TEOLOGIA EM FOCO

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A SOBRIEDADE NA OBRA DE DEUS




Lv 10.8 “E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10- para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11- e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.”

1ª Tm 3.1-3 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. 2- Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; 3- não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento.”

Nesta lição veremos a trágica história de Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão. Embora cientes de sua responsabilidade, eles não temeram entrar no lugar santo para oferecer fogo estranho ao Senhor. Por causa disso, Deus os fulminou ali mesmo, diante do altar do incenso.

O que os levou a agir de maneira tão irreverente e profana? Pelo contexto da narrativa sagrada, podemos concluir que ambos estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória divina.

Guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros vícios igualmente nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um exemplo de temperança, sobriedade e domínio próprio.

O nosso assunto de hoje e “o uso do Vinho” e a Bebida forte (Lv 10. 8-11; Pv 20.1). Em Levítico, essa é a única ocasião em que Deus fala diretamente a Arão, portanto deve tratar-se de uma ordem importante. Não era permitido aos judeus beber vinho ou bebida forte, mas foram advertidos da bebedice e do pecado que, com frequência, a acompanha (Pv 20.1; 23.20,29-31; Is 5.11; Hc 2.15). Os que servem ao Senhor têm de ser um exemplo para os outros e estar cheios do Espírito, não de vinho (Ef 5.18). Eles devem evidenciar a diferença entre o santo e o profano por meio dos ensinamentos e do exemplo (veja Ez 22.26; 42.20; 44.23; 48.14-15). O Novo Testamento segue essa mesma abordagem (Rm 14.14-23).

Nas Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc 10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos, torpezas e até crimes, haja vista os casos de Noé, Ló e Davi.

I. DEFINIÇÃO DE SOBRIEDADE

1. Definição etimológica da palavra sobriedade. Segundo o dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 2594), sobriedade é: “qualidade, condição ou estado de quem é sóbrio; moderação no comer ou beber; estado ou condição de quem não se encontra intoxicado por bebida alcoólica; temperança; equilíbrio, prudência; seriedade; caráter sereno; recatado”.

2 Definição exegética da palavra sobriedade. As expressões gregas “nephalios, nephomen, nephalioi” referem-se à sobriedade e também são usadas para identificar uma vida abstêmia (pessoas que não ingerem bebidas alcoólicas), moderada e equilibrada (1ª Ts 5.6-8 ver ainda Rm 12.3; 1ª Tm 1.5; 2ª Tm 1.7). O termo “nepho” significa “ser livre da influência de agentes tóxicos”. O adjetivo “nephalios” foi usado por autores contemporâneos de Paulo como Filo e Josefo para denotar abstinência ao vinho. O termo no grego é “sophron” denotando: “equilíbrio, autodomínio, moderação, prudência” (VINE, 2002, p. 997).

II. O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA

1. O AT e o vinho fermentado. O vinho fermentado (alcoólico) no hebraico é chamado de “yayin”, palavra comum para vinho envelhecido e, portanto, intoxicante. O uso deste vinho sempre foi motivo para práticas ilícitas (Gn 9.20-29; 19.31-38). Por isso, o sacerdote deveria afastar-se da bebida alcoólica (Lv 10.9-11). O AT mostra oito casos de embriaguez com esta bebida que terminaram em desastre familiar: Noé (Gn 9.21); Ló (Gn 19.32-35); Nadabe e Abiú (Lv 10.1-11); Nabal (1ª Sm 25.36,37); Urias (2º Sm 11.13); Amnon (2º Sm 13.28); Belsazar (Dn 5.1-3); e Assuero (Et 1.1-10). Salomão descreve os efeitos físicos imediatos desta bebida como: brigas, ferimentos, ais e tristezas (Pv 23.29-35). Em outro lugar, se refere ao vinho como produzindo pobreza (Pv 21.17), violência (Pv 4.17), alvoroço (Pv 20.1), e falta de santidade (Dn 1.8). Isaías adiciona que ele engana a mente (Is 28.7), inflama uma pessoa, e conduz ao esquecimento de Deus (Is 5.11, 12), e ainda associa o vinho com a aceitação de suborno (Is 5.22,23). Amós combina-o com a profanação (Am 2.8) (STAMPS, 1995, p. 241).

