ÉTIMO
DO TÍTULO DO LIVRO:
Na Torá, é intitulada como “Lei dos Sacerdotes”, a Septuaginta traduziu para o
grego como Leuitikon ou Leueitikon, “a respeito dos levitas”. A
Vulgata, tradução do grego para o latim, intitulou o livro com a frase: Liber Leviticus, derivando o título em
português para “Levítico” (HARRISON, 1983).
Levítico
1
1.1 Antes, Deus falara do monte Sinai,
não permitindo que ninguém se aproximasse; agora fala da tenda da congregação,
da nuvem sobre o propiciatório no Santo dos Santos, deixando o adorador se
aproximar dele por intermédio das ofertas.
1.2
Oferta.
Descrevem-se cinco tipos: 1) O holocausto; 2) A oferta de manjares; 3) A oferta
pacífica; 4) Pelo pecado; 5) Pela culpa. Quem busca a Deus há de começar com a
quinta oferta da escala; que é uma oferta compulsória por causa da maldade
humana; só depois de se seguir o caminho prescrito para obter a comunhão com
Deus, que pode haver ofertas voluntárias e espontâneas, especialmente a
primeira da escala, um holocausto “de aroma agradável ao Senhor” (veja 1.17 N.
Hom.). Todas as ofertas tinham algo em comum simbolizavam algum aspecto da vida
e do sacrifício de Jesus Cristo.
1.17
Holocausto.
Heb 'olah, cujo significado básico é
de fazer subir em fumaça, uma oferta total da qual os demais sacrifícios são
apenas modificações. Nossa palavra “holocausto” significa “totalmente
queimado”. Esta oferta significava a dedicação completa a Deus daquele que a
oferecia, e tipifica Jesus Cristo, ao se oferecer imaculado a Deus, para fazer
Seu inteiro agrado, Hb 9.14; Fp 2.6-8. Na seleção da vítima, tanto o rico como
o pobre podia trazer uma oferta aceitável, fosse um novilho; ou fosse uma rola.
O macho sem defeito, v. 3, representa Cristo na sua perfeição (Hb 9.14; 1 Pe
1.19). O sacrifício se oferecia no altar do holocausto, à porta do Tabernáculo,
v. 3 com Êx 40.6, depois de o ofertante se identificar com o animal que o
substituiria, aceitando sua posição de pecador pedindo expiação, com o simples
gesto de pôr a mão sobre a cabeça do holocausto. Igualmente, o simples ato de
estender a mão da fé para a pessoa de nosso substituto Jesus Cristo
identifica-nos com o Salvador que levou nossos pecados sobre si (2ª Co 5.21). A
morte do animal no lugar do ofertante enfatiza que o salário do pecado é a
morte (Rm 6.23). A aspersão do sangue sobre o altar sinal de que a vida fora
oferecida; vinha então a queima da carne. A remissão dos pecados vincula-se ao
derramamento do sangue (Hb 9.22). • N. Hom. A expressão “Aroma agradável”, tão
comum neste Livro, significa “de boa aceitação” e se aplica sublimemente à
ternura do amor de Cristo, que foi ao ponto de Se oferecer como expiação
totalmente satisfatória aos olhos de Deus (Ef 5.2). Aplica-se também à vida de
amor, de fé e de dedicação, que os crentes devem viver pelo poder de Cristo (1
Pe 2.5), e às ofertas de bondade, amor e colaboração que os irmãos em Cristo
dão em prol dos homens e da Obra (Fp 4.18).
Levítico
2
2.1
Manjares.
Heb minhah. Uma oferta de homenagem,
que significava uma promessa de leal obediência a Deus. A menor dessas ofertas
de cereais compunha-se de uma dízima do efa, ou seja, 2,2 litros.
2.2
Incenso.
Um perfume caro, a resina amarela, pálida o leitosa de certo arbusto; chamado lebhonah, “brancura” em hebraico.
2.3
Santíssima.
A palavra se aplica a todas as ofertas sacrificadas que se dedicam inteiramente
a Deus (mesmo quando os sacerdotes participam da carne, que a Lei de Deus
determina para seu sustento).
2.13
Sal.
Significava um pacto incorrupto, que não se podia violar.
2.14 Espigas verdes. Colhidas no campo
antes de amadurecer, até hoje se tostam ao fogo, para depois retirar os grãos.
Levítico
3
3.1
Ofertas pacíficas.
Heb shelem, da raiz traduzida “paz”,
“saúde” e “inteiro”. Falavam de inteira dedicação, da parte do ofertante, e da
paz com Deus a quem as oferecem. As gorduras, somente eram queimadas, e as
carnes eram consumidas pelos sacerdotes e pelo povo, numa ceia de aliança
solene, à qual os pobres eram convidados (Dt 12.18), que prenunciava a paz que
seria trazida aos homens pela obra de Cristo (Cl 1.20), e comemorada na Ceia do
Senhor (1 Co 10.16).
3.9
Pacífico.
A palavra também significa saúde e prosperidade, alguma coisa inteira e íntegra
(2 Cr 16.9n). Caudas. As ovelhas da Palestina possuem caudas grandes e
gordurosas, que são consideradas uma grande delícia no Oriente. Nota geral
sobre o sacrifício: quando os sacrifícios eram oferecidos em conjunto,
apareciam na seguinte ordem: 1) Oferta pelo pecado, que ensinava a necessidade
da propiciação e da expiação, as quais são simbolicamente efetuadas por esse
tipo de sacrifícios. 2) A oferta queimada e o holocausto, que representavam a
entrega absoluta da vontade do homem à vontade de Deus. 3) A oferta de cereais
era uma oferta de homenagem, declarando a leal submissão do ofertante. 4) A oferta
pacífica simbolizava a alegria festiva que invade a alma daqueles que estão em
comunhão com Deus.
Levítico
4
4.1-35
Oferta pelo pecado.
Este tipo de sacrifício era necessário para expiar pecados específicos. O grau
da culpa e a qualidade da oferta variavam de acordo com a posição e a
responsabilidade do pecador. O pecado do sumo sacerdote era o mais grave,
porque era ele quem representava a nação inteira. O atual que se requeria era
igual, para o sacerdote e para o povo, no tocante ao touro (“novilho”) que se
oferecia em ambos os casos, mas havia uma diferença quando se comparava o mesmo
com o dos holocaustos, sendo que o sacrifício pelo pecado incluía o ato de pôr
uma parte do sangue da oferta diante do véu do santuário; a gordura era
queimada no altar, mas o resto era queimado fora do arraial. Isto prefigurava a
crucificação de Cristo fora da cidade de Jerusalém (Hb 13.12). A justiça de
Deus requeria o castigo pelos pecados. Cristo levou esta culpa sobre Si na
cruz. Agora Deus perdoa aqueles que, pela fé, aceitam o sacrifício que Cristo
sofreu por eles (Is 53.6, 7; 1ª Pe 2.24; Rm 3.25, 26).
4.2
Ignorância.
Esta palavra não se refere aos pecados dos insolentes e arrogantes, para os
quais nenhuma expiação poderia ser feita. A pena imposta era morte (Nm 15.30,
31; Hb 5.2). O próprio fato de se exigir a expiação pelos pecados da ignorância
demonstra que a ignorância não é uma desculpa adequada para a violação das leis
de Deus. Ordena-se aos crentes que estudem as Escrituras (2 Tm 2.15), e não se
oferece nenhuma desculpa aos que se recusam a se instruir nos mandamentos de
Deus. Tal falta é um pecado de omissão que precisa ser confessado, perdoado e
abandonado (1ª Jo 1.9). 4.3-27 Quatro classes de pecadores são enumeradas neste
trecho:
1) Os sacerdotes, 3;
2) A congregação, 13;
3) O príncipe, 22; 4).
Os simples indivíduos de entre o povo,
27.
• N. Hom. O sangue do novilho era sinal
visível de sua morte, assim como o sangue de Cristo representa a Sua morte
expiatória, que nos purifica de todo o pecado (1ª Jo 1.7) e nos aproxima de
Deus (Ef 2.13). O apresentar o sangue perante o santuário mostra que é preciso
prestar contas ao próprio Deus por todos os pecados cometidos.
4.17
O dedo no sangue.
Notem-se os lugares onde o sangue devia ser aplicado:
1) Nas pontas do altar do incenso, 7;
2) Na base do altar do holocausto, 7;
3) Diante do véu, 17;
4) Nas pontas do altar do holocausto,
30;
5) Ao redor do altar e sobre o altar,
1.5, 11; 3.2;
6) Sobre a parede do altar, 5.9;
7) No santuário, 6.30;
8) Na ponta da orelha direita do
sacerdote, 8.23-24;
9) No polegar da mão direita do
sacerdote, 8.23-24;
10) No polegar do pé direito do
sacerdote, 8.23;
11) Nas casas, 14.51-53;
12) Na ponta da orelha direita das
pessoas que queriam se purificar, 14.25-28;
13) Sobre o polegar da mão direita da
pessoa que queira se purificar, 14.25, 28;
14) Sobre a polegar do pé direito da pessoa
que queira se purificar;
15) Sobre a frente do propiciatório,
16.14-15;
16) Perante o Tabernáculo, Nm 6.8;
17) Sobre o povo, Êx 24.6-8;
18) Sobre o Livro da Aliança, Êx 24.6-8;
19) Sobre os sacerdotes, Êx 29.21; 20) Sobre as vestes dos sacerdotes, Êx
29.21.
4.20
Expiação. Da
raiz hebraica kipper, que significa
“cobrir”. O pecado, com a sua culpa e o seu castigo, é apagado por um ato
especifico: a morte. Mas Deus permitiu a morte substitutiva de um animal, o
qual tipificava o sacrifício de Cristo, o único que apaga as consequências
eternas do pecado.
4.22
Pecar.
Ver também 2, 13 e 17. Em contraste comi o holocausto, que não tinha ligações
específicas com transgressões individuais, e simbolizava uma aproximação ao
Deus santo, dando ao pecador valor diante de Deus, os sacrifícios pelos pecados
outorgavam a expiação por pecados específicos, pelos quais esses sacrifícios
ofereciam uma “cobertura” perdoando-se assim o pecado. Dois tipos de pecado se
definem nestas Leis:
1) Os pecados da ignorância, 5.5-18; Nm
15.22-29, praticados na ignorância, sem saber aquilo que a Lei exigia, ou
ainda, praticados acidentalmente, mesmo quando se sabia que eram pecados, Dt
19.4;
2) Os pecados atrevidos, Êx 21.14 Nm
15.30; Dt 1.43, 17.12-13, 18.20-22, Sl 19.13; 2ª Pe 2.10. Tais pecados se
cometiam deliberada, premeditada e obstinadamente, 24.11-16; Hb 10.26-31. Nota
geral: em todos esses sacrifícios, notam-se duas classes: os de “aroma agradável”
e os demais. A expressão “aroma agradável” se aplicava somente aos três
primeiros tipos de sacrifício: os holocaustos, cap. 1, as ofertas de manjares,
cap. 2, e os sacrifícios pacíficos, cap.
3. Estes três tipos de ofertas
voluntárias, prenunciavam a absoluta e bendita perfeição do sacrifício de
Cristo, em aroma aceitável a Deus, Ef 5.2. Os demais sacrifícios eram os que se
ofereciam pelo pecado e pelo sacrilégio, nos quais Cristo era prefigurado como
Aquele que carrega os pecados do mundo; eram ofertas de expiação, que, pela sua
própria existência, condenavam o pecado - não que Deus tenha prazer na
condenação. As ofertas de aroma agradável eram voluntárias, e as ofertas pelo
pecado eram compulsórias. • N Hom. A confissão dos pecados é uma parte
essencial de uma vida de retidão, e Deus a exige de todos aqueles que pecaram,
5.5; Os 5.15. Sem confissão dos pecados, precedida pelo arrependimento,
apela-se em vão ao sacrifício de sangue. Da mesma maneira, o NT ordena aos
homens que confessem seus pecados (Tg 5.16), oferecendo, ao mesmo tempo, a
certeza do perdão e purificação, 1 Jo 1.9; Sl 32.5. A verdadeira confissão de
pecados inclui, entre outras coisas: 1) A tristeza religiosa por causa do
pecado cometido, Sl 38.18; 2) Á humilhação, Jr 3.25; 3) A oração pelo perdão,
Sl 51.1; 4) A restituição dos danos causados, Nm 5.6; 5) A humilde aceitação da
correção divina aplicada na forma de um castigo, Ed 9.13; Ne 9 33; 6) O
abandono daquele pecado, Lc 19.1-10; Lv. 15.11-32.
Levítico
5
5.14-6.7
Vários motivos da oferta pela culpa. Este sacrifício era semelhante ao da
oferta pelo pecado, indicando ao homem a sua culpabilidade e a sua necessidade
de ser salvo do julgamento por Cristo, que carrega nossos pecados; somente que
a ênfase é sobre o prejuízo causado e a satisfação que se devia à pessoa
prejudicada. A morte de Cristo operou a expiação em favor dos pecadores, mas
foi pela Sua obediência que cumpriu “toda a justiça”, todas as exigências da
Lei, Mt 3.15; Gl 4.4. Ao crente se imputa a justiça, de Cristo, 1ª Co 1.30; Rm
4.3. A restituição que se fizesse, devia ser em espírito de arrependimento, o
que é o principal, Sl 51.17. Jesus ensina que o homem deve reconciliar-se com
seu irmão, antes de trazer sua oferta, Mt 5.24. A fé sem obras é morta, Tg
2.17.
