TEXTO
ÁUREO
“Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
VERDADE
APLICADA
Batalha Espiritual é uma realidade
bíblica que consiste na luta contínua da Igreja contra o reino das trevas.
LEITURA
BÍBLICA
1
Pedro 5.5-9
“Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos
uns aos outros e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes. 6- Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de
Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, 7- lançando sobre ele toda a vossa
ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. 8- Sede sóbrios, vigiai, porque o
diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem
possa tragar; 9- ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições
se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.”
INTRODUÇÃO.
- A Batalha
Espiritual é o tema do trimestre que estamos iniciando. Basta uma olhada na
leitura diária para confirmar a menção do assunto nas Escrituras. Mas existe
uma onda extravagante que surgiu na década de 1960 e que tenta se passar por
batalha espiritual. A presente lição apresenta o equilíbrio doutrinário que
servirá como ajuda para ninguém subestimar o assunto.
- A presença e a influência do mal na
vida da humanidade, desafiando o equilíbrio da criação, é suficiente para
entendermos a sua realidade: estamos numa batalha espiritual. Estamos num campo
de batalha espiritual contra as forças satânicas e precisamos de estratégia e
adestramento para entrar em combate.
Os desafios das forças invisíveis dos
espíritos imundos são imensos contra a humanidade e principalmente contra a
Igreja de Jesus Cristo.
- Todos devem saber que neste mundo,
entre os céus e a terra, há diversos poderes atuando. Um poder divino, maior e,
seres destinados a impedirem a vida santa do cristão, e até mesmo suas benção e
orações, os demônios, concitados pelo orgulho de seu líder Satanás (O inimigo
das nossas almas).
- A demonstração clara de uma destas
batalhas, está descrita no livro do profeta Daniel, e seu capítulo 10.
“E me disse: Daniel, homem muito amado,
entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a
ti sou enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo. Então
me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu
coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas
palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da
Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros
príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.” (Dn 10.11-13).
Um
dos aspectos da Batalha Espiritual são os níveis, nos quais ela se dá:
- Na mente
- No coração
- No corpo físico
- Na família
- Na igreja
- Na vida financeira
- Na vida espiritual
I.
BATALHA ESPIRITUAL
A autêntica batalha espiritual tem
fundamentos bíblicos, mas nem tudo o que se diz ser batalha espiritual tem sustentação
nas Escrituras.
1.
Conceito de Batalha Espiritual.
- A Bíblia afirma “que todo o mundo está
no maligno” (1ª Jo 5.19). Assim, existem seres malignos e espirituais que desde
o princípio conspiram contra Deus e contra a humanidade para a destruição e o
caos no mundo. Primordialmente, os demônios existem; eles são reais e
manifestam-se de várias maneiras, em princípio, nas pessoas possessas, e tais
espíritos precisam ser expulsos. Por conseguinte, os cristãos se opõem a essas
forças malignas pela pregação do evangelho, a oração e o poder da Palavra de
Deus. A essa oposição dos crentes denominamos “batalha espiritual”.
- A batalha espiritual não é uma batalha
natural entre a carne e o sangue. Não é uma batalha do homem contra o homem.
Não é uma batalha visível. É um conflito invisível no mundo espiritual (Ef
6.12).
- Uma vez que estamos lutando contra um
adversário que não podemos ver, devemos confiar no Deus da Bíblia - não na
nossa própria espiritualidade, sagacidade ou nossas estratégias de guerra -
para alcançar a vitória (2ª Co 5.7). Devemos manter nossa mente voltada para as
coisas de Deus em vez de especular sobre o próximo movimento do diabo (Fp 4.8).
- A guerra espiritual é
“multidimensional”, o qual significa que é travada em diferentes dimensões.
Vejamos.
1. Uma batalha social entre o crente e o
mundo (Jo 15.18-27).
2. Uma batalha pessoal entre a carne e o
espírito (Gl 5.16-26).
