SUMÁRIO
INTRODUÇÃO A CARTA AOS HEBREUS
Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos
Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia,
esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo
Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de
ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo
o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente admoestá-los a
perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior
do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo
os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.
I. AUTORIA,
DESTINATÁRIO E PROPÓSITO
1. Autoria.
Quem escreveu o livro de Hebreus já era um assunto debatido
no século II, cerca de 100 anos depois de ser escrito. Ninguém conseguiu
confirmar com certeza se Paulo escreveu Hebreus.
A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse
fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É
certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já
por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso.
Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo
a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas
a teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As razões
são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo
Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado
na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como
possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apoio, Lucas, Clemente Romano, etc. O
certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter
sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.
Quem escreveu o livro
de Hebreus. Foi mesmo Paulo?
Muitas sugestões têm sido feitas com respeito à autoria do
livro de Hebreus, mas a maioria dos especialistas na Bíblia prefere crer que
tenha sido da autoria de Paulo. Durante muito tempo o apóstolo Paulo foi
considerado o autor do livro de Hebreus. Clemente de Alexandria e Orígenes nos
séculos 2 e 3 d.C. já afirmavam que Paulo escreveu essa carta.
Essa sugestão foi tão aceita que em 1611 quando a versão
inglesa King James foi publicada, ela trouxe o seguinte título para a Epístola
aos Hebreus: “A Epístola de Paulo o Apóstolo aos Hebreus”.
Hebreus é uma vibrante apologia da superioridade de Cristo e
do cristianismo sobre o judaísmo em termos de sacerdócio e sacrifício.
O autor demonstra notável perícia literária e retórica. Seu
estilo é um modelo de prosa helenista. Tanto ele quanto seus leitores são versados
no Antigo Testamento em sua tradução grega. Há 29 citações diretas do Antigo
Testamento, além de 53 alusões claras a várias outras passagens. Estas são
utilizadas para demonstrar o caráter definitivo da revelação cristã e sua
superioridade à velha aliança.
O tema do livro de Hebreus é portanto a superioridade de
Cristo e, assim, do cristianismo. As palavras melhor, superior, perfeito, e
celestial aparecem frequentemente. O esboço mostra como o tema é desenvolvido
demonstrando que Cristo é superior tanto em Sua pessoa quanto em Seu
sacerdócio.
Portanto, dentre os nomes sugeridos entre os possíveis
escritores do livro de Hebreus, Paulo é o que tem a maior aprovação.
2. Destinatários.
Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para
cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma
comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor
conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se
com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos
teólogos. Baseados na expressão "os da Itália vos saúdam" (Hb 13.24),
muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma,
capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências
internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no
ano 70 d.C.
3. Propósito.
De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela
exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela
apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha
sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A
carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições,
lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas
palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia
e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.
II. CRISTO — A
PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS
1. A revelação
profética e a Antiga Aliança.
Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus
primeiramente o faz em relação aos profetas. Deus falou no passado pelos
profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1). A revelação profética no antigo
Israel fez com que esse povo se distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus
que se revela, que se comunica com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu
povo, não é um Deus mudo! Os advérbios gregos polymerôs ("muitas
vezes") e polytropos ("muitas maneiras"), que modificam o verbo
falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em nenhum momento da
história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala sempre o que é
necessário.
2. A revelação
profética e a Nova Aliança.
Da Antiga à Nova Aliança, Cristo é a revelação plena de Deus
Pai, por isso, Ele é superior aos profetas.
Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do
seu Filho (Hb l.l). O uso das expressões “havendo falado” ou “depois de ter
falado” (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato
consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele
momento. Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso é ir além
daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais bem
entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor,
todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito
profético, que é o Espírito de Cristo (1ª Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à
Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26;
15.26; 16.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras.
3. Cristo: a
revelação final.
3.1. Revelação. [Do
gr. apokalupsis; do lat. revelatio,
tirar o véu]. Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta.
Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia,
Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).
3.2. Revelação
bíblica. Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à
disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa
única regra de fé e prática.
3.3. Revelação
progressiva. Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas
que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no
Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2. [ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999,
pp.255,56].
O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que
Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério
profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que
falaria por intermédio de seus profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará
coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am
3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia
vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles
estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os
profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da
Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma
vicária pelo povo de Deus.
CRISTO, O RESPLENDOR DA GLORIA DE DEUS
Hebreus 1.1-6 1: Havendo
Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho. A quem constituiu
herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a
expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do
seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados,
assentou-se à destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais
excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és
meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por
Filho? E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos
os anjos de Deus o adorem.
INTRODUÇÃO. A epístola aos Hebreus contém alguns
enigmas. Não esclarece quem foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem
a data em que foi escrita. No primeiro século, os chamados pais da Igreja não
esclareceram tais detalhes. Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que
Paulo escrevera Hebreus. No Século II, Tertuliano discordava da autoria
paulina, e cria que Barnabé era o autor da epístola. Agostinho, de início,
julgou que fosse Paulo, mas, depois, afirmou que ela era anônima. Martinho
Lutero sugeriu que a carta poderia ter sido escrita por Apolo (At 18.24). Quanto à data, os estudiosos situam-na
entre 68 a
70d.C. Com relação aos destinatários da carta, Hebreus deve ter sido
inicialmente dirigida a judeus helenistas convertidos ao Cristianismo. O
propósito deste comentário não é discutir tais pormenores, pois a resposta só
teremos no céu, quando nos encontrarmos com o escritor. É fundamental que
nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus, vejamos a pessoa de Jesus Cristo
como o resplendor da glória de Deus, o Salvador perfeito.
I. DEUS FALOU DE MODO DEFINITIVO
2. Deus falou de muitas
maneiras (v. 1b). Nas páginas do Antigo Testamento, vemos que Deus não
falou de modo uniforme pelos profetas. A uns, como a Moisés, Ele falou direto,
“cara a cara”; a outros, como Daniel, falou por sonhos; a Jonas, em voz
audível, e por meio do vento, do mar e do peixe. Por esses meios, Deus se
revelou de modo progressivo, nas diversas dispensações, até que chegasse “...a
posteridade, a quem a promessa tinha sido feita” (Gl 3.19), e a posteridade era Cristo.
II. O Perfil Majestoso de Cristo
1. Herdeiro de tudo e Criador
do mundo. No v.2, lemos que Deus constituiu Jesus como “herdeiro de tudo e
Criador do mundo”.
1.1. Todas as coisas foram
feitas por Jesus. No evangelho segundo João (1.1), temos uma declaração
profunda da divindade de Cristo, quando lemos: “Todas as coisas foram feitas
por ele, e nada do que foi feito sem ele se fez”. Ele foi o agente de Deus na
Criação, fazendo vir à luz as coisas criadas pelo poder do Espírito Santo.
1.2. Todas as coisas foram
feitas para Ele. Jesus teve do Pai a outorga para criar todas as coisas, e
também para ser o herdeiro de todas as coisas criadas. Paulo, escrevendo aos
Colossenses, diz: “Tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16). O Diabo usurpou parte da criação, mas, na sua vinda,
Jesus tomará posse de tudo o que lhe pertence por direito de criação, de
autoria e por direito de herança.
2. Cristo, o resplendor da
glória de Deus (v. 3). Esta é uma revelação da maior transcendência. No
Antigo Testamento, Deus manifestou a sua glória, em certas ocasiões, de modo
terrível e aterrador. Em alguns momentos, a glória de Deus se manifestou sobre
o povo de Israel, deixando-o atordoado. Ezequiel viu a glória de Deus junto ao
rio Quebar de modo estranho e terrível. E concluiu, dizendo: “Este era o
aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto
e ouvi a voz de quem falava” (Ez 1.1-28).
Tudo isso que o profeta viu foi apenas a “Semelhança da glória do Senhor”. Mas
em Cristo, Deus revelou “o esplendor da sua glória”.
3. Cristo, “a expressa imagem”
de Deus (v. 3). Essa revelação, no texto, amplia a visão de Cristo, dada ao
escritor. Mostra que Ele não é só o resplendor da glória de Deus, mas tem a
mesma natureza, o mesmo caráter. O termo, no grego, para “expressa imagem” ou
“a expressa imagem de seu ser” é charakter, que dá ideia de um carimbo,
uma gravação, de gravura indelével. Sendo o Filho do Homem quanto à sua condição
humana, Cristo apresentou-se ao mesmo tempo com a natureza do Pai, divina, Ele
disse: “eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).
4. Cristo sustenta todas as
coisas pela palavra do seu poder (v. 3). Jesus é o agente da criação de
Deus. Sua palavra criadora teve efeito não apenas imediato, mas transformou-se
em lei, executada no momento em que, como Deus, Ele disse: “Haja luz”; “haja
uma expansão..”; “façamos o homem...” (Gn
1.1-26). O poder da palavra de Deus foi tão grande, que sua eficácia
continua por todos os séculos. O salmista diz: “tu coroas o ano da tua bondade,
e as tuas veredas destilam gordura” (Sl
65.11). No Gênesis, lemos: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e
frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (Gn 8. 22). Devemos agradecer a Deus
por todos os dias que despertamos, pois, vendo a luz do sol, sentindo o ar que
respiramos, vendo as pessoas à nossa volta, cada animal que nasce, e cada ser
humano que vem à luz, constatamos que isso é obra da criação de Deus e de nosso
Senhor Jesus Cristo.
5. Cristo, o salvador, fez a
purificação dos nossos pecados (v. 3). O escritor aos Hebreus recebeu a
revelação da obra redentora de Cristo, como aquele que, pelo seu sangue, nos
purifica de todo o pecado (cf. 1ª Jo 1.7). As religiões feitas pelos homens e
seus líderes não têm esse poder. Pelo contrário, as religiões orientais, como o
Budismo, o Hinduísmo e o Islamismo, pregam uma salvação que pretende purgar os
pecados, através de reencarnações, dum carma, ou de obras, tradições, levando o
homem a crer na mentira da salvação efetuada pelo próprio homem. Com Cristo é
diferente. Ele é o agente eficaz da salvação, remindo o homem que o aceita como
Salvador.
6. Assentado à direita de Deus
(v. 3). Nos antigos impérios e reinos, o lugar de honra era ao lado do
monarca, ou do imperador. A comunicação sobre a posição de Cristo, quando
elevado aos céus, evoca essa metáfora. Após sua ascensão, Jesus foi recebido à
direita de Deus (Mc 16.19);
Estevão viu Jesus à destra de Deus, no momento de seu martírio (At 7.55); (ver ainda Rm 8.34).
Alegremo-nos
por não servirmos a um deus qualquer, produto da mente humana, ou da
necessidade imanente de se acreditar em algo ou em alguém superior, como os
indígenas e outros povos tidos como primitivos. O nosso Deus é o excelso
Criador. O nosso Cristo é o Verbo Divino, o Salvador, que, cumprida sua missão,
assentou-se “à direita da majestade nas alturas”.
CRISTO, SUPERIOR AOS ANJOS
Hebreus 2.1-3 “Portanto,
convém-nos atentar, com mais diligencia, para as coisas que já temos ouvido,
para que, em tempo algum, nos desviemos delas. 2 Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda
transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3 como escaparemos nós, se não
atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo
Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram”.
Introdução.
Na Antiga Aliança, os anjos eram muito considerados. Na epístola aos Hebreus, o
escritor ressalta, de modo enfático, a superioridade de Cristo em relação aos
seres angelicais e, ao mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar, fez-se “um
pouco menor que os anjos” (Hb 2.9).
Nesta lição, estudaremos alguns aspectos importantes dessa superioridade,
entendendo esse paradoxo numa análise exegética simples.
I. MAIS EXCELENTE EM SUA NATUREZA
E NO SEU NOME
1. Os anjos na Bíblia. Os anjos tiveram papel muito
importante entre o povo de Deus no Antigo Testamento. (Ver Gn 19.1,15; 28.12;
Êx 3.2; 23.20; Sl 103.20). No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José,
revelando o nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra do sepulcro de Jesus, após sua
ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há
uma verdadeira idolatria em torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte:
“Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos
anjos” (Cl 2.18).
Outras referências demonstram claramente a ação dos anjos,
não só em favor de Israel, mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf.
Sl 34.7).
II. A Superioridade de Jesus em Relação aos
Anjos
1. Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai. No v.5,
o escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?”. Estas
perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que Cristo é superior aos anjos,
por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu
és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil de entender.
Sendo Deus, em que sentido Jesus poderia ser gerado? A resposta está no
grandioso milagre e ministério da sua encarnação, incompreensível à mente
humana, que só entende um pouco das coisas terrenas.
2. O Filho pela ressurreição. O escritor Lucas, no
Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos
pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também
está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32-33). Sem ter deixado jamais
de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo publicamente, como Filho de Deus,
na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de Deus em poder,
segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos – Jesus
Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4).
De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado,
ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm
1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc.
3. O Filho deve ser adorado pelos anjos (v. 6). “E
quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus
o adorem”; “...por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado
do que os reis da terra” (Sl 89.26, 27).
4. Jesus está à direita de Deus (v. 13). Esta é a
posição de honra, dada somente a Cristo, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos
disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por
escabelo de teus pés?”. Estevão, quando estava sendo martirizado, contemplou
Jesus à direita de Deus (cf. At 7.55).
5. Jesus é Rei, Messias e Criador. No v. 8, lemos:
“Mas do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos,
cetro de equidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de
fato Ele o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é
de retidão. Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv. 9-12, vemos
que Jesus é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como aquele
de quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v. 13 prossegue exaltando
a superioridade de Cristo como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus
pés.
III. A Grande
Salvação em Jesus
1. Advertência contra o desvio (v. 1-3). Depois de
apresentar o quadro da superioridade de Cristo em relação aos anjos, o escritor
aos Hebreus é levado a advertir os destinatários da carta (e a nós, também),
quanto “às coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos
delas” (v. 1).
E explica que, se “a palavra falada pelos anjos permaneceu
firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”,
indaga solenemente: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão
grande salvação...?” (v. 3). Esta salvação, trazida por Jesus Cristo, não foi
efetivada por meras palavras, e sim, autenticada por Deus, por meio de “sinais
e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo...” (v. 4). Quem se
desvia da sua fé em Cristo, corre o risco de perder-se para sempre (v. 3).
2. Jesus, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9).
Esse é um aparente paradoxo encontrado na carta aos Hebreus, relacionado à
encarnação de Cristo. “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus
que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte,
para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”. A dedução é simples,
Jesus, feito homem, despojou-se voluntariamente de parte de seus atributos, e
sujeitou-se a morrer, na cruz, para que “provasse a morte por todos”. Nessa
condição, em sua natureza humana, tornou-se “um pouco menor que os anjos”. Se
não fosse assim, a sua natureza divina não o permitiria morrer, pois Deus não
morre.