5.15 Ofensa. Heb ma'al, “engano”, “infidelidade”, “quebra da lei”. Aqui se aplica a
pecados públicos, danos cujo valor podia ser calculado. É este o pormenor que o
destaca do pecado em geral, e que exige um tipo específico de sacrifício com as
seguintes formalidades;
1) O sangue derramado que opera a
expiação, 6.7;
2) A restituição à pessoa lesada do
valor dos danos causados, e mais 20%, 6.5;
3) A confissão do pecado, implícita no
ato de trazer, uma oferta pela culpa 6.6;
4) A fé implicitamente demonstrada no
fato de o crente procurar a expiação que Deus oferece mediante este sacrifício,
6.6;
5) O perdão de Deus, a segurança para o
pecador que cumpriu as condições exigidas, 6.7.
5.16
Oferta pela culpa.
Em heb, é uma palavra só: 'ãshãm, que
quer dizer “culpa” no sentido de danos e estragos, e também é o nome técnico do
tipo de sacrifício que a culpa requer. Cristo é o único que cumpre completa e
satisfatoriamente tudo aquilo que é previsto nesta oferta, imputando-nos sua
justiça, cf. 2ª Co 5.21, onde a palavra “pecado” tem exatamente o sentida de 'ãshãm. A profecia de Isaías usa a
mesma palavra para a obra de Cristo, Is 53.10. O sacrilégio é aquele que só
pode ser transformado pela obra sacrificial de Cristo, Rm 3.21,26.
Levítico
6
6.8-7.38
Estas são instruções adicionais para regulamentar as ofertas já descritas. Até a presente
trecho, a ênfase tinha sido colocada sobre o aspecto das ofertas que diziam
respeito à prestação de contas que o pecador tinha que fazer com o próprio
Deus; agora se regulamenta a participação dos sacerdotes e a dos ofertantes,
naquilo que doutrinariamente já foi definido; trata-se agora da carne dos
animais que se oferecia nessas ocasiões.
6.11 O sacerdote que tinha a obrigação
de limpar as cinzas do altar, depois de ter sido oferecido um holocausto,
usava, para isso, vestes especiais, calças e túnica de linho, laváveis, que se
usavam tão-somente para o contato direto com o altar. Quando removia as cinzas
cada manhã, deixava-as ao lado do altar, trocava suas vestes, colocando as roupas
normais de sacerdote, e depois removia as cinzas para algum lugar “limpo” (e
não para um depósito de lixo, que seria considerado impuro), fora do arraial.
6.12 As ofertas contínuas, que se
ofereciam duas vezes por dia, sem falta, eram uma expressão da dedicação de
Israel ao seu Deus.
6.13 O primeiro fogo que acendeu a lenha
do sacrifício depois da consagração formal de Arão como sacerdote, foi ateado
por Deus, 9.24. Esta origem sobrenatural do fogo no altar serve para nos
ensinar que se um sacrifício pode ser feito pelo homem, é só a graça de Deus
que a consome, que o torna aceitável, que faz dele um meio de expiação. Nenhum
fogo feito pelo homem, poderia ser usado no altar do Senhor, e por isso mesmo é
que era tão importante que os sacerdotes conservassem sempre acessa a chama que
veio a existir de maneira tão notável. O pecado de oferecer sacrifícios com
“fogo estranho”, fogo ateado pelos homens e não por Deus, foi justamente o que
provocou a morte de Nadabe e Abiú, 10.1 -2.
6.18
Todo varão.
Esta expressão se restringe aqui aos homens que serviam no culto do
tabernáculo. Antes de atingirem a idade de 30 anos, os homens não podiam entrar
no lugar santo, Nm 4.3, 23, 30, 39. Tudo o que tocar. Esta expressão se refere
às pessoas separadas para o serviço no tabernáculo, os únicos que tinham
licença de tocar nas coisas do tabernáculo, e que também tinham o privilégio de
comer dessa oferta. Só uma pessoa dedicada (“santa”) podia participar.
6.26
As ofertas que se comiam no lugar santo eram:
1) O que ficasse das várias ofertas de
manjares, depois de queimada a porção memorial, 2.1-10;
2) A carne (e não a gordura, 4.26) das
ofertas pelo pecado (6.26; 10.17) e das ofertas pela culpa (7.5-6);
3) A carne do sacrifício de ações de
graça da oferta pacífica, 7.15-17;
4) O que sobrasse do sextário de azeite
que o leproso oferecia, 14.10-20;
5) Os dois pães a serem movidos,
23.17-20; 6) Os pães da proposição, 24.5-9.
6.28 Um vaso de louça não vitrificada
absorveria alguns sucos, não podendo ser lavado ao ponto de ficar bem limpo,
como o bronze.
Levítico
7
7.11-21
Havia três tipos de ofertas pacíficas:
1) As ofertas de ações de graça, que
eram feitas para relembrar com gratidão as misericórdias alcançadas;
2) As ofertas votivas, promessas feitas
no sentido de trazer uma oferta, se certa aspiração fosse atendida;
3) Ofertas voluntárias, que se
distinguiam das votivas por não haver uma promessa anterior, e das de ações de
graça, por não se referirem a alguma bênção específica alcançada; o primeiro
tipo devia ser comido pelo ofertante e pelos seus amigos no mesmo dia no qual
foi oferecido, mas os outros dois tipos não tinham o mesmo grau de santidade, e
podiam ser comidos até no dia seguinte.
7.12
Obreias. Heb rãqiq, um bolo de
forma feito de uma camada fina, 2.4; 8.26; Êx 29.2, 23; Nm 6.15, 19. Bolos. Heb
hallah, pães que se perfuravam em
cima, na hora de assar. A palavra vem da raiz hãlal, “furar”. O seu peso era de 3,5 kg (duas dízimas de uma efa,
24.5).
7.13
Levedado.
A levedura (um resto de massa apodrecida), se usava comumente nas festas
sociais, e era permitida nas ofertas de ações de graça, sendo que estas eram a
expressão espontânea da dedicação de vidas que nunca eram totalmente isentas de
pecados e males. A presença desta levedura, símbolo da impureza, nos ajuda a entender
que tudo o que se come é santificado pela Palavra de Deus e pela oração (1ª Tm
4.4-5, 1ª Co 10.23, 30), e não pela sua pureza cerimonial intrínseca (At
11.1-18). Não é a comida que entra pela boca que contamina o homem, Mt 15.11.
Esses bolos de pães levedados, que acompanhavam a oferta pacífica, não eram os
mesmos da oferta de manjares, os quais eram sem levedura (asmos), e se
ofereciam no altar.
7.14
Um de cada tipo de obreia, bolo e pão
era a porção dos sacerdotes.
7.15
Se comerá.
É claro que qualquer animal grande, seja um bezerro, um novilho ou um cordeiro
(3.1, 7), não poderia ser comido dentro de um ou respectivamente dois dias,
somente pelo ofertante ou por alguns sacerdotes que o ajudavam, segundo a
exigência da Lei, 15-18. Vê-se claramente que uma parte do sentido da festa
religiosa seria que o ofertante participasse do sacrifício com seus amigos, ou
também com estranhos pobres e necessitados, e assim a generosidade, a caridade
e o cuidado dos aflitos, fariam parte da festa, para completar uma verdadeira
ceia sacrificial, de bom agrado para Deus e para os homens.
7.26
Não comereis sangue.
Desde que o derramamento de sangue representava perda de vida (Gn 9.4), e que o
sangue assim derramado era usado somente para a expiação, nunca se podia comer
ou beber. Esta proibição se referia somente ao uso do sangue como alimento, e
não deve ser considerada uma lei contra a transfusão do sangue, o que é uma
operação médica para salvar vidas. Se queremos atribuir-lhe algum sentido
espiritual, seria apenas o de ilustrar a santidade do sangue de Cristo,
derramado em nosso favor para que tenhamos a plenitude da vida mediante Seu
sacrifício supremo.
7.30
Oferta movida.
Em primeiro lugar, o sacrifício era “movido”, ou abanado na direção do altar de
bronze, simbolizando assim que estava sendo oferecido ao Senhor, e depois era
movido em direção contrária para indicar que estava sendo devolvido aos
sacerdotes para os alimentar pelos seus serviços. Depois disto, a gordura da
oferta pacífica era queimada como oferta ao Senhor, a coxa direita ou a espádua
com o peito eram comidos pelos sacerdotes, e o que restava era comido pelos
fiéis, Êx 29.26n.
Levítico
8
8.1-36
A consagração dos sacerdotes. Nenhum homem era, por si mesmo, digno
de se aproximar de Deus, e daí a necessidade de sacerdócio mediador. Esse
sacerdócio era um dom de Deus (Nm 18.7), já que o próprio Deus escolhia e
vocacionava os sacerdotes, 8.4, 5; Hb 5.4. O sacerdote era um tipo de Cristo,
nosso único e verdadeiro Mediador, Hb 8.1; 1ª Tm 2.5. Os quatro passos para a
consagração eram:
1) A lavagem, 8.6, símbolo da purificação
e do novo nascimento, Tt 3.5;
2) O revestimento com as vestes
sacerdotais, 8.7;
3) A unção, 10-12, indicando a
santificação e prenunciando a unção do Espírito Santo, At 1.4-5, 8; 4) As várias
ofertas, 14-29.
8.2
Arão e seus filhos.
Cf. Êx 29. Esta foi a cerimônia da consagração, que depois passou a ser usada
para todos os sacerdotes Notemos que havia uma distinção implícita entre os
sacerdotes (Arão e seus filhos) e à resto dos levitas. A tribo de Levi, como um
todo, foi separada especificamente para o serviço religioso, mas somente os
descendentes de Arão, eram os sacerdotes que oficiavam nos cultos do
Tabernáculo e (mais tarde) do Templo, em Jerusalém, Nm 11 47-54. Veja também a
distinção entre sacerdotes e levitas na Parábola do Bom Samaritano Lc 10.25-37.
8.8
Urim e Tumim.
Estas palavras em heb, ambas no plural, podem ser interpretadas por “luzes” e
“perfeições”, respectivamente. De várias passagens, como Nm 27.21; 1º Sm
14.37-42 e 28.6, deduz-se que eram objetos que se lançavam como sortes para
determinarem as respostas de Deus às questões de interesse do Seu povo.
Supõe-se ainda que os objetos eram pedras preciosas, que se conservavam no
bolso que era a parte básica do peitoral do sumo sacerdote, e que tais pedras
eram o meio de se descobrir a inocência ou a culpa de pessoas suspeitas, e de
se saber a vontade divina de um modo geral. Cf. as notas de Ed 2.63 e Êx 28.15.
O uso de Urim e Tumim não se menciona depois do reinado de Davi, a não ser na
época da volta do Cativeiro em Babilônia 538-333 a.C., quando a falta de
sacerdotes com Urim e Tumim era considerada uma irregularidade grave, Ed 2.63;
Ne 7.65.
8.14
Puseram os mãos.
Isto significava que os pecados do ofertante se imputavam à oferta pela culpa,
que tinha que morrer para fazer expiação pelos sacerdotes. Nisto se vê um claro
tipo de expiação substitutiva realizada pela morte de nosso Senhor Jesus
Cristo, Hb 2.9-18; 1ª Pe 2.24.
8.14-29 A última parte da consagração de
Arão e de seus filhos, isto é, a parte das ofertas se divide assim:
1) A oferta pelo pecado, a imputação da
justiça a Arão, 14;
2) O holocausto pelo qual se imputava a
santidade, 18;
3) A oferta do carneiro completa a
cerimônia, sacrificialmente efetuando a consagração, 22.
8.22
Consagração.
Heb millu'im, que quer dizer
“preenchimentos”, ou “ações de encher”, parcialmente porque “encher as mãos”
era o termo técnico para designar a investidura dum cargo importante, e,
parcialmente, para geminar a palavra “pacífico”, que também tinha o sentido de
ser completo, pleno, próspero e saudável, Ef 3.9. Na antiga tradução dos 70 foi
chamado “o cordeiro da perfeição”, já que completou a consagração do sacerdote,
capacitando-o, doravante, a fazer sacrifícios a Deus. Compare com “aperfeiçoasse”,
em Hb 2.10.
8.23
O sangue derramados. O
sangue derramados sobre a orelha, o polegar da mão direita e o polegar do pé
direito do sacerdote simbolizavam sua consagração completa para ouvir, ensinar
e observar a Palavra de Deus.
8.26
Pães... bolo.
Foram trazidos, num cesto, vários tipos de pães (7.12, ver também 7.12n), que
tinham sido preparados para a consagração dos sacerdotes, sob a direção
espiritual de Moisés (cf. v. 2).
8.30
Óleo... sangue.
Os sacerdotes da Antiga Aliança eram ungidos com óleo e com sangue,
representando respectivamente duas bênçãos que haveriam de ser derramadas sobre
o povo de Deus com a vinda de Cristo: a unção do Espírito Santo e o sacrifício
expiatório, que não dependem de cerimônias físicas, mas são o fruto da obra de
Cristo naqueles que o aceitam e que, por isso mesmo, são considerados um
sacerdócio real de Cristo. Estes possuem as realidades espirituais que, no
Antigo Testamento, são apenas promessas.
8.35 A obra Sagrada dos sacerdotes
requeria um preparo feito com disciplina e dedicação; havia condições para se
alojarem dentro do Tabernáculo para servirem melhor, 1ª Sm 3.1-9. Os primeiros
dez capítulos deste Livro nos ajudam a entender esta obra, que consistia em:
1) Expiação, caps. 1-7;
2) Mediação, caps. 8-10. Primeiro o
sacrifício, depois o sacerdócio propriamente dito. O sacerdócio não é para
servir a pecadores, mas a santos, isto é, a gente convertida. Não é para o
mundo que Jesus Cristo é sacerdote, mas somente para a Igreja, Jo 17.9, 19.
