“...o amor ao dinheiro é raiz de todos os males” (1ª Timóteo 6.10)
Não me parece que haja qualquer dificuldade interpretativa nas palavras do apóstolo Paulo, que claramente condena a iniciativa de qualquer pessoa que se diga cristã no sentido de acumular riquezas terrenas e ainda acrescenta que todos quantos almejam se enriquecer dessa forma, estão propensos a cair em laços e ciladas. A vontade de Deus é que tenhamos o necessário para viver, e que estejamos tranquilos e confiantes nele para o nosso sustento (Mateus 6.33). Todavia, o discurso dos marqueteiros da falsa prosperidade, os quais maculam milhares de púlpitos com sua sanha de ambição infecciosa e epidêmica, segue numa direção muito diferente.
Durante sua história, a Igreja envolveu-se com as riquezas deste mundo de tal forma que viu impedido o verdadeiro estabelecimento do Reino de Deus. A Igreja Católica, na Idade Média, chegou a concorrer com as maiores fortunas da época. Possuía riquezas de tal magnitude que dominava vidas de reis e imperadores. Essas riquezas eram adquiridas de diversas formas: vendas de indulgências; saques feitos durante as Cruzadas; posse por confisco das terras de pessoas amaldiçoadas por ela... (o que era tristemente comum).
Alguma coisa mudou?
Nos métodos, talvez. Na essência, bem pouco. Em nossos dias uma restauração e ruptura devem são urgentemente necessárias, pois a herança que recebemos desceu muito fundo em nossos hábitos religiosos e em nossa formação. Muitos protestantes e evangélicos condenam os excessos e desvios da Igreja Católica, enquanto caminham cegos perante as práticas e motivações que movem seus próprios ministérios e movimentos.
A vida financeira da igreja foi tocada somente em sua superfície, assim como outras áreas tais como: a forma de culto, a adoração individual, o cuidado das ovelhas e o discipulado. O Senhor, todavia, deseja nos levar para os seus padrões, para uma restauração de todas as verdades anunciadas por seus santos profetas (Atos 3.19-21). A humanidade está mergulhada num materialismo insano que domina toda sua forma de vida, suas ações, e seus ideais, e isso não deixou os cristãos ilesos.
A igreja assumiu uma mentalidade materialista de tal forma que sua maneira de agir não tem muita diferença dos padrões e alvos do mundo sem Deus. Seus cultos, seus ideais, sua forma de administração dos recursos — tudo está marcado pelo materialismo.
Como definiríamos o materialismo?
É uma forma de pensar, segundo a qual as premissas espirituais são abstratas, difusas e sem base, e as naturais são concretas e dignas de confiança. Porém, a Bíblia ensina diferente: "Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas" (2ª Coríntios 4.18).
A maior parte da vida humana é dedicada à busca das conquistas temporais como se fossem eternas. Entretanto, tudo que há na terra se desgasta minuto a minuto e somente não o percebemos porque estamos na mesma dimensão e na mesma velocidade dessas coisas.
O materialismo invadiu a vida da igreja e até sua doutrina e expectativa escatológica, pois a visão da eternidade futura está carregada de cobiça material. Os crentes estão sendo encorajados a interpretarem as promessas e bênçãos bíblicas como aquisições materiais e terrenas, o que vai muito além do mero equívoco e chega a ser diabólico e herético.
Nossos pais nos passaram a visão de que sua grande expectativa era a glória da presença de Deus. Ansiavam por estar com o Senhor. A lembrança dessas verdades precisa ser valorizada pelo cristianismo atual, pois elas procedem dos que viveram antes de nós e foram estabelecidas como referência para a igreja de ontem e de hoje.
Cristãos como aqueles enumerados em Hebreus 11. Homens e mulheres que descobriram riquezas espirituais em Deus, e que por causa dessa descoberta desprezaram as posses terrenas, morando em cavernas, sendo perseguidos, vestindo-se de peles de animais, vendo o invisível, vivendo muito acima da maior dignidade desse mundo.
Qual é a nossa verdadeira busca?
Hoje muitos buscam na igreja a solução de problemas seculares e lutam pelo pão que perece, sem experimentar o contentamento por ter o que comer, o que beber e o que vestir. Os alvos são ligados ao TER e não ao SER, como se o ter constituísse a vida do homem.
Estamos envolvidos por uma teia de propaganda de insegurança no futuro, e por isso nos mergulhamos numa busca inglória por bens materiais como se estes fossem confiáveis e nos trouxessem paz e felicidade.