IV. Jesus, o Fiel
Sumo Sacerdote (2.9-18)
1. Tudo existe em função d’Ele (v. 10a). Para Jesus
são todas as coisas, visto que elas existem por Ele e para Ele (Cl 1.16).
E assim é, para que Ele traga “os filhos à glória”, e, pelas aflições, se
tornasse “o príncipe da salvação deles” (v. 10b). Os filhos, ou seja, os que o
receberam, deu-lhes o poder (o direito) de serem feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), e são chamados por Cristo de
“irmãos”
(v. 11). É sublime a declaração de Cristo, em relação aos que são salvos por
Ele. No v. 13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu”.
Esses são livres do “império da morte, isto é, do Diabo” (v. 14), e da servidão
(v. 15).
2. Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v. 17). Para
poder cumprir sua missão salvadora, Jesus, “em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo, fazendo-se semelhante aos homens, e, achado na forma de homem,
humilhou-se até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os anjos”, entregou-se
a Deus para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados do povo (v. 17).
3. Em tudo foi tentado (v. 18). Em sua condição
humana, Jesus, o Filho do Homem, suportou a tentação, “para socorrer aos que
são tentados”. Esta é uma afirmação consoladora para nós, os crentes, que
durante a caminhada na Terra, somos acossados e ameaçados por várias tentações.
Nosso Deus, Jesus, não foi em sua missão um deus alienado dos seus adoradores e
fiéis, como prega o deísmo. Pelo contrário, Ele se colocou no meio dos
pecadores e, como eles, foi tentado até à cruz para lhes dar vitória sobre as
tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb
4.15). Glória a Deus, por isso!
CONCLUSÃO. A superioridade
de cristo em relação aos anjos excede em muito a idéia distorcida, e difundida
entre os incrédulos, de que os seres angelicais têm papel místico, a ponto de
serem venerados ou mesmo adorados pelos adeptos das falsas doutrinas.
CRISTO SUPERIOR A MOISÉS
Hebreus 3.1-8, 12, 14. “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial,
considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, 2 sendo fiel ao que o constituiu,
como também o foi Moisés em toda a sua casa. 3 Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que
Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. 4 Porque toda casa é edificada por
alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. 5 E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo,
para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; 6 Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa
somos nós, se tão-somente conservarmos firme a confiança e a glória da
esperança até ao fim. 7
Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz. 8 Não endureçais o vosso coração, como
na provocação, no dia da tentação no deserto. 12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mal
e infiel, para se apartar do Deus vivo. 14
Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o
princípio da nossa confiança até o fim.
INTRODUÇÃO. O
escritor aos hebreus exorta-nos a considerar Jesus Cristo como “Sumo Sacerdote
da nossa confissão”. Os israelitas tinham grande respeito aos profetas e
sacerdotes da antiga aliança, destacando-se entre eles Moisés e Arão. Na Nova
Aliança, Jesus é superior a todos eles, pois encarnou-se tomando a forma
humana, ou seja, tornou-se o Emanuel, “Deus entre nós”, concedendo a gloriosa e
eterna salvação para todos os que n’Ele creem.
I. CONVOCAÇÃO DOS SANTOS À ADORAÇÃO A CRISTO (v. 1)
1. “Irmãos santos”. A palavra santo vem do latim, sanctu,
que, originalmente, quer dizer aquele ou aquilo que “era estabelecido segundo a
lei”, passando depois a significar aquele ou aquilo “que se tornou sagrado”. No
Antigo Testamento, a palavra hebraica para santo é qodesh e seus
derivados, que significam santo, santificado, santificar, separar, pôr à parte.
No Novo Testamento, a palavra “santo”, no grego hagios, tem sentido
semelhante ao da língua hebraica; santos, segundo o ensino bíblico, são somente
aqueles que têm comunhão com Deus e com seu Filho, Jesus. Estes são convocados
para adorarem a Cristo, separados do mundo.
2. “Participantes da vocação celestial”. Os santos
que vivem aqui na terra não são apenas os mártires, ou os que fizeram algum
milagre, como ensina o Catolicismo. Os santos são pessoas de carne e osso,
“participantes da vocação celestial”, por aceitarem a Cristo como seu Salvador
ao ouvirem o seu convite através do evangelho.
3. Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote. Os santos são
convocados para considerar “Jesus, apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão”. Ele foi, de fato, o Apóstolo por excelência. Jesus foi enviado por
Deus ao mundo, “não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por Ele” (Jo 3.17).
No Antigo Testamento, os sacerdotes intercediam pelo povo,
tendo que oferecer, por todos os pecadores, sacrifícios com sangue de animais,
que apenas encobriam o pecado. Na Nova Aliança, Jesus é o Sumo Sacerdote
perfeito, pois ofereceu o seu próprio sangue para nos salvar e nos apresentar a
Deus com a nossa confissão.
II. Maior Glória do Que Moisés
1. Moisés, fiel como servo (v. 5). Moisés foi fiel em
sua casa, como acentua o escritor, na condição de servo, sendo o mensageiro que
testemunhou das “coisas que haviam de vir”. Ele foi o porta-voz de Deus ao
receber as tábuas da Lei no Sinai, transmitindo, com fidelidade, a palavra que
de Deus ouviu no monte. Ele nada alterou do que recebeu do Senhor. Foi servo em
sua casa, no âmbito do que lhe foi confiado, e desincumbiu-se muito bem de sua
tarefa na “casa” de Deus. Por isso, foi considerado um modelo entre os homens
(cf. Jr 15.1).
2. Jesus, fiel sobre sua própria casa (v. 6). Jesus
foi superior a Moisés. Ele foi servo. Aquele é o Filho, o Sumo Sacerdote
constituído por Deus, posição que não foi confiada a mais ninguém. Moisés,
mesmo sendo fiel como homem, não foi perfeito. Falhou em algum momento. No
episódio em que Deus mandou que ele falasse à rocha pela segunda vez,
descontrolou-se emocionalmente e feriu-a, ao invés de falar (Nm 20.11).
Jesus, no entanto, nunca falhou. “Em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb
4.15).
III. ADVERTÊNCIA QUANTO AO
ENDURECIMENTO CONTRA DEUS
1. Ouvindo a voz do Espírito. A advertência é grave e
solene: “Portanto, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações,
como na provocação, no dia da tentação no deserto...” (vv. 7,8). Citando o
Salmo 95.8-11 o escritor admoesta os destinatários da carta valendo-se de fatos
constrangedores, relativos ao povo de Israel. Na advertência, o Espírito Santo
os lembra para não fazerem como seus pais, que provocaram a Deus no deserto com
graves atitudes: 1) Tentaram a Deus; 2) Provaram a Deus, mesmo tendo visto suas
obras por 40 anos (v. 9; Êx 15.22-25;
17.1-7). Esse aviso quanto a ouvir o Espírito Santo é significativo e oportuno
para nós em nosso tempo, pois há crentes tão insensíveis, em todos os sentidos,
que suas consciências já se encontram irremediavelmente cauterizadas (cf. 1ª Tm 4.2).
2. Não endurecer o coração (v. 8). O povo israelita,
não obstante presenciar as maravilhas do poder miraculoso de Deus no deserto, a
começar pela passagem do Mar Vermelho, rebelou-se contra o Senhor. Em consequência,
Deus se indignou. Manifestou a sua ira e decretou seu juízo: “Não entrarão no
repouso de Deus”. Daquela geração rebelde, todos os que tinham mais de 20 anos
não entraram na Terra Prometida. O endurecimento do coração é um obstáculo para
o recebimento da benção de Deus.
3. Um coração mau e infiel (v. 12). Outra advertência
é dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para
que neles não houvesse “um coração mau e infiel”, que viesse afastá-los “do
Deus vivo”. O verbo afastar, no texto, é apostenal (gr.), palavra que dá
origem ao termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho divino: “Antes
exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v. 13). Muitos, por
falta de orientação e advertência (exortação), endurecem o coração para Deus,
desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em
práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão
espiritual” e outras invencionices.
4. Como nos tornamos participantes de Cristo (v. 14). O
escritor nos mostra como nos tornamos participantes de Cristo: “Se retivermos
firmemente o princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é
corroborada pelo que Jesus asseverou: “...mas aquele que perseverar até o fim
será salvo” (Mt 10.22). “Até o fim...”. O homem só alcança a salvação plena
quando aceita a Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção
do nosso corpo” (Rm 8.23b). Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã,
mais difícil ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras
na eternidade estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira,
como diz o apóstolo Paulo (2ª Tm 4.7).
CONCLUSÃO. A
superioridade de Cristo em relação a Moisés é incontestável. Moisés era homem
imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma missão tão grande. Jesus, nosso
salvador, mesmo na condição humana, em face de sua missão salvífica, “em tudo
foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos, precisamos honrar a Jesus Cristo,
o Sumo Sacerdote da nossa confissão.
REPOUSO PARA O POVO DE DEUS
Hebreus 4.1-16: “Temamos,
pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que
algum de vós fique para trás. 2 Porque também a nós foram pregadas as
boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou,
porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. 3 Porque
nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim, jurei na
minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem
acabadas desde a fundação do mundo. 4 Porque, em certo lugar, disse assim do
dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. 5 E outra vez neste lugar: Não entrarão
no meu repouso. 6 Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a
quem primeiro foram pregadas as boas-novas não entraram por causa da
desobediência, 7 determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por Davi,
muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais
o vosso coração. 8
Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria,
depois disso, de outro dia. 9 Portanto, resta ainda um repouso para o povo de
Deus. 10 Porque aquele que entrou no seu
repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. 11 Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para
que ninguém caia naquele mesmo exemplo de desobediência. 12 Porque a Palavra de Deus é viva, e
eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a
divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração. 13 E
não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas
e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar. 14 Visto
que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos
céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 Porque não temos um sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado. 16 Cheguemos, pois, com confiança ao
trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de
sermos ajudados em tempo oportuno.”
INTRODUÇÃO.
Em consequência da desobediência do povo de Israel durante sua
peregrinação, os que pecaram, rebelando-se contra o Todo-Poderoso, morreram, e
seus corpos caíram no deserto. De acordo com o juramento de Deus, os
desobedientes não entraram no seu repouso. Que isto jamais venha a acontecer
conosco!
I. AS BOAS NOVAS
FORAM PREGADAS
1. Ouviram mas não obedeceram. Segundo cálculos
razoáveis, os israelitas tirados do Egito pela poderosa mão de Deus foram cerca
de três milhões de pessoas. Somente os homens de guerra somavam 600.000 (Êx
12.37). Desses, só entraram em Canaã, dois: Josué e Calebe (Dt 1.36,37). Por
causa da desobediência e da incredulidade, o juízo de Deus prostrou-os no
deserto, impedindo-os de chegar à Terra Prometida. Isso mostra que Deus dá mais
valor à qualidade do que à quantidade. No Dilúvio, só oito escaparam. Na
destruição de Sodoma e Gomorra, somente três ficaram vivos.
2. A pregação sem proveito (v.2). Os israelitas
ouviram as “boas novas”. A razão pela qual muitos não entraram no “repouso”, ou
seja, em Canaã, é que “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto
não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (v.2). Aí, vemos a
importância da fé para a salvação. A Bíblia assevera que sem fé é impossível
agradar a Deus (Hb 11.6).
Hoje, em todo o mundo, é grande a provocação ao Senhor. Os
ímpios estão em rebelião aberta e declarada contra Deus. Infelizmente, também
há crentes que ouvem a Palavra nas igrejas, mas preferem continuar
desobedecendo aos preceitos do Senhor.
II. O DESCANSO PARA O
POVO DE DEUS
1. A ilustração do descanso de Deus. O escritor, no
v.10, relembra o que está escrito em Gn 2.2, quando Deus, no sétimo dia,
descansou de suas obras: “Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio
repousou de suas obras, como Deus das suas”. Obviamente que aqui não se trata
de descanso físico, pois por ser Espírito, Deus não sofre desgaste.
2. O descanso dos israelitas. O sofrimento dos
israelitas no Egito após a morte de José foi cruel. Por mão de Moisés e pelo
poder de Deus, o povo foi libertado milagrosamente. Entretanto, por causa da
incredulidade e rebeldia, grande parte deles não pôde entrar na Terra
Prometida. Foram obrigados a passar 40 anos caminhando no deserto (Hb 3.19;
4.6,11; 1 Co 10.1-11). Somente por misericórdia, Deus lhes destinou a terra de
Canaã, onde enfim encontraram o descanso de seus sofrimentos.
3. O descanso (repouso) do povo de Deus (v.9). Aqui o
descanso prometido não é físico, mas espiritual, celestial, mirífico, indizível
e pleno para os salvos: “Ainda resta um descanso para o povo de Deus”.
Trata-se do bendito estado da alma e do espírito, em que os
crentes, obedientes e santos, que ouvem a Palavra e a obedecem, terão direito à
paz e a tranquilidade perene, na comunhão com o Senhor. Lembremo-nos de que o
descanso espiritual só se obtém através da nova vida em Cristo (ver Mt
11.28,29). É preciso ouvir e obedecer a Palavra de Deus. “Procuremos pois
entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de
desobediência” (v.11).
III. O PODER
PENETRANTE DA PALAVRA DE DEUS
1. Ela é viva. A Palavra de Deus mostra quem vai
entrar no repouso eterno. Ela não se constitui de meras argumentações humanas
ou filosóficas, que atingem o intelecto, mas não penetram no coração, no mais
íntimo do ser humano. A Palavra de Deus é viva, poderosa e vivificante. Jesus
afirmou: “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6.63). Somente
Ele tem palavras de vida eterna (Jo 6.68).
2. Ela é eficaz. A palavra de Deus sempre produz
efeitos: “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não
tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao
semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca; ela
não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo
para que a enviei” (Is 55.11). Ninguém ouve a palavra de Deus sem ser alcançado
por seus resultados. Quem ouve e crê “tem a vida eterna” (Jo 5.24). Quem ouve e
não crê “já está condenado” (Jo 3.18).
3. Ela é penetrante. É comparada a uma espada cortante,
que “penetra até à divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas”. Sendo
“espírito e vida”, a palavra de Deus atinge a parte sensorial do homem. O
espírito, a alma e o corpo são alcançados pelo poder penetrante da palavra
divina. Por quê? Quando o homem ouve a Palavra e crê, no seu interior ocorrem
modificações extraordinárias que beneficiam inclusive o funcionamento orgânico
do seu corpo.
