20) Apesar desse quadro tenebroso à qual a igreja do Senhor está sujeita, temos a unção que vem do Espírito Santo, isto é, temos a iluminação espiritual para compreender que eles de fato não são do Senhor. Eles em contrapartida, ainda que estejam falando de Jesus, estão em trevas. Pode até ser que acreditem que o que ensinam é a verdade, mas estão na mentira. No entanto, muitos deles realmente não estão se importando se o que dizem é doutrina bíblica ou não, a preocupação dos mesmos é consigo: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3.18,19).

3.3. São mentirosos, negam Pai e Filho (V. 21-25). No contexto de João essa é a grande mentira predominante naqueles anticristos, a negação do Pai e do Filho. Os gnósticos acreditavam que o Logos, a segunda pessoa da Trindade, veio habitar em Jesus no momento de seu batismo e saiu antes de sua morte. Assim eles negavam que Jesus era Deus-homem, desse modo, negavam o Filho. Mas negar o Filho é negar o Pai, pois Ele é a revelação máxima do Pai, sem Cristo o Pai não é conhecido (Mt 11.27).

Os anticristos da atualidade não estão sendo identificados notoriamente por essa heresia, mas a mentira está presente em suas vidas, seja em suas doutrinas, seja em sua forma de viver.

3.4. São enganadores (v. 26). É uma das fortes características desses líderes rotulados como anticristos. A Igreja do Senhor deve estar sempre alerta para identificar tais pessoas. E de fato levar a sério a santidade da igreja de Cristo recusando-as como mestres para suas vidas. Infelizmente vemos com pesar que muitas pessoas acabam se conformando e se colocando na posição revelada em 2ª Timóteo 4.3-4: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” Neste caso o povo torna-se cúmplice do pecado dos enganadores.

4. Para que possamos nos resguardar podemos mencionar alguns tipos de “líderes” que a igreja do Senhor deve evitar.

4.1. Promotores de eventos. É aquele tipo de pastor que sua preocupação é fazer eventos, congressos, shouws. Suas igrejas estão sempre em movimentos, mas não tem avivamento; não tem uma busca e um conhecimento do Criador. Tem apenas uma vida superficial e rasa, pois lhe falta a oração e o estudo da Palavra, ou seja, vivem como nos dias do sacerdote Eli: “E a palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram frequentes." (1ª Sm 3.1).

Hoje virou moda o show gospel para atrair jovens. A postura é de atrair os jovens e depois tentar mantê-los por meio das novidades. Com isso fica a ideia de que a pregação da palavra não é algo suficiente.

Não respeitamos nem a história, nem o contexto, criamos “novas revelações” por demanda de crescimento numérico, e a igreja vai caminhando a passos largos para o estranhamento social e a diferença teológica de uma para outra igreja local. É por isso temos um “corpo de Cristo” todo fragmentado, esquartejado e dilacerado pelas diferenças pessoais e teológicas. É literalmente cada um por si...e Deus? Bem Ele é por todos, né!

Parafraseando Paulo pra Timóteo, eu diria que: Nos últimos dias, vemos transformada a Graça de Deus em libertinagem religiosa, crentes levados mais por emocionalismo do que por discernimento.
Nos últimos dias, vemos transformado o culto em Show, cultuando “celebridades” cheias de si mesmas, ao invés de Jesus, o único que podia ser, porém não é. Nos últimos dias, vemos transformado o dízimo em dívida divina, fazendo de Deus um “devedor de bênçãos” ao invés de credor de vida.

Em nossos dias, muitas pessoas confundem adoração com show, com cantar bonito, com espetáculo, com gravar CD e com ganhar cachê. Mas por trás de toda essa onda de falsa adoração sabemos o que se esconde: a síndrome de Lúcifer que sempre leva o homem a querer ser adorado e exaltado. Muitas pessoas ficariam espantadas se descobrissem que a música entoada por muitos cantores famosos nem sequer passa do teto da igreja. Se pararmos para analisar as coisas descobriremos que os cânticos entoados hoje em dia mais seguem a tendências criadas pelo mundo e adotadas pelas igrejas do que propriamente louvor de verdade.

Infelizmente muitas igrejas estão se tornando em palcos para apresentação de talentos humanos e nada mais que isso. Há igrejas aonde o palco é cuidadosamente decorado com refletores coloridos, máquinas de gelo seco, fumaça, globos de luzes, etc. nós bem sabemos que tudo isso é herança que as igrejas tomam emprestado do mundo. Esse tipo de acessório é peculiar dos antigos palcos de rock e de boates e discotecas. Mas o cristão que de fato quer adorar a Deus foge de tais coisas, pois toda essa parafernália serve apenas para chamar a atenção das pessoas para o ser humano que está ali na frente posicionado e não permite que Deus apareça, apenas o homem.