Assim, percebemos que o homem só pode se aproximar de Deus pelo caminho da
expiação e da mediação, e que Jesus é a plenitude deste Caminho, sendo o
Sacrifício e o Sacerdote, Hb 9.11-12.
Levítico
9
9.1-24 As três partes essenciais do
capítulo são:
1) Os mandamentos, 1-7;
2) A execução dos mandamentos, 8.22;
3) A aprovação divina pronunciada sobre
aquilo que havia sido feito, 22-24.
9.4 Arão, tipificando Jesus Cristo na
sua posição de sumo sacerdote, não podia tipificá-lo em matéria de santidade,
visto que tinha, em primeiro lugar, que buscar a expiação pelos seus próprios
pecados, Hb 5.1-3.
9.11 Simbolizava a expiação completa;
completa maldição caia sobre o substituto, e a expiação não era completada até
que o sacrifício fosse completo e inteiramente consumido, Hb 13.11-13.
9.23 A glória do Senhor na nuvem, e o
fogo que d’Ele procedeu, (24), era uma confirmação pública da aceitação divina
do ministério sacerdotal e da eficácia das ofertas. Cf. também Êx 40.34; 2º Cr
7.1.
9.24 O fogo tem sido considerado um
símbolo sagrado por quase todos os povos e por quase todas as religiões. Como
símbolo ilustra muitas verdades bíblicas. O fogo foi empregado por Deus, não
somente para oferecer a Sua proteção divina (Nm 9.16) como também para ser o
instrumento da Sua justa vingança (Dt 4.24; Hb 12.29), e um símbolo do Espírito
Santo (Is 4.4; At 2.3). O presente versículo mostra a vinda do fogo com a
finalidade de consumir o sacrifício sobre o altar, já que todas as ofertas
queimadas tinham que ser consumias pelo fogo, 6.9-12. As Escrituras dão multas
instâncias da aparência sobrenatural do fogo: o arbusto que se queimava, Êx
3.2; a hora da Lei ser dada no monte Sinai, Dt 4.11, 36; no monte Carmelo,
quando Elias venceu os profetas de Baal, 1º Rs 18.38. Em algumas ocasiões o
próprio Deus apareceu no fogo, Êx 3.4-6; 19.18, e, no fim dos tempos, Jesus
Cristo voltará “em chama de fogo” 2ª Ts 1.18. O fogo nos dá a ideia de algo que
consome; que purifica e que derrete, e decerto, simboliza algo da Santidade de
Deus: “o nosso Deus é fogo consumidor”, Hb 12.29; Dt 9.3. Entre os casos
narrados na Bíblia, de uma destruição pelo fogo, operada por Deus, destacam-se:
1) Sodoma e Gomorra, Gn 19.24;
2) Uma das pragas sobre o Egito, Êx
9.23-24;
3) Uma praga entre os israelitas “, Nm
11.1-3;
4) Os 250 participantes da rebelião de
Corá, Nm 16.35;
5) Os 102 soldados que foram prender
Elias, 2º Rs 1.10-14 As profecias bíblicas sobre uma futura destruição pelo
fogo se referem às seguintes:
1) O julgamento ao toque da primeira
trombeta, Ap 8.7;
2) O fogo saindo das duas testemunhas,
Ap 11.5;
3) A destruição da Babilônia, Ap 18.8;
4) O fogo para consumir
os exércitos, de Satanás, Ap 20.9;
5) O fogo para destruir o universo inteiro 2ª Pe 3.10-13.
Levítico
10
10.1
Veja a Nota de 6.13.
Há quem infira do verso 9, que Nadabe e Abiú cometeram sua ofensa fatal quando
estavam sob influência de bebida inebriante, o que dá mais sentido à proibição
absoluta aos descendentes de Arão de beberem qualquer bebida fermentada antes
de entrarem para os seus deveres sagrados do Tabernáculo.
10.7 Como sacerdotes ungidos por Deus,
Arão e seus filhos tinham a obrigação de colocar o serviço de Deus em primeiro
plano, não podendo interrompê-lo, nem mesmo por causa de um enterro de algum
entre seus filhos ou irmãos, Mt 8.21-22 (que aplica a vocação a cada crente).
10.9
Bebida forte.
Provavelmente a cerveja, já que os povos daquela época nada sabiam de licores
destilados.
10.10
Imundo. Não
no sentido de sujo, mas sim de impureza cerimonial, Mq 2.10.
10.11 As instruções divinas,
suficientemente claras para que o povo as compreendesse, foram dadas para a
felicidade, prosperidade e bem-estar da nação.
10.19 Ao fazerem sua primeira oferta
pelo pecado, Arão e seus filhos se omitiram de comer a parte que lhes
pertencia, e assim fazendo, demonstraram uma aparente indiferença para com o
seu dever de se identificarem com o ofertante no seu pleito diante de Deus,
4.3; 6.26; 7,26; 8.14 (Nota). Esclarecendo sua atitude, Arão se defendeu nos
seguintes termos: tais coisas me sucederam, isto é, estava se recordando dos
acontecimentos daquele dia, da morte dos seus filhos, e estava na incerteza de
se, naquela circunstância, poderia ser realmente considerado digno de cumprir
sua missão sacerdotal, de ser mediador entre o povo e Deus, quando membros de
sua própria família tinham provocado a ira de Deus ao ponto de serem
fulminados.
Levítico
11
11.2 As restrições que se impuseram na
dieta dos membros da teocracia hebraica tinham razão determinada, ou pela
higiene, ou pela religião cumprida em Cristo; assim como acontece com todos os
tipos, promessas e profecias do AT, At 10.14, 15; 15.28-29; Cl 2.16; 1ª Tm
4.3-4. Examinando bem a lista dos animais imundos, percebesse que em cada caso,
uma ou mais das seguintes três considerações entra em pauta:
1) havia carne de animais ou pássaros
imundos que se podia considerar doentia e imprópria, por razões sanitárias,
pelo fato de se alimentarem de cadáveres em decomposição;
2) havia animais que eram intimamente
ligados com os depravados cultos pagãos, como por exemplo o porco, que era
oferecido aos deuses do mundo inferior;
3) havia no comportamento de alguns
destes animais, algo desagradável, com associações nefandas, como no caso de
todos os “animais que rastejam” (que é a expressão hebraica que nossa versão
interpreta por “répteis”) que se assemelham à serpente nos seus movimentos, e
no caso dos morcegos, cuja moradia são as cavernas escuras e úmidas, e ainda
odeiam a luz.
11.4
Imundo.
Veja 10.10n. Nota-se que a palavra “pecado” raramente aparece junto com o
conceito de “mundo”, sendo que este pertence ao campo da observância cerimonial
correta, e não da pureza ética. As leis contra a imundície enfatizavam a
santidade de Deus.
11.5-6 Esta lista deve ser considerada
como um guia simples e prático para o povo distinguir os alimentos puros dos
impuros; definições cientificas quase não entram em pauta. O arganaz, heb shalan, latim hyrax syriacus, vivia nas covas e nas fendas das rochas (Sl
104.18), sendo tímido e indefeso (Pv 30.26). Os árabes os comem, mas não os
oferecem aos hóspedes. A lebre, heb 'arnebheth
era um animal pouco conhecido por ser silvestre, diferente do coelho que era
domesticado.
11.13-19 Os pássaros que eram
considerados imundos, normalmente têm carne fétida, por se alimentarem de
cadáveres em decomposição; nem sempre se sabe definir, os nomes hebraicos dos
pássaros, e o atual governo de Israel está se empenhando em verificar, até que
ponto o canto, os hábitos ou a aparência da fauna alada daquela República dão
uma pista para identificar aqueles nomes que lhes foram colocados há tantos
milhares de anos. O quebrantosso (13) é um abutre que deixa cair os ossos das
suas vítimas contra os rochedos para lhe extrair o tutano. O corvo (15) inclui,
dentre a sua espécie, a gralha (18), mas o corvo marinho (17), pertence à
espécie de pelicano (18). A gaivota (16) é um pássaro marítimo, que às vezes
vem em bandos para o interior. O mocho (17) é um tipo de coruja (16). O
avestruz (16) já não se acha mais em Israel. A poupa (19) tem um penacho de
plumas vermelhas. Vê-se que não há, nestes versículos, uma tentativa de
oferecer uma lista cientificamente classificada.
11.22
Locusta.
A locusta aqui mencionada até hoje se vende nos mercados árabes, seja por
medidas, seja em molhos amarrados com linhas; conserva-se em sacos para a
alimentação no inverno. É assada na brasa, ou cozida por fervura branda em
manteiga, para depois ser comida com sal, especiarias e vinagre. Rejeitam-se a
cabeça e as asas. A locusta pode ser dessecada, moída; e transformada em bolo.
Os povos daquela região tinham bons motivos e ensejos para poderem definir
exatamente todos os tipos de locusta que lhes estragavam os plantios,
tornando-se em desgraça nacional como a que se descreve em Jl 1.4-20. Séculos
mais tarde, os rabinos definiram 80 tipos, mas a narrativa bíblica só em prega
9 termos hebraicos para a locusta, os quais os cientistas modernos estão
tentando definir, achando que pode se tratar de várias épocas diferentes no
crescimento da locusta. A tradução portuguesa menciona: locusta, grilo,
gafanhoto migrador, gafanhoto devorador, gafanhoto cortador, gafanhoto
destruidor.
11.27 Completamente sem casco, como o
gato, o cachorro, etc.
11.31-33 A expressão enxame de criaturas
se refere aos bichinhos que vivem nas casas, nas roupas ou nos utensílios
domésticos. O vaso de barro era provavelmente um forninho quebrável.
11.41 Abominação. Heb sheqec. Tudo aquilo que é ofensiva a
Deus e contrário ao Seu plano de proporcionar ao Povo Escolhido uma vida
agradável a Ele, quer seja referente a itens proibindo comida considerada
imunda, quer seja à idolatria, à prostituição e à desonestidade, cf. 2º Rs
23.13n. Não se proíbe nenhuma qualidade de frutas ou de vegetais.
11.44 É muito significativo para se
entender as relações do povo de Israel com Deus, que o motivo para se não comer
aqueles alimentos, não era um tabu baseado no medo, antes era um desejo de
honrar a Deus, cuja mão era vista na história nacional. A obediência àquelas
regras os separava para o serviço de Deus, para assim os tornar o povo santo
com quem o Senhor habitava.
11.47 Com a vinda de Cristo, as
exigências cerimoniais mosaicas tornaram-se obsoletas. Disse Jesus: “Não é o
que entra pela boca que contamina o homem”, Mt 15.11, e o Apóstolo Paulo
desenvolve este princípio em Cl 2.16-17, realçando Cristo como a realidade
duradoura.
12.2 A imundície associada com o
nascimento põe em relevo o fato que o homem nasceu com a natureza pecaminosa
herdada de Adão. Rm 5.18. A multiplicação da dor do parto é um dos aspectos da
maldição que veio através da queda do homem. A procura da pureza no culto de
Israel e a separação dos assuntos de sexo e de maternidade fazia um contraste
vívido com os cultos das religiões pagãs, nas quais os ritos de fertilidade e a
orgia faziam parte integrante das cerimônias. Já que as crianças nascem com
inclinação para o pecado, é necessário que sejam educadas na “disciplina e na
admoestação do Senhor”; já na época do seu nascimento havia disposições sobre
elas na Palavra de Deus.
12.5 Sendo que havia perda de sangue no
nascimento de uma criança, aplicavam-se as leis da purificação 15.16-18.
12.8 A purificação da mãe também era a
ocasião da dedicação do filho que aliás já entrara na graciosa Aliança de Deus,
mediante o rito da circuncisão administrado pelo pai no oitavo dia. Este versículo
nos ajuda a compreender que o que pesa no sacrifício não é o valor da oferta,
mas sim, o simbolismo de haver a exigência de uma morte para expiar a impureza
e a pecado, e um espírito de renúncia, dedicação e amor da parte do ofertante.
A mais célebre das ofertantes pobres é a própria mãe de Jesus, Lc 2.24; e o
melhor exemplo de dedicação total ao trazer uma oferta se vê na viúva pobre,
descrita em Mc 1 2.41-44.
Levítico
13
13.2
Lepra.
Este termo genérico era usado para descrever uma variedade de doenças, e até a
bolor ou manchas nas vestimentas e nas casas, Lv 13.47-59; 14.34-53. Incluía
certa impigem, uma doença que era confundida com a lepra, 13.39. A lepra
tuberosa começava com empolas vermelhas e produzia manchas e deformações (as
lepromas). A lepra trofoneurológica paralisava os nervos de tal maneira que os
membros tornavam-se entorpecidos, atrofiados e sem vida. Seja qual for o tipo
da lepra, a lei exigia que a doença fosse observada, a fim de debelá-la nos
seus estágios primários.
13.8
Examinará.
Entre as muitas doenças semelhantes à lepra propriamente dita, havia a
escrófula (que produz tumores), a eczema, a micose e várias dermatites, as
quais os sacerdotes precisavam conhecer para identificá-las em cada caso,
individualmente.
13.13 A brancura no corpo inteiro sem,
porém; haver sinais de apodrecimento, indicava uma doença da pele, diferente da
verdadeira lepra.
13.14
Imundo.