4. Ela discerne pensamentos e intenções. Muitos
filósofos, com seu intelectualismo frio e racionalista, têm confundido os
homens afastando-os ainda mais do seu Criador. A Bíblia, no entanto, sendo a
Palavra de Deus, tem transformado a vida de inúmeras pessoas, elevando-as à
condição de salvas e remidas pelo sangue de Jesus.
No v.13 o escritor adverte que diante do poder penetrante da
palavra de Deus, “não há criatura alguma encoberta diante dele”, e todas as
coisas estão “nuas e patentes aos seus olhos”, ou seja, não há nada velado
diante do Todo-Poderoso.
IV. NOSSO GRANDE SUMO
SACERDOTE (vv.14-16)
1. “Jesus, Filho de Deus”. Ele é grande, no sentido
absoluto. Os “sumo sacerdotes” de outras religiões jamais chegaram aos céus.
Buda pregou que chegaria ao Nirvana (no budismo, estado de ausência total de
sofrimento); Chrisna, mentor do
Hinduísmo, também não foi aos céus; para seus adeptos, deve estar reencarnando
por aí. Os seguidores de Maomé imaginam que ele esteja num “paraíso”, onde há
muitas mulheres e tâmaras.
Os sumo sacerdotes do Antigo Testamento só adentravam uma
vez por ano, no lugar Santíssimo, onde era manifestada a glória de Deus. Eles
não podiam permanecer lá. Mas Jesus, nosso Sumo Sacerdote por excelência,
“penetrou nos céus”, “está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm
8.34b).
2. Sacerdote compassivo. Em seu ministério terreno, Jesus
sempre se preocupou com as multidões sofredoras (Mt 9.36; 14.14). Em sua missão
sacerdotal, demonstra grande compaixão por nós: sendo “longânimo e grande em
benignidade” (Sl 103.8), Ele suporta as nossas fraquezas, não querendo que
ninguém se perca (2 Pe 3.9).
Não perecemos unicamente em razão de sua infinita
misericórdia.
3. Em tudo foi tentado. Mesmo com a natureza divina,
Jesus “em tudo foi tentado”, diz a Palavra de Deus. Só conhece o que é tentação
quem já passou por ela. As tentações de Jesus não partiam de seu íntimo, como
ocorre com o “homem natural” (1 Co 2.14). Elas foram provações e provocações
externas, advindas do tentador e seus agentes. Além das tentações no deserto, o
Mestre certamente experimentou a opressão do Maligno em outras ocasiões. Para
nós é muito significativo saber que Jesus, como homem, foi tentado em todas as
coisas, “mas sem pecado”. A Bíblia nos assegura: “Àquele que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”
(2 Co 5.21). Diante disso, compreendemos o grande amor de Jesus por nós: Ele
sofre conosco, colocando-se sempre ao nosso lado.
4. Acheguemo-nos ao trono da graça (v.16). Tendo
Jesus como nosso Sumo Sacerdote, podemos pela fé adentrar ao trono da graça, à
sua santa presença a qualquer momento, e sermos “ajudados em tempo oportuno”.
Glória a Ele para todo o sempre.
CONCLUSÃO.
Três das grandes mensagens da lição estudada são:
a) Deus tem preparado um verdadeiro descanso espiritual em
Cristo para os que a Ele vêm;
b) Deus tem um prometido lugar de descanso celestial para
seu povo, em sua presença, na eternidade. Para chegarmos lá, só precisamos ser
fiéis, obedientes e santos.
c) Jesus é o nosso Sumo Sacerdote perfeito, que, como homem,
“em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Que o Senhor nos ajude a servi-lo
conforme a sua vontade; e que jamais venhamos a dar lugar à desobediência.
CRISTO, SUMO SACERDOTE SUPERIOR A ARÃO
Hebreus 5.1-10: Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens,
é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que
ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, 2 e possa compadecer-se
ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de
fraqueza. 3 E, por esta causa, deve
ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados. 4 E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como
Arão. 5 Assim, também Cristo não se glorificou a si
mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és
meu Filho, hoje te gerei. 6 Como também diz noutro
lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. 7 O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas,
orações e súplicas ao que podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que
temia. 8 Ainda que era filho, aprendeu a obediência,
por aquilo que padeceu. 9 E, sendo Ele consumado,
veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem. 10 Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque.
INTRODUÇÃO. Os
sumos sacerdotes do Antigo Testamento, apesar de serem santos, eram limitados e
imperfeitos. Arão, por exemplo, ainda que grandemente honrado ao ser separado
para o ofício de sumo sacerdote, cometeu uma falha indecorosa: levantou um
ídolo em forma de bezerro de ouro e levou o povo a pecar.
Mas Cristo, nosso Sumo Sacerdote, é superior a Arão, não
somente por sua infalibilidade e perfeição, mas porque cumpriu cabalmente o
plano divino de redenção de toda a humanidade.
I. O SUMO SACERDOTE
DO ANTIGO TESTAMENTO
1. Características básicas (v. 2).
1.1. “Tomado dentre os homens”. O sumo sacerdote na
Antiga Aliança era uma pessoa comum que, apesar de separada por Deus, levava para
o sacerdócio suas virtudes e defeitos. Ele não era tomado dentre anjos ou
espíritos, mas “dentre os homens”. E essa é uma característica muito
importante.
1.2. “Constituído a favor dos homens”. O sumo
sacerdote não era eleito pelos seus pares, nem pelo povo em geral. Sua
investidura no cargo era por nomeação direta da parte de Deus. Hoje, há
diversas formas utilizadas na escolha e consagração de um pastor, porém, acima
de tudo é indispensável que o pastor seja constituído por Deus.
1.3. “Nas coisas concernentes a Deus”. O sacerdote
falava e agia em nome de Deus, no que concernia à sua expressa vontade. Por
outro lado, ouvia os homens e intercedia por eles diante do Altíssimo. Em tudo,
a missão sacerdotal era cuidar dos interesses de Deus em relação ao povo e os
do povo em relação a Deus. Era um mediador, um representante do Eterno.
2. Funções primordiais. De modo geral as principais
funções do sumo sacerdote eram ensinar a lei de Deus e interceder pelo povo.
2.1. “Oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (v.
1b). Na Antiga Aliança os oferentes não podiam dirigir-se diretamente a Deus.
Traziam suas dádivas e ofertas e as apresentavam ao sacerdote. Segundo
estudiosos do Antigo Testamento, os dons eram ofertas de cereais e os
sacrifícios eram “ofertas de sangue”. No Novo Testamento, Jesus, nosso Sumo
Sacerdote quanto a nossa salvação, é tanto o oferente como a própria oferta
vicária: “ofereceu-se a si mesmo [por nós] a Deus”.
2.2. “Compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados”
(v. 2). O sumo sacerdote deveria ter simpatia, ou seja, capacidade para
compartir as alegrias ou as tristezas das pessoas que lhe procuravam e, ao
mesmo tempo, ter empatia, capacidade para se colocar na situação do
outro. Só quem tem essas qualidades pode de fato ser um intercessor. Da mesma
forma devem proceder os obreiros do Senhor no trato com os que erram por
ignorância ou por fraqueza.
II. DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E
ARÃO
1. Jesus, sacerdote perfeito. A Lei previa a
possibilidade de erro ou pecado por parte dos sacerdotes (v. 3; Lv 4.3). O próprio sumo
sacerdote Arão tinha a orientação de Deus para oferecer sacrifícios não só pelo
povo (Lv 16.15ss), mas por si próprio (Lv
16.11-14). Enquanto o sumo sacerdote do Antigo Testamento estava sujeito
a pecar, Jesus nunca pecou. Ele é perfeito. Satisfez todas as condições para o
perfeito sacerdócio. Foi ungido como Rei, como Filho (1º Sm 2.6,7); e
Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi
enviado por Deus (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 4.43), Jesus não se glorificou a si mesmo para fazer-se sumo
sacerdote (v. 6). Diante de todas essas qualificações, o Mestre nunca ofereceu
sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4).
2. Sacerdote eterno (v. 6). O escritor aos hebreus
faz referência a dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o
caráter especial do sacerdócio de Cristo: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és
meu filho; hoje te gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl
110.4).
III. A MISSÃO TERRENA DE JESUS
1. “Nos dias de sua carne” (v. 1). É uma referência
direta à vida humana de Jesus. O escritor já houvera acentuado esse aspecto no
cap. 2.14-17. Aqui, mais uma vez, ele demonstra que o nosso Sumo Sacerdote,
mesmo provindo de uma linhagem especial, encarnou-se, tomando a forma de homem,
como vemos no Evangelho de João (1.14):
“E o verbo se fez carne...”. O Verbo refere-se a Jesus Cristo (cf. Ap 19.13).
Os gnósticos ensinavam que o corpo é intrinsecamente mau.
Mas Jesus, o Verbo divino, provou o contrário. Ele se fez carne, “e habitou
entre nós”, tornando-se homem completo, pleno, perfeito. E não apenas se fez
carne, mas tomou a “forma de servo” (Fp
2.7); na semelhança da “carne do pecado” (Rm 8.3), suportou a “paixão da
morte” (Hb 2.9).
2. Clamor, lágrimas, orações e súplicas (v. 7). A
Escritura diz que Jesus clamou a Deus, com “lágrimas, orações e súplicas ao que
o podia livrar da morte”. No Evangelho segundo João 11.35 está escrito que Jesus chorou, mas aquela não foi a
única vez, como atesta o v. 7. É por isso que Jesus entende de lágrimas e, um
dia, como Deus, enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 7.17. 21.4).
3. Aprendeu a obediência (v. 8). Haverá prova mais
autêntica da humanidade de Jesus? “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência,
por aquilo que padeceu” (Hb 5.8).
Ele, sendo divino, obedeceu a Deus. A mente humana é, por vezes, levada a
indagar: “Afinal, se Ele era Deus, porque deveria obediência a alguém?”. Esse é
um mistério que só a fé pode aceitar.
Jesus como ser humano teve um desenvolvimento humano normal:
“E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os
homens” (Lc 2.52). Como Filho de
Deus, Ele obedeceu ao Pai.
4. “Por aquilo que padeceu” (v. 8b). A prova suprema
da obediência de Cristo foi a sua paixão e morte. O Diabo tudo fez para que
Jesus não executasse o plano da salvação. Na tentação no deserto, seu objetivo
era que o Senhor obedecesse suas sugestões (Mt 4.1-11); na crucificação, o inimigo usou alguém para lhe sugerir
que “provasse” que Ele era o Filho de Deus, descendo da cruz (Mt 27.40).
5. Trouxe eterna salvação (v. 9). “E, sendo ele
consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe
obedecem”. Jesus declarou ao Pai: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo
consumado a obra que me deste a fazer” (Jo
17.4). Na cruz, no momento supremo de seu sacrifício em favor dos
pecadores, Ele exclamou: “Está consumado...” (Jo 19.30).
Nesse aspecto, é oportuno lembrar que alguns teólogos,
baseados no versículo em foco e em outras referências, pregam a doutrina da
predestinação absoluta, resumida na sentença “uma vez salvo, para sempre
salvo”. Entretanto, o versículo mostra inequivocamente que a salvação não é
eterna a priori, mas sim condicional. Ela é eterna para “todos os que
lhe obedecem”. Desse modo, exclusivamente é salvo quem crê e segue a Cristo
em obediência.
6. Chamado por Deus (v. 10). Jesus pertenceu a uma
ordem sacerdotal singular, diferente da de Arão. Nisto, vemos mais uma
importante distinção entre o sacerdócio de Cristo e o sacerdócio arônico.
Jesus, como diz o v. 10, foi “chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque” (v. 10).
CONCLUSÃO. Como
podemos constatar no capítulo cinco de Hebreus, o texto revela com clareza
meridiana a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao de Arão. Outro
ponto importante diz respeito a humanidade de Cristo: o escritor assevera que
Jesus foi humano o suficiente para buscar a Deus, o Pai, em oração, súplicas e
lágrimas, sendo obediente como Filho. Trata-se de um exemplo inigualável e uma
lição incomparável para nós, mortais, que, às vezes somos relapsos em fazer a
vontade do Senhor, em obediência irrestrita.
O PERIGO DA APOSTASIA
Hebreus 5.11-14 “Do
qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes Porque, devendo já ser mestres pelo
tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros
rudimentos da palavra de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite
e não de sólido mantimento. 13 Porque qualquer que ainda se
alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é
menino. 14
Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em
razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o
mal.”
negligentes para ouvir. 12
Hebreus
6.1,2,4-6,10,13,16-20: “Pelo que, deixando os rudimentos da
doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o
fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, 2 e da
doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e
do juízo eterno. 4
Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados,
e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, 5 e
provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, 6 e
recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a
eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério. 10 Porque
Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho da caridade
que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda
servis. 13
Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha
outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo. 16 Porque
os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para
confirmação é, para eles, o fim de toda contenda. 17 Pelo
que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho
aos herdeiros da promessa, se interpôs como juramento, 18 para
que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos
a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança
proposta; 19
a qual temos como âncora da alma segura e firme e que
penetra até o interior do véu, 20 onde Jesus, nosso precursor, entrou
por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.
INTRODUÇÃO.
Quando o cristão estaciona na fé e não se aprofunda no
conhecimento das coisas de Deus, corre o risco de ser levado por ventos de
doutrinas (Ef 4.14) e apostatar, vindo a perder-se eternamente por não se
arrepender.
I. INFÂNCIA
ESPIRITUAL
Muitos cristãos hoje, têm uma atitude infantil quanto ao
estudo das Escrituras. Diante de passagens
que deveriam conhecer bem através de
cuidadoso estudo, eles desistem e passam a alegar que o Espírito Santo lhes
ensinará, o que for preciso. Outros preferem seguir uma voz profética.
Voluntariamente, ignoram que é difícil o Espírito Santo ensinar alguém aquilo
que ele não está decidido aprender através do estudo. Como aconteceu aqueles
cristão hebreus, a nossa fé tende a enfraquecer à medida que relaxamos o estudo
e o conhecimento da Palavra de Deus dentro da ortodoxia.
1. Negligentes para
ouvir (5.11). É próprio das
crianças em geral serem negligentes para ouvir. Faz parte da sua estultícia (Pv
22.15). Aqui o escritor dirige-se aos cristãos que já deviam “ser mestres pelo
tempo”, ou seja, pessoas que não eram mais neófitas na fé. Aliás, os novos
convertidos, vistos como crianças espirituais, normalmente são os melhores
ouvintes.
2. Necessitados de
leite (vv.12,13). O crente
“menino” não se desenvolve por não saber ouvir a Palavra de Deus. Os leitores
da Epístola aos Hebreus ainda careciam dos ensinamentos rudimentares da fé
cristã: precisavam “de leite, e não de sólido alimento”. Aliás, em nossos dias,
observa-se muita “meninice” em diversas igrejas. Trata-se de “movimentos
estranhos”, embusteiros e perigosos, que não têm base na Palavra de Deus.