Então quem ministra louvor na igreja deve ter todo cuidado para não imitar os artistas famosos mesmo aqueles que dominam o mundo gospel. Jesus disse que o perfeito louvor é aquele que sai da boca das crianças, ou seja, é aquele simples, vazio de vaidades e vanglórias. Por todas essas razões quem louva deve se portar com decência no seu vestuário, no modo como e comporta e, sobretudo no tipo de música que traz para dentro da casa de Deus.

4.2. Pastores réprobos. Literalmente são aqueles que nem mesmo tem verdadeira experiência de conversão. Isso é identificável pelas doutrinas heréticas que pregam como a negação da Trindade, há até quem não crer na inspiração das Escrituras, no nascimento virginal de Jesus Cristo e outras doutrinas fundamentais da fé cristã. Também são aqueles que vivem vida escandalosa com frequentes escândalos sexuais e ou financeiros, etc.

4.3. Pastores que pregam a teologia da prosperidade. Basta passar em frente a uma igreja evangélica e logo vê-se a faixa: “grande culto da vitória”, “culto de cura e libertação”, “culto das causas impossíveis”, “culto dos empresários”, “culto da benção”, “grande campanha da prosperidade financeira”. Mas isso é bíblico?

Em primeiro lugar, vamos situar o que é culto, e para quem deve ser feito. A palavra culto vem do latim cultus, que significa cuidado, cultivo, adoração, reverência. Em tese, podemos adorar ou reverenciar pessoas e divindades. Porém, como cristãos, devemos prestar culto apenas a Deus.

Mas aí vamos à igreja prestar culto a Deus, em tese. Só que vamos na “na segunda feira da prosperidade financeira”, pois estamos passando por um momento difícil e, na quinta feira culto da vitória ou da benção e, nesse dia específico, será feita uma “oração forte” para ajudar os endividados a mudarem de vida e aqueles que desejam o carro novo e a casa própria.

Sinceramente: estamos indo a esse culto para adorar a Deus ou para tentar resolver nosso problema? Não que Deus não esteja interessado em nossos problemas, Ele está sim, pois o apóstolo Pedro diz: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1ª Pe 5.7). Porém, a visão está errada. Seguimos a Jesus por causa das bênçãos e não para adora-lo.

Cultuar, adorar, prevê se humilhar diante de Deus. Prevê demonstrar que nada podemos sem Ele. Prevê afirmar que, não importa o que Ele permita que aconteça em nossa vida, ainda assim O reconhecemos como Soberano Senhor e Salvador de nossas vidas. Então, por que misturamos isso com nossos desejos pessoais?

Veja bem, creio que é lícito orar a Deus e pedir por tudo aquilo que precisamos. Comunicai com os santos nas suas necessidades....” (Rm 12.13). Esse é um ponto. Porém, quando nomeamos um culto de “noite da libertação” tiramos a centralidade do culto na adoração a Deus, para colocá-la na busca por libertação dos fiéis. É uma coisa sutil, mas é.

E por que as igrejas passaram a fazer essas “campanhas” específicas nos dias de culto ao Senhor?
Uma passagem que me chama atenção no Evangelho segundo João, no capítulo 6, diz que Jesus havia multiplicado os pães e peixes a fim de alimentar uma multidão. No versículo dois, do mesmo capítulo, lemos: “E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos”.
A multidão se ajuntou e teve fome, então Jesus multiplicou os pães e os peixes e todos comeram e ficaram saciados.

No dia seguinte, a multidão já com fome, novamente, foi até Jesus para coroá-lo rei pelos seus milagres. Eles foram com a expectativa de que Jesus lhes daria alimento novamente! Porém, Jesus lhes disse: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (Jo 6.27).

A palavra de vida eterna não efetua o mesmo efeito em todos, mas apenas àqueles que o Pai a Cristo os der.

Jesus não lhes deu o que esperavam! Ele não multiplicou os pães e peixes novamente, mas lhes ofereceu o Pão do céu – o seu próprio corpo e seu próprio sangue! “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (Jo 6.35).

Depois que Jesus ofereceu sua própria vida, em vez do pão e do peixe muitos viraram as costas e foram embora!