Veja as Notas de 10.10 e 11.4. Quem tocasse em qualquer forma de imundície
humana era considerado culpado (5.3) e teria que trazer uma oferta pela culpa,
segundo as instruções divinas 5.6. Quando o Senhor Jesus Cristo, movido de
íntima compaixão tocou num leproso, este sarou no mesmo instante, Mc 1.40-42.
13.18
úlcera.
Heb shehin, “inflamação”, uma
queimadura produzida por um golpe ou por uma contaminação, mas não pelo fogo. A
lepra teria mais facilidade em atacar um centro assim debilitado.
13.24-28
Queimadura.
Heb mikhwâh, “lugar chamuscado”. O
fogo se menciona especificamente (veja a Nota acima). Sendo um ponto onde a lepra
poderia se manifestar, havia exames repetidos, tanto para descobrir a doença,
como também, verificar sua ausência e evitar uma quarentena indevidamente
imposta quando não se tratasse da lepra verídica.
• N. Hom. Em muitos pormenores, as leis
sobre a lepra se assemelham a realidades espirituais, sobre a contaminação do
pecado.
Os sinais são:
1) A inchação (sugere o orgulho);
2) A pústula (sugere a deformação
produzida pela sensualidade);
3) A mancha lustrosa (talvez o brilho da
falsa religiosidade, a hipocrisia). São portanto, os pecados:
1) Da mente;
2) Do corpo;
3) Do espírito. Quem pronuncia sobre
este estado é o sacerdote, assim como o Ministro reconhece os sinais do pecado
e os anuncia ao povo. O pronunciamento eterno sobre o estado final do pecador
só pode ser feito por Jesus Cristo, o único Sacerdote eterno e perfeito, e só
Ele tem poder para salvar a vítima do pecado, Hb 7.23-27. Percebe-se, neste
capítulo, que nada há que o sacerdote humano possa fazer para eliminar a lepra,
e muito menos o pecado que simboliza. A responsabilidade dos espirituais (Gl
6.1) é perceber a doença e a cura, separando os doentes, e recebendo os curados
à plenitude da Comunhão. A lepra é contagiosa, o pecado o é também. A doença
espiritual se reconhece quando as obras da carne se revelam de maneira crua e
dramática em nossas vidas, vv. 14 e 15, cf. Gl 5.19-21. Talvez a doença da
pele, mencionada nos vv. 12 e 13 possa sugerir que quando o pecado se torna
claramente visível ao pecador, a situação se transforma totalmente: o Espírito
Santo o convence do pecado (para reconhecer seu estado), da justiça
(apontando-o para o Salvador que o purifica de todo o pecado), e do juízo
(fazendo-o compreender que Cristo já o pronuncia limpo aqui na terra, Jo 15.3,
e também no julgamento final), veja Jo 16.7-11. Esta mudança sobrenatural e
eterna se simboliza no v. 16. A úlcera descrita nos vv. 18-23, é comparável às
feridas recebidas no mundo; as mágoas e os maus hábitos antigos, normalmente
são um ponto fraco para onde converge o pecado. Mas o crente recebe os golpes
da vida com fé e com coragem, e então qualquer estrago causado pelo mundo não o
levará à corrupção do pecado, não ficará “mais fundo do que a pele”, não
produzirá, o pêlo branco do desfalecimento espiritual. A queimadura “descrita”
nos” vv. 24-28 pode representar alguma paixão, como se descreve em 1ª Co 7.9,
que levaria ao pecado se não fosse regulada e dominada pela Palavra de Deus. Os
impulsos naturais são parte do nosso ser, mas não nos devem imergir no pecado.
13.40-44 A queda do cabelo não era,
necessariamente, um sinal de lepra.
13.45,46 Se fosse realmente leproso, o;
homem deveria aparecer como quem está de luto, e, recluir-se em quarentena, Jó
2.7-8. Era considerado “imundo” pelo fato de sua doença poder ser transmitida a
outros, e era também ritualmente imundo, o que quer dizer que mesmo depois da
cura só podia ser considerado “limpo” depois de ter sido ritualmente purificado
(14.1-32). Com o desenvolvimento posterior das sinagogas, foram admitidos ao
culto num lugar à parte. Entravam no local do culto antes dos demais
adoradores, e saíam depois que a congregação deixava o recinto. Esta doença
pode ser encarada como símbolo do pecado nos seguintes pontos:
1) Era contagiosa, assim como o pecado
de Adão passou a todos os homens, Rm 5.12;
2) Era progressiva: os pecados e os
hábitos depravados tendem a aumentar, dominando suas vítimas;
3) Era motivo de isolamento, assim como
o pecado causa separação de Deus (Is 59.1-2), e separa os vários membros do
povo de Deus (2 Co 6.17); 4) Causa angústia, tormento e até a morte, Rm 6.23.
Veja a N. Hom. em 13.24-28.
13.56 Sendo que as vestimentas são
tecidos, e não um organismo vivo, a remoção da parte afetada deveria pôr fim à
praga. Havia uma semelhança à lepra no fato de existir a mudança de cores nas
manchas, para o verde ou para o vermelho, o que provavelmente era devido à
atuação de cogumelos. A limpeza e a higiene exigiam que a praga fosse
interrompida e removida. Alguns acham que este trecho se refere ao bolor, ao
mofo ou à mangra.
Levítico
14
14.2 Ser purificado significava começar
ei vida de novo; uma figura do novo nascimento no Espírito Santo.
14.3 O leproso não podia curar a si
mesmo, nem se pronunciar limpo; nem tinha condições de ir procurar o ministro
de Deus: o sacerdote é que tinha de ir ao seu encontro, fora do arraial. O
pássaro morto representava a necessidade de uma vida para recuperá-lo, e
pássaro vivo que se soltava representava sua própria vida que se renovara no
ato da purificação, mas não se soltava antes de ter sido molhado com o sangue
do pássaro sacrificado. O cabelo cortado e raspado sugere o desembaraço das
coisas antigas, para agora passar a uma vida nova, de liberdade. A unção (17 e
18) simbolizava que a vida do leproso passara a estar aos cuidados do grande
Médico.
14.5
Águas correntes.
A frase dá ideia de uma nascente ou de um córrego, cf. Jo 4.10; 7.38, vd “água
viva”.
14.7
O pássaro que se soltava não era um sacrifício. O mesmo ritual
se aplica à purificação de uma casa, 14.53, e era semelhante ao ritual do bode
expiatório que fazia parte das cerimônias do Dia da Expiação, 16.21. O leproso,
ao ver o pássaro voar livremente, veria uma dramatizarão religiosa da sua
própria libertação da doença.
14.10 Três dízimas de um efa.
Equivalente a 6,6 litros, o efa sendo de 22 litros. O sextário era uma medida
para líquidos de 0,3 litro.
14.12 Este é o único caso de uma vítima
inteira ser movida perante o Senhor, cf. 7.30, 34; 8.27-29; 9.21; 10.14-15;
14.12, 24; 23.11-20.
14.15-18 O sacerdote tinha que colocar
uma parte do sextário de óleo na palma da sua mão esquerda, uma cerimônia que
pertence somente a está purificação dos leprosos. Não que haja algo de singular
no uso do sangue juntamente com o azeite; isto também consta na cerimônia da
consagração de Arão, 8.30; mas em nenhuma outra passagem consta a aspersão com
óleo sete vezes perante o Senhor. Além disso, os sacerdotes que recebiam a
aspersão do sangue em várias partes do corpo (8.23-24), não recebiam a segunda
aspersão com o óleo, que era o caso dos leprosos. Só estes recebiam, além do
sangue que, especialmente, indica a reconciliação, o óleo que simboliza o poder
tão necessário para ter uma vida de saúde recuperada.
14.19 As três qualidades de ofertas para
os leprosos eram:
1) a oferta pela culpa, 13;
2) a oferta pelo pecado, 19;
3) o holocausto, 19, com a oferta de
manjares, 20. A oferta pela culpa era exigida por causa do estado de imundície,
pelo qual o leproso passara (5.3) “Seguia-se a oferta pelo pecado, e depois, o
holocausto com a oferta de manjares. Com isso o homem era restaurado a seu
estado legal de pureza e de comunhão com Deus e com os homens.
14.21
Azeite.
Não era o óleo da santa unção dos sacerdotes, mas um azeite de oliva que foi
consagrado especificamente para este culto religioso; simbolizava a dedicação a
Deus desta vida renovada.
14.21-32 A concessão à pobreza permitia
a substituição de duas rolas pelos dois cordeiros, exigidos conforme v. 10, e a
diminuição do peso de farinha de três dízimas de um efa (10) para uma (21). Não
se toleravam exceções para a oferta pela culpa (um cordeiro e um sextário de
azeite), cujas cerimônias deveriam ser iguais para os ricos e para os pobres,
sendo elementos essenciais e significativos.
• N. Hom. As cerimônias elaboradas, e os
exames cuidadosos, revelam que a pureza é importantíssima, e que não se obtém
só por querer, Rm 9.16. A chave das cerimônias é o cordeiro da oferta pela
culpa:
1) Foi morto para pagar a culpa;
2) Foi oferecido no lugar da oferta pelo
pecado e do holocausto, vinculando estes três sacrifícios, v. 13;
3) Foi oferecido num lugar santo (Cristo
levou Seu sacrifício até o Santuário Eterno, entrando no céu, Hb 9.24-25);
4) Esta oferta pertencia ao sacerdote,
assim como a oferta dê Cristo é para alimentar o povo de Deus, o sacerdócio
real, 1ª Pe 2.9; 5) Esta oferta era santíssima, para um povo santo, do tipo que
se descreve em 1ª Pe.
14.25 É claro que só Cristo tem a
capacidade para ser o Cordeiro verdadeiro, profeticamente aludido nestas
cerimônias, cf. Êx 12.1-28n e referências.
14.34
Eu enviar a praga.
Deste versículo alguém podia concluir que Deus é fonte imediata de toda a
lepra; precisa-se, porém, ter em mente as seguintes considerações:
1) A Bíblia descreve aquilo que Deus
permite dentro da Sua Providência como “ato de Deus”, Êx 15.26; Dt 7.15; 1 Sm
2.6; Pv. 3.33; Is 45.7;
2) Há certos casos onde vê o homem
colhendo os resultados daquilo que semeou, Gl 6.7-8;
3) Em outros casos, não há um elo
imediato com algum pecado específico, Jo 9.1-3. A alguma casa. Deve ser bolor,
mofo, podridão. 14.41 Hoje sabemos que muitas doenças são devidas a bactérias
que se multiplicam rapidamente sob condições favoráveis de escuridão e de
umidade. Antes de os homens saberem disso, Deus já tinha providenciado leis
higiênicas que preservariam os obedientes destas pragas.
14.44 Maligna. Lit. “irritação”, uma
forma dá raiz mã'ar (traduzida
“picar” em Ez 28.24), que só ocorre aqui.
• N. Hom. 14.33-47 A lepra que invade
uma casa pode simbolizar o pecado que, querendo tornar conta de uma igreja, que
é comparada a uma casa em Ef 2.19-22, e cujos membros são as pedras, 1ª Pe 2.5.
A primeira coisa a ser feita é remover os móveis, v. 36, que simbolizam todos
os hábitos, costumes, cerimônias, e tradições que não têm fundamento na Palavra
de Deus. Depois, procuram-se os sinais de corrupção e de podridão, 37; estes se
reconhecem logo, seja na prática, na doutrina, seja no culto, pelo contágio que
produzem, 39. Procede-se então à remoção das pedras contaminadas, 40 (a
excomunhão individual conforme 1ª Co 5.1-5). Se depois disto não há cura nem
arrependimento, só resta a eliminação da casa, 45 (a rejeição da igreja, Ap 2.5
e 3.16).
• N. Hom. 14.48-53 Aplicando-se o caso
da lepra de uma casa a uma igreja invadida pelo pecado, descreve-se aqui a
cura. O sangue da ave sugere o sangue precioso e purificador de Cristo; sem
esta doutrina da salvação pelo sacrifício de Cristo, uma igreja passa a ser
apenas uma sinagoga de Satanás. As águas correntes lembram o Espírito Santo,
cuja inspiração e poder trazem reavivamento a uma igreja pecadora. A ave viva é
comparável ao pecador libertado, que voa livre e alegre pelo mundo depois de
ser salvo, e o pau de cedro com o Madeiro que torna o crente capaz de
participar da crucificação de Cristo, para que Cristo viva nele, Gl 2.19-20. O
hissopo é aquilo que aplica o sangue purificador e sugere a fé, despertada pelo
Espírito Santo. O carmesim fala de purificação e de segurança (e.g., Js
2.19-21), que é o caminho diário dos membros de uma igreja verdadeira.
14.48 Este segundo exame foi feito para
verificar a eficácia da cura.
14.53 Conforme se fazia também com a
pessoa leprosa (v. 7), libertava-se no campo o pombo vivo, para simbolizar
assim a libertação de qualquer objeto da praga da lepra que o assolava.
Levítico
15
15.1-3
Certos fluxos do corpo eram normais, mas causavam impureza cerimonial. Outros fluxos
eram anormais e indicavam doenças. As doenças venéreas eram usualmente
transmitidas através das relações sexuais promíscuas, sendo, pois, claramente
associadas ao pecado.
15.2
Fluxo.
Heb zãbh do verbo zübh “fluir” tão comum na expressão: que mana mel e leite”
(20.24), aqui se refere ao fluxo menstrual ou seminal. A mesma raiz produz a
palavra zôbh, também traduzida
“fluxo” (na segunda ocorrência neste versículo), que se refere a alguma impureza
que a Septuaginta traduz “gonorréia”, doença conhecida desde a antiguidade mais
remota, sendo tão antiga como o pecado que a produz.