O autor da Epístola aos Hebreus exorta os seus leitores a
alcançarem a maturidade espiritual. Ele mostra que a chave para o crescimento
espiritual não está em apenas ter conhecimento elementar da Palavra de Deus. E
prossegue dizendo que os crentes da sua época, a despeito de alcançarem os
fundamentos da fé reiteradas vezes, não progrediam; estavam deixando de
edificar suas vidas no Senhor.
Essa gente precisa, se quer mesmo crescer e ser adulto na
fé, do leite puro da Palavra de Deus para crescimento, fortalecimento e
imunização espiritual.
Este tipo de fraqueza permanece, nem sempre por culpa dos
cristãos, mas por falta de uma liderança espiritual segura da parte daqueles
sobre cujos ombros pesam os cuidados pelo rebanho com algo sólido e
substancial.
3. Maturidade Cristã.
O crente deve esforçar-se por crescer não apenas na graça,
mas também através do estudo cuidadoso das Escrituras, assim como por meio da
sua aplicação ao seu viver diário. Sem uma aplicação positiva da Palavra de
Deus no nosso cotidiano, anos de estudo serão inúteis. O autor da Epístola aos
Hebreus diz que a maturidade cristã é evidenciada quando o crente é capaz de
distinguir entre o bem e o mal. Noutras palavras: além de estudar a Bíblia, é
preciso praticar os seus ensinamentos.
Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais,
em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem
como o mal” (v.14).
II. OS RUDIMENTOS DA
DOUTRINA
Note que o contexto nos admoesta a olhar para além dos
ensinamentos do AT. Até divisarmos o seu cumprimento no NT.
Veja a seguir a relação dos ensinamentos do AT. Nos quais os
leitores da Epístola aos Hebreus estavam estacionados:
1. Arrependimento de
obras mortas (6.1). Produzir obras era ideal do sistema levítico, as quais
não tinham valor algum quanto a obter-se a vida eterna em Cristo. Sendo eles
judeus convertidos ao cristianismo, provavelmente ainda queriam reviver os
velhos conceitos da lei, tais como a guarda do sábado, a implementação dos
sacrifícios, a observância das luas novas, (Cl 2.16-17), esquecendo-se da
salvação somente pela graça, mediante a fé (Ef 2.8-9).
2. Fé em Deus. Está
fé nada tinha de errado entre os judeus cristãos, mas uma vez que Cristo Se
revelou, o cristão deve crer também n1Ele e na sua obra realizada no Calvário,
donde nos veio o Novo Concerto, pelo Seu sangue.
3. Doutrina do
Batismo. Isto se refere as cerimônias de
abluções (purificação por meio da água) do sistema religioso levítico.
A doutrina dos batismos faz parte do início da fé, e não dos
estágios mais avançados do desenvolvimento espiritual. Hoje, ainda há
“meninos”, ensinando que só se deve batizar em nome de Jesus, e não na forma
trinitariana como Jesus ordenou (cf. Mt 28.19).
4. Imposição de mãos.
Isto se refere à identificação dos ofertantes
com os sacrifícios que ofereciam no sistema levítico (Lv 16.21).
Quanto à imposição das mãos, nos moldes do Antigo
Testamento, que consistia num gesto simbólico de transmissão de bênçãos (como
fez Jacó), os crentes daquela ocasião não deveriam mais preocupar-se. Agora,
com Cristo, o gesto de impor as mãos, no nome de Jesus, propicia a cura divina
(Mc 16.18; At 28.8).
5. Ressurreição dos
mortos. A ressurreição dos mortos foi
ensinada no Antigo Concerto; apesar disto, aqueles cristãos são deparados a não
se devotarem a um ensinamento tão misterioso, uma vez que Cristo revelou tudo
isso por meio do Seu ensino e da Sua própria ressurreição (Jó 19.25; Dn 12.2;
Is 26.19; Lc 20.37;-38; Jo 5.28-29; 11,25;20).
6. O juízo eterno (v.2). Este é um assunto largamente ensinado não somente
no AT, mas também no NT (Sl 96.13; 98.9; Ec 12.14; Jl 3.11-12).
Todo crente em Jesus, desde o início de sua fé, em seu discipulado
básico, deve saber que Cristo morreu por nossos pecados, mas ressuscitou para
nossa justificação (Rm 4.25), e para um dia julgar o mundo com justiça (At
17.31).
III. O GRAVE PERIGO
DA APOSTASIA
1. O que é apostasia. Do gr. apostásis,
afastamento, abandono da fé. Apostatar significa abandonar a fé cristã de modo
premeditado e consciente. No texto em apreço o escritor adverte quanto ao
perigo da apostasia.
2. O arrependimento
impossível (vv.4,5). O capítulo em
estudo contém uma solene advertência contra a apostasia deliberada e
insensível. Nele são apresentados cinco motivos pelos quais um apóstata
empedernido não pode mais arrepender-se:
2.1. “Já uma vez foram iluminados”. Jesus é a luz do mundo (Jo 8.12); os que o
aceitam de verdade, experimentam seu perfeito fulgor, e reconhecem que outrora
encontravam-se nas trevas, no mundo, sem Deus e sem salvação. Agora não são
mais novos convertidos. São crentes que sabem diferençar as trevas do Diabo da
luz de Cristo.
2.2. “Provaram o dom celestial”. O texto não se refere a neófitos na fé, com
limitada convicção do evangelho. Refere-se, sim, a crentes que tiveram uma
experiência real com Cristo (ver 1ª Pe 2.1-3), provando a salvação que, pela
fé, é dom de Deus (Ef 2.8,9).
2.3. “E se fizeram participantes do Espírito
Santo”. Aqui a advertência
é severa para aqueles que foram pelo Espírito Santo imersos no corpo de Cristo.
O apóstolo Paulo diz que “todos temos bebido de um Espírito” (1ª Co 12.12,13).
Fica claro que o escritor dirigia-se a pessoas que conheciam muito bem o
significado da comunhão com o Espírito Santo.
2.4. “E provaram a boa Palavra de Deus”. O escritor repete o verbo provar,
referindo-se a crentes que tiveram um conhecimento mais que superficial das
verdades de Deus, expressas em sua Palavra. Não apenas sentiram o “cheiro”, mas
“comeram” a Palavra, experimentando-a e confirmando-a como verdadeira (cf. Jo
17.17).
2.5. “E (provaram) as virtudes do século
futuro”. Os leitores
da carta eram crentes que além da vasta experiência espiritual, puderam, ainda
no presente, experimentar as bênçãos e as virtudes do porvir. Jesus disse: “E
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de
Deus” (Lc 10.9); “... o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.21).
3. A recaída no fosso
da apostasia (v.6). O
escritor diz que para aqueles que possuíam as experiências descritas nos vv. 4
e 5, e recaíssem, seria “impossível” (v.4a) serem “outra vez renovados para
arrependimento” (v.6a). Não se trata de um crente que se afasta da igreja local
por pecados relativamente comuns entre os homens. Quase sempre essas pessoas se
arrependem e pedem perdão a Deus e à igreja. A impossibilidade de
arrependimento referida pelo escritor, diz respeito a crentes judeus que, mesmo
providos das experiências mencionadas acima, abandonam a Cristo, negando-o e
renegando-o de modo proposital e deliberado. Trata-se de uma pessoa que chegou
a um estágio tão escrachado de desvio, que sua consciência encontra-se
cauterizada (conforme 1ª Tm 4.2), ficando insensibilizado a qualquer advertência
por parte do Espírito Santo. Este é o “pecado para a morte” de que trata o
apóstolo João em sua epístola (1ª Jo 5.16b).
A razão da queda seria porque as pessoas teriam abandonado a
vida cristã, atraídas por outro modo de vida religiosa, ou seja, estavam
voltando ao legalismo da lei.
Cristo é o único meio de salvação. O homem que aceita a
Cristo e mais tarde O que rejeita definitivamente não achará qualquer meio de
salvação. O pecado de rejeitar a Cristo deixa o homem sem nenhum outro
sacrifício pelo pecado (Hb 10.26). Esaú não valorizou o seu direito de
primogenitura e espontaneamente o trocou por um guisado de lentilhas. Mais
tarde, refletiu quanto ao seu ato impensado e, com lágrimas, buscou benção
igual junto a seu pai, mas a oportunidade já havia passado. Ele vendera a sua
primogenitura, a qual era concedida uma
única vez. (Hb 12.16-17).
4. Expondo Cristo ao
vitupério.
4.1. Voltam a crucificar o Filho de Deus. A morte de Cristo foi por Deus preordenada
para ocorrer apenas uma vez, como de fato aconteceu. Os sacerdotes do Antigo
Testamento ofereciam muitas vezes sacrifícios, inclusive por si mesmos (Hb
9.26). Mas Cristo ofereceu-se uma única vez “para tirar os pecados de muitos”
(Hb 9.28). Quem o conhece, experimentou sua salvação, e mesmo assim, peca
proposital e deliberadamente, volta a crucificá-lo, expondo-o ao vitupério.
4.2. Terra maldita. Usando uma trágica metáfora, o escritor dá
a entender que o coração de quem tem conhecimento de Cristo e o despreza,
apostatando da fé, é como uma terra antes boa, mas tornando-se reprovada,
“produz espinhos e abrolhos”, e só presta para ser queimada.
As penas sofridas por aqueles que desobedeciam as leis do AT
são pequenas quando comparadas com as sofridas por aqueles que rejeitam os
favores da revelação divina trazida por Jesus Cristo. As violações das leis do
AT. muitas vezes resultava em morte física, mas hoje, a rejeição da revelação
de Cristo resultará em morte espiritual, isto é, perdição eterna.
As revelações do AT eram confirmadas por sinais, da mesma
maneira, a revelação de Cristo é confirmada. Este é um fato confirmado ao longo
de toda a história da Igreja Cristã. Temos, como exemplo, o fato de a
ressurreição de Cristo dentre os mortos e a concessão dos dons do Espírito
Santo, por Sua vontade, aos crentes desde então. São estes crentes que estão
atualmente demonstrando que o Evangelho ainda é poder de Deus para a salvação.
IV. A FIDELIDADE DE
DEUS
1. Deus não é injusto
(v.10). O escritor considera os
destinatários de sua carta como pessoas amadas, de quem espera “coisas
melhores, e coisas que acompanham a salvação...”. Isso prova que, embora a
apostasia os ameaçasse constantemente, eles não tinham caído nela: estavam
sendo advertidos. Em seguida, ele diz que “Deus não é injusto” para se esquecer
da obra, do trabalho e da caridade deles para com os santos, a quem serviam.
2. Deus cumpre suas
promessas (v.13). Deus fez
promessa a Abraão e, como não tinha alguém maior por quem jurasse, jurou por si
mesmo, prometendo abençoá-lo e multiplicá-lo na terra, ainda que sua esposa
fosse estéril. E o patriarca alcançou a bênção, porque esperou com paciência
(vv.14,15).
3. É impossível que
Deus minta (vv.16-20). Deus quis
mostrar a “imutabilidade de Seu conselho aos herdeiros da promessa”, fazendo um
juramento. Certamente Deus não precisa jurar, mas para que os homens não
tivessem dúvida, Ele “se interpôs com juramento”. O escritor enfatiza que “é
impossível que Deus minta” e, por isso, devemos “reter a esperança proposta, a
qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do
véu”, onde está Jesus, nosso mui amado e Eterno Sumo Sacerdote.
CONCLUSÃO.
Aqueles que têm a experiência gloriosa da salvação precisam
cuidar-se para não caírem no engano do Diabo. É indescritível o prejuízo de quem
apostata da fé, negando a eficácia do sangue de Cristo para a salvação dos
pecadores. Tais desafortunados podem chegar à situação de arrependimento
impossível, e se perderem eternamente.
CRISTO, SACERDOTE, ETENO E PERFEITO
Hebreus 7.1-3,11,12,24-27:
“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo,
e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou; 2 a quem também
Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de
justiça e depois também rei de Salém, que é rei de paz; 3 sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias
nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece
sacerdote para sempre. 11 De
sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo
recebeu a lei) que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse,
segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? 12 Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei. 24 Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio
perpétuo. 25 Portanto, pode
também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles. 26
Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado
dos pecadores e feito mais sublime do que os céus, 27 que não necessitasse, como sumos sacerdotes, de oferecer a cada
dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados, e depois, pelos do
povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo”.
I. QUEM ERA MELQUISEDEQUE
A Bíblia não provê detalhes sobre a pessoa de Melquisedeque;
daí haver muitas especulações a seu respeito.
1. Era rei de Salém. “E Melquisedeque, rei de Salém,
trouxe pão e vinho...”. (Gn 14.18a; Hb
7.1); “e este era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18). Esta é a primeira referência bíblica a Melquisedeque.
Ele aparece nas páginas do Antigo Testamento, quando foi ao encontro de Abraão,
após este haver derrotado Quedorlaormer, rei de Elão, e seus aliados. Salém
veio a ser Jerusalém após a ocupação da terra prometida por Deus a Abraão e
seus descendentes (Gn 14.18; Js 18.28;
Jz 19.10). Rei de Salém quer dizer “rei de paz” (v. 2b).
2. Era sacerdote do Deus Altíssimo. “...e este era
sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18b; Hb 7.1). As funções de rei e sacerdote
conferiam-lhe grande dignidade perante os que o conheciam. Estas duas funções
são relembradas em Hb 7.1: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e
sacerdote do Deus Altíssimo...”.
3. Era de uma ordem sacerdotal diferente. Estudiosos
da Bíblia supõem que Melquisedeque pertencia a uma dinastia de reis-sacerdotes,
que tiveram conhecimento do Deus Altíssimo pela tradição oral inspirada,
transmitida desde o princípio, quando a religião era única e monoteísta e que
conservava a esperança do Redentor da raça humana, conforme Gn 3.15. Ele não
pertencia à linhagem sacerdotal arônica, proveniente da tribo de Levi.
4. Recebeu
dízimos de Abraão (Hb 7.2). Antes que Deus revelasse
uma lei escrita a Moisés, para governar os descendentes de Israel, encontramos
duas ocasiões quando os homens deram ou prometeram dízimos a Deus.
Quanto
ao dízimo, por ser o imposto de renda da nação, observa-se que só foi
devidamente cobrado pelas autoridades eclesiásticas durante o tempo em que o
ministério religioso era incorporado ao Estado, ou seja, unificado à
administração política.
