Gêneses 11.1-9
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a diferença dos
termos globalismo e globalização; pontuaremos sobre o primeiro globalismo e a
torre de babel; analisaremos o sonho globalista do ímpio Ninrode; e por fim;
citaremos a ação de Deus diante da construção da torre de babel.
I.
DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS GLOBALISMO E GLOBALIZAÇÃO
1. O
conceito de globalismo. O termo globalismo é empregado para referir-se a uma
conjuntura econômica, religiosa, científica e política mundialmente unificada.
Para alguns sociólogos, jornalistas e especialistas políticos, o termo pode
referir-se a um “sistema anticristão” e que ameaça a soberania de alguns
países. Segundo Houaiss (2001, p. 1457), globalismo é: “a condição de
interligação planetária que envolve redes de comunicação entre os continentes;
internacionalismo; imperialismo; uma influência política mundial”. Para
Andrade, globalismo é: “ […] a doutrina que, apesar de possuir variadas
matrizes, tem como objetivo dominar todas as instituições humanas e, em
seguida, congregar toda a humanidade em torno de um governante mundial […] que
o globalismo vem trabalhando, sutil e habilmente, a política, a religião, a
economia e a cultura, visando dominá-las a fim de apressar a ascensão do
personagem que, na Bíblia, aparece como o homem do pecado (2ª Ts 2.3) […]
homens ímpios e dissolutos incitaram a descendência de Noé a aglomerar-se num
só lugar (torre de Babel), sob um único governante. Foi assim que nasceu o
globalismo: uma doutrina contrária ao propósito divino quanto à povoação e ao
governo da Terra”. “A civilização iniciada por Noé dispunha de todos os fatores
para criar uma sociedade ímpia e globalizada: uma só língua, um só povo, uma só
cultura [e um só líder]” (ANDRADE, 2019, pp. 105,107,113).
2. O
conceito de globalização. Segundo os especialistas das ciências políticas e
econômicas e das relações internacionais, “globalismo” não é o mesmo que
“globalização”. Globalismo é um conceito político, enquanto globalização é
conceito econômico (comercial). Segundo Houaiss (2001, p. 1457), globalização
é: “o intercâmbio econômico e cultural entre diversos países; mercado
financeiro mundial; interação entre empresas; livre-comércio”. A globalização
econômica é a abertura comercial dos países para exportar e importar bens,
serviços e tecnologias. Um exemplo interessante é o de uma simples camisa
fabricada na Malásia, utilizando máquinas feitas na Alemanha, algodão
proveniente da Índia, forros de colarinho do Brasil, tecido de Portugal, e
vendida no varejo no Canadá e outros países.
II.
O PRIMEIRO PROJETO DE GLOBALISMO
1. O
globalismo e a torre de Babel (Gn 11.3). Os homens estavam unidos entre si em um
verdadeiro modelo de globalismo com uma só língua, um só povo, uma só cultura,
uma só religião, e um só líder (Gn 11.1-4). Mas essa unidade conferiu-lhes a
ambição de fazer coisas proibidas. A torre que construíram em Babel era uma
estrutura conhecida como zigurate. Arqueólogos já escavaram várias dessas
estruturas enormes construídas principalmente para fins religiosos. Um zigurate
era como uma pirâmide [...] Ali ficava um santuário especial consagrado a um
deus ou deusa. Ao construir essa estrutura, as pessoas [...] esperavam que o
deus ou a deusa que adoravam descesse do céu para encontrar-se com elas. Tanto
a estrutura quanto a cidade eram chamadas de “Babel”, que significa “portal dos
deuses” (WIERSBE, 2010, p. 77).
2. A
desobediência e a torre de Babel (Gn 11.4). Segundo Matthew Henry (2010, p. 71
– acréscimo nosso), foram três os motivos da construção da Torre de Babel:
(a) destinar-se a uma afronta ao próprio
Deus (Gn 11.4-a), pois eles desejavam construir uma torre cujo “cume tocasse
nos céus”, o que evidencia um desafio contra Deus, ou pelo menos, uma
rivalidade com Ele, pois eles desejavam ser “como o Altíssimo”;
(b) esperavam fazer um “nome para si” (Gn
11.4-b). Eles desejavam deixar este monumento do seu orgulho, e ambição, e
tolice;
(c) fizeram isto para impedir a sua
dispersão (Gn 11.4-c). Para que pudessem estar unidos em um império glorioso,
eles decidiram construir esta cidade e esta torre, para que fossem a metrópole
do seu reino, e o centro da sua unidade.