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.” (Jo 6.66).
Então Jesus pergunta a seus discípulos: “Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para QUEM iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (Jo 6.67-68).

Jesus nos oferece o pão do céu! Mas, em que, em quem está o nosso coração? Será que nós damos crédito e ansiamos por palavras de vida eterna? Ou queremos sós as bênçãos matérias desta vida?

4.4. Estratégia para fidelizar a clientela. Se uma igreja tem apenas “culto”, (oração e Palavra) atrai poucos fiéis. Mas, se tem a “sexta-feira forte tem as bênçãos e vitórias”, aí serão muitos fiéis, ávidos por aquilo que é prometido (cura, casa própria, carro novo etc...). São fiéis que não buscam a Deus pelo que Ele é, mas pelo que Ele pode fazer em nosso favor.

4.5. Mas é esse o culto que Deus espera de nós? Veja o que Jesus nos ensinou: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mateus 6.25-34).

Não necessitamos nos prolongar quanto a estes. Poderiam ser citados outros tipos de líderes que tem uma postura antibíblica, portanto, anticristã. Mas, os exemplos expostos são suficientes para que entendamos o quanto é importante a igreja do senhor atentar para as exigências bíblicas na escolha de seus líderes (1ª Tm 3.1-7).

4.6. Cuidados necessários ao viver cristão: Exemplo para o Rebanho.

Atos 20.28-30 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. 29 - Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; 30 - E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”

O pastoreio não é do homem, é do Espírito Santo. Quem é o homem para pastorear a Igreja de Deus?   A Igreja é espiritual, sobrenatural, e só pode ser dirigida espiritualmente. Portanto, só homens espiritualmente conduzidos por Deus podem pastorear.

A Igreja foi comprada pelo Sangue do Seu próprio Filho (Atos 20.28). O texto original também pode ser traduzido assim: “por meio do seu próprio sangue”. A Igreja não é dos membros, não é dos pastores, não pertence a homens. E nem é uma instituição jurídica de direito.  A Igreja é de Deus.

O Apóstolo Paulo, nas Escrituras Sagradas, só reconhece Bispos, pastores, presbíteros ou anciãos aos chamados pelo Espírito Santo, legitimamente consagrados ao Santo Ministério da Palavra mediante a Imposição de Mãos do Presbitério (Atos 14.23; Tt 1.5; 1ª Tim 1.18; 4.14; 5.22; 2ª Tm 1.6). Um pastor não consagra outro. E nem mesmo um banho de óleo. Apenas um Concílio de homens ungidos pelo Espírito Santo, sob a cobertura e autoridade de um Ministério e do Corpo de Cristo que é a Igreja.

O Espírito Santo já prevenira Paulo dos dias aflitivos que o aguardavam. Rebanho, pastores e lobos são figuras que já tinham sido usadas por Jesus (Mt 7.15; Jo 10.11-16); ver também 1ª Tm 1.3-7; 1ª Pe 5.2-3; Ap 2.2-7). O Senhor lhe falara sobre os falsos pastores, os lobos vorazes, os divisores de rebanhos e provocadores de contendas. E seguia constrangido para Jerusalém. Ele pressentia o que o esperava (At 20.22). Então, Paulo abriu o coração: “Agora, sei que todos vós, por quem passei tanto tempo pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto” (At 20.25). E exorta com amor:

“Cuidai de vos mesmos...” (v. 28). Cabe aos que tem o privilégio de servir à Igreja de Deus cuidar de si mesmos. Trabalhar o coração dia a dia; buscar o quebrantamento e a benção do Espírito Santo. Andar em permanente comunhão com Deus, com todos os irmãos e servir com humildade e mansidão ao povo de Deus. E, sejam pastores ou líderes, serem leais à Igreja e Ministério onde Deus os colocou. “Cuida de ti mesmo, os dias são maus. O Adversário vive rugindo como leão, buscando a quem possa tragar.” Por isso Jesus diz: “Vigiai e orai.”

Lobos [...] homens. Há sempre duas ameaças à Igreja, uma externa e outra interna. Os ímpios são uma perigosa ameaça externa; os soberbos e os que servem somente aos seus próprios interesses são a ameaça interna.

“...E por todo o rebanho...” (Atos 20.28). O Ministério abraça todas as ovelhas. Não existem ovelhas privilegiadas. Todas têm um mesmo dono, O Senhor.

Sejam ricas ou pobres, rajadas ou lisas, magras ou gordinhas, feias ou belas, todas, todas são ovelhas queridas. Não importa a cor, o aspecto físico e até mesmo a dedicação.