Por
esse motivo Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, porque Melquisedeque não era
somente sacerdote, mas também era rei (era político) (Gn 14.18; Hb 7.2). Esse
fato indica “quão grande” era Melquisedeque (v. 4). Ele abençoou Abraão, como
detentor das promessas (v.v. 5,6).
Melquisedeque significa “Meu Rei é
Justo ou Legítimo”, e ele recebe Abrão com um banquete real pão e vinho (Gn 14.18).
Exercendo de forma singular os ofícios de rei e sacerdote, ele adora o Deus Altíssimo
(um caso raro naquela região naquela época naquele tempo). Anterior a qualquer
exigência legal, Abrão reage ao seu ofício, generosidade e benção
oferecendo-lhe o dízimo de todo o espólio que ele juntou na guerra.
Abraão pagou a Melquisedeque o dízimo
de tudo, sendo que, neste caso, não foi do produto da terra nem dos rebanhos, e
sim do despojo da guerra, costume também observado nos tempos antigos (Hb
7.2.).
Melquisedeque
era rei de Salém portanto governava um país. Porém ninguém sabe e pode explicar
onde ficava esse país.
5. Era rei de justiça (v. 2). Como um tipo de Cristo,
Melquisedeque tinha as qualidades de um rei justo e fiel.
6. Sem genealogia (v. 3). O texto afirma ter sido
Melquisedeque “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias
nem fim de vida...”. O que o sacro escritor quer dizer é que não ficou
registrada sua ascendência e sua descendência, bem como os dados referentes a
sua morte. Pelo contexto, entende-se que ele era um homem com características
especiais diante de Deus.
II. A MUDANÇA DO SACERDÓCIO E DA
LEI
1. O novo e perfeito sacerdócio (v. 11b). O
sacerdócio levítico era imperfeito (v. 11a). Nele, os sacrifícios, as ofertas,
o culto e a liturgia, eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio, que veio por
Cristo. O sacerdócio de Cristo, não da ordem de Arão ou de Levi, mas “segundo a
ordem de Melquisedeque”, trouxe a perfeição no relacionamento do homem com
Deus.
O primeiro sacerdócio, com suas imperfeições, não era capaz
de salvar, mas Cristo como Sumo Sacerdote, mediante o seu próprio sangue
deu-nos acesso a Deus, garantindo-nos a salvação plena.
2. Mudança da lei (v. 12). “Porque, mudando-se o
sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”. Com Cristo, de fato,
houve uma mudança não só do sacerdócio, mas também da lei. Antes, era a lei da
justiça, a lei das obras. Com Cristo, veio a lei da graça, a lei do amor.
III. O
Sacerdócio Perpétuo e Perfeito de Cristo
1. Jesus trouxe salvação perfeita (v. 25). Os
sacerdotes do antigo pacto pereceram (v. 23). O sacerdócio arônico foi
constituído por centenas de sacerdotes, que se sucediam constantemente, visto
que “pela morte foram impedidos de permanecer”. Os sacerdotes arônicos apenas
intercediam pelos homens a Deus, mas não os salvavam. Jesus, nosso Sumo
Sacerdote, não só “vive sempre para interceder” por nós, como nos assegurou uma
perfeita salvação por seu intermédio (v. 25; Rm 8.34). Jesus garante salvação
plena (Jo 5.24), sem depender de um suposto purgatório ou de uma hipotética
reencarnação.
2. Jesus, sacerdote perfeito (v. 26). A Palavra de
Deus indica aqui as qualificações de Cristo, que o diferenciam de qualquer
sacerdote do antigo pacto. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote”:
2.1. Santo. O sacerdote do
Antigo Testamento teria que ser santo, separado, consagrado. Até suas vestes eram
santas (Êx 28.2,4; 29.29). Contudo, eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos
ao pecado. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, era e é santo no sentido pleno da
palavra.
2.2. Inocente. Porque
nunca pecou, Jesus não tinha qualquer culpa. Ele desafiava seus adversários a
acusá-lo (Jo 8.46).
2.3. Imaculado. O
cordeiro, na antiga Lei, tinha que ser sem mancha (Lv 9.3; 23.12; Nm 6.14).
Jesus, como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), não
tinha qualquer mancha moral ou espiritual.
2.4. Separado dos
pecados. Jesus viveu entre os homens, comeu com eles, inclusive na casa de
pessoa de baixa reputação, como Zaqueu, mas foi “separado dos pecadores”. Ele
não se misturou, nem se deixou influenciar pelo comportamento dos homens maus.
2.5. Feito mais sublime do que
os céus. Tal expressão fala da exaltação de Cristo, como dele está predito
na Bíblia: “Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de
mim, e toda língua confessará a Deus” (Rm 14.11).
2.6. Ofereceu-se a si mesmo,
uma só vez (v. 27). Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento necessitavam
de oferecer sacrifícios, muitas vezes, primeiro por eles próprios e, depois,
pelo povo. Mas Jesus, por ser imaculado, sem pecado, não precisou fazer isso
por si. Tão-somente ofereceu-se num sacrifício perfeito, uma vez, pelos
pecadores.
CONCLUSÃO. Nesta
lição verificamos que, em todos os aspectos o sacerdócio de cristo, proveniente
da ordem de Melquisedeque, é superior ao sacerdócio arônico. Com isto, devemos
ser gratos a deus por fazermos parte de sua linhagem espiritual.
CRISTO, MEDIADOR DE UMA NOVA ALIANÇA
Hebreus 8.1-4, 6-13: “Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade. 2 Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. 3 Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer. 4 Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei. 6 Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas. 7 Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo. 8 Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto. 9 Não segundo o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei, diz o Senhor. 10 Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo. 11 E não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. 12 Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. 13 Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar”.
INTRODUÇÃO. A
Antiga Aliança implicava mandamentos, estatutos e juízos, os quais não foram
observados pelo povo escolhido. Era um concerto transitório, como indica o
escritor: “Porque se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria
buscado lugar para o segundo” (v. 7). Quando aprouve a Deus manifestar o Seu
Filho e determinar o Seu sacrifício, isso tornou nulo e ao mesmo tempo aboliu
os sacrifícios da Antiga Aliança. Desse modo, Cristo é não somente o Sumo
Sacerdote junto ao Pai, como também aquele que pagou a penalidade dos nossos
pecados do homem por meio do sacrifício do Seu próprio corpo, dando a Sua vida
e vertendo o Seu sangue expiador e remidor. Diante disso, Jesus trouxe uma Nova
Aliança, que se estabeleceu, não em atos exteriores, rituais, mas no interior
do homem, no entendimento e no coração. Por isso, é um melhor concerto. Que o
Senhor nos faça entender esse tema, e que o valorizemos em nossa vida cristã!
I. A POSIÇÃO DE CRISTO NO CÉU
1. “Um sumo sacerdote tal...”
(v. 1a). Com esta expressão, a Palavra de Deus visa mais uma vez enfatizar
a singularidade de Cristo como Sumo Sacerdote, destacando-o e diferenciando-o
dos sumo sacerdotes comuns, frágeis, mortais, da Antiga Aliança. A expressão
“tal”, aqui, evidencia a incapacidade das palavras humanas para descrever a
grandeza de Cristo. É o que ocorre também em Jo 3.16 (de “tal” maneira).
2. “Assentado nos céus”.
Esta expressão que também aparece em 1.3; 10.12 e 12.2, indica Cristo, como
Sumo Sacerdote perfeito, que realizou Sua obra de tal forma que tem o direito
de assentar-se no seu trono, ao lado direito do Pai. Já os sacerdotes do Antigo
Pacto não podiam assentar-se, pois sua obra nunca terminava. Por isso nunca são
descritos como sentados.
3. “À destra do trono da
majestade” (v. 1b). Cristo, à direita de Deus, está na posição da mais alta
honra, nos céus. Em Mc 16.19, está escrito: “Ora, o Senhor, depois de lhes ter
falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus”. Jesus Cristo é o
único ser que tem essa posição de extremo destaque nos céus. Tal verdade nos é
transmitida, para que saibamos que o nosso mediador não é um ser celeste
qualquer, mas aquele que tem posição de honra, única e destacada, diante de
Deus. As nossas orações são levadas a Ele, que por nós intercede junto ao Pai.
II. O Sacerdócio de Cristo nos Céus
1. “Ministro do santuário, e
do verdadeiro tabernáculo”. Não obstante estar Cristo assentado à destra de
Deus, e tendo concluído Sua obra, quando do seu ministério terreno, Ele é aqui
descrito como “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo” (v. 2). Nos
céus, o Mestre amado continua a executar seu ministério ou serviço divino, como
nosso mediador, intercessor, advogado e Sumo Sacerdote perante o Pai, pois
entrou no Santo dos Santos.
2. O que Cristo faz nos céus.
Abrindo um pouco o véu da eternidade, a Bíblia revelou-nos algo sobre o
trabalho de Cristo nos céus. De lá, Ele controla todas as coisas, tanto as que
estão nos céus, quanto as que estão na terra, no universo, enfim. Ele está assentado
“à destra da majestade”, “sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder” (1.3). É muita coisa!
Em relação a nós, diz a Bíblia, que
“Ele está à direita de Deus, e também intercede por nós”. (Rm 8.34b). Há
milhões de crentes, orando todos os dias, em todos os lugares, em todas as mais
de 6.000 línguas conhecidas, e Jesus está ouvindo essas orações, e intercedendo
por nós. Glória a Deus! Jesus contempla todos os seus servos e trabalha em
favor deles. (Leia Is 64.4).
3. Constituído por Deus (Vs.
2-4). Jesus, como Sumo Sacerdote constituído por Deus, no céu, exerce seu
trabalho no verdadeiro tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não pelo homem. O
antigo tabernáculo, montado no deserto, deixou de existir. Sua exuberante
glória desapareceu. Salomão construiu o majestoso templo, que substituiu o
tabernáculo (2ª Cr 7.1,11). Mais tarde, esse templo foi destruído e substituído
por outro, que também desapareceu. Mas o tabernáculo celeste, no qual Cristo
está, é eterno e indestrutível.
III. UM NOVO CONCERTO
1. “Um ministério mais
excelente” (v. 6a). Mais do que um sacerdote, na terra, Jesus foi o
“cordeiro de Deus”, oferecendo-se a si mesmo como holocausto, entregando sua
vida em nosso lugar (cf. Jo 10.15,28). Agora Ele exerce as funções sumo
sacerdotais lá no céu: “ministério mais excelente” (1.4), que o realizado por
todos os sacerdotes e sumo sacerdotes terrenos, da Antiga Aliança.
2. “Mediador dum melhor
concerto” (v. 6b). Numa aliança, existem três elementos envolvidos. As
partes, no mínimo duas, e um mediador. No Antigo Pacto, vemos Deus de um lado e
o povo de Israel de outro. O mediador era o sacerdote ou o sumo sacerdote. Foi
Deus quem propôs e estabeleceu a Antiga Aliança. Os sacerdotes fizeram seu
trabalho, mas fracassaram. Foram mediadores deficientes e falhos. O lado
humano, representado por Israel, arruinou-se apostatando. Mas Deus, por sua
infinita misericórdia, proveu-nos um Novo e melhor Concerto, “confirmado em
melhores promessas” (v. 6), através de Cristo.
3. O novo concerto aboliu o
antigo (v. 7). “Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se
teria buscado lugar para o segundo”. Em Jeremias, lemos: “Mas este é o concerto
que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a
minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus,
e eles serão o meu povo” (Jr 31.33). Ver Ez 36.25,26. Isto é muito
significativo.
No Antigo Pacto, o culto era mais
exterior: havia os sacrifícios de animais, os rituais, a guarda dos sábados,
das luas novas, etc. O Novo Concerto trazido por Cristo é colocada no coração
do homem. Em lugar de todos os sacrifícios do Antigo Pacto, Cristo,
entregando-se na cruz, efetuou um único e suficiente sacrifício, expiador e
redentor. Glória a Deus!
CONCLUSÃO. Não devemos ter nenhuma dúvida quanto a validade da Nova
Aliança, perpetrada por Cristo. O apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios,
asseverou: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Isso se refere a
quem aceitou a Cristo, deixando os velhos pecados e costumes, e que deve
valorizar a cada dia a salvação em Cristo Jesus, não voltando às velhas
práticas. É preciso ter firmeza na fé.
CRISTO, TROUXE MAIOR GLÓRIA NA ADORAÇÃO A DEUS
Hebreus 9.1,2,11,12,15,22-28: “Ora, também o primeiro
tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre. 2 Porque um
tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e
os pães da proposição; ao que se chama o Santuário. 11 Mas, vindo Cristo, o
sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não
feito por mãos, isto é, não desta criação. 12 nem por sangue de bodes e
bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo
efetuado uma eterna redenção. 15 E, por isso, é mediador de um novo testamento,
para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo
do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. 22 E
quase todas as coisas segundo a lei, se purificam com sangue, e sem
derramamento de sangue não há remissão de pecado. 23 De sorte que era bem
necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem;
mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do que estes. 24
Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro,
porém no mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus. 25
Nem também para a si mesmo se ofereceu muitas vezes, como o sumo sacerdote cada
ano entra no santuário com sangue alheio. 26 Doutra maneira, necessário lhe
fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na consumação
dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de
si mesmo. 27 E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois
disso, o juízo. 28 Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a
salvação”.
INTRODUÇÃO. Nas lições referentes aos capítulos de 8 a 10 da epístola em estudo,
vemos a diferença marcante entre o ministério sacerdotal, no antigo pacto, e o
de Cristo, como Sumo Sacerdote no Novo Concerto. Nesta lição, que da sequência
ao tema da anterior, veremos, mais uma vez, que, em todos os aspectos, o Novo
Concerto é melhor e mais glorioso que o primeiro.
I. O CULTO DIVINO EM SANTUÁRIO TERRESTRE
1. O culto no lugar santo do
tabernáculo (9.1,2). O tabernáculo, onde as atividades do culto eram
intensas, dividia-se em três partes: o Pátio, o Lugar Santo e o Santo dos
Santos. O v. 2 refere-se à segunda parte – o lugar santo, chamando-o “o
primeiro”, pelo fato dele ser a primeira das duas partes cobertas: o Lugar
Santo e o Santo dos Santos. O Pátio era descoberto.
2. Os elementos do Lugar Santo.
Após o véu da entrada, viam-se três elementos importantes na segunda parte do
tabernáculo: “o candeeiro, a mesa e os pães da proposição” (v. 2). O
tabernáculo revelava que Deus queria manifestar-se no meio de seu povo (Êx 25.8).
Hoje, devemos valorizar o
ambiente do templo, na igreja local, pois é consagrado ao culto a Deus.