3. Uma batalha sobrenatural entre o
crente e os poderes sobrenaturais malignos (Ef 6.10-27).
- Às vezes batalha espiritual é definida
como o confronto invisível entre as forças de Deus e as forças do diabo, o
reino de Deus versus o reino das trevas. Às vezes essa batalha provoca
circunstâncias que podem ferir pessoas físicas, mental, emocional ou espiritualmente.
No Novo Testamento, as forças das trevas sabiam que Paulo era servo de Deus e o
atacaram (At 19.15; 2ª Co 11.23-12.1-9).
- A batalha espiritual consiste na
oposição dos cristãos às forças malignas pela pregação do evangelho, pela
oração e pelo poder da Palavra de Deus. Essa peleja vai continuar até a vinda
de Jesus.
2.
Uma realidade bíblica.
2.1.
Crentes e não Crentes estão envolvidos na Batalha Espiritual.
- Toda pessoa viva está comprometida
nesta guerra, quer se dê conta ou não. Não há campo neutro. Os nãos crentes
estão sob o jugo do mal e têm sido levados pelas forças do inimigo. São vítimas
da guerra. As hostes infernais dominam com muita facilidade as pessoas que não
conhecem o evangelho. Nenhuma força humana é capaz de vencê-los. Jesus disse:
“porque sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5).
- Os crentes têm sido livrados do
inimigo mediante Jesus Cristo e são vitoriosos, porém estão ainda comprometidos
na guerra.
- Nós (todos os crentes) combatemos
contra as forças espirituais malignas. “Combater” implica contato pessoal
próximo. Ninguém está isento desta batalha. Ninguém pode vê-a a distância. Você
está no meio do conflito quer você reconheça ou não.
“Porque a nossa luta não é contra o
sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes” (Ef 6.12).
- O tema principal da Primeira Epístola
do apóstolo Pedro é o sofrimento do crente por causa do nome de Jesus. Esse
sofrimento resulta da nossa contínua luta espiritual contra o pecado e contra o
indiferentismo religioso. Mas, ao encerrar a sua epístola, o apóstolo esclarece
que tudo isso parte de Satanás e seus agentes: “Sede sóbrios, vigiai, porque o
diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem
possa tragar” (v.8).
3.
O Mundo Espiritual é real. De acordo com Efésios 6.10-17, existe um mundo
espiritual e invisível habitado por seres malignos que conspiram contra Deus e
contra os seres humanos. Paulo fala sobre a existência de um mundo espiritual
da maldade sob o domínio do príncipe das trevas (Ef 2.2; 6.10-12).
O ensino apostólico nos exorta a
combater essas forças demoníacas pelo poder que o Senhor Jesus conferiu aos
crentes (Mc 16.17, 18; Lc 10.17-19) com oração e uma vida de santidade. Esse
conjunto de fatores é chamado de batalha espiritual. Trata-se de uma realidade
bíblica e manifestada na vida da Igreja ao longo dos séculos.
4.
O que não é Batalha Espiritual. O que geralmente se chama de “batalha
espiritual” por alguns é um modelo não bíblico e nocivo à fé cristã. Os
mentores dessa doutrina pinçam a Bíblia aqui e ali e adaptam as passagens
selecionadas para ajustá-las às suas próprias experiências. Trata-se de uma
cosmovisão abrangente de culturas antigas como a da Mesopotâmia e do Egito,
influenciada pela magia e pelo ocultismo. Era na época um mundo cheio de forças
ocultas em que os homens viviam procurando se proteger de deuses e demônios
malévolos. É uma estrutura muito próxima do ocultismo contemporâneo com a
doutrina dos espíritos territoriais, maldição hereditária ou de família com os
rituais de libertação.
II.
PRINCIPAIS CRENÇAS DA PSEUDOBATALHA ESPIRITUAL
As inovações mais chocantes que se
pregam por aí são o mapeamento espiritual, a maldição hereditária e a ideia de
que um salvo pode ser possuído pelos demônios.
1.