3. A
rebelião e a torre de Babel (Gn 11.1-4). Deus ordenou que os povos fossem férteis,
que se “multiplicassem e que se espalhassem por toda a Terra”, mas decidiram
mudar para a cidade de Ninrode, na Babilônia, e “assentar-se ali” (Gn 11.8-12).
Essa mudança representou uma rebelião explícita contra a ordem de Deus para que
o povo se espalhasse. Ao que parece, Ninrode desejava tê-los em sua cidade e
sob seu domínio; uma pré amostra do que hoje chamamos de “globalismo”. Eram,
verdadeiramente, um conjunto de “nações unidas”, um só povo (Gn 11.6) que
falava a mesma língua e usava um único vocabulário e dicionário. Era motivado
por um só espírito de orgulho e pelo desejo instigante de se tornar célebre
(WIERSBE,2010, pp. 77,78).
4. A
arrogância e a torre de Babel. Nas Escrituras, a Babilônia (Sinar seu
nome mais antigo) simboliza o orgulho perverso, a corrupção moral e a rebeldia
contra Deus. A Babilônia representa o sistema do mundo que se opõe a Deus.
Aquela primeira unificação mundial (globalismo) que Ninrode desejava para a
Babilônia de Gênesis um dia será obtida pelo sistema mundial perverso de
Satanás (Ap 18.3,9,11,23). Esse projeto odioso foi uma declaração arrogante de
guerra contra Deus, não muito diferente da rebelião descrita no Salmo 2.1-3.
Para começar, o povo estava resistindo à determinação divina para que se
espalhasse e repovoasse a Terra. Motivados por orgulho, decidiram construir uma
cidade e um grande zigurate e ficar todos juntos. Porém, mais do que isso,
desejaram tornar célebre seu nome, de modo que outros os admirassem e, talvez,
até se juntassem a eles. Ao declarar seu propósito, repetiam a mentira do diabo
no Éden: “como Deus sereis” (Gn 3.5) (WIERSBE,2010, pp. 77,78).
III.
O SONHO GLOBALISTA DE NINRODE
Ninrode foi o primeiro, depois do dilúvio,
a fundar um reino, a unir os espalhados e a consolidá-los sob si próprio como
único cabeça e senhor; e tudo isso em desafio a Deus (Gn 10.8-12; Mq 5.6).
Vejamos o projeto globalista de Ninrode:
1. A
família de Ninrode (Gn 10.8). De acordo com o texto bíblico, Ninrode é
filho de Cuxe, filho de Cam (1º Cr 1.10). “Embora seu nome não aparece na lista
dos filhos de Cuxe em Gênesis 10.7. Ao que parece, neste caso o verbo “gerar”
não define Cuxe como seu pai, mas sim como seu antepassado”. Ninrode foi o
primeiro na história das civilizações a tentar implantar um tipo de globalismo
no mundo (ADEYEMO, 2010, p. 27).
2. O
caráter de Ninrode (Gn 10.8,9). Os escritos rabínicos derivaram o nome
Ninrode do verbo hebraico “marádh”, que significa “rebelar, rebelde”. Assim, o
Talmude Babilônico declara: “Então, por que foi ele chamado de Ninrode? Porque
incitou todo o mundo a se rebelar contra a soberania de Deus” (KASHER, vol. II,
1955, p. 79). “A Bíblia fornece-nos algum relato relativo a Ninrode. Ele era o
tipo de rei que Deus jamais aprovaria. Em Gênesis 10.8,9, Ninrode é chamado “gibbor”, que significa “guerreiro”. Os
escritos de Josefo e também o contexto do capítulo 10 de Gênesis sugerem que
Ninrode era poderoso caçador em desafio a Jeová (CHAMPLIN, 2005, p. 508).
Ninrode destaca-se na antiguidade como o primeiro “dos grandes homens que há na
terra”, rememorado por duas coisas que o mundo admira: bravura pessoal e poder
político.
3. O
projeto de Ninrode (Gn 10.10). No começo, o reinado de Ninrode incluía
as cidades de Babel, Ereque, Acade e Calné, todas na terra de Sinar (Gn 10.10).
Foi provavelmente sob a sua direção que começou a construção de Babel e da sua
torre. Tal conclusão está também de acordo com o conceito judaico tradicional.
