TEOLOGIA EM FOCO: AS CINCO ATRAÇÕES PERIGOSAS PARA UM OBREIRO

sexta-feira, 17 de abril de 2020

AS CINCO ATRAÇÕES PERIGOSAS PARA UM OBREIRO



I. A ATRAÇÃO DOS CAMPOS FÉRTEIS

Gn 13.10-13 - “E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar. 11 - Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro. 12 - Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma. 13 - Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o SENHOR”.

No contexto da insatisfação dos pastores de Abraão e Ló, Abraão conversou com seu sobrinho. Ele disse que não deveria existir qualquer contenta entre ambos e entre seus servos, afinal, eles eram parentes chegados (Gn 13.8).

Então numa grande demonstração de humildade, maturidade e confiança, Abraão propôs que ambos se separassem, mas deu o benefício da primeira escolha de direção a Ló. Se Ló escolhesse ir para a esquerda, Abraão iria para a direita e vice-versa (Gn 13.9).

A Bíblia diz que Ló levantou os olhos e viu toda a campina do Jordão. Aquela região era muito bonita. Seus campos verdejantes e bem regados são comparados no texto bíblico ao Jardim do Éden e à prosperidade do Egito (Gn 13.10; cf. Gn 2.8-10).

Ló se impressionou com o que viu e escolheu conforme lhe pareceu bem aos seus olhos. Ele partiu para o Oriente em direção à cidade de Sodoma e se separou de Abraão que ficou na direção oposta.

Porém, a escolha de Ló não foi uma escolha de fé, mas carnal, segundo seus próprios desejos. Imediatamente após registrar a escolha de Ló, o escritor de Gênesis faz questão de ressaltar que ele não havia feito uma boa escolha. Ele foi habitar numa terra ocupada por homens maus e grandes pecadores contra Deus (Gn 13.13).

Em seu comentário de Gênesis 13, João Calvino diz que ainda que Ló pensasse viver no céu, ele já havia quase que afundado no inferno. Sem dúvida essa correta observação contrasta os dois parentes, Abraão e Ló. Um confiou em Deus, o outro confiou no que viu.

II. A ATRAÇÃO DO APETITE

Gn 25.29-30 - “E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado; 30 E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom”.

Os gêmeos Esaú e Jacó cresceram e se tornaram homens com características e personalidades totalmente diferentes. Esaú era um homem do campo, um perito caçador. Gênesis 25 diz que Esaú era o filho preferido de Isaque, que costuma se saborear de sua caça.

Por outro lado, Jacó era um homem pacato que habitava em tendas. Se Esaú era o filho predileto de Isaque, Jacó era o filho amado de Rebeca (Gn 25.27, 28). Nesse ponto específico Isaque e Rebeca falharam como pais.

Na sequência o texto bíblico mostra os esforços de Jacó em querer se apropriar dos privilégios de seu irmão como primogênito (Gn 25.29-34). Porém, apesar dos esforços de Jacó, sua supremacia não se devia a direitos naturais, mas à eleição soberana do Senhor. Deus já havia chamado Jacó antes mesmo de ele ter nascido, e isso independia do direito de primogenitura (Rm 9.11).

Jacó se aproveitou da visão limitada de Esaú com relação à herança e a liderança da família, e lhe propôs negociar o seu direito de primogenitura em troca de um ensopado vermelho (Gn 25.29-33).

O direito de primogenitura garantia ao filho mais velho a posição de principal herdeiro da família. O primogênito recebia porção dobrada da herança e assumia a liderança civil e religiosa da unidade familiar (Dt 21.17; 1 Cr 5.1-2; cf. Êx 4.22).

Mas aqui vale lembrar que aquela era a família da Aliança. Nesse caso, a herança da família essencialmente incluía a bênção de Deus sobre a linhagem abraâmica. Então quando o inconsequente Esaú aceitou negociar com Jacó seu direito de primogenitura, ele também desprezou as promessas de Deus.