2.1. O candeeiro, castiçal ou candelabro. Era uma
peça maciça, de ouro puro, cujas lâmpadas eram acesas diariamente (Êx 25.31; Lv 24.1-4), representando
Cristo, a luz do mundo (Jo 8.12).
2.2. Os pães da proposição. Ficavam sobre a mesa, que
era um móvel de madeira de cetim, revestida de ouro. Os pães da proposição eram
um tipo de Cristo, o pão da vida (Jo
6.35).
2.3. O altar do incenso. O escritor não fala do altar
do incenso, mas este também estava no Lugar Santo (ver Êx 30.1-3) representando Cristo, nosso intercessor (Jo 17.1-26; Hb 7.25). Ele ocupava uma
posição central no santuário, indicando que a vida de oração é fundamental no
culto a Deus. A negligência à oração revela imaturidade espiritual.
3. O lugar Santo dos Santos (vv. 3-7). No seu
interior, estava a arca do concerto, com a sua cobertura ou propiciatório, com
querubins entalhados nas extremidades (Êx 25.10). A arca representava a
presença de Deus ou Cristo, nosso Emanuel, que é Deus conosco (Mt 2.23). Na arca, estavam o maná,
em memória da provisão de Deus, ou Cristo, o “pão que desceu do céu” (Jo 6.58); a vara de Arão, lembrando a
fidelidade de Deus; e as tábuas do concerto, para que o povo não se
esquecesse da importância da lei. Mas havia um véu, separando o Lugar Santo do
Lugar Santíssimo (vv. 3.7,8). Aquele véu indicava “que ainda o caminho do
Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro
tabernáculo” (v. 8).
Quando oramos, não devemos ficar “no Pátio” (oração
monótona). Precisamos passar ao “Lugar Santo” (oração objetiva) e chegar ao
“Santo dos Santos” (oração no Espírito).
II. Um Maior e
Mais Perfeito Tabernáculo
1. Cristo Sumo Sacerdote dos bens futuros (v. 11). Esses
“bens futuros” ainda não estão plenamente ao nosso alcance. A salvação é
presente, mas depende de nossa perseverança até o fim (Mt 10.22; 24.13; cf. Rm 13.11). O reino absoluto de Cristo e a
feliz eternidade com Deus nos aguardam. Os céus nos esperam. A Nova Jerusalém
está preparada para os santos do Senhor.
2. Um perfeito tabernáculo (v. 11). O tabernáculo
celestial, “não feito por mãos”. Os utensílios do antigo tabernáculo
desapareceram. Onde estará a arca? O altar do incenso? Não se sabe. Porém Cristo,
ao morrer, fez com que o véu do templo (em Jerusalém) se rasgasse de alto a
baixo, demonstrando que o caminho para o verdadeiro santuário, que é a presença
de Deus, estava definitivamente aberto para o homem que n’Ele crê.
3. Mediador de um Novo Testamento.
3.1. O Velho Testamento foi
superado. O Velho Testamento era a sombra das coisas celestes, providas por
Deus para a redenção do homem. A lei, que orientava o culto no antigo
santuário, não justificou ninguém (Gl
3.11). Pelo contrário, os que estavam debaixo das obras da lei estavam
sob maldição, por não poderem cumprir todas as suas cláusulas (Gl 3.10).
3.2. O Novo Testamento é
superior. Cristo tornou-se “Mediador de um Novo Testamento” (v. 15), que
contém as cláusulas marcantes e definitivas do novo relacionamento de Deus com
o homem, e deste com Deus. Ele “entrou uma vez ao santuário, havendo efetuado
uma eterna redenção” (v. 12).
3.3. A morte do testador. O testamento só tem
validade com a morte do testador (v. 16). Uma vez que Cristo morreu, o Novo
Testamento passou a ter validade, garantindo-nos uma “herança eterna” (v. 15).
No antigo tabernáculo, a expiação dos pecados era temporária e parcial. No
novo, com a garantia do Novo Testamento, a redenção é perfeita, definitiva e
perene.
3.4. Sacerdote imaculado (v. 14). Os sacerdotes eram
imperfeitos. Cristo, nosso Sumo Sacerdote, com seu sangue, “pelo Espírito
eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus”, purificando as consciências “das
obras mortas” para que sirvamos ao Deus vivo (v. 14). O Velho Testamento era
validado pelo sangue de animais (v. 19). O Novo legitimou-se pelo sangue de
Cristo, derramado em nosso lugar.
III. O
SACRIFÍCIO PERFEITO DE CRISTO
1. “Sem derramamento de sangue não há remissão” (v. 22). A
Bíblia ressalta que, no antigo tabernáculo, “quase todas as coisas, segundo a
lei, se purificam com sangue”, enfatizando que “sem derramamento de sangue não
há remissão” (cf. Lv 17.11).
Aqui, vemos a importância do sangue para a expiação do pecado, no Velho
Testamento. Isso quer dizer que, quando um animal era oferecido em sacrifício
pelo pecado, Deus aceitava a oferta para atribuir a ela o valor provisório do
resgate do pecador ofertante. O sangue era símbolo da outorga da vida, que era
dada em expiação. Tal sacrifício apontava para o sangue de Cristo, que seria
derramado em nosso lugar.
2. “Sacrifícios melhores” (v. 23). O escritor diz que
“era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se
purificassem”, ou seja, deviam purificar-se com sangue. Cada animal morto,
substituto do pecador, apontava para o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29). Os sacrifícios
antigos eram repetitivos. O de Cristo foi efetuado uma única vez, por ser
superior e perfeito.
Ele é nosso intercessor perfeito (Rm 8.34), juntamente com o outro maravilhoso intercessor, que é o
Espírito Santo (Rm 8.27).
4. Cristo aparecerá pela segunda vez (vv. 27,28). Aqui
a Bíblia diz que Cristo “uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo
sacrifício de si mesmo”, oferecendo-se para “tirar os pecados de muitos”, e que
Ele voltará, pela segunda vez, “aos que o esperam para a salvação”.
CONCLUSÃO. O Novo
Concerto trazido por Cristo realizou-se através de um sacrifício perfeito e
único, que não precisa repetir-se, em substituição aos sacrifícios imperfeitos
do antigo concerto. Assim, sejamos gratos a Deus pela morte de Cristo na cruz
do Calvário, o qual por nós efetuou uma eterna redenção.
A EFICÁCIA DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
Hebreus 10.1,3,4,9-12,14,19,22-25: “Porque, tendo a lei a sombra dos bens
futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que
continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. 2 Nesses sacrifícios, porém, cada ano,
se faz comemoração dos pecados. 3
porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire pecados. 9 Então, disse: Eis aqui venho, para
fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro para estabelecer o segundo. 10 Na qual vontade temos sido
santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. 11 E assim todo sacerdote aparece cada
dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca
podem tirar pecados. 12 Mas
este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para
sempre à destra de Deus. 14
Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados. 19 Tendo, pois, irmãos, ousadia para
entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus.
22 Cheguemo-nos com verdadeiro
coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência
e o corpo lavado com água limpa. 23
retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu.
24 E consideremo-nos uns aos
outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras. 25 Não deixando a nossa congregação,
como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais
quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.
INTRODUÇÃO. No
Antigo Testamento, os sacrifícios eram repetidos todos os dias por sacerdotes
comuns. O sumo sacerdote entrava todos os anos no lugar santíssimo para
oferecer sacrifícios por si mesmo e pelo povo. Mas, como tudo isso era “sombra
dos bens futuros”, tais sacrifícios não aperfeiçoavam ninguém. Com Cristo,
nosso Sumo Sacerdote, temos a certeza da plena salvação que nos aperfeiçoa, até
que um dia cheguemos “a varão perfeito, à medida da estatura completa de
Cristo” (Ef 4.13). E isso só
ocorrerá no céu.
2. O sangue de animais não
tirava os pecados (vv. 2-4). Para que serviam aquelas ofertas, se o
escritor diz que “é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire
pecados” (v. 2)? Os sacrifícios não levavam os homens a Deus, mas serviam, por
antecipação, de meio para expiação.
A palavra expiação no hebraico
tem o significado de “cobrir” os pecados, num delito contra a Lei.
3. Deus preparou um corpo para Jesus (v. 5). Somente
no corpo humano (encarnação), Ele poderia ser aceito por Deus como oferta
perfeita no lugar do homem pecador. No Antigo Testamento, os sacrifícios eram
substitutos imperfeitos. O corpo de Cristo foi a solução de Deus para
substituir todos os sacrifícios imperfeitos do Antigo Testamento. Seu sangue, derramado
na cruz, não apenas cobriu os pecados, mas tirou-os, e lançou-os nas
profundezas do mar (Mq 7.19).
João exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
II. O Primeiro Foi
Tirado Para o Estabelecimento do Segundo
1. Cristo obedeceu a Deus (v. 9). Jesus foi obediente
até a morte (Fp 2.8). Ele
cumpriu todos desígnios divinos no intuito de salvar o homem da perdição
eterna. Sua morte foi prova inconteste da sua total resignação, obediência e
submissão à vontade de Deus. Ele afirmou: “Eis aqui venho, para fazer, ó Deus,
a tua vontade”. Trata-se de uma lição de valor espiritual inigualável para
todos nós: Jesus, sendo Deus, voluntariamente despojou-se de sua glória, e
apresentou-se ao Pai na disposição irrestrita de cumprir cabalmente o plano
divino de redenção da humanidade (ver Fp
2.5-8).
2. O Velho Pacto substituído pelo Novo (v. 9). Ao
dizer a Escritura “tira o primeiro para estabelecer o segundo”, vemos a
substituição definitiva do antigo sistema legal mosaico, no qual os sacrifícios
eram ineficazes para salvação, pelo Novo Pacto, estabelecido por Cristo, com
seu sacrifício perfeito.
3. Comparação entre o velho e o Novo Concerto. A lei
não transformava o homem em termos morais; o evangelho de Cristo transforma,
pois “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16); a lei apenas condenava o
culpado; a graça de Deus o liberta. A lei consistia de símbolos da realidade; a
graça consiste na realidade dos símbolos; a lei era “o ministério da morte” (2ª Co 3.7); a graça é “lei do Espírito
de vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2).
III. UM SACRIFÍCIO PERFEITO
1. Santificados pela oblação do corpo de Cristo (v. 10). Oblações
eram ofertas incruentas (sem sangue), inanimadas, oferecidas a Deus tais como:
vinho, azeite, flor de farinha, etc.
Se de um lado, Cristo ofereceu seu próprio sangue como
holocausto em nosso favor, por outro, Ele foi aceito como oferta de cheiro
suave a Deus, “feita uma vez”, de modo que, em Cristo, somos aceitos por Deus.
2. Sacrifício único (vv. 11-14). O escritor lembra
que os sacerdotes, no Velho Pacto, diariamente ofereciam sacrifícios que não
podiam tirar pecados. E acentua que Cristo ofereceu “um único sacrifício pelos
pecados”, demonstrando a eficácia do seu auto oferecimento a Deus pelos
pecadores. Acrescenta que Cristo está “assentado para sempre à destra de Deus
“...esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés”.
3. Sacrifício que aperfeiçoa. Diferente dos sacrifícios
do Antigo Pacto, que apenas cobriam temporariamente o pecado, mas não
transformava o pecador, o sacrifício de Cristo constituiu-se “numa só oblação”,
que “aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (v. 13; ver v. 10). Aqui temos algo que a lei não podia fazer:
santificar as pessoas. Com o advento da graça, somos santificados pela Palavra
(Jo 17.17), pela fé em Cristo (At 26.18) e pelo sangue de Jesus (1ª Pe 1.2).
IV. Privilégios e
Responsabilidades do Crente em Jesus
1. Entrar no santuário de Deus (v. 19). No Antigo
Pacto, as pessoas comuns do povo não podiam adentrar no santuário propriamente
dito. Só chegavam até ao pátio, que era a parte exterior do tabernáculo. Em
Cristo, no entanto, homens e mulheres salvos são “sacerdotes reais” (1ª Pe 2.9), e têm “ousadia para entrar
no Santuário pelo sangue de Jesus”. Este é um privilégio que só os fiéis
lavados e remidos pelo sangue de Cristo podem ter. Tais crentes não precisam de
medianeiros, guias, orixás ou gurus. Jesus é “o único mediador entre Deus e o
homem” (1ª Tm 2.5).
2. Como chegar a Deus (vv. 22-25). Não se pode chegar
a Deus de qualquer maneira. O escritor, em sua incisiva exortação, nos mostra
os cuidados que devemos ter para chegarmos à presença de Deus:
2.1. “Com verdadeiro coração”.
Só podemos ter acesso ao Pai e ser aceitos por Ele se tivermos um coração
sincero, limpo e puro (Mt 5.8).
2.2. “Em inteireza de fé”. O crente, ao buscar a
presença de Deus, não pode ter dúvida alguma de sua existência, do seu poder e
de sua graça.
2.3. “Tendo o coração purificado da má consciência”. Para Deus não valem as aparências. Ele vê o
interior do homem. O salmista disse que Deus nos sonda e entende o nosso
pensamento (Sl 139.1,2). Se
dermos lugar à iniquidade, Ele não nos ouvirá (Sl 65.18).
2.4. “O corpo lavado com água limpa”. Certamente, o
texto bíblico aqui refere-se à purificação do crente pela Palavra, como se lê
em Ef 5.26: “purificando-se com
a lavagem da água, pela Palavra”, isto em relação à Igreja.
2.5. Retendo firmes a confissão da esperança. Em Hb 3.6 somos exortados a “conservar
firme a confiança e a glória da esperança até ao fim”. A confissão da esperança
indica a nossa fé nas gloriosas e infalíveis promessas de Deus, “porque fiel é
o que prometeu”.
2.6. Considerando uns aos outros, estimulando-nos “à
caridade e às boas obras”. O bom relacionamento entre os crentes é condição
importante para o acesso a Deus. A caridade (amor em ação) é a marca do
cristão. Boas obras são dever do salvo (Ef.
2.10).
2.7. “Não deixando a nossa congregação”. Aqui não se
refere ao sentido físico: deixar a igreja local para ir congregar-se em outro
bairro; mas sim, que não devemos deixar de congregar-nos, de nos reunirmos,
tendo em vista a necessidade da comunhão coletiva. Somos membros uns dos outros
(Rm 12.5). É equivocada e carnal
a idéia de que alguém pode ser “crente em casa”, a menos que esteja doente.
2.8. “Admoestando-nos uns aos outros”. Admoestar,
aqui, tem no original o sentido de animar, encorajar. Essa prática, quando
realizada com amor, tem grande efeito no fortalecimento e encorajamento
espiritual da comunidade cristã.