15.3 O homem continuava a constar como
imundo até que, fisicamente curado, era também cerimonialmente purificado,
13-15.
15.4-12 Regulamentava-se o isolamento
completo para essas pessoas doentes.
15.7 Três mandamentos para aqueles que tocassem
numa pessoa com fluxo:
1) Lavar suas roupas 5-11;
2) Banhar seu corpo, 11;
3) Permanecer imundo até a tarde, isto
é, passar o resto do dia observando a separação exigida pela impureza
cerimonial e física, 13.45-46 (Nota).
15.8 Cuspir sobre alguém era um costume
oriental que demonstrava desprezo, expressando um insulto (Nm 12.14; Dt 25.9;
Jó 30.10; Is 50.6; Mt 26.67), Até a tarde. Isto significava a imundície
cerimonial até ao poente, que era o fim do dia israelita. Durante esse tempo de
imundície, a pessoa não podia oferecer sacrifício algum.
15.9
Sela.
Heb merkabh, lit. “algo para
sentar-se”, traduzido “carro” em 1º Rs 4.26, e “assento” em Ct 3.10. A forma
significa “carro”.
15.12
Vaso de barro.
Estes vasos porosos retinham a sujeira e deixavam os germes se desenvolverem;
haveria muito mais facilidade em lavar e purificar os vasos de madeira e de
metal, cf. 6.28 (Nota).
15.13
Águas correntes.
Excelente, profilaxia contra as bactérias.
15.17
Pele.
Estas peles cabeludas eram os assentos e os colchões do povo.
15.25-27 Os hebreus tinham sido
abençoados com uma revelação particular e específica de Deus, e por isso mesmo,
somente a Ele podiam prestar culto. A impureza moral separa o adorador do seu
Deus. A impureza física, sem ser estritamente pecado, certamente não podia ser
classificada como santidade e, além disso, sugere o pecado. Nunca se deve
esquecer do fato de estarmos adorando o Deus da santidade; era esta a razão de
ser destes sacrifícios de purificação.
15.31 Estas leis tinham como objetivo
principal gravar nas mentes dos israelitas a necessidade da reverência para com
o santuário de Deus. Para que o culto prestado a Deus lhe fosse aceitável, era
necessário uma grande prudência religiosa, para andar em pureza de coração e
santidade de vida. Estas leis faziam os adoradores compreenderem seu papel de
pecadores neste mundo transitório, tão cheio de tentações e de corrupção, e que
por isto mesmo sempre haveria a necessidade da misericórdia divina, do perdão
através da grande expiação que se prefigurava em todos esses sacrifícios e
purificações.
15.32 Fluxo. Heb zôbh, o segundo dos
sentidos mencionados no v. 2n.
Levítico
16
16.1-34 Este capítulo é o clímax da
primeira seção do Livro, os 16 capítulos que apresentam o caminho de acesso a
Deus, do qual este ritual é o mais solene e eficaz, realizado uma vez ao ano,
pelo qual o sumo sacerdote entrava no santuário para fazer expiação pelo povo.
16.6
Expiação.
Heb kipper, “encobrir”. Um sacrifício
expiatório cobre a transgressão, para nunca ser considerada e, portanto,
punida. Este foi feito por Cristo de maneira eficaz, quando sacrificou em prol
dos pecadores a Sua própria vida imaculada, de perfeita obediência a Deus,
pagando assim uma penalidade que encobre os pecados dos que creem. O justo
sofreu vicariamente pelo injusto, 2ª Co 5.21; 1ª Pe 2.24. O mesmo pensamento
jaz na palavra “reconciliação” no Novo Testamento; traduz a palavra grega katallage e significa a reparação legal
e moral pelos danos causados pelos pecadores (Rm 5.11), restaurando assim as
relações entre Deus e os homens, que tinham sido rompidas quando os homens
violaram a lei de Deus, tornando-se réus da penalidade da morte que a justiça
divina exigia. O efeito desta obra de Cristo é a retidão e a vida eterna para
os que a aceitam pela fé, Ef 2.8-10. No dia da expiação, os homens tomavam
parte numa cerimônia que prenunciava a morte de Cristo; o sangue dos animais
não removia o pecado (Hb 10.4), mas sim, a obra de Cristo, da qual era símbolo,
é que o removia. Cada sacrifício era uma “nota promissória” do pagamento
completo que Cristo havia de fazer para liquidar as dívidas eternas dos
pecadores. Este dia se repetia anualmente, quando o sumo sacerdote tinha que
levar sangue para fazer expiação por si mesmo e por todo a seu povo (Hb 9.7);
Cristo fez uma expiação eterna, uma vez para sempre, com Seu próprio sangue, e,
sem ter pecados próprios, cumprindo a plenitude do significado daquelas
ofertas, tornou-as obsoletas, Hb 9.12-28.
16.8
Bode emissário.
Heb 'azazel, lit. “a força de Deus”.
A Bíblia
diz que eram lançadas sortes sobre os dois bodes: uma sorte pelo Senhor e a
outra pelo bode emissário (Lv. 16.8). Conforme a sorte, um dos bodes era
oferecido ao Senhor em expiação pelos pecados, e o outro era solto no deserto.
Após o lançamento de sortes, o bode
emissário recebia, pela mão do sacerdote, os pecados do povo e era afastado
para longe, enquanto o outro bode era imolado, fazendo assim a expiação pelo
povo.
Quanto ao bode que era solto no deserto,
como a passagem no hebraico refere-se a “azazel”,
alguns supõem que ele representa um espírito, um demônio ou o próprio Satanás.
A tradição da kabala judaica diz que Israel era salvo das astúcias do Diabo
quando este bode lhe era enviado. O bode levaria todas as iniquidades e
transgressões do povo. Parte da erudição evangélica moderna tem favorecido
essas interpretações, não obstante Levítico 17.7 parecer excluir a ideia de que
o bode servia como um sacrifício ‘oferecido a azazel’.
O significado de “azazel” tem várias interpretações. Azazel vem das raízes hebraicas “ez” (bode) e “azai” (voltar-se,
virar-se). Há quem diga que o termo vem do árabe “azala”, que significa
“remover”, “banir”. A maioria dos rabinos entendia que “azazel” era o local aonde o bode era enviado no deserto. Como
muitos judeus acreditavam que o deserto era a habitação de espíritos maus,
alguns pensavam que azazel era um
espírito mau. Porém, Levítico 17.7 não apoia essa conclusão. Além disso, uma
coisa é clara: o termo “azazel”
refere-se a um lugar e não ao bode. Ele ia “para Azazel”. Portanto, o bode emissário, carregando os pecados do
povo, era levado “a Azazel”, ele não
era “Azazel”.
16.11,12 Cristo tendo levado, nossos
pecados para longe, não haverá, mais memória deles; 20.22 com, Hb 10.17 e Jr
31.34.
16.15 O ato de o sumo sacerdote entrar
no Santo dos Santos era uma prefiguração da entrada de Cristo nos céus, depois
da Sua morte e ressurreição, Hb 9.11-12. O propiciatório, heb kapporeth, lit. “cobertura”. A tradução
grega o chama de hilasterion,
“propiciação”, a mesma palavra usada para descrever o Senhor Jesus Cristo em Rm
3.25. A raiz hebraica produz a palavra traduzida por “expiação” em 16.6n, e “propiciação”
em 16.17. Era a tampa da arca, e o lugar da expiação.
16.17
Propiciação.
É a mesma palavra hebraica traduzida por “expiação”.
16.29
Perpétuo.
Foi observado até ao Cativeiro na Babilônia (587 a.C.) e recomeçado depois da
restauração (538 a.C.), até à destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Quando
Israel falhou com Deus e teve que ser julgado, Deus não tinha mais a obrigação
de guardar Sua Aliança com aquele povo. O permanecer na Terra Prometida
dependia da Aliança condicional baseada na obediência e na fidelidade dos
israelitas para com seu Deus. Afligirei a vossa alma. Esta expressão se refere
à abstinência de comida; à humilhação e à lamentação pelos pecados, que eram o
conteúdo básico do jejum, Dt 9.18, Ne 9.1-2; Jz 2.12. Havia a confissão dos
pecados, 1º Sm 7.6, Ne 9.1-2; e havia orações de súplica, Ed 8.23; Dn 9.3. A
prática se recomendam frequentemente tanto no Antigo como no Novo Testamento
(cf. as palavras de Jesus em Mt 17.21) e era um sinal exterior da
autodisciplina e da humildade que eram sua finalidade e alvo principal, Sl
35.13; 69.10. Recorria-se ao jejum especialmente em face das calamidades,
aflições, desditas e de perigos que se aproximavam, tanto pelas nações, como
pelos indivíduos. Era empregado pelos hipócritas para ganharem reputação de piedade
diante do s homens, embora, nem mesmo assim é possível impressionar a Deus, que
sabe ler em seus corações. Exemplos inspiradores de pessoas que jejuaram foram:
1) Davi, 2º Sm 12.16;
2) Daniel, Dn 9.3;
3) Cornélio, At 10.30;
4) Paulo, 2 Co 11.27. Era uma maneira de
buscar a Deus, obedientemente, abandoando os maus caminhos, 2º Cr 7.14.
16.34 A antiga Expiação era anual; a
verdadeira Expiação, eterna, feita por Jesus Cristo, é um ato que é suficiente
para sempre, Hb 9 25-26.
Levítico
17
17.1 Esta seção de leis que vieram de
Deus para o povo de Israel, por intermédio de Moisés, no monte Sinai (26.46), é
comumente chamada “Código de Santidade”, porque apresenta os condições que Deus
requeria de Israel para que fosse realmente um povo santo. Estende-se até
26.45.
17.4 O mandamento de Deus exigia que
todo o sacrifício de sangue fosse oferecido no Tabernáculo (mais tarde, no
Templo em Jerusalém), e não onde quer que o homem escolhesse para si mesmo. O
sacrifício certo, no lugar errado, ou feito de maneira errada nada valia; a
desobediência nestas coisas traria a culpa do sangue, e não o perdão desejado.
17.7
Prostituem.
A nação hebraica era simbolicamente casada com Jeová; tanto no Monte Sinai (Dt
4.13, 23), como nas planícies de Moabe (uma nova geração depois de a interior
ter perecido), Dt 29.1. A prostituição simboliza a apostasia, a falta de
fidelidade a Deus e, naquelas épocas, se relacionava mormente com a idolatria
com seus ritos perversos. 17.10-14 A vida de um animal estava no seu sangue, Gn
9.4, e a vida era sagrada, pertencendo a Deus concedê-la ou retirá-la. O sangue
era sagrado porque era usado nos sacrifícios, e simbolizava a vida que Jesus
deu sobre a cruz para nos trazer a expiação, Hb 9.12-14, 22. Deus, proibiu a
Noé comer sangue, Gn 9.4; aos cristãos gentios pediu-se que observassem este
preceito para não ofender a seus irmãos judeus At 15.20.
17.11 Sangue. Como um princípio básico,
a Escritura insiste que nenhuma expiação pelo pecado é possível sem o
sacrifício de uma vida, da qual o sangue era uma representação visível. Quando
se apresentava o sangue, era prova aceitável perante Deus que uma vida havia
sido sacrificada. O sangue de Jesus satisfaz as condições que a justiça divina
requer para a salvação do homem.
17.15 Quando um animal morria de alguma
doença, ou era morto por algum outro animal, era provável que seu sangue não
houvesse sido devidamente removido, portanto não podia ser uma comida lícita
para o homem. Além disso, a doença que ceifou o animal podia ser ameaça à saúde
daqueles que o comessem.
Levítico
18
18.1-30 Os padrões de pureza na vida
familiar que sempre tinham tomado vulto perante os olhos dos israelitas, a
saber, os do Egito e de Canaã, eram corrompidos; por este motivo, Israel
necessitava de um padrão divinamente inspirado, por ser um povo santo, dedicado
a Jeová. As leis modernas sobre o casamento, na sua maior parte, sequem as
limitações estabelecidas aqui. O casamento entre parentes consanguíneos aumenta
a probabilidade de problemas de hereditariedade, especialmente no caso de
doenças mentais. A pureza sexual é uma parte integrante da saúde do corpo e da
alma.
18.2
Eu sou o Senhor.
O Senhor (Jeová) frequentemente despertava na mente do Seu povo a memória da
Sua Soberania e da Sua Majestade, bem como a da Sua Santidade; só nos vv. 2-6,
esta expressão ocorre quatro vezes. No Monte Sinai, o povo recebeu uma nítida
impressão deste fato.
18.6 É verdade que nos primeiros dias da
raça humana, irmão se casava com irmã, desde que não havia mais ninguém com
quem se casar. Com firme estabelecimento da raça humana, Deus proibiu
casamentos entre parentes consanguíneos. Por exemplo, um homem não devia se
casar com sua irmã, nem com sua tia, ou com sua nora.
18.8
Mulher de teu pai.
Quer dizer, qualquer esposa de seu pai.
18.9
Filha de teu pai.
Esta parte do versículo se refere à irmã só por parte do pai; o resto se refere
ou à irmã propriamente dita, ou à meia irmã do lado materna.
18.21
Moloque.