2. O AT e o vinho não fermentado. Outra palavra é “tirosh”, com o significado de “vinho novo”, refere-se à bebida exclusivamente não-fermentada ou suco novo da uva (Dt 11.14; Pv 3.10; Ec 9.7; Jl 2.24). Esta palavra aparece cerca de 38 vezes no AT sempre referindo-se ao vinho não-fermentado, onde “tem benção nele” (Is 65.8). Nas Sagradas Escrituras, este tipo de vinho, com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). A Bíblia faz uma referência quanto ao uso deste vinho pelos sacerdotes (Is 25.6; 27.2). Em sua oferta de manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a libação de um quarto de him de vinho (Êx 29.40; Lv 23.13; Nm 15.10). Vários textos que se referem a “tirosh” como o produto da vide (Mq 6.15; Is 65.8; Pv 3.10; Jl 2.24; Mq 6.15; Os 9.2). Só um texto sugere que “tirosh” pode produzir fermentação (Os 4.11)(STAMPS, 1995, p. 241).

3. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador, e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho, bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca trouxe-lhe sérios problemas familiares.

O álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais piedosos da História Sagrada (Ez 14,14). É por isso que devemos precaver-nos quanto aos seus efeitos (Pv 20.1; 23.31).

4. A devassidão das filhas de Ló. Dizendo-se preocupadas com a descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai, gerando dois povos iníquos (Gn 19.33-38). Quem se entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como essa (Ef 5.18). Um servo de Cristo não pode cair nessa situação.

5. O vinho como instrumento de corrupção. Para encobrir o seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já grávida (2º Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança ficaria na conta de Urias, o heteu.

A que ponto chega um homem fora da orientação do Espírito Santo. O rei de Israel usou o vinho para corromper um de seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes devem sempre ser dirigidas pelo Espírito Santo.

III. O OBREIRO “NÃO DADO AO VINHO” (1ª Tm 3.3)

Esta expressão (gr. me paroinon, formada de me, que significa “não”, e parainon, palavra composta que significa literalmente “ao lado do vinho”, “perto de vinho” ou “com vinho”).

Em 1ª Timóteo 3.3, a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique “sentado ao lado do vinho” ou “esteja com vinho”. Noutras palavras, não deve beber vinho embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer e beber com os ébrios (Mt 24.49).

1. A abstinência do vinho.

1.2. Pela liderança do Antigo Testamento. A abstinência total de vinho fermentado era a regra para reis, príncipes e juízes, no Antigo Testamento (Pv 31.4-7). Era, também, a regra para todos que buscavam o mais alto nível de consagração a Deus (Lv 10.8-11; Nm 6.1-5; Jz 13.4-7; 1º Sm 01.14,15; Jr 35.2-6; Pv 23.31).

1.3. No deserto, os israelitas não bebiam vinho (Dt 29.6). Não usavam vinho na Páscoa (Êx 12.8-10), pois o vinho fermentado contém fermento, e o fermento era proibido. Mais tarde, introduziram o vinho na cerimônia. Isso não foi ordenado por Deus.

Os sacerdotes não podiam beber quando estavam servindo no templo (Lv 10.8-10). Será que os cristãos de hoje, os sacerdotes do Novo Testamento (1ª Pe 2.5,9), deveriam ter um padrão tão baixo quando servimos ao Senhor todos os dias?

Encontramos no Antigo Testamento alguns caso de embriaguez e as consequências dela.

Vejamos esses exemplos de Embriaguez.

a. Noé – Gn 9.20,21

b. Ló – Gn 19.30-38

c. Nabal – 1Sm 25.36

d. Elá – 1Rs 16.8-10

e. Bem-Hadade – 1Rs 20.16-21

f. Efraim – Is 28.7

g. Belsazar – Dn 5

h. Nínive – Na 1.10

1.4. Os profetas do Antigo Testamento bradavam contra as bebidas fortes. Habacuque 2.15 amaldiçoa os que dão bebida para o companheiro. (veja Isaías 5.11-22).

1.5. Amós condena os judeus desocupados que bebem vinho em vasilhas porque os cálices são muito pequenos (6.3-6).

1.6. Pela liderança e os liderados do Novo Testamento. Aqueles que dirigem a igreja de Jesus Cristo certamente não devem adotar um padrão aquém do que vai aqui. Além disso, todos os crentes da igreja são chamados sacerdotes e reis (1ª Pe 2.9; Ap 1.6) e, como tais, devem viver à altura do mais alto padrão de Deus (Jo 2.3; Ef 5.18; 1ª Ts 5.6; Tt 2.2).

O pastor deve ensinar a abstinência total? O que a Bíblia ensina? Existem 626 versículos na Bíblia que falam contra a embriaguez e a ingestão de bebidas alcoólicas (Pv 29.1; 23.29-35; Is 5.11-14,22,23; 28.3,7; Os 3.1; 4.11; 7.5; Am 2.8; Ef 5.18; Gl 5.21; (Lv 10.8-11; Pv 31.4,5).