CONCLUSÃO. Diante
do que estudamos nesta lição, cremos que não há lugar para qualquer dúvida
quanto à superioridade do Novo Concerto, baseado no perfeito e único sacrifício
de Cristo em relação ao antigo, realizado na base de sacrifícios de animais,
que apenas cobriam provisoriamente os pecados do povo.
O PECADO IMPERDOÁVEL
Hebreus
10.26-31,38,39: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos
recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,
27 mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de
devorar os adversários. 28 Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem
misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. 29 De quanto maior
castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e
tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer
agravo ao Espírito da graça? 30 Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é
a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará
o seu povo. 31 Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo. 38 Mas
o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. 39 Nós,
porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que
creem para a conservação da alma”.
INTRODUÇÃO.
Nesta lição estudaremos sobre o pecado da apostasia, para o
qual “não resta mais sacrifício”. Esse tipo de pecado era conhecido entre os
rabinos do Antigo Testamento. Naquela ocasião, somente os pecados de ignorância
podiam ser expiados; se um homem pecasse deliberadamente, com pleno
conhecimento de sua maldade, não haveria mais sacrifício em seu favor;
simplesmente seria excluído do seu povo. Sua iniquidade permaneceria sobre ele
e não teria direito ao perdão. Este assunto tem sido motivo de muitos
questionamentos.
I. PECADO VOLUNTÁRIO
No capítulo 3 de Hebreus, está escrito: “Vede irmãos, que
nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus
vivo” (v.12). “O termo gr. aphistemi, traduzido ‘apartar’ é definido
como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a
que antes se estava ligado” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Trata-se de
apostasia. “Esse pecado consiste na rejeição consciente, maliciosa e voluntária
da evidência e convicção do testemunho do Espírito Santo, com respeito à graça
de Deus manifesta em Jesus Cristo” (Oliveira). É nesse contexto que devemos
entender o presente tema.
1. Tendo conhecido a verdade (v.26). O texto sagrado
refere-se a um tipo de pecado espontâneo, consciente. O conhecimento da verdade
aqui mencionado não é o rudimentar, experimentado pelo novo convertido, ou por
aquele crente de vida cristã superficial, mas o conhecimento da verdade divina
no sentido amplo (epignosis).
2. Não resta mais sacrifício. “Já não resta mais
sacrifício pelos pecados”, assevera o texto sagrado. Trata-se dos pecados
insolentes, que se constituem numa afronta inominável a Deus. Pecar assim é um
atentado à santidade do Altíssimo. É loucura que trará sérias consequências.
A verdade divina liberta (Jo 8.32) quando o pecador a recebe
de coração. No entanto, quando a verdade é desprezada de modo deliberado,
consciente, doloso, reincidente e ofensivo, por quem a conhece bastante,
torna-se impossível o perdão porque tal pessoa repudia e repele para longe de
si a graça de Deus, que pode levá-la ao arrependimento. No contexto iníquo já
descrito, tal pessoa peca não somente contra o Filho, mas também contra o Pai,
que o enviou, e contra o Espírito Santo, que nos convence do pecado. Quem então
convencerá tal pessoa do seu pecado?
3. Só resta uma expectação horrível (v.27). Não
havendo mais sacrifício pelo pecado, o que resta? Só resta “a expectação
horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”. Só lhe
espera uma sentença: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (v.31).
II. DESPREZANDO O
ÚNICO SACRIFÍCIO QUE SALVA
1. Pisando o Filho de Deus (v.29). Na lei de Moisés,
a palavra de duas ou três pessoas era válida para que um sacrílego fosse
condenado sem misericórdia (Dt 17.2-6). Para aquela pessoa, não havia mais
apelação: a morte era certa. Quem pisar o Filho de Deus, um “maior castigo” lhe
sobrevirá. Desprezar o evangelho é considerar sem valor o sacrifício de Cristo;
é zombar da salvação, desprezar tudo o que há de sagrado na igreja de Cristo
depois de ter conhecido a verdade proveniente dos Santos Oráculos.
2. Profanando o sangue do testamento (v.29b). Significa
considerar o sangue do Filho de Deus como sangue comum, profano, sem nenhum
valor sagrado ou redentor. A Bíblia diz que “o sangue de Jesus Cristo, seu
Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7). É por seu sangue que nos
aproximamos d’Ele (Ef 2.13); o sangue de Cristo purifica (Hb 9.14); resgata (1
Pe 1.19); lava de todo o pecado (Ap 1.5). Assim, se o deliberado transgressor
profana o sangue de Cristo, não há nada mais que o possa renovar ou purificar.
3. Agravo ao Espírito Santo (v.29). Trata-se de um
pecado múltiplo em sua prática: enquanto pisa o Filho de Deus, profana o seu
sangue e faz agravo ao Espírito Santo (literalmente, insulto, insolência,
ultraje). Para esse tipo de pecador, o Calvário não passa de uma encenação, de
uma farsa.
3.1. Blasfêmia contra o Espírito Santo.
Com o coração endurecido, o pecador ultraja conscientemente o Espírito Santo.
Quanto a isso Jesus advertiu severamente: “Qualquer, porém, que blasfemar
contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo” (Mt
12.32; Mc 3.29; Lc 12.10). No texto de Marcos, depreende-se que blasfemar
contra o Espírito de Deus é o mesmo que atribuir a Satanás a obra de Cristo.
Como vemos, a Epístola aos Hebreus apenas corrobora o que Jesus já ensinara
anteriormente.
3.2. O pecado imperdoável não é a simples
incredulidade. O incrédulo de fato, se não aceitar a Cristo, está
condenado (Jo 3.18). No caso em questão, não se trata de um incrédulo qualquer,
mas de alguém que já teve amplo conhecimento da verdade. O Espírito Santo é que
tem o poder de convencer o pecador de seus pecados (Jo 16.8). Se o miserável o
despreza e lhe faz agravo, não há mais esperança para o tal.
3.3. Arrependimento impossível. No
estudo referente ao capítulo 6 de Hebreus, já aprendemos que se torna impossível
a renovação para arrependimento daqueles que “uma vez foram iluminados”;
“provaram o dom celestial”; “se fizeram participantes do Espírito Santo”;
“provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro” (vv.5,6). Qual
a razão de tal impossibilidade? A resposta está claramente estampada no texto:
por que “de novo crucificaram o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”. Mais
uma vez constatamos que o pecado imperdoável não é cometido por um desobediente
desavisado qualquer; não se trata de pecado por ignorância.
III. O JUÍZO DE DEUS
É SEVERO E TOTAL
1. “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Essa
advertência nos mostra o quanto Deus é severo em seu juízo: nenhum suborno
poderá alterar seus propósitos; nem fama, nem riquezas e nem vantagens terrenas
de qualquer espécie farão qualquer diferença no juízo celestial.
2. Lembrando dos dias passados (v.32). Aqui a
admoestação aos destinatários da Epístola é para que se lembrem “dos dias
passados”, nos quais eles deram seu testemunho diante de seus perseguidores.
Aqueles crentes compadeceram-se dos que foram presos e perderam bens, sabendo
que teriam “nos céus uma possessão melhor e permanente” (vv.33,34).
CONCLUSÃO.
A apostasia, o abandono deliberado da fé em Cristo, é algo de
indescritível gravidade espiritual. Se rejeitarmos o sacrifício de Cristo como
paga pelos nossos pecados, nenhuma outra provisão haverá para a nossa salvação
(v.26). O relativismo religioso e o secularismo que debilitam a igreja,
afrouxando as regras e os limites entre o santo e o profano, constituem um
sinal de alerta a todos nós. Não rejeitemos a Cristo!
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA FÉ
HEBREUS 11.1-6: “Ora,
a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se
não veem. 2 Porque, por ela, os antigos alcançaram testemunho. 3 Pela
fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira
que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. 4 Pela fé, Abel ofereceu
a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era
justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e, por ela, depois de morto, ainda
fala. 5 Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado,
porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho
de que agradara a Deus. 6 Ora, sem fé é impossível
agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que
ele existe e que é galardoador dos que o buscam.
INTRODUÇÃO.
Nesta lição, estudaremos um dos assuntos mais palpitantes da
Bíblia: a Fé. Esta palavra tão pequena encerra em si grande conteúdo para os
que de Deus se aproximam. Sem ela não existiria a Igreja, não haveria salvos,
esperança de vida futura, não poderíamos esperar um mundo melhor nem creríamos
na Segunda Vinda de Cristo. É por meio da fé que recebemos as bênçãos de Deus.
Esta preciosa e santíssima fé vem-nos através de Cristo, para que ninguém tenha
de que se gloriar (Hb 12.2).
I. CONCEITO DE FÉ
O escritor sacro não pretendeu simplesmente definir a fé,
mas sim descrevê-la como elemento fundamental da vida cristã.
1. O firme fundamento. Fundamento aqui significa
muito mais que a mera certeza humana, fruto da lógica, ou do exercício da
futurologia. Na visão cristã, tem o sentido de certeza inabalável, ou seja,
temos convicção de que servimos a um Deus onipotente, onisciente e onipresente,
que vela por sua Palavra para a cumprir (cf. Jr 1.12; Is 43.13). Significa
também certeza absoluta a respeito da nossa salvação. Ver 1 Jo 3.2. Assim, a
certeza é o primeiro elemento essencial da verdadeira fé, isto é, “a fé que é
por Ele” (At 3.16).
2. Das coisas que se esperam. “A fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam...”. O segundo elemento essencial da fé é
a esperança. Esta é consubstanciada na forte convicção de que
aquilo que se espera da parte de Deus há de acontecer sempre, independente das
circunstâncias. Abraão creu que teria um filho segundo a promessa divina, fruto
de sua união com Sara, mesmo quando a lógica humana dissesse o contrário.
3. A prova das coisas que não se veem. A “prova” tem
o significado de “convicção”, que é o terceiro elemento da fé. Aqui
temos um ponto muito importante a considerar. Pessoas há que manipulam este
texto para justificar a prática mística do que eles chamam de visualização mental
para obtenção do que se deseja. Nesse meio estão certas ramificações da
Confissão Positiva. Tal prática não tem apoio nas Escrituras Sagradas. No
contexto do capítulo 11 de Hebreus, “as coisas que não se veem” são as coisas
de Deus, “os bens futuros” (Hb 9.11), “as melhores promessas” (Hb 8.6). Isso
porque tais “coisas” foram prometidas por Deus em sua Palavra, e esta não pode
falhar em nenhuma hipótese. Há “crentes” que, iludidos pelo seu próprio
coração, asseveram que podem aplicar esse texto (v.1) a qualquer coisa. Por
exemplo: “eu creio que Deus vai me dar um carro novo, e uma bela casa”. Ora,
isso é um desejo, mas não uma promessa de Deus. Pode tornar-se real ou não. É
algo condicional e circunstancial.
II. EXEMPLOS
MARCANTES DE FÉ
1. Abel. Foi
exemplo de fé sacrificial. A Bíblia não diz em Gênesis 4 por que Deus
aceitou seu sacrifício e não o de seu irmão, o homicida Caim. Mas em Hebreus
11.4 podemos constatar o final da história: enquanto a oferta de Abel foi
movida pela fé em Deus (ver Jd v.11), Caim trilhou seu “caminho” sem fé.
A ideia de que a oferta de Abel foi aceita por tratar-se de
oferta com sangue (apontava para o sacrifício de Cristo) apesar de correta, é
parcial, uma vez que a oblação de Caim, mesmo sendo de vegetais, também seria
aceita por ser produto do seu trabalho como lavrador (Gn 4.3; ver v.7).
Caim tinha má índole; era iracundo e “suas obras eram más”
(1 Jo 3.12), por essas razões suas ofertas não foram aceitas pelo Senhor.
2. Enoque. Exemplo
de fé agradável. O pouco que a Bíblia fala sobre esse homem de Deus encerra
a grandeza de seu caráter e de sua fé: “E andou Enoque com Deus; e não se viu
mais, porquanto Deus para si o tomou” (Gn 5.24). Se ele “andou com Deus”, ou
seja, viveu em íntima comunhão com o Eterno e no centro da sua vontade, diante
da extrema incredulidade de seu tempo, foi porque tinha uma fé viva, que via o
mundo melhor. Por isso, ainda na terra, antes da sua trasladação, “alcançou
testemunho de que agradara a Deus”. Sem fé não agradamos a Deus (Hb 11.6).
3. Noé. Exemplo
de fé obediente e justa. Nunca ouvira falar de dilúvio, todavia,
“divinamente avisado das coisas que não se viam, temeu” e obedeceu, preparando
uma arca “para salvação da sua família”. Noé foi o primeiro homem na Bíblia a
ser chamado justo. Isso nos traz uma lição de extremo valor: o homem de fé
precisa ser justo diante de Deus e dos homens.
4. Abraão. É
considerado o pai da fé provada. Quando foi chamado por Deus, sequer
imaginava para onde iria (v.8). Passou anos habitando em tendas, peregrinando
“como em terra alheia” (v.9) e recebeu a promessa de que seria “uma grande
nação” (Gn 12.2). O Todo-Poderoso mandou que ele olhasse para os céus e
contasse as estrelas, se pudesse, dizendo que assim seria sua semente: “e creu
ele no Senhor e foi-lhe imputado isto por justiça”. Mais tarde Deus pediu-lhe
em sacrifício seu único filho, Isaque. Sem relutar, o grande patriarca obedeceu
piamente à voz do Altíssimo, crendo “que Deus era poderoso para até dos mortos
o ressuscitar” (vv.17,18). O Deus de Abraão é o nosso Deus. Ele é fiel em
cumprir sua palavra (cf. Jr 1.12).
III. VIRAM AS
PROMESSAS DE LONGE
1. Todos estes morreram na fé. Após destacar os
quatro primeiros heróis da fé, o escritor declara que eles morreram na fé, “sem
terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe...”. Como Paulo, combateram
o bom combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (2 Tm 4.7).
2. Viram as promessas de longe. Era a fé fazendo-os
olhar para o horizonte ao longe, sem chegar lá, porém contemplando o
cumprimento das promessas. Certamente eles usufruíam a salvação em Cristo
porque criam na vida eterna, na entrada nos céus, na vitória sobre o mal e,
sobretudo, no reinado eterno de Deus.
3. Crendo nas promessas, abraçando-as e confessando-as
(v.13). A fé daqueles homens era tão forte e poderosa que, mesmo sem verem
o cumprimento das promessas de Deus, nelas creram e as abraçaram (cf. v.1).
Eles consideravam-se “estrangeiros e peregrinos na terra”, porque esperavam uma
pátria melhor, definitiva, no futuro, sendo aclamados por Deus, “porque já lhes
preparou uma cidade” (vv.13-16).