Heb mõlekh, que é palavra melekh “rei” com as vogais da palavra bõsheth “vergonha”. O nome Baal quer
dizer “senhor”; “rei” era apenas outro nome que os idólatras davam aos baalins;
para os israelitas, portanto, os ídolos de Baal, longe de ser imagens de reis,
eram apenas coisas de vergonha, tentando o povo a dois pecados graves: a adoração
de falsos deuses em lugar do próprio Deus, e a empregar liturgias pagãs para
adorar Jeová. Ambos estes pecados eram uma abominação perante Deus. O nome
especifico usado aqui se refere a uma imagem oca, com braços estendidos, e com
um incinerador na parte vazia, destinado a receber crianças em sacrifício
queimado. 18.24-30 Estes versículos lançam luz sobre o motivo da destruição das
nações de Canaã por mandato divino. As abominações da imoralidade das nações
pagãs tinham chegado a um tal extremo que, afinal, a “medida da iniquidade dos
amorreus” se encheu, Gn 15.16. Por isso, Deus advertiu a Israel que tivesse
cuidado e não fizesse como os cananeus. Como Israel era o povo escolhido de
Jeová, esperava-se mais deles do que de qualquer outra nação; Dt 9.25-29.
18.28
Vomite... vomitou.
Deus fala, nas Escrituras, de tratar assim a três grupos de pessoas:
1) Os cananeus pagãos, 28; “E, por
haverem desprezado o conhecimento de Céus, o próprio Deus os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem coisas, inconvenientes”, Rm 1.28;
2) Os israelitas idólatras, 28; 20.22;
Jr 25.27;
3) Os cristãos apóstatas, Ap 3.16. Tudo
isto é uma ótima admoestação a todos nós no dia de hoje.
Levítico
19
19.1-34 Essas leis eram cerimoniais e
éticas; as últimas são baseadas nos Dez Mandamentos.
19.2 A santidade e a perfeição de Deus
formam a base para se exigir a justiça da parte de todos aqueles que Lhe
pertencem. Jesus disse que deveríamos ser perfeitos, como o é nosso Pai
Celestial, Mt 5.48.
19.4
Ídolos.
Há várias palavras hebraicas que descrevem os ídolos; aqui temos 'elilim, lit. “coisas de nada”,
“vaidade”. Vem de uma raiz que significa “evaporar-se”. A essência do ídolo
realmente é nada, 1ª Co 8.4.
19.9,10 No livro de Rute temos um belo
exemplo do cumprimento desta lei, Rt 2.8-16. Ao pobre e ao estrangeiro. Duas
classes de pessoas que, juntamente com os órfão não possuíam força carnal para
defender seus direitos, sendo desprezados pelos pagãos por não poderem se
defender com o dinheiro, nem com um “Vingador”, um parente poderoso que fosse
solidário à sua causa. São justamente aqueles que, sendo desprovidos de
recursos humanos, são os melhores recipientes do: socorra divino, 2 Co 12.9-10.
19.12 A ideia, aqui, é que ninguém deve
ser rápido demais para fazer votos em nome de Deus, e muito menos usar o nome
de Deus em juramentos falsos, com o intuito de fazer parecer puros e verídicos
os atos mais escabrosos, dando a força da verdade à própria mentira, Êx 20.7n.
19.13 Trata-se de jornaleiros que
necessitavam do seu salário dia após dia para o sustento de sua família, Dt
24.14; Jr 22.13; Ml 3.5.
19.16 Mexeriqueiro. Heb rãkhfl, lit. “mercador”. Um tipo de
“camelô” que leva mercadorias de pouco valor pelas ruas afora; no caso, são
escândalos e mentiras. Cf. 1 Sm 22.9-18; Jr 6.28; 9.4; Ez 22.9.
19.18 A reverência a Jeová não somente
produz a santidade no sentido de evitar a contaminação (heb tãme), mas também a prática do amor aos
nossos semelhantes. Jesus desenvolveu esta verdade, ao exigir que amássemos aos
nossos inimigos, Mt 5.4344. O amor é o cumprimento da Lei, Mt 22.40.
19.20 Moça escrava tinha direitos, mas
suas circunstâncias lhe tolhiam sua possibilidade de exercê-los. Era o homem
que tinha de procurar a expiação pela sua transgressão, e a moça não podia ser
morta; o motivo desta clemência legal é que a escrava, sendo considerada a
propriedade particular de outro homem, por ser sua concubina (Êx 21.711), não
podia morrer sem causar uma perda injusta ao seu senhor ou dono que a comprara.
19.23 Nos primeiros três anos, as
árvores, recém-plantadas raramente davam frutos bem desenvolvidos. Em hebraico
eram chamados “frutos incircuncisos”. A colheita do quarto ano pertencia a
Jeová, bem como as primícias dos anos seguintes, sendo que Ele era reconhecido
como o legítimo proprietário dos bens da terra, 24.
19.26
Não agourareis nem adivinhareis. Os que praticavam a magia, ou que
empregavam certas palavras chamadas “mágicas” com o fim de obter o auxílio dos
espíritos para produzirem efeitos sobrenaturais nas criaturas, eram condenados.
Nem sempre se distingue entre o agoureiro e o adivinhador, mas todas as suas
práticas, juntamente com a astrologia, o horóscopo, o espiritismo, a macumba,
as sortes e as adivinhações são terminantemente proibidas, na Palavra de Deus,
v. 31; 20.6, 27; Dt 18,10.
19.27,28 Os pagãos cortavam os cabelos
da cabeça ou da barba de certas maneiras, para honrar seus ídolos ou para os
ritos fúnebres pagãos, Dt 14.1. Cortar o corpo era praticado para mostrar
arrependimento extremo ou desespero. Condenam-se aqui estas práticas entre o
povo de Deus. Estas proibições eram para guardar o povo de Israel de seguir as
práticas supersticiosas e idólatras dos pagãos que viviam ao sem redor.
19.31
Necromantes.
Pessoas que se comunicavam com os mortos, ou seja, médiuns, 20.6. Aqui há uma
forte condenação das práticas espíritas existentes no dia de hoje. A Bíblia
condena taxativamente a invocação dos mortos.
19.33 Oprimireis. Heb yãnãh, “irar-se contra”, “ser violento
contra”, “suprimir”, “maltratar”. Exemplos em Êx 22.21; Ez 22.7, 29.
19.35 O culto a Jeová e a desonestidade
são incompatíveis, nunca podendo coexistir.
Levítico
20
20.2 Cf. 18.21 (Nota), A pena era severa
contra os pecados graves da idolatria, do adultério, do incesto e das
perversões sexuais, porque desonravam a Jeová destruíam a estrutura da
sociedade humana.
20.6 Cf. v. 27; 19.26. Consultar
médiuns, numa tentativa de se comunicar com os espíritos dos mortos; era um
pecado que acarretava a penalidade da morte, tanto para o médium como para
aquele que o consultava. Estes versículos também são uma condenação ao
espiritismo dos nossos dias.
20.9 Seu sangue cairá sobre ele. Se
alguém matasse esse tipo de réu, a responsabilidade por esta morte não cairia
sobre quem o matou, mas sim, sobre o próprio homem que se mostrasse digno de
ser eliminado.
20.12 O incesto, mencionado em várias
formas (11-21), é destruidor da vida familiar, corroendo a pureza do lar.
20.13 A homossexualidade foi um dos
pecados de Sodoma, uma causa primária da sua destruição por Jeová, Gn 19.5, 13.
Este pecado foi praticado em Israel, por alguns benjamitas, mas castigado pelas
demais tribos, Jz 20.1-11.
20.14 Maldade. Heb zimmâh, de uma raiz que significa “planejar”, “intentar”, “pensar
em fazer”, “mentalizar”, 18.17; 19.29. Derivam-se desta raiz várias palavras
que se referem à malícia premeditada, traduzindo-se, nesta versão, conforme se
segue: “Crime hediondo”, Jó 31.11; “Depravada”, Ez 23.44; “Vergonha”, Jz 20.6;
“Depravação”, Ez 16.43, 58; “Torpemente”, Ez 22.11; “Maldade”, Sl 119.150;
“Perverso”, Pv. 21.27.
20.15 Não se narra que se cometeu tal
pecado entre os israelitas, mas o v. 23 mostra como motivo principal do
extermínio dos cananeus.
20.16 Heródoto, historiador grego,
mostra que este pecado fazia parte da religião supersticiosa do Egito; motivo
adicional de condená-lo.
20.21 É claro que se o irmão tivesse
morrido, isso não seria mais pecado. Se não deixará descendência, não somente
seria permitido, mas até exigido tomar sua viúva para lhe suscitar
descendentes, Dt 25.5; Mt 22.24-30. Seria para “guardar seu nome vivo em
Israel”.
20.22,23 O fato de os cananeus terem
sido punidos pelos vários pecados, até o ponto de extermínio, revela claramente
que as Leis de Deus não eram apenas um código particular para Israel, mas que
tinham sido gravadas até nas consciências dos próprios pagãos, Rm 1.18-27.
Levítico
21
21.1 A morte, sendo um resultado do
pecado, o contato com os mortos tornava o sacerdote ritualmente imundo. Entre
as pessoas para as quais tinha licença de se contaminar, não se menciona a
esposa, possivelmente porque a esposa, sendo “carne da sua carne” (Gn 2.23),
nem sequer precisava ser mencionada, tendo todo o direito às honras finais.
21.5 São sinais de luto, empregados
pelos pagãos. Um sacerdote que revelava sinais externos de desespero não
estaria em condições de preencher seu lugar apontado no culto do Templo. Não se
fala, porem, da tristeza interna, escondida no coração do sacerdote. Capítulos
21 e 22. Aqui se apresentam instruções dadas para o povo de Israel em geral, nos
capítulos 17 a 20. A intenção destas leis era elevada, e o padrão de uma vida
pura e santa para os sacerdotes era muito alto. É claro que o ideal de uma
moralidade no interior do coração fica subentendido em todas estas leis; mas,
para o serviço visível e público, no Templo visível e físico, os sacerdotes
tinham que demonstrar perante Deus e os homens aquela pureza exterior e
perfeição física que é a parte cerimonial do sacrifício total do ser, da
adoração em espírito e em verdade, Rm 12.1-2; Jo 4.23-24.
21.7 Limitava-se o tipo de mulher com
quem: os sacerdotes podiam casar. Deveria ser uma mulher bondosa, pura
incontaminada, como também deve ser a esposa de um pastor no dia de hoje.
21.9 Deus tem um alto padrão para os
filhos dos sacerdotes (1º Sm 3.4). Nestes versículos, aplica-se este alto
princípio às suas filhas; o padrão para a esposa foi dado no v. 7. O padrão do
bom sacerdote é, em suma, o de um homem que também governa bem a sua própria
casa; cf. 1 Tm 3.4.
21.14 As Escrituras fazem distinção
entre a pessoa de um homem e a missão que ele exerce. Deste modo, ninguém de
entre os descendentes de Arão podia exercer o ofício de sacerdote se tivesse
certas imperfeições e incapacidades físicas, 18-20; esta desqualificação para a
função sacerdotal não o impedia, entretanto, de receber a parte dos sacrifícios
e ofertas que lhe tocava para seu sustento sagrado, como membro da família
sacerdotal. De igual modo, há muitas pessoas na igreja que não têm capacidade
para exercer vários cargos de liderança, mas nem por isto devem se considerar
impedidos de prestar fervoroso culto a Deus e de viver na plenitude da comunhão
com os irmãos na fé. Tanto o sacerdote ofertante, como o animal oferecido,
deviam estar isentos de qualquer mancha ou defeito, para satisfazerem às exigências
de Deus. Só Cristo cumpriu plenamente estas exigências, sendo em Si mesmo sem
defeito ou mancha de pecado, e tendo feito do Seu corpo um sacrifício perfeito
como ofertante e como Vítima, 2 Co 5.21; 1ª Pe 1.19; Hb 7.26-28; Ml 1.8.
21.23 A maravilha perene é que o Senhor,
o Único verdadeiramente Santo, procure seres humanos para Seu serviço, sendo
que mesmo os homens que são isentos de defeitos físicos trazem as manchas e
marcas do pecado nas suas vidas interiores, como filhos de Adão.
Levítico
22
22.1-7 A parte do sacrifício que o
sacerdote comia era coisa santa, por isso os sacerdotes que estivessem
ritualmente imundos não, podiam participar destas comidas.
22.10-16 Estrangeiro. Heb zãr, da raiz zür, “afastar-se”. Aqui se refere a qualquer pessoa que não fosse
sacerdote ou levita, portanto um leigo, um estranho. Nem hóspede, nem
jornaleiro poderia comer da porção sacerdotal do sacrifício, mas somente
aqueles que fossem membros da família do sacerdote, o que incluía seu escravo.
Outras palavras para “estrangeiro”, propriamente dito, são ger, que dá a ideia de errante, um viajante sem moradia fixa, e goy, que se refere às pessoas que não
pertencem à raça israelita, e se traduz “gentio”. Se uma filha de um sacerdote
tivesse se casado fora da tribo de Levi, também seria uma “estrangeira” no
sentido técnico mencionado acima, perdendo o direito de participar da porção
sacerdotal; mencionam-se, porém, condições para que ela voltasse aos seus
antigos privilégios.
22.14
Ignorância.
Isto não seria desculpa para aqueles que comessem da porção sacerdotal que lhes
era vedada. Tal pessoa deveria pagar o valor do que comeu e ainda lhe
acrescentar 20%. Registra-se em 5.15-16 que uma oferta de expiação “pelo
sacrilégio” também se requeria, e é bem possível que esta oferta aqui esteja
subentendida.
22.19-25 Veja 1.3 e 1.17 com as Notas.
Somente o melhor deveria ser oferecido a Deus; somente aquilo que vem de um
coração grato e voluntário, a dedicação das melhores qualidades do nosso ser, é
aceitável a Deus, Sl 51,17. É por este motivo que a oferta da viúva pobre foi
tão digna de atenção, Mc 12.42-44. Até os pagãos achavam que os ídolos que
adoravam eram dignos de sacrifícios perfeitos, sem defeito.