O Novo Testamento, ensina claramente que nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e não deve ser contaminado (1ª Coríntios 6.12-20). O apóstolo Paulo também avisou que a pessoa não pode se expor ao perigo da tentação usando descuidadamente a liberdade; a evasão deliberada habitualmente é a melhor defesa (1ª Coríntios 10.1-12). Beber moderadamente apresenta para alguns a tentação de beber excessivamente; portanto, “aquele que pensa que está firme, cuidado que não caia”. O crente deve fugir da tentação. Além do mais, o exemplo de um crente que bebe pode ser tropeço para um irmão fraco. “E assim, pela consciência perecerá o irmão fraco, por quem Cristo morreu” (1ª Coríntios 8.11).

Os japoneses têm um provérbio: “Primeiro o homem toma um drinque; depois o drinque toma um drinque; a seguir, o drinque toma o homem”. Qual é o rumo certo a adotar? Recuse o primeiro drinque e continue recusando-o pelo resto da vida. O indivíduo começa bebendo socialmente, depois diariamente e, por fim, se toma um alcoólatra. Embora se esforce para abandonar o vício, a bebida o prende como se ele estivesse algemado.

Paulo aconselha: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão não tropece, ou que se escandalize, ou que se enfraqueça” (Rm 14.21). Mais vale a preservação de uma alma imortal do que todo o prazer que os homens possam desfrutar bebendo. Convém que os crentes se abstenham completamente do álcool.

1.8. A recomendação da abstinência total. “Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente (Pv 23.31)”.

Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho. Estas palavras não sugerem moderação, mas abstinência total de bebidas inebriantes. É impossível que alguém sofra as consequências da embriaguez e os tormentos do alcoolismo a não ser que beba.

2. Cheio do Espírito Santo. “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito (Ef 5.18)”.

Em Ef 5.18, escrevendo para um povo muito dado ao vinho e que venerava “Baco” (o “deus do vinho” para os gregos) ou “Dionísio” (o “deus do vinho” para os romanos), Paulo aconselha os crentes em Cristo, dizendo: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. O crente em Jesus Cristo substitui o vinho pelo gozo do Espírito (Gl 5.22). Em Ec 10.19, Salomão disse que “o vinho alegra a vida”. O crente, porém, substitui a alegria momentânea do vinho pela alegria permanente do Espírito Santo (At 13.52).

2.1. Não vos embriagueis com vinho. A declaração de Paulo no versículo 18, demonstra que a plenitude do Espírito Santo depende do modo como o crente corresponde à graça que lhe é dada para viver em santificação.

Isso quer dizer que a pessoa não pode estar "embriagada com vinho" e, ao mesmo tempo, “cheia do Espírito”. Paulo adverte todos os crentes a respeito das obras da carne; que os que cometem tais coisas "não herdarão o reino de Deus" (Gl 5.19-21; Ef 5.3-7). Além disso, "os que cometem tais coisas" (Gl 5.21) não terão a presença interior do Espírito Santo, nem a sua plenitude. Noutras palavras, não ter "o fruto do Espírito" (Gl 5.22,23) é perder a plenitude do Espírito (Ef 5.18; At 8.21).

2.2. Enchei-vos do Espírito. “Enchei-vos” (imperativo passivo presente) tem o significado, em grego, de “ser enchido repetidas vezes”. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a renovação constante (Ef 3.14-19; 4.22-24; Rm 12.2), mediante enchimentos repetidos do Espírito Santo.

O cristão deve ser batizado no Espírito Santo após a conversão (ver At 1.5; 2.4), mas também deve renovar-se no Espírito repetidas vezes, para adoração a Deus, serviço e testemunho (At 4.31-33).

Experimentamos enchimentos repetidos do Espírito Santo quando mantemos uma fé viva em Jesus Cristo (Gl 3.5), estamos repletos da Palavra de Deus (Cl 3.16), oramos, damos graças e cantamos ao Senhor (1 Co 14.15; Ef 5.19,20), servimos ao próximo (Ef 5.21) e fazemos aquilo que o Espírito Santo quer (Rm 8.1-14; Gl 5.16; Ef 4.30; 1ª Ts 5.19).

Alguns resultados de ser cheio do Espírito Santo são:

A. Falar com alegria a Deus, em salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5.19),

B. Dar graças (Ef 5.20).

C. Sujeitar-nos uns aos outros (Ef 5. 21).

Paulo adverte os cristãos de não fazerem nada que leve seus irmãos tropeçarem (Rm 14.19-21; 1ª Co 8.13). Paulo contrasta o encher-se do Espírito e o embriagar-se (Ef 5.18) e, em Gálatas 5.21, enumera a embriaguez como uma obra da carne.