O povo cristão está sendo enganado, em grande parte, por um evangelho que anuncia BOAS COISAS e não BOAS NOVAS. Anuncia a busca da satisfação do coração, sem leva-lo a experimentar o poder transformador da cruz de Cristo. O evangelho da prosperidade fala em vida (e vida boa), mas o evangelho de Cristo fala de morte.
Você se congrega numa igreja ou numa empresa?
Os modelos de igreja hoje, em grande parte, são diferentes da igreja do livro dos Atos. O povo era ensinado a dar generosamente, servindo aos necessitados. Hoje se ensina que ser rico seria sinal da bênção de Deus e ser pobre seria indício de maldição.
De acordo com os padrões atuais o próprio Jesus teria dificuldade em ser pastor de algumas igrejas. O atual padrão de sucesso no ministério é estabelecido por número de crentes, construção de prédios e saldo bancário. Quando um pastor tem um grupo pequeno e faz esse grupo crescer, ele é considerado relativamente bem sucedido. Se construir novos prédios é um realizador. Se faz o saldo bancário subir, é bom administrador. Isso lhe confere o status de “abençoado”.
Creio que essas medidas são boas para empresas, pois apontam para uma realização natural e comercial. Se a empresa aumenta seu número de empregados, seus lucros e seu patrimônio, então podemos dizer que é uma empresa bem sucedida. No entanto, não vejo como aplicar essas medidas para a igreja, pois o nosso modelo é o Senhor Jesus, o qual no seu ministério aqui na terra, em nenhum momento preocupou-se com esses indicadores.
Quantos seguidores o Senhor Jesus tinha? Não podemos contar na hora da distribuição dos pães. Somente devemos contar os discípulos, pois é nas horas de agonia que se revela o irmão e não nas horas de festa. Na cruz estava somente um discípulo!
Como eram as finanças de Jesus? Nasceu num lugar que não lhe pertencia, um lugar sujo, fétido e insalubre. Tinha uma profissão bem simples e usou um jumento emprestado na sua entrada em Jerusalém. Vestia-se com roupas doadas e fez um milagre para pagar o imposto. Para concluir, o tesoureiro era ladrão!
Quantos templos Jesus edificou? Quando foi levado por seus seguidores para que pudesse admirar as construções do Templo, falou em derrubá-lo. Hoje, construímos palácios e os chamamos de igrejas.
Desmascarando a herética prosperidade
Precisamos nos transformar pela renovação do nosso entendimento, sob pena de ter as nossas obras rejeitadas pelo Senhor, por completa incompatibilidade entre o seu exemplo e a nossa conduta.
A glória de Deus não pertence ao requinte terreno. Igrejas cheias podem ser apenas um curral de lobos vazios e bolsos lotados podem ser somente um sinal de corações miseráveis.
A verdade nós sabemos qual é. Ela não paga. Ela cobra. E o seu preço é um coração puro, humilde e sincero diante de Deus!
FONTE DE PESQUISA:
http://www.reinaldoribeiro.net/news/golpeando-biblicamente-a-heretica-prosperidade/
Insigne Pr Elias, Graça e Paz!
ResponderExcluirConcordando com seus sábios argumentos, como se não bastasse o que temos visto e ouvido de alguns aspectos da sociedade ímpia, que colocam muitos cristãos em dúvidas e tribulações, aumentando falhas morais e espirituais no meio cristão, esses "cães" triunfalistas que propagam o "evangelho da prosperidade" não observam que, com valores terrestres, ninguém aprende a cuidar das coisas do céu. Com valores terrestres, aprende-se a manipular pessoas e é o que eles fazem para se tornarem mais ricos e poderosos. O propósito da igreja não é a necessidade das pessoas, mas a edificação do povo. Um ministério onde só cresce as lideranças, não é um ministério sadio. Na terra eles passarão, mas no tribunal de Cristo eles prestarão contas desse tipo de "evangelho" conforme II Co 5.10.
Um grande abraço do seu Irmão Eliezer de Andrade.
Excelente.Profundo.Atualíssimo.Realidade vigente.Foi o "rasgar da máscara do mercenarismo sacerdotal" dominante em nossos dias.Como escaparão de Mateus 7.21 a 23?Um duplo abraço ao comentarista acima Dr.Eliezer Andrade e ao Mestre Pr.Elias Ribas.
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