22.24,25 Referia-se a animais castrados
que poderiam ser empregados nas fazendas, mas não deveriam ser sacrificados
como oferta a Deus.
• N. Hom. Os versículos 17-25 insistem
que o sacrifício tinha que ser sem defeito. Isto se refere, primeiramente, aos
tipos descritos neste Livro: em segundo lugar, à Pessoa de Jesus Cristo, o Sacrifício
eterno profeticamente aludido em todas estas ordenanças; terceiro, à vida
dedicada dos crentes que aceitam os sacrifícios de Cristo, aplicando-os ao seu
caso individual, andando no caminho das boas obras que a graça de Cristo e a
unção do Espírito Santo preparou para os salvos, Ef 2.8-10; 1ª Co 2.16; 1ª Pe
1.13-16; Gl 2.19-20. Nosso Salvador é perfeito, e quer nos conceder vidas
perfeitas vividas n’Ele, que seriam um sacrifício agradável a Deus,
constituindo a verdadeira adoração, Rm 12.1-2; Jo 4.23.
22.27,28 Os animais recém-nascidos não
eram considerados como tendo existência própria e independente antes de
completar uma semana de vida. Os israelitas entendiam este mandamento como um
desejo da parte de Deus de lhes ensinar a misericórdia Êx 23.19; 34.26; Dt
14.21; 22.6-7.
Levítico
23
23.2
Festas fixas.
1) A festa semanal do Sábado, 2-3;
2) A festa anual da Páscoa, 4-5; 3) A festa
anual dos pães asmos; 6-8;
4) A festa anual das Primícias, 9-14 (na
época da festa de Pentecostes);
5) A festa anual do Pentecostes, 15-21;
6) A festa anual das Trombetas, 23-25,
que era a festa do Ano Novo hebraico (setembro-outubro);
7) A festa anual dos Tabernáculos,
33-34, na época do Ano Novo.
23.3
A guarda do sábado era o quarto mandamento do decálogo. A festa semanal
que constituía, era mencionada em primeiro lugar, sendo que forma a base para
as festas mensais e anuais, servindo assim de introdução à enumeração das
festas em geral. O sétimo dia ocupa o primeiro lugar entre estas ordenanças de
Deus. Ricos e pobres deveriam gozar igualmente deste descanso sagrado.
23.4
Convocações.
Heb mô'adim, lit. “assembleias”,
“convenções”, convocadas para determinado tempo e lugar; cf. Êx 23.14-17;
34.22-44; Dt 16.1-17. Aqui as convocações são religiosas, mas a mesma palavra
se usa para o povo de Israel reunido em plenário para vários fins.
23.5-14
A festa dos pães asmos. Guardava-se separada da Páscoa, apesar de estas
festas terem íntima conexão uma com a outra. A Páscoa era celebrada no dia 14
do mês de Nisã, veja 23.5, enquanto a festa dos pães asmos começava no dia 15 e
continuava durante sete dias juntas formavam uma festividade dupla, assim como
também é o caso da festa dos tabernáculos, juntamente com o dia da expiação. No
tempo de Jesus, as festas da Páscoa e dos Pães Asmos já eram tratadas como uma
só, Mc 14.1, 12; Lc 22.1. Isto se devia, sem dúvida, ao fato de não haver
intervalo entre as duas festas, e também porque ambas celebraram a mesma
libertação do Egito, Êx 12.1-28.
23.5
A Páscoa. Comemorava
a histórica saída do Egito, Êx 12. O ponto central da celebração era a morte do
cordeiro pascal que redimia os primogênitos da morte. A festa enfatizava o
direito de Deus sobre os primogênitos e a contínua necessidade da redenção do
homem. O cordeiro do qual nenhum osso devia ser quebrado, tipificava Cristo
como o nosso Cordeiro pascal que Se deu a Si mesmo em sacrifício por nós, Jo
19.36; 1ª Co 5.7. As duas festas vinham na época do começo da sega da cevada,
coincidindo com o Dia das Primícias, dos primeiros frutos, quando um molho se
trazia para apresentar ao Senhor como sacrifício movido. A páscoa se comemorava
no crepúsculo da tarde, antes da lua cheia do mês de Nisã (um mês que nunca
coincide exatamente com nenhum dos nossos, por ser lunar o calendário dos
judeus). Às vezes cai em março, às vezes em abril.
23.15 Na época do Antigo Testamento era
chamado a festa das semanas aquilo que nós chamamos de “pentecoste”, que é a
palavra grega usada no Novo Testamento, e que significa justamente “cinquenta
dias” ou seja, as sete semanas que se contam desde a época da oferta de
gratidão pelas primícias. Celebrava-se no 50° dia depois da festa dos pães
asmos. Foi durante essa festa que o Espírito Santo desceu sobre a Igreja
Apostólica, que se verificou com grandes sinais, cinquenta dias depois da
ressurreição do Senhor Jesus Cristo de entre os mortos At 2.1-4. No Antigo
Testamento, a festa se referia a frutos físicos da terra; no Novo Testamento,
celebrava as primícias da Igreja de Cristo (os 120 crentes reunidos, At 1.15),
e as primícias da unção do Espírito Santo (Rm 8.23; 11.16; Tg 1.18).
23.24 Trombetas. Essa festa memorial era
celebrada no primeiro dia do sétimo mês (Tishri),
Tocavam-se as trombetas e ofereciam-se sacrifícios, Nm 29.1-6. Era um dia de
santa convocação e descanso, 24-25. Inaugurava o sétimo mês do calendário
religioso, tendo assim uma conexão especial com o sábado (Ne 8.9-10) e constava
como o início do calendário civil.
23.26-32 Aqui há um resumo da descrição
do Dia da Expiação, que agora completava a lista de festas de “descanso
solene”, v. 3. Cf. 16.1-10n. Era esta Festa que mais falava sobre a obra
sacrificial e sacerdotal de Jesus Cristo, Hb 9.6-28.
23.31
Os motivos para o descanso do trabalho:
1) Relaxamento do corpo;
2) Tempo para prestar culto solene ao
Senhor;
3) Tempo para meditação sobre Jeová,
nosso Redentor, Amigo é Soberano, já que não é possível tal concentração mental
e espiritual enquanto se trabalha.
23.33-43
A Festa dos Tabernáculos. Comemorava a jornada dos israelitas pelo deserto
depois da saída do Egito. Exigia-se que os israelitas vivessem por sete dias em
cabanas feitas de galhos de árvores. Era também chamada a festa das colheitas,
uma vez que vinha no fim da sega. O jejum do dia da expiação era, pois, seguido
por uma festa de júbilo. A natureza da festa era tríplice:
1) Era uma festa de alegria, 40;
2) Era uma festa de gratidão pela ceifa
que ainda era uma bênção de recente memória, 39; 3) Era uma festa de recordação
de uma bênção antiga e inesquecível, 43.
23.34 Esta primeira descrição da Festa
dos Tabernáculos, vv. 34-36, nos indica também o primeiro cumprimento do seu
significados é a vinda do Senhor Jesus Cristo para morar entre os homens. Pois
Jesus não podia ter nascido em dezembro, que é um mês de neve em Jerusalém,
durante o qual nenhum rebanho estaria nos campos (Lc 2.8-11). Que,
provavelmente, nasceu na época da Festa dos Tabernáculo, em outubro pode ser
calculado assim: Zacarias exercia seu turno em julho (Lc 1.5, 8) por ser do
turno de Abias, o oitavo turno do ano eclesiástico que começava em março (1º Cr
24.10). Foi o mês da concepção de João Batista, Lc 1.23-24, que nasceu, pois,
em abril do ano seguinte. Jesus nasceu seis meses mais tarde, Lc 1,26, portanto
em plena Festa dos Tabernáculos.
23.39 Esta segunda descrição da Festa
dos Tabernáculos, depois de se ter encerrado o assunto das festas (vv. 37-38),
aponta para o segundo cumprimento do seu significado: a segunda vinda de
Cristo, depois da qual Deus vai habitar entre os homens, fazendo Seu
tabernáculo entre eles, Ap 21.1-3.
Levítico
24
24.1-4 Características do Candelabro:
1) Era feito de ouro puro;
2) Era feito para iluminar,
3) Era mantido com óleo;
4) Era feito para queimar continuamente.
A lâmpada que ilumina à base de óleo pode ser comparada com a revelação de Deus
ao homem, que culmina em Cristo, Luz do Mundo, e a iluminação do Espírito
Santo.
24.5 Os pães que o sacerdote oficiante
colocava todos os sábados sobre a mesa dourada, no lugar santo, diante do
Senhor, eram em número de doze, representando as doze tribos de Israel; decerto
eram bem grandes, já que se empregava mais do que quatro litros de farinha em
cada pão, 24.3, 6, 7. Eram servidos quentes no lugar santo, no sábado, dia, no
qual os antigos eram removidos. Somente os sacerdotes tinham licença de comer
daquele pão. Num caso de extrema necessidade, Davi e seus homens quebraram esta
lei, 1, Sm 22.6, cf. Mt 12,4. O pão nos lembra, da comunhão restaurada do homem
com Deus, através de Cristo, o Pão da Vida, Jo 6.35.
24.11 O terceiro mandamento proibia de
usar o nome do Senhor em vão. A blasfêmia incluía a pecado gravíssimo de
deliberado desprezo e desrespeito para com Jeová e para com Sua graça
salvadora.
24.16 No Antigo Testamento, blasfemar,
ou zombar do nome de Deus, injuriando assim a Pessoa de Jeová, acarretava na
penalidade da morte. A blasfêmias era o, comportamento dos ímpios, Sl 74.18; Is
52.5. A idolatria era também considerada como uma forma de blasfêmia, Is 65.7,
porque esse pecado era um desprezo para com o nome do único e verdadeiro Deus.
Exemplos da blasfêmia: o rei Senaqueribe da Assíria, 2º Rs 19.4, 10, 22; e
Himeneu, um herético da Igreja antiga, 1ª Tm 1.20. Os incrédulos têm prazer em
acusar os santos da blasfêmia que eles mesmos praticam, conforme os fariseus
fizeram com Cristo, Mt 26.65; Lc 22.66-71. De igual modo, os membros da Igreja
Apostólica foram acusados de blasfêmia, por afirmar a deidade do Senhor Jesus
Cristo, At 6.11-14. Será morto. O pensamento básico aqui não é tanto impor uma
penalidade por causa de um pecado grave: a necessidade urgente era a remoção de
um foco de infecção na comunidade. O desastre desceria sobre a terra na qual o
nome de Deus fosse blasfemado, onde a Majestade do Deus vivo fosse repudiada,
não importando que o ofensor fosse um israelita nativo ou um estrangeiro
domiciliado em Israel.
24.17-22 O propósito dessas leis era
promover a justiça exata, mas não a vingança. Na maioria dos casos, a pessoa
culpada tinha permissão para dar uma justa; compensação pela avaria, pela
ferida, ou pela perda. Notemos, a ênfase dada à inteira e justa indenização não
obstante não haver aqui a obrigação dos 20% a mais sobre os: danos, que é o
caso que se descreve em Lv 5.14; 6.7.
Levítico
25
25.1-7
Sábado de descanso solene para a terra. O princípio de haver um sábado ou
descanso cada semana, se estende aqui aos anos também, havendo um ano sabático
cada sete anos. Isto era como que um reconhecimento do direito de Deus sobre a
terra, 24.23. Deus havia dado a terra aos seus servos (Israel), e esperava que
fossem mordomos fiéis. Enquanto Israel confiasse em Deus, podiam contar com a
promessa divina de boas colheitas, para que houvesse bastante suprimento para o
sétimo ano, no qual não podia haver sega. Isso também ajudava a manter a
fertilidade do solo, permitindo que ficasse sem ser lavrado em certas épocas. O
sétimo ano era também aquele no qual os senhores davam liberdade aos servos. Êx
21.2; Dt 15. Isto permaneceu como um ideal raramente cumprido, 26.35; Jr 34.14.
25.8-55 O ano de jubileu. Vinha depois
de cada sétimo ano sabático, portanto no quinquagésimo ano. Nesse ano, todos os
escravos tinham sua liberdade restaurada, e todos os proprietários recebiam
seus haveres em restituição, além de haver um cancelamento geral de todas as
dívidas. Esta era uma excelente maneira de evitar os extremos de riqueza demasiada
e de pobreza aviltante. O preço da terra vendida ou arrendada era baseada no
número de anos durante os quais poderia ser usada até ao ano do jubileu, que
começava no dia da expiação. Em Ezequiel, este ano foi chamado” ano da
liberdade”, Ez 46.17; parece que Isaías se refere ao jubileu quando profetiza
sobre “o ano aceitável do Senhor”, Is 61.2. Se este for o caso, então
aprendemos de Lc 4.18-19 que tudo aquilo que for implícito no ano do jubileu
achou seu cumprimento em Cristo, na Sua obra de desatar as cadeias do pecado
humano para oferecer aos homens a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Um dos
propósitos do jubileu era resolver o problema da pobreza herdada, invadindo
geração após geração. Cada família pobre recebia um novo começo depois de cinquenta
anos, com a restauração da liberdade e da herança. Desde que os israelitas eram
servos de Deus, libertos da escravidão no Egito, nunca deviam se tornar
escravos, nem mesmo quando à necessidade os forçava a trabalhar no serviço
alheio, 39, 43, 55.