À luz de Gênesis 25 podemos entender por que Esaú é citado na Carta aos Hebreus como um homem profano que negociou as bênçãos da Aliança. Diante do seu erro, ele nem mesmo foi capaz de encontrar arrependimento genuíno (Hb 12.16,17).

Pv 25.16 - “Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e venhas a vomitar”.

O Senhor nos deu com abundância todas as coisas para desfrutarmos (1ª Tm 6.17), mas todas elas devem ser usadas com moderação (Fp 4.5). E à distância Ele está observando para ver como tratamos as Suas dádivas, como muitos desejam; o Senhor está atento. Ele fez o homem justo e lhe deu numerosas dádivas, mas o homem inventou muitas coisas (Ec 7.29). E uma destas inventadas pelo homem, é o excesso!

Vivemos numa geração dada ao excesso – este é um dos seus ídolos. São orgulhosos de serem excessivos! Os santos serão cuidadosos de forma a evitar a imoderação em relação a tudo. As dádivas inocentes de Deus em termos de alimentos e bebidas foram corrompidas para a destruição das almas; o alimento em excesso ou a glutonaria e a embriaguez estão sobrecarregando não somente os estômagos, mas também os corações (Lc 21.34). Homens ainda jovens se empanturram até o vômito; bêbados fazem a mesma coisa e depois dormem em cima do vômito.

III. A ATRAÇÃO DA MULHER

1º Rs 11.1-4 - “E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidónias e hetéias, 2 - Das nações de que o SENHOR tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor. 3 - E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração. 4 - Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR seu Deus, como o coração de Davi, seu pai”.

Muitas mulheres estrangeiras (v. 1). Salomão cometeu dois grandes pecados. Tomar para si esposas estrangeiras violava a proibição do Senhor contra o casamento com mulheres cananeias (v. 2; Êx 34.12-17; Dt 7.1-13); e tomar para si muitas esposas violava o padrão monogâmico estabelecido no princípio (Gn 2.24,25). Além disso, tal atitude da parte dele gerou uma crescente onda de relacionamentos poligâmicos, o que Deus também havia proibido para os futuros reis de Israel (Dt 17.17). Sem dúvida, muitos dos casamentos de Salomão se deram de acordo com as convenções do antigo Oriente Médio de selar alianças por meio de casamentos entre os membros das casas reais; era uma forma de contrato. O fato de Salomão ter-se rendido a tais convenções na época acarretou sérias consequências espirituais para ele (1ª Rs 11.3-13) e para o seu povo (2ª Rs 17.7-20). Davi também teve mais de uma esposa (2ª Sm 3.2-5). Os primeiros casamentos de Davi foram movidos por amor (1ª Sm 18.17-28) e compaixão (1ª Sm 25.2-42). Porém, alguns de seus casamentos posteriores podem ter sido movidos pelo mesmo motivo dos de Salomão, seu filho (2ª Sm 5.13-16).

A estas se uniu Salomão com amor (v. 2). A nossa dura avaliação do caso das muitas esposas que Salomão teve é, de certa forma, mitigada pelo uso desta expressão (v.l).

Setecentas mulheres e trezentas concubinas (v. 3). Se a menção às 60 rainhas e 80 concubinas em Cantares 6.8 refere-se às mulheres de Salomão, isto representa, então, um período muito embrionário do seu reinado.

Apesar de ser verdade que Davi nem sempre viveu segundo os padrões do Senhor, ele foi leal a Deus e nele confiou totalmente, mesmo quando foi repreendido por seus pecados (2ª Sm 12.13; Sl 32.1-5; 53.1-5). Por causa da influência de suas muitas esposas, Salomão comprometeu a sua fé adorando a deuses estrangeiros.

IV. A ATRAÇÃO DA PRATA

Js 7.19-21: “Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao SENHOR Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o que fizeste, não me ocultes. 20 - E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o SENHOR Deus de Israel, e fiz assim e assim. 21 - Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos ciclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinquenta ciclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela”.