Já viram o quanto os filhos doentes, problemáticos e mais rebeldes, absorvem a atenção dos pais? É assim na Igreja, ou deveria ser. O Pastor foi buscar nos ombros a ovelha ferida, machucada, quebrada e maldizente... Algumas vêm nos ombros do pastor dando pinotes, e até “balindo” palavrões... mas vem! - Não é isso o que Jesus faria?

II. OS DE CRISTO – CARACTERÍSTICAS

1. Tem a unção de Cristo, e o conhecimento espiritual verdadeiro (v. 27). Agora o apóstolo passa a demonstrar que já temos o que é necessário para nos esquivarmos dos falsos mestres. Ele diz que já recebemos a unção. Faz-se necessário aqui esclarecer um pouco sobre esse termo tão controverso: “unção”. No NT, as palavras “χριω” (chrio) “ungir” e “χρισμα” (chrisma) “unção” representam a doação do Espírito, do poder espiritual e de um chamado divino.

Este sentido já está presente nos textos que falam da vocação messiânica de Jesus. Em Lc 4.18 há a citação da profecia encontrada em Is 61.1,2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos”. E Hebreus 1.9 cita o Salmo 45.7: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros”. E isto aconteceu no momento do batismo de Jesus, é inclusive o principal motivo pelo qual o Senhor Jesus submeteu-se ao batismo de João, naquele momento o Espírito Santo o capacita para a obra messiânica.

2. Mas a palavra declara que também somos ungidos do Senhor. Não apenas algumas pessoas, não apenas aqueles que exercem ofício pastoral, diaconal ou missionário. Todos os cristãos são ungidos do Senhor. Todos os regenerados são escolhidos e capacitados para o exercício da obra de Deus. 2ª Coríntios 1.21 enfatiza o que aqui está exposto: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus”.

Como declara Atos 1.8, nós já temos o poder do Espírito Santo, já fomos ungidos para trabalharmos para o Senhor. Mas é evidente que para sermos mais usados pelo Senhor é necessário que estejamos vivendo o senhorio do Espírito Santo em nossas vidas. Isso se dá por meio da leitura da Palavra, da oração e da comunhão com os irmãos.

3. E esta unção, como nos declara o apóstolo, nos protege dos enganos, das heresias. É evidente que ele não está dizendo que não necessitamos de que tenhamos o ensino na igreja por meio de mestres, pois o próprio Senhor Jesus ordenou que ensinemos tudo o que ele ordenou (Mt 28.20). E alguns são escolhidos e capacitados especialmente para esse ministério (Rm 12.7; Ef 4.11). Ele está dizendo que uma vez que se cumpriu João 16.13: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”, estamos capacitados a resistir aos falsos mestres, pois o Espírito Santo nos guia na Verdade então não há necessidade que eles (os falsos mestres gnósticos nos ensinem). O Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus guia os crentes à verdade e na verdade. Como igreja então, nós somos coluna da verdade (1ª Tm 3.15).

Que nos voltemos a conhecer mais ao Senhor por meio de Sua Palavra para que jamais ocorra conosco o que acontecia com o povo na época de Oséias: “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento...” (Os. 4.6).

4. Tem confiança na presença do Senhor (v. 28). Aqui temos um termo interessante no grego (parrhsia - parresía) traduzido por “confiança”. O sentido original é de alguém diante de um amigo que tem liberdade de palavra, que pode ficar à vontade. Ele está dizendo que quando Cristo voltar estaremos diante dele com confiança, com intimidade, estaremos à vontade por termos vivido na verdade, não nos envergonharemos por termos nos deixado levar por falsas doutrinas.

5. Sabem que Cristo é justo e praticam a justiça de Cristo; nasceram de Cristo (v. 29). A prática da justiça nada mais é que a fidelidade, e essa deverá ser a prática cotidiana de todo aquele que nasceu de novo.

CONCLUSÃO
1. Qual deve ser sua postura com relação aos anticristos? Considerá-los como os hereges que são, não se permita seduzir por suas palavras eloquentes. Não recomende a ninguém que os ouça.

2. Lembre-se sempre que você já tem tudo o que é necessário para entender as verdades divinas, logo, identificar as heresias, e ser usado (a) pelo Senhor como pregoeiro da verdade.

3. O que nos falta para darmos testemunho da verdade de Deus com mais poder? Não seria o pecado em nossas vidas que muitas vezes nos impede de sermos mais operosos, mais ousados? 

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