25.11 Jubileu. Heb yõbhel, “carneiro” e depois, o “chifre de carneiro” que se usava
para formar uma buzina especialmente empregada para proclamar este ano do
jubileu. A raiz da palavra pode ser yãbhal,
“guiar”, “carregar”, aplicada tanto à nota longa e carregada que se tocava na
ocasião, como à ideia de reconduzir e restaurar as coisas empenhadas e as pessoas
escravizadas.
25.16 O número das colheitas até o ano
do jubileu determinava o valor corrente da propriedade.
25.17 Uma das causas do cativeiro foi a
inobservância deste mandamento.
25.22 Era necessário ter fé para agir
baseado nessas afirmações e, por isso, parece que poucos praticavam estas
ordenanças de maneira completa.
25.28 Em Rt 4.1-12 podemos ver as leis
da redenção em prática, com Boaz, ancestral de Cristo, como redentor. Se um
homem perdesse sua herança, ele mesmo, ou um dos seus parentes (v. 49 com a
Nota) podia reavê-la, na condição de pagar o valor estimativo das colheitas,
até o jubileu.
25.29-31 As casas das aldeias eram
consideradas como parte da herança das famílias que receberam aquelas terras de
Deus, na ocasião da divisão da terra. Ficavam dentro da herança da família, ou
perto dela, e eram essenciais para se poder atender de perto todos os misteres
agriculturais das heranças. As casas dentro das cidades podiam ter sido
adquiridas para propósitos comerciais, ou por motivos do enriquecimento
particular das famílias. As casas dos levitas não estavam incluídas neste
regulamento, mesmo quando ficavam, dentro das cidades muradas. O ideal dos israelitas
sempre era que cada um possuísse suficiente terreno, com casa, horta, pomar e
curral, para seu sustento próprio. Qualquer mão de obra perita, ou qualquer
viagem de negócios, seria um esforço extra para os que queriam “progredir”.
25.39-42 Comparar com Êx 21 2, que
coloca o sexto ano como limite para um hebreu servir ao seu senhor,” ainda que
tenha sido comprado.
25.49
Parente. Heb gõ'el, que tem dois sentidos:
1) Redentor, alguém que liberta mediante
um pagamento;
2) Vingador, alguém que exigia a prestação
de contas por algum dano feito. Em ambos os casos, o gõ'el era um parente próximo, que cuidava dos interesses da
família.
O “Redentor” é um belo tipo de Cristo:
1) Redimia pessoas e heranças, Gl 4.5;
Ef 1.7, 11, 14;
2) O redentor tinha que ser um parente,
Rt 3.12, 13; Gl 4.4; Hb 2.14, 15;
3) O redentor tinha que possuir
condições para redimir, Rt 4.4-6; Jr 50.34; Jo 10.11, 18; 4) A obra do redentor
se completava ao pagar satisfatoriamente o justo preço exigido; 25,27; 1ª Pe
1.18, 19, Gl 3.13. Veja Pv. 23.11 e, sobre “Vingador” Nm 35.12.
Levítico
26
26.1-46 Na sua maioria, este capítulo é
profético em relação à história de Israel: 1) Introdução, 1-2; 2) Obediência e
bênção, 3-13; 3) Desobediência e castigo, 14-39; 4) Arrependimento e
restauração, 40-45; 5) Conclusão. Este capítulo deve ser comparado com Dt 28,
29, 30.
26.1
Quatro abominações ao Senhor:
1) Ídolos, Heb 'elilim, “coisas de nada”, deuses de barro ou de terra-cota;
2) Imagem de escultura, heb pesel, um ídolo esculpido na pedra;
3)
Coluna, heb maççebhâh lit. “alguma
coisa de pé”, no caso uma pedra memorial ou coluna, usada para propósitos
idolátricos,
4) Pedra com figuras, heb maskith,
uma pedra esculpida ou pintada com uma figura ou imagem. Inclinardes. Perante a
imagem, curvando-se na sua direção; isto era um ato de culto; reservado
unicamente a Jeová, Êx 20.4, 8.
26.3 As bênçãos da aliança de Deus com
Israel eram baseadas na obediência de Israel às leis de Deus. As promessas de
Deus nunca falhavam mas a nação de Israel frequentemente desobedecia às leis de
Deus, e fazia sobre si mesmo Seus julgamentos severos. Todas as leis
religiosas, morais e econômicas fazem parte de uma única Ordem Divina, feita
para o próprio bem do homem, Dt 28. As bênçãos eram:
1) Abundância de chuva, 4;
2) Grandes colheitas na terra, 4-5;
3) Paz na terra (6), inclusive a
libertação de animais nocivos e da espada;
4) Vitória sobre as inimigos (7), mesmo
sobre os de grande superioridade;
5) O multiplicar-se grandemente, 9; 6) A
presença de Deus habitando no meio do povo, 11-12.
26.4 Na Palestina, nos tempos antigos,
costumava, haver chuvas copiosas na primavera. Todavia, depois de uma época de
vários séculos, durante a qual a seca se tornou o estado normal da Palestina,
começa a haver sinais de que estas chuvas regulares estão voltando àquela
normalidade.
26.9
Minha aliança.
Cf. Gn 12.2; 13.16; 15.5; 17.5-6; 18.18; 22.17-18.
26.12 Especialmente na nuvem da glória
chamada Shehkrnãh, que ficava entre
os querubins, sobre o “trono de misericórdia”, ou seja, o propiciatório no Santo
dos Santos.
26.13 Quando escravos no Egito, suas
costas tinham sido curvadas; como bois na canga tinham carregado e puxado
vários fardos. Deus os libertou da escravidão do Egito, fazendo-os tornar a
andar eretos.
26.14,15 O povo fora prevenido contra cinco
pecados:
1) De não escutar a Jeová;
2) De não cumprir Seus mandamentos;
3) De rejeitar os estatutos de Jeová;
4) De aborrecer aos juízos de Jeová;
5) De violar a aliança com Deus.
26.16 Esta ameaça se tornou uma
realidade em várias ocasiões, Jz 6.4; 1º Sm 12.19.
26.18 O propósito em disciplinar a nação
era para levá-la a se arrepender dos seus maus caminhos e voltar para seguir ao
Senhor. O desejo de Jeová era perdoar e abençoar, mas isto dependia de Israel
se arrepender do mal, para seguir e obedecer ao Senhor.
26.19 e 26.26 Ambos os versículos falam
de uma seca extremamente severa que resultaria em fome nacional. A nação,
orgulhosa, precisava ser humilhada várias vezes, e de várias maneiras.
26.25
Aliança.
Para haver uma aliança, mais de uma pessoa é envolvida. Nessa aliança Jeová e
Israel tinham feito votos de fidelidade e de lealdade, um para com o outro.
26.26
Pão.
Usualmente a palavra “pão” referia-se a qualquer alimento, mas aqui se refere
especialmente à farinha de trigo cozida no forno. A expressão “quebrar o cajado
do pão” significava retirar o esteio, suporte ou arrimo, que era o pão de cada
dia, cancelar o sustento e reduzir à pobreza grave, à penúria. Entregarão por
peso. Descreve uma escassez que determinaria o racionamento, Jr 14.18; Ez 5.12.
26.29 Isto aconteceu no cerco de Samaria
(2º Rs 6.28), e também no ano de Jerusalém, no ano 70 d.C., quando o povo
estava morrendo de fome. Flávio Josefo nos traz um relatório terrível sobre um
soldado que descobriu uma mulher, chamada Maria, comendo a seu próprio filho,
depois de havê-lo assado; cf. Dt 28.53-57; Jr 19.9; Lm 2.20; 4.10; Ez 5.10; Mt
24.19; Lc 23.29.
26.32 Deus aqui apresenta a punição que
seria dada ao seu povo por causa da sua persistente desobediência e descuido
com a Aliança. A admoestação é ampliada em Dt 28.58-67. A punição foi o
cativeiro na Babilônia, em 587 a.C.
26.33 Até hoje, o povo judeu está
espalhado entre as nações. Tudo isto foi cumprido quando as tribos do norte
foram conquistadas e levadas cativas entre os territórios conquistados pelos
assírios, e, quanto às tribos do sul, quando os babilônios levaram o povo para
o cativeiro em 587 a.C., 2º Rs 17.
26.34
O cumprimento destas palavras se vê no cativeiro babilônico. Do rei Saul ao
cativeiro foram aproximadamente 490 anos, um período durante o qual 70 anos
sabáticos tinham sido negligenciados pelos hebreus. Sendo que o cativeiro durou
70 anos, a terra recebeu o repouso prescrito pela Lei de Deus.
26.39 Juízo sobre os hebreus. Já no período dos juízes, as
punições divinas vieram sobre os hebreus. Nas épocas de punição o povo se
arrependia, sendo então perdoado e libertado; então a geração seguinte
abandonava ao Senhor.
26.40-46 A Aliança com Abraão não
deveria ser anulada pela futura desobediência de Israel, mas continuaria a
existir dentro das condições que a governavam. Se em qualquer momento Israel se
arrependesse dos seus pecados, voltando-se para Jeová, então a terra seria
devolvida àquela nação. Assim aconteceu depois da queda da Babilônia em 539
a.C., quando o restante do povo recebeu licença de voltar à Palestina sob a
direção de Zorobabel.
26.41
Coração incircunciso.
Um coração não purificado, não dedicado a Deus, endurecido e impassível à
vontade divina. Tomarem eles por bem. A expressão que ocorre também no v. 43, e
nos vv. 34 e 43, se traduz “folgará”. Vem do verbo hebraico rãçâh, que significa “desejar”, “ter
prazer”, Pv. 31.13n. O castigo seria para o bem porque produziria o resultado
almejado: o verdadeiro arrependimento e a consequente volta às bênçãos de
Jeová, com que Ele tão ansiosamente desejava agraciar a Israel.
• N. Hom. Esperança para Israel (vv.
40-46). Se confessarem:
1) Os seus próprios pecados, 40; 2) As iniquidades
dos seus pais, 40; Dn 9.3-19, entendendo:
a) que tinham provocado ficar Deus
contra eles, 41;
b) que Deus esperava que Israel se
humilhasse, 41;
c) que Deus esperava que Israel
aceitasse bem os Seus castigos, 41. Então Deus se lembraria:
1) Da Sua Aliança com os patriarcas, 42,
2) Da Sua promessa para com Israel,
ainda quando espalhado entre seus inimigos:
a) “Não os rejeitarei”, 44; b) “Não
invalidarei a minha aliança”, 44-45; c) “Não os aborrecerei para os consumir”,
44.
Levítico
27
27.2
Voto. Heb nedher, da raiz nãdhar “prometer”. Era uma decisão voluntária da parte de algum
israelita, Para se dar a si mesmo e as suas possessões a Jeová. Sendo que nem
toda pessoa que fazia votos teria a oportunidade de servir no Tabernáculo, os
que não o podiam fazer pagariam seus votos através de grandes ofertas O tamanho
da oferta era decidido pelo sacerdote, conforme a possibilidades do ofertante.
O Novo Testamento nada fala de tais ordenanças, sendo que o amor de Cristo é
tão grande que nossa única resposta lógica é a dedicação da nossa vida inteira,
Rm 12.1-12; 1ª Co 6.19, 20. Comparemos este texto com Gn 28.18-22; Sl 56.12;
66.13; 116.12. Pessoas e posses prometidas para o serviço de Jeová podiam ser
resgatadas, exceto no caso de que tratasse de um animal trazido como oferta,
716; Nm 30.
27.13 A adição da quinta parte, 20%
sobre o valor do voto, servia para impedir que o servos de Deus fizessem votos
impensados.
27.16
Semente necessária.
Aqui vemos a origem da ideia do alqueire, que é uma medida de semente. Hoje,
avaliamos o terreno com alqueires vinculados a medidas métricas, o que é
injusto, pois algumas áreas de pântano, rochas ou florestas, são impróprias
para semente, e desvalorizadas. O valor real da terra é a ceifa que produz.
27.22
Dedicar.
O verbo em hebraico é hiqdish,
“causar a ser qadosh, ou santo”. Não
é exatamente “santificar” no sentido ético-religioso: é “separar para o serviço
de Jeová” (que é uma parte integrante de ser santo). Esse campo não era livre
para ser dado à obra de Deus, já que haveria de voltar para a família que o
herdou; era apenas emprestado.
27.26 O que já havia sido divinamente
decretado e que pertencia ao Senhor, não podia ser votado a Ele. Seria um
contra-senso oferecer em voto ao Senhor aquilo que já lhe pertencia.
27.28
Dedicar irremissivelmente. Esta expressão é uma maneira de traduzir uma
palavra mais forte do que dedicar. Em hebraico é hãram, que é reservar irrevogavelmente para alguma finalidade. Se é
reservada para a destruição, “amaldiçoar” seria uma interpretação. A ideia
básica da palavra é “isolar na sociedade”. Estas coisas ou pessoas não podiam
ser resgatadas porque já haviam sido consagradas ao Senhor e retiradas do uso
ou proveito próprio do homem.
27.30
O dizimo é uma oferta que proclama que todas as coisas pertencem ao Senhor. Indica que
somos gratos a Deus por Sua graça, e que nossa dedicação a Ele é total. No NT
somos admoestados ainda a dar em proporção ao que Deus nos fizer prosperar (1
Co 16.1-2; Co 8.7-1; isto porém não significa dízimo, mas oferta, com
referência a casos específicos).
27.32
Passar debaixo do bordão. As ovelhas eram contadas uma a uma conforme
passassem debaixo do cajado do pastor.
FONTE
DE PESQUISA.