Mapeamento espiritual. A doutrina consiste na crença de que Satanás
designou seus correligionários para cada país, região ou cidade. O evangelho só
pode prosperar nesses lugares quando alguém, cheio do Espírito Santo, expulsar
esse espírito maligno. Em decorrência, surgiu a necessidade de uma geografia
espiritual, o mapeamento espiritual. Os espíritos territoriais são
identificados por nomes que eles mesmos teriam revelado, com as respectivas
regiões que eles supostamente comandam. Essas pessoas acreditam que tudo isso
se baseia na Bíblia (Dn 10.13,20; Mc 5.10).
2.
A maldição hereditária. A doutrina resume-se nisso: se uma pessoa tem
problemas com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências
suicidas é porque, no passado, alguém de sua família, não importa se avós,
bisavós ou tataravós, teve esse problema. Desse modo, a pessoa afetada pela
maldição hereditária deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus
ancestrais deram lugar ao Diabo. Uma vez descoberta a tal geração, pede-se
perdão por ela, e, dessa forma, a maldição de família será desfeita. É uma
espécie de perdão por procuração, muito parecido com o batismo pelos mortos
praticado pelos mórmons. Os que defendem essa doutrina pinçam as Escrituras em
busca de sustentação bíblica (Êx 20.5; Dt 5.9; Is 8.19).
3.
“Crentes endemoninhados”. Esses pregadores ensinam que “o homem é um espírito
que tem alma e habita num corpo” (Kenneth Hagin). Partindo desse falso conceito
teológico, afirmam que o Espírito Santo habita no espírito humano no processo
de salvação; e que os espíritos imundos “estão relegados à alma e ao corpo do
cristão”. Os promotores dessa doutrina costumam apelar para o estado
psicológico de Saul depois que ele se afastou de Deus (1Sm 16.14; 18.10; 19.9),
o caso de Judas Iscariotes (Lc 22.3), além de Ananias e Safira (At 5.3).
III.
VAMOS À BÍBLIA
Ninguém tem o direito de fazer o que
quiser com a Bíblia. Vejamos, portanto, o que Bíblia ensina nas passagens
reivindicadas pelos líderes defensores dessa inovação:
1.
Sobre o mapeamento espiritual. As duas passagens de Daniel falam sobre
o “príncipe do reino da Pérsia” (Dn 10.13) e o “príncipe da Grécia” (v.20). São
citações fora de contexto, pois se trata de guerra angelical, e não há indícios
da presença humana. O gadareno “rogava-lhe muito que os não enviasse para fora
daquela província” (Mc 5.10) porque Jesus havia mandado os tais espíritos para
o abismo: “E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo” (Lc 8.31). Essa é a
razão de pedirem para ficar na região; não se refere, portanto, a espíritos
territoriais. Assim, fica claro que se trata de uma doutrina baseada numa
interpretação equivocada.
2.
Sobre a maldição hereditária. No segundo mandamento do Decálogo, Deus
afirma visitar “a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração
daqueles que me aborrecem” (Êx 20.5; Dt 5.9). Essas palavras não podem se
aplicar à doutrina da maldição hereditária porque, quando alguém se converte a
Cristo, deixa de aborrecer a Deus; logo, essa passagem bíblica não pode se
aplicar aos crentes (Rm 5.8-10), pois estes se tornam nova criatura, “as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). O que eles fazem com
a expressão “espíritos familiares” é uma fraude. O termo usado na Bíblia
hebraica é ov, ou ovoth, plural, “médium, espírito,
espírito de mortos, necromante e mágico” (Lv 19.31; 20.6). Isso está muito
longe de serem espíritos que passam de pai para filhos.
3.