1. O pecado de Acã trouxe maldição ao povo hebreu - Josué 7.1: “Mas os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema, pois Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema”.

Acã esqueceu e desobedeceu ao Senhor, através da ordem dada por Josué o seu profeta e líder. Acã foi extremamente egoísta, ao pegar para si e sua família, o anátema, pensando que este lhe poderia ajudar em seu sustento, desprezando o sustento de Deus, do qual ele era uma testemunha ocular, das providências de seu povo e de sua família.

Notamos que uso do olhar engodado e embaçado pelos valores materiais deste mundo, um olhar mudado ao ver tesouros que não são seus. Js 7.21: “Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos...”

Deus determinara, e era praxe o saque das cidades conquistadas, além de que Deus queria mostrar que tudo era dele, e era o dominador de todos os povos, para isto o povo hebreu foi levantado, como proclamador e testemunha deste poder.

Preste atenção, nesta afirmação: Acã não subtraiu algo maldito, mas algo que Deus reservara para si.
Entenda esta afirmação, lendo as definições pesquisadas, sobre a palavra anátema, que estão no corpo deste texto.

2. Acã cobiçou... é desejar possuir o que não nos pertence.
Js 6.18: “Mas quanto a vós, guardai-vos do anátema, para que, depois de o terdes feito tal, não tomeis dele coisa alguma, e não façais anátema o arraial de Israel, e o perturbeis.

Js 7.19-21: Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não me ocultes. Respondeu Acã a Josué: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e eis o que fiz: quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os.

3. Acã agiu secretamente, às escondidas de maneira desleal - Js 7.11: “Israel pecou e transgrediu”. V. 21: “...eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa.”

O pecado se manifesta na oportunidade de tirar proveito daquilo que é de Deus, e sempre pela concupiscência dos olhos engodados pelo desejo de possuir.

Js 6.17-18: “Porém a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá; ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviamos. 18 - Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não toqueis nem tomeis alguma coisa dele, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o perturbeis.

4. O significado da palavra anátema. A palavra anátema no grego significa: “excomunhão; execração; condenação; maldição; reprovação enérgica; repreensão solene; é fruto semântica. Do grego “Anáthema” (coisa posta de lado), formada da preposição “aná” (de lado) mais “tithemí” (colocar).

Anátema (do latím anathema, e este do grego Αναθεμα) significa etimológicamente oferenda, mas no seu uso principal indica o significado de maldição, no sentido de condenação a ser colocado de lado ou separado, cortado do seu ambiente como se corta um membro, de uma comunidade de crentes.

A palavra Anátema será de certa forma uma sentença pronunciada e mediante a qual se expulsava alguém considerado um “herege” do seio da sociedade religiosa; esta expulsão era considerada uma pena mais grave que a excomunhão.

O termo hebraico para anátema é “herem”, que significa excomunhão, destruição, extermínio, abominação, injustiça. No grego denota algo que se põe de lado ou que é suspenso.

No Novo Testamento expressa uma maldição: “Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema” (1ª Co 16.22).

Esse vocábulo é usado em 3 modos diferentes:
No contexto profético significa o ato de extermínio.
No contexto sacerdotal se trata do sacrifício que é dado a YHWH quando se paga uma promessa.
Na história deuteronomística, da qual 1ª Samuel faz parte, é o objeto que tem que ser eliminado, como diz Deuteronômio: 7.1 e 13.18.

YAWÉH promete que quando o povo entrar na Terra Prometida, todos os inimigos serão vencidos e deverão ser exterminados completamente, sem piedade.

Então anátema - Ou “extermínio” (em hebraico herem), significa uma pessoa, animal ou coisa que alguém subtrai do uso profano, consagrando-a a Deus (Dt 12,12-14; Js 11.11, 14).