Josefo escreveu: “Pouco a pouco, [Ninrode] transformou o estado de coisas numa
tirania, sustentando que a única maneira de afastar os homens do temor a Deus
era fazê-los continuamente dependentes do seu próprio poder. Ele ameaçou
vingar-se de Deus, se Este quisesse novamente inundar a terra; porque
construiria uma torre mais alta do que poderia ser atingida pela água e
vingaria a destruição dos seus antepassados. O povo estava ansioso de seguir
este conselho de [Ninrode], achando ser escravidão submeter-se a Deus”
(WIERSBE, 2010, p. 77).
4 O
reino de Ninrode (Gn 10.10). “A conexão entre Ninrode e a torre de
Babel é evidente pela prioridade cronológica de Gênesis 11 a Gênesis 10 e pelo
fato de que um dos centros do reino de Ninrode era a Babilônia (ou seja,
Babel). Muito provavelmente o próprio Ninrode era um dos construtores da torre
de Babel” (ZUCK, 2009, p. 38). Flávio Josefo, judeu, historiador do primeiro
século, relatou a participação direta dos homens liderados por Ninrode na
construção da Torre em Babel: “Ninrode, neto de Cam, um dos filhos de Noé, foi
quem levou os homens a desprezar a Deus. Ao mesmo tempo valente e corajoso,
persuadiu-os de que deviam unicamente ao seu próprio valor, e não a Deus, toda
a sua boa fortuna. E, como aspirava ao governo mundial (globalismo) e queria que
o escolhessem como chefe, abandonando a Deus, ofereceu-se para protegê-los
contra Ele, construindo uma torre para esse fim, tão alta que não somente as
águas não poderiam chegar-lhe ao cimo como ainda ele vingaria a morte de seus
antepassados” (JOSEFO, 2004, p. 28).
IV.
A AÇÃO DE DEUS DIANTE DA DO GLOBALISMO DA TORRE DE BABEL
1.
Deus desceu (Gn 11.5,7-a). “O Deus do céu jamais fica perplexo nem paralisado
com aquilo que as pessoas fazem aqui na Terra. A arrogante exclamação de Babel 'Subamos!'
foi respondida com tranquilidade pelo céu: 'Desçamos!'. É claro que Deus não
precisa realizar uma investigação para saber o que está acontecendo em seu
Universo; a linguagem usada serve apenas para dramatizar a intervenção divina”
(WIERSBE, 2010, p. 78).
2.
Deus confundiu (Gn 11.7-b). A Bíblia diz que Deus desceu para embargar o projeto
da construção dessa Torre, confundindo-lhes a língua ao ponto de não se
entenderem para não levar adiante aquele projeto. “A palavra Babel (Babilônia)
dava-se a si própria o nome de “Bab-ili”, “portal de Deus”. Mas, mediante um
jogo de palavras, a Escritura sobrepõe o rótulo mais verdadeiro, “bãlal” que
significa “ele confundiu”. Na Bíblia, esta cidade veio a simbolizar
crescentemente a sociedade ateísta, com suas pretensões (Gn 11), perseguições
(Dn 3), prazeres, pecados e superstições (Is 47.8-13), suas riquezas e sua
eventual ruína (Ap 17,18)” (KIDNER, 2001, p. 103). Aprendemos com isso que,
todo e qualquer projeto a ser realizado alienado de Deus, mais cedo ou mais
tarde sucumbirá (Sl 127.1-3; Mt 7.24-27).
3.
Deus espalhou (Gn 11.8). Aquilo que o povo havia temido lhes sobreveio devido
a seus atos quando Deus “os dispersou dali pela superfície da terra” (Gn 11.8).
Impossibilitados de se comunicar de forma apropriada, os trabalhadores tiveram
de interromper a construção da torre. “Não sabemos o que Deus fez com a Torre,
uma tradição judaica diz que o fogo desceu do céu a consumiu até os alicerces.
Outra tradição afirma que ela foi derrubada pela força do vento” (PFEIFFER,
2007, p. 249).
CONCLUSÃO.
Aprendemos nesta lição, que a ideia de
construir uma cidade e uma “torre cujo cume toque nos céus” foi uma clara
demonstração de rebelião do homem que tentou se colocar no lugar de Deus. É
fato que uma moderna torre de Babel está sendo construída atualmente através do
globalismo com propostas de implantação de um governo único no mundo. No
entanto, temos a certaza a luz das Escrituras Sagradas, que, mais uma vez, o
Senhor Deus triunfará.
REFERÊNCIAS
1. CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
2. JOSEFO, Flavio. História dos Hebreus.
CPAD.
3. KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e
comentário. CULTURA BÍBLICA.
4. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
5. PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário
Bíblico Wyclliffe. CPAD.
6. ZUCK, Roy B. Teologia do Novo
Testamento. CPAD.
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