Sobre a possibilidade de o cristão ser possesso. É bom lembrar
que Saul já estava desviado nessa época (1Sm 15.23); além disso, a Bíblia não
fala de demônio, mas que “o assombrava um espírito mau da parte do SENHOR” (1Sm
16.14). Quem foi que disse que Judas Iscariotes era crente? Foi Jesus quem
disse: “Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isso dizia ele
de Judas Iscariotes” (Jo 6.70,71). E, quanto a Ananias e Safira, a Bíblia
declara que eles mentiram ao Espírito Santo, e não que ficaram possessos. O
crente em Jesus tem a promessa de Deus de que “o maligno não lhe toca” (1ª Jo
5.18).
4.
O homem segundo a Bíblia. Jesus disse que “um espírito não tem carne nem
ossos” (Lc 24.39). Se o espírito não tem carne nem ossos, logo se conclui que
não é verdade que o homem seja um espírito. A Bíblia declara que Deus formou “o
homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi
feito alma vivente” (Gn 2.7). Isso mostra que o ser humano é uma combinação do
pó da terra com o sopro de Deus. O Senhor Jesus se fez homem, pois “o verbo se
fez carne” (Jo 1.14).
IV.
LIDANDO COM A BATALHA ESPIRITUAL
- Quando uma pessoa nasce de novo, entra
no reino do sobrenatural e espiritual e deve começar sua nova vida com o estudo
da Bíblia. Assim, conhecerá seus ensinamentos e saberá como andar e como lidar
com a batalha espiritual. Se ela não ficar vigilante e não combater os poderes
satânicos será passível de ser derrotada pelos demônios.
- Por outro lado, não haverá nada a
temer se tiver uma vida cristã consciente da necessidade de leitura bíblica e
oração diárias, e viver no Espírito de acordo com a luz recebida pela Palavra
de Deus (Cl 2.6-8; G1 5.16-26; Rm 8.1-13; 1 Jo 1.7). Ela deve acordar toda
manhã e orar, crendo com fé que Deus a ajudará durante o dia, meditar sempre
nas Escrituras e recusar tudo o que venha a ser contrário à vontade de Deus,
segundo os ensinamentos bíblicos.
1.
Responsabilidade do cristão diante da Batalha Espiritual.
1.1. Tome cuidado para não negligenciar
o que trará esclarecimento sobre a batalha espiritual (Sl 1.2-4; 2ª Tm 2.15;
3.15-17).
1.2. Não se torne uma presa fácil às
críticas dos outros nem aos cuidados prementes da vida que o mantêm ocupado,
impedindo-o de empenhar-se na batalha e obter êxito (Lc 21.34-36; Ef 6.10-18).
1.3. Não se esqueça de que bastam as
armas espirituais para lhe dar vitória sobre o pecado e Satanás (2ª Co 10.4-7;
Ef 6.10-18).
1.4. Não negligencie a oração e a
leitura da Bíblia (Ef 6.18; 1ª Tm 4.12-16).
1.5. Não se desanime quando parecer que
você está perdendo a guerra (1ª Tm 6.12; 2ª Tm 4.7; 1ª Pe 1.7; 4.12; Tg 1.12).
1.6. Fique alerta e resista a Satanás
(Tg 4.7; 1ª Pe 5.8,9).
1.7. Não deixe de usar a autoridade de
Cristo por meio de seu precioso sangue, de seu nome e do poder do Espírito
Santo contra os poderes demoníacos (At 1.8; Jo 14.12-15; Mc 16.15-20).
1.8. Não deixe de realizar a vontade
plena de Deus, de forma racional, à medida que tomar conhecimento dela. Ande na
luz da Palavra de Deus (1ª Jo 1.7).
CONCLUSÃO.
Há
necessidade de equilíbrio para que os exageros dessas aberrações doutrinárias
não levem o crente ao ceticismo, porque a batalha espiritual existe e ninguém
deve subestimá-la. Os fatos estão registrados na Bíblia, e nenhum cristão ousa
negar essa realidade. Por outro lado, os crentes devem ter maturidade
suficiente para não entrar no fanatismo, mas discernir entre o que é
verdadeiramente espiritual e o que é manipulação esotérica.
Revista do 1° trimestre de 2019 – CPAD
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