Tal “anátema” não podia ser resgatado, e muitas vezes devia ser destruído (cf. Js 6.17 e 1ª Sm 15.3; Jz 11.30-31).

Esta palavra (Herem) tem dois significados:

a) Coisas dedicadas a Deus.
a-1) Que coisas seriam dedicadas a Deus? (Jericó).
Js.6.17 e 19 - Prata, Ouro, Bronze, Ferro, Raab e sua Família.

b) Coisas dedicadas para destruição.
b-1) Que coisas seriam dedicadas para destruição? (Jericó).
Js 6.17.21, 24 - Homens, Mulheres, Jovens, Crianças, Velhos, Bois, Ovelhas, Jumentos e toda cidade.
Agora você pode entender o alto nível e a gravidade do pecado de Acã, um paralelo com Ananias e Safira (At 5) é possível.

5. O impedimento provocado pelo uso irregular do Anátema.
Perda para todo o povo; criar desânimo na liderança:
Js 7.10-11: Respondeu o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás assim prostrado com o rosto em terra? Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem. Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós.

Nesta passagem você poderá verificar e entender, o uso da palavra anátema como:
Algo separado para Deus – “eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no...”.

E como algo amaldiçoado – ‘porquanto se fizeram anátema’.

Impedidos de dar Glória à Deus: Js 7.19: “Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não mo ocultes.”

Mesmo confessando é levado a Morte.”
Encontramos aqui, um diferencial paralelo ao caso, já citado neste texto de Ananias e Safira, deus não mitigou a maldição sobre a família de Acã, mas executou a sentença.

Hb 12.16-17: e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas.

6. O pecado contamina todo o corpo da Congregação.
Ag 2.11: “Assim diz o Senhor dos exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém levar na aba de suas vestes carne santa, e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes responderam: Não. Então perguntou Ageu: Se alguém, que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam: Ficará imunda. Ao que respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o Senhor; assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.”

Ficou assim a situação de Israel depois do pecado de Acã.
1ª Co 5.9 “Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; 10 - Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. 11 - Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. 12 - Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? 13 - Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo.”

Só tem uma solução.
Para Deus operar o milagre da travessia do Rio Jordão, ele mandou Josué dizer ao povo:

Santificai-vos!
Agora para que o pecado fosse extirpado e Deus pudesse continuar a operar no meio de Seu povo a ordem é renovada, para o povo continuar alcançando o seu objetivo: a continuidade da operação de Deus ao seu lado na conquista da Terra Prometida.

Santificação.
Js 7.13: “Levanta-te santifica o povo, e dize-lhe: Santificai-vos para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; não poderás suster-te diante dos teus inimigos, enquanto não tirares do meio de ti o anátema.”

Deus ainda dá tempo para o povo se arrepender, mas Acã manteve-se quieto e não procurou confessar, à tempo, a Josué o seu erro.Infere-se que para enterrar seu anátema Acã precisou de ajuda de alguém mais de sua família.

Desenterrar o anátema e enterrar o pecado – Js 7.22-24: “Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, e a prata por baixo. 23 - Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as puseram perante o Senhor. 24 - Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor.  25 E disse Josué: Por que nos perturbaste? O Senhor te perturbará neste dia. E todo o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los. 26 - E levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje; assim o Senhor se apartou do ardor da sua ira; pelo que aquele lugar se chama o vale de Acor, até ao dia de hoje.”

Um montão clamando por lembrança de que devemos obedecer integralmente, as ordens de Deus, para que não retenhamos o que é anátema de Deus.

Graças a Deus que posteriormente Deus transforma o Vale de Acor em Vale de esperança ou Porta de Esperança.

Os 2.15: “E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor por porta de esperança.”

Is 65.10: E Sarom servirá de pasto de rebanhos, e o vale de Acor de repouso de gado, para o meu povo, que me buscou.
Isto se buscarmos à Deus de todo o coração! Aleluia.