IV. HOMENS DOS QUAIS
O MUNDO NÃO ERA DIGNO
Na última parte do texto em estudo, a Palavra de Deus fala
de forma comovente sobre dois tipos de heróis da fé. São eles:
1. Os lutadores. As Escrituras apresentam vários
exemplos de lutadores. Eles “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram
promessas, fecharam as bocas dos leões, neutralizaram a força do fogo,
escaparam do fio da espada”, tudo isso pela fé no Todo-Poderoso.
2. Os martirizados. Foram os que, na luta pela fé,
foram açoitados, apedrejados, presos, aflitos, torturados e mortos: “não
aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição”
(vv.35-37). A história da Igreja registra outros grandiosos exemplos de fé e
coragem entre os mártires do cristianismo.
3. Foram homens “dos quais o mundo não era digno”. O
“mundo” que não é digno dos homens de Deus é aquele que se opõe ao bem, e que
dificulta a inquirição espiritual. Foi para esse mundo que Jesus apontou ao
falar sobre a inevitabilidade das perseguições: “Se o mundo vos aborrece, sabei
que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim” (Jo 15.18).
Os homens dos quais o mundo não era digno viram de longe as
promessas, mas não as alcançaram, “provendo Deus alguma coisa melhor a nosso
respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (vv.39,40).
CONCLUSÃO.
Hoje para muitos, principalmente crianças e adolescentes que
não conhecem a Deus, os heróis são os ídolos humanos ou virtuais da TV e do
cinema. Esses não passam de falsos ídolos e heróis que desencaminham seus
admiradores para o mal. Contudo, a Bíblia nos inspira fé e perseverança,
necessárias para que confiemos nas promessas de Deus. Ela nos mostra em suas
páginas a vida de homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e adultos,
que nos legaram exemplos extraordinários da verdadeira fé em Deus.
PERSEVERANÇA NA FÉ E SANTIDADE
INTRODUÇÃO.
Os dois últimos capítulos de Hebreus encerram a epístola com
exortações e orientações aos crentes sobre como perseverar na fé e na doutrina,
com disciplina, amor e santidade. Estes temas atualmente são desprezados em
muitos lugares, por causa do “vírus” do relativismo. Mas a Palavra de Deus é
como um “martelo que esmiúça a penha” (Jr 23.29), e dissipa os “ventos”
contrários a sã doutrina, fortalecendo e edificando os que hão de concluir a
carreira cristã.
I. A CARREIRA COM
PACIÊNCIA
1. Uma nuvem de testemunhas (v.1). O escritor nos
leva a outros aspectos da vida cristã, ressaltando que estamos rodeados de “uma
tão grande nuvem de testemunhas”. Quem são essas testemunhas? Pelo contexto
entendemos que aqueles são heróis diante do Todo-poderoso que testemunham a sua
fidelidade. Aqui, a palavra testemunha, originalmente martys, denota a experiência dos antepassados da fé. Por outro
lado, podemos dizer que em nossa carreira cristã estamos sendo observados por
muitas testemunhas. Umas visíveis: os homens, crentes e descrentes; outras,
invisíveis: os anjos e os demônios. (Ver Sl 34.7; Hb 1.13,14; 1 Pe 5.8.) Diante
dessa realidade devemos ter muito cuidado com o nosso comportamento.
2. Deixando o pecado e o embaraço (v.2). Somos
exortados a deixar “todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia”. O
embaraço certamente não é pecado, mas pode tornar-se num impedimento, ou num
atraso à nossa vida e carreira espiritual, e aí sim, conduzir-nos ao pecado. Um
crente embaraçado é facilmente atingido pelo Diabo. A televisão, por exemplo,
mesmo transmitindo programas de cunho informativo ou cultural, pode embaraçar o
crente se este deixar de ir à casa de Deus para prostrar-se diante dela. Há
crentes que se embaraçam com dívidas, amizades, esportes, lazer, etc. Ademais
disso, não podemos esquecer que a Bíblia nos manda remir o tempo (Ef 5.15,16).
3. Correndo com paciência. Aqui o escritor toma uma
figura de linguagem emprestada, provavelmente dos jogos olímpicos, para
comparar a vida cristã a uma maratona. Numa corrida, é necessário ter paciência
para se alcançar a chegada (cf. Hb 10.36). No caso da fé, a carreira não é
escolhida pelo cristão, e sim proposta por Deus. O crente precisa correr e
chegar ao final vitorioso. Para que isso aconteça só existe um segredo segundo
as Escrituras: perseverança e paciência (Rm 5.3-5).
4. Olhando para Jesus (v.2). Numa corrida de
resistência, o atleta precisa olhar para frente, caso contrário, poderá perder
o tempo e o rumo. Na vida cristã, mais ainda, o crente não pode perder de vista
o alvo, Jesus. Ele é o autor e também o consumador de nossa fé. Deu-nos o
exemplo, suportando a cruz, desprezando a afronta, até assentar-se à direita de
Deus, “pelo gozo que lhe estava proposto”. A história da Igreja está cheia de
exemplos de homens e mulheres, que corajosamente desprezaram os prazeres e as
glórias do mundo por amor a Cristo.
5. A correção com amor (vv.3-11). Nesta primeira parte do texto, o escritor exorta os crentes
hebreus à perseverança, dizendo que ainda não haviam resistido “até o sangue no
combate contra o pecado” (v.4). Parece que o escritor tinha em mente que seus
destinatários poderiam ignorar um pouco da Palavra de Deus, e cita Provérbios
3.11-12, onde a Palavra de Deus anima os crentes a não se esquecerem da
exortação do Pai, e a não desanimarem ao serem repreendidos.
No v.6, o autor diz que se alguém está sem disciplina não é
filho, mas bastardo, ou filho ilegítimo (vv.7,8). E conclui falando do valor da
correção: “porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que o recebe
por filho” (vv.10,11). Trata-se da correção com amor.
II. EXORTAÇÃO À
SANTIFICAÇÃO
1. Levantando as mãos cansadas (v.12). Na vida cristã,
pode haver momentos de cansaço e esgotamento espiritual. Mas existe um remédio
para isso: Os que estão firmes pela graça de Deus, ao invés de dificultarem
ainda mais a caminhada dos mais fracos, devem ajudá-los a levantarem-se (cf. Jó
4.3; Is 35.3). E, Deus tem o poder necessário para nos renovar e restaurar (Is
40.29-31).
2. Seguindo a paz e a santificação. Santidade é o
estado de quem se destaca pela pureza. Santificação é a prática. E só é
possível através da Palavra de Deus e mediante o sangue de Cristo (Jo 17.17; 1
Jo 1.7). A santificação é a salvação em andamento, em processo. A doutrina
equivocada de que “uma vez salvo para sempre salvo” não passa de falácia, para
justificar a pretensiosa doutrina da predestinação absoluta, segundo a qual uns
nascem “carimbados” como “salvos” e outros como “perdidos”. Uma vez salvo, o
cristão precisa fazer sua parte: separar-se do mundo e dedicar-se totalmente ao
serviço do Reino de Deus.
CONCLUSÃO.
Temos uma carreira a percorrer pacientemente, mas esta deve ser
livre de embaraços, pois eles, mesmo não sendo o pecado, podem conduzir-nos a
ele. Que possamos concluir esta carreira como santos filhos de Deus, e receber
do nosso Pai o galardão reservado a cada um de nós.
EVIDÊNCIAS DA VIDA CRISTÃ
Hebreus 13.1-4,7,17,20-22:
“Permaneça a caridade fraternal. 2 Não vos
esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram
anjos. 3 Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis
presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo. 4 Venerado seja entre todos o
matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos
adúlteros Deus os julgará. 7 Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a
palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. 17
Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma,
como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não
gemendo, porque isso não vos seria útil. 20 Ora, o
Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a
nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas, 21 vos
aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o
que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o
sempre. Amém! 22 Rogo-vos, porém, irmãos, que
suporteis a palavra desta exortação; porque abreviadamente vos escrevi.
INTRODUÇÃO.
Nesta última lição, veremos que a vida cristã tem
características importantes que precisam ser evidenciadas em nosso cotidiano,
principalmente no que diz respeito às relações interpessoais.
I. VIRTUDES
RELEVANTES A VIDA CRISTÃ
1. O amor fraternal (v.1). Essa virtude é tão
importante que representa a marca, ou distintivo, do verdadeiro discípulo (cf.
Jo 13.34,35). Sem o amor fraternal de nada servem os dons ou a realização de
boas obras (1ª Co 13). Visto que nossos irmãos fazem parte da família de Deus,
devemos amá-los incondicionalmente; desprezá-los é o primeiro passo para quem
desconsidera a Cristo, nosso irmão mais velho.
2. A hospitalidade (v.2). A hospitalidade deve
ser prestada não somente aos estranhos (v.2), mas também aos pobres (Lc 14.13),
e até mesmo aos inimigos (Rm 12.20).
Na época em que foi escrita a Epístola aos Hebreus, muitos
cristãos haviam perdido todos os seus bens em consequência da perseguição que
lhes movia as autoridades constituídas. Neste aspecto, a hospitalidade trazia
alento a esses servos de Deus, e demonstrava que outros crentes poderiam servir
ao Senhor abrindo suas casas para lhes servirem de abrigo. Entretanto, essa
simpática atitude, principalmente em nossos dias, não deve ser confundida com a
de hospedar qualquer pessoa sem conhecê-la ou saber de suas reais intenções.
3. O valor do matrimônio (v.4). A expressão “venerado
seja” nesse texto, denota elevado grau de respeito e consideração para com o
matrimônio. Muitos desprezam o casamento para viverem uma vida desregrada,
dissoluta e descompromissada. A vida cristã exige compromisso sério não apenas
com Deus e a igreja, mas também com a sociedade e a família; e esta última
começa com o nosso cônjuge. Quaisquer comprometimentos sexuais ilícitos — a
prostituição, o adultério — são duramente condenados por Deus, e quem pratica
tais coisas receberá dEle o justo juízo. Deus quer que seus filhos tenham vida
sexual ilibada, não apenas por causa do testemunho, mas também por sermos o
templo do seu Espírito.
4. O valor da beneficência (vv.3,6). O escritor não
se esqueceu da importância da beneficência cristã. Exortou aqueles crentes a
que se lembrassem dos que estavam presos e dos maltratados como se estivessem
no lugar deles. Um crente perseguido facilmente seria lembrado por seus irmãos,
mas os que permaneciam presos por muito tempo poderiam ser esquecidos. Há
muitas pessoas que são perseguidas e presas por causa de sua fé em Cristo, como
há também aquelas que cumprem pena por terem transgredido a lei dos homens. Mas
tanto um como o outro não podem ser desprezados pela igreja do Senhor.
II. EXPRESSÕES DA FÉ:
SUBMISSÃO E OBEDIÊNCIA
1. Submissão à liderança (vv.7, 17). O escritor
adverte a seus leitores sobre a maneira correta de tratar os que pastoreiam o
rebanho do Senhor:
1.1. Lembrando-se deles e limitando-lhes a
fé (13.7). É dever dos membros da igreja lembrarem-se de seus
pastores em suas orações diárias e não apenas em épocas especiais como a data
reservada à comemoração do “dia do pastor”.
Os pastores são modelos que precisam ser imitados, pois
homens de fé servem de exemplo e impulsionam outros homens a terem fé.
1.2. Atentando para a sua maneira de viver
(13.7). A vida de um pastor sempre será observada: sua integridade,
piedade, amor a Deus e a sua obra servirão de exemplo principalmente para os
novos obreiros. Daí a grande responsabilidade do pastor.
1.3. Obedecendo-lhes (13.17a). A
lembrança e a atenção dadas aos pastores de nada valerão se não forem
acompanhadas pela obediência aos mesmos. Eles são responsáveis por trazer
mensagens, orar por nós, administrar a igreja, aconselhar, visitar, ter a
família como exemplo e prestar contas a Deus do rebanho que lhe foi confiado.
Será que, com tantas responsabilidades, eles não merecem a obediência de suas
ovelhas?
“A obediência e a fidelidade aos líderes cristãos, aos
pastores e mestres, deve basear-se numa superior lealdade a Deus” (Bíblia de
Estudo Pentecostal, CPAD).
Hoje em dia, muitos obreiros são desrespeitados. E essa é a
estratégia de Satanás para enfraquecer a liderança eclesiástica. Que possamos
ter em alta estima aqueles a quem Deus escolheu para zelar por nós.
2. Obediência a Cristo. “... Jesus Cristo, grande
pastor das ovelhas, vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua
vontade...” (vv.20,21). (Grifo nosso.) Isso significa que aquele que nos
salvou continua a realizar sua obra em nós, tornando-nos sensíveis à sua vontade
para que tudo quanto fizermos seja agradável aos seus olhos. A obediência ao
Senhor Jesus deve ocupar o primeiro lugar na vida cristã.
3. Obediência à Palavra (v.22). O escritor exorta-nos
a “suportar a presente palavra”. “Tenham paciência comigo”, pede ele, “quanto
partilho a Palavra com vocês. Aceitem-na com paciência e digiram-na, porque a
carta não é muito comprida” Quando Deus fala, como o fez por meio desta
epístola, devemos ouvir e aplicar o que ouvimos.
CONCLUSÃO.
O escritor conclui sua Epístola, desejando que o Senhor Jesus
Cristo, “o grande pastor das ovelhas” aperfeiçoe os crentes em toda a boa obra,
operando o que lhe é agradável, e roga que aqueles crentes suportem a exortação”
(vv.20-25). Que o Senhor nos ajude a entender e guardar os preciosos e santos
ensinos que estudamos durante este trimestre.
FONTE DE PESQUISA
1. ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD. Rio de
Janeiro J.R.
2. BÍBLIA SHEDD.
Revista Atualizada, 1ª Edição: 1998, Ed. Vida Nova, São Paulo – SP.
2. BÍBLIA EXPLICA. S.E.Mc. Nair 9ª Edição. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
3. ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico 8ª Edição.
CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
4. BOD, Gibbs Carl. Epistola aos Hebreus. EETAD. Campinas SP.
4. RENOVATO, Elinaldo.
Lições Bíblica do 3º Trimestre de 2001. CPAD Rio de Janeiro J.R.
5. Seite
estudante da Bíblia. http://www.estudantesdabiblia.com.br/cpad_sumario_2001_3t.htm Acesso em 20/07/2014.
Pr. Elias Ribas
Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico AMID –
Cascavel - PR.
Mestrando em Divindade pelo Seminário Teológico AMID –
Cascavel - PR.
Especialização em Apologética – ICP - São Paulo.
Grego e Hebraico - Faculdade Batista Pioneira – Ijuí RS.
Exegese do Novo Testamento - Faculdade Batista Pioneira – Ijuí
RS.
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