Entendendo a questão da maldição:
Para podermos melhor explicar esta Lição se faz necessário, uma explicação ou um olhar com mais acuidade sobre a questão da Maldição.

Que tipos há de Maldição?
A maldição aparece na Bíblia quando da proclamação do protoevangelho em Gn.3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

No contexto próximo, isto no texto anterior e posterior desta Proclamação [kerigma] vai encontrar a maldição sendo declarada por Deus, sobre aqueles que desobedeceram aos princípios eternos de sua Palavra.

VI. A ATRAÇÃO DA AMBIÇÃO

1. Qual a diferença entre ambição e ganância? Ambição é o desejo veemente (de poder, glória, riqueza, etc); aspiração imoderada; pretensão; cobiça. A ganância é uma ambição desmedida (portanto patológica = doentia); é o desejo de obter riquezas, poder, glória ou honras, sem qualquer atitude ética. O próprio termo em si reforça o conceito acima: gana desejo, impulso ou ímpeto por algo. Ganância é a gana em ação.

2. Esse problema de ambição desmedida só atinge a sociedade secular ou pode também atingir a sociedade religiosa dos nossos dias?

O mundo religioso moderno também não fugiu a esta lógica e, para justificar práticas gananciosas, criou um sustentáculo teológico que ficou conhecido como teologia da prosperidade. Perdemos contato com nossas necessidades e entramos em uma compulsão (entenda-se compulsão, aqui, como uma repetição exagerada de querer sempre e sempre mais não importa o quê, nem como conseguimos).

3. Um cristão que diga a si mesmo tenho ambições pessoas como posso atingir meus ideais sem que se tornem atitudes gananciosas?

Com certeza, ambições, desejos, todos nós temos. Todavia, precisamos estar atentos para que eles não se tornem um comportamento ganancioso. Devemos entender que nossas ambições precisam estar em sincronia com nossas necessidades pessoais. O que vai além de nossas necessidades é ganância.

4. Deus estabeleceu limites: Adão poderia comer do fruto de todas as árvores, exceto uma.
Gn 2.16-17:E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, 17 - Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.

Gn 4.1-7: “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? - 2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, 3 - Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4 - Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5 - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. 6 - E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 7 - Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”.

Quando desejamos o que Deus proibiu, está caracterizada a cobiça.

5. O décimo mandamento assevera.
Êx 20.17: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.
Portanto, o direito do outro é um dos nossos limites.

6. A cobiça é insaciável.
Pv.30.15-16: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que nunca dizem basta: o Seol, a madre estéril, a terra que não se farta d’água, e o fogo que nunca diz basta”.

Is.5.8-9: “Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sós no meio da terra! A meus ouvidos disse o Senhor dos exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas grandes e lindas sem moradores”.

CONCLUSÃO
Tg.4.1-3: “De onde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

Não se pode ser obreiro irrepreensível, servo de Cristo, quando se tem uma vida manchada pela prática do pecado.


Com isto, não me refiro aos pecados que caímos poucas vezes por sermos imperfeitos. Mas digo sobre conviver com certos pecados como se fossem algo comum.

Pecados esses já conhecidos e recorrentes em que não houve confissão e arrependimento, muitas vezes escondidos e maquiados para não serem confrontados.

Líderes que se acomodaram em tais pecados rotineiros, sempre dando desculpas para não precisar terem o trabalho de corrigirem-se, ainda necessitam de pastoreio, e não tem condições de tornarem-se um obreiro irrepreensível, aprovado, e liderar a igreja do Senhor (Gl 2.11-14).

O apóstolo Paulo já dizia para não nos amoldarmos ao padrão deste mundo, não tomarmos a forma dele, pois assim certamente viveríamos de maneira repreensível, sendo reprovados em nossa conduta, e desqualificados para toda a obra de Deus (Rm 12.2; Tt 1.7).


Pr. Elias Ribas
Dr. Em Teologia
Assembléia de Deus Blumenau SC.

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