Pedro ensina os cristãos a se “abster (em) das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1ª Pe 2.11), e, já que a embriaguez é uma concupiscência da carne (Gl 5.21), a abstinência total é a melhor maneira de obedecer a essa admoestação. Como a pessoa começa a vida de embriaguez? Ao tomar o primeiro drinque.

3. Um Retrato da Embriaguez (Pv 23.29-35). Em Provérbios 23.29-35, o sábio pinta com traços inesquecíveis o retrato de um bêbado – imoral, insensível e irresponsável. Ao observarmos este retrato, algumas perguntas precisam ser feitas.

Se o uso de vinhos mais suaves, com baixo teor alcoólico, na época daquela cultura primitiva causou esse tipo de misérias, quem pode estimar as consequências trágicas do uso de bebidas destiladas com elevado teor alcoólico em uma sociedade que pulsa com as tensões de uma cultura complexa e que corre na velocidade da era do jato?

Se o sábio falou com tanta intensidade contra a embriaguez dos seus dias, qual seria a atitude dele com relação à sociedade dos dias de hoje que bebe tanto e produz milhões de alcoólatras?

Se o Escritor de Provérbios (23.29-35), considerava a embriaguez tão prejudicial na sua época de viagens e transporte não motorizados, o que ele diria sobre o álcool e sua responsabilidade na carnificina dos acidentes automobilísticos do nosso transporte moderno de alta velocidade?

4. Uso medicinal do vinho. Primeira a Timóteo 5.23 refere-se ao uso medicinal do vinho em uma época em que os médicos não tinham remédios modernos. Dizer que temos o direito de tomar álcool, porque é usado em alguns remédios, é tão razoável quanto dizer que podemos usar morfina, ou algum outro narcótico, porque o dentista ou o cirurgião a usa em seus pacientes.

O vinho indicado por Paulo a Timóteo era curativo, ou seja, para purificação e tratamento da água.

IV. JESUS E O MILAGRE DO VINHO

Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo, E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho (Jo 2.7-10).

1. O vinho de Jesus não era fermentado (Alcoólico). O que lemos em João 2.1-11, não dá a entender que o vinho que Cristo fez era embriagante. Era vinho novo, e vinho novo nunca embriaga. Não dá a entender que o Senhor fez álcool, o qual é produto de morte e de corrupção. Ele produziu um vinho novo, não contaminado por fermentação. Não fez uma bebida para alguém se embriagar, mas livrou a festa do desastre quando a supriu como um refresco sadio, puro e sem álcool.

1.1. O vinho como metáfora de Jesus. Em outro lugar, Jesus usou o vinho como metáfora para indicar coisas novas. Por exemplo, em Mateus 9.17 Jesus usou o vinho novo e os odres novos para falar de uma coisa nova que Ele estava fazendo.

2. O tipo de Vinho do Milagre de Jesus, o “Vinho Bom” (Jo 2.10). No relato do milagre do vinho, é mencionados dois tipos de vinho: o bom e o inferior. Notemos que o adjetivo grego traduzido “bom” (Jo 2. 10), é kalos, que significa “moralmente excelente ou apropriado”.

O vinho “bom” era o vinho mais doce, vinho este que podia ser bebido livremente e em grandes quantidades sem causar danos (Isto é, vinho cujo conteúdo de açúcar não fora destruído através da fermentação). Já o vinho "inferior" era aquele que fora diluído com muita água.

O escritor romano Plínio afirma expressamente que o "vinho bom", chamado sapa, não era fermentado. Sapa era suco de uva fervido até diminuir um terço do seu volume a fim de aumentar seu sabor doce.

III. MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO

Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho.

1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1ª Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o rebanho de Jesus Cristo a alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4).

2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Portanto, que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo.

3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41).

Na sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre no poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10).

Quanto ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos recabitas. Voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte para que a aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor.

Portanto, fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou. Lembremo-nos de Nadabe e Abiú. 

Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2018 - CPAD |A sobriedade na obra de Deus  Classe: Adultos| Aula: 19 de Agosto.


quinta-feira, 2 de agosto de 2018

AS CIDADES DOS LEVITAS




Quarenta e oito cidades destinadas para os levitas, por Moisés e Josué (Nm 35.1-8; Js 21). A tribo de Levi não recebeu qualquer parte da terra de Canaã como herança (Nm 18.20-24; 26.62; Dt 10.9; 18.1,2; Js 18.7). Para compensá-los por isso, eles recebiam os dízimos dos israelitas para seu sustento (Nm 18.21), e quarenta e oito cidades lhes foram destinadas, da herança das outras tribos. Dessas cidades os sacerdotes receberam treze (Js 21.4) e seis eram cidades de refúgio, para as quais os homens que acidentalmente matassem alguém podiam ir em busca de proteção (Nm 35. 9-34; Dt 4.41-43).

As cidades dos levitas foram estabelecidas tomando-se quatro cidades de cada uma das doze tribos. O propósito aparente de assim dispersar os levitas por toda a terra era capacitá-los, como representantes oficiais da fé hebraica, a instruir o povo, em toda a terra, na lei e no culto a Yahweh. A descrição das medidas das cidades e das pastagens a elas ligadas, como em Números 35.4,5, é difícil de compreender e tem dado margem a inúmeras interpretações diferentes.

Os levitas não eram os únicos proprietários ou ocupantes dessas cidades.
Era-lhes simplesmente permitido viver nelas e usar os campos para pastagem do seu gado. Essas cidades não deixaram de pertencer às tribos onde estavam localizadas. Os levitas podiam vender suas casas, mas podiam remi-las a qualquer tempo e, se não fossem capazes disso, as casas automaticamente retomavam a eles no ano do Jubileu. Seus campos, porém, não podiam ser vendidos (Lv 25.32ss.).

Os levitas não moravam apenas nas suas cidades.
Parecem ter sido consideradas, pelo menos em alguns aspectos, como pertencentes às tribos onde residiam, mesmo que não fosse uma cidade levítica; daí a afirmação em Juízes 17.7: “Havia um moço em Belém de Judá, da tribo de Judá, que era levita, e se demorava ali”. Assim também Elcana, pai de Samuel, que indubitavelmente era levita, é chamado de efraimita (1º Sm 1.1). Os levitas nunca são considerados como uma décima terceira tribo.

Essas cidades foram destinadas aos levitas por antecipação, para ser ocupadas por eles somente até o ponto em que eles as requisitassem e os israelitas as possuíssem. Não parece que os levitas tenham chegado em todas elas, ou mesmo na maioria delas, por que algumas nem pertenciam a Israel até muito depois do tempo de Moisés e Josué. Primeiro livro de Crônicas 6.54-81 também dá uma lista de cidades levíticas, mas essa é menor que a lista de Josué, e há mudanças de nomes, talvez porque tenha havido uma mudança para uma nova cidade devido à inadequabilidade da anterior, ou porque algumas das mais antigas não mais estivessem em uso. As cidades levíticas, mencionadas na história judaica após o tempo de Josué, são Bete-Semes (1º Sm 6.13-15), Jatir (1º Sm 30.27) e Anatote (1º Rs 2.26; Jr. 1.1; 32).

Fonte: Enciclopédia da Bíblia © 2008 Editora Cultura Cristã. VOLUME TRÊS:  H—L

FOGO ESTRANHO OFERECIDO POR NADABE E ABIÚ



“Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram nele fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, que não lhes ordenara. Então saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor” (Lv 10.1-2).

Deus havia estabelecido Arão como sacerdote e ele foi ungido. E todas as relações com culto era de responsabilidade de Arão que era o chefe, e seus filhos eram simplesmente ajudantes e não sacerdotes. Se os filhos se aventurassem a oferecer sacrifício estariam oferecendo fogo estranho, e foi exatamente o que Nadabe e Abiú, filhos de Arão fizeram. Acharam que podiam oferecer sacrifícios por si mesmo e ofereceram sem a ordem de Arão.

O significado do fogo estranho é servir sem uma ordem e sem obedecer à autoridade. Tinha visto seu pai oferecendo sacrifício e presumiram que podiam fazer a mesma coisa, porém estavam fora da vontade de Deus. Quando homem serve sob a autoridade de Deus, é aceito e ricamente abençoado.

O trabalho de Deus tem de ser coordenado sob autoridade. Deus colocou Nadabe e Abiú sob autoridade de Arão. No trabalho de Deus, Ele coloca alguns em autoridade e outros sob autoridade. Deus nos chamou para sermos sacerdotes segundo a ordem de Melquizedeque; portanto, temos de servir a Deus de acordo com a ordem da autoridade coordenada.

Nos trabalhos espirituais todos devem servir em coordenação. A coordenação é a regra que muitos não aprenderam. Hoje em dia muitos estão tentando servir a Deus sendo independentes, jamais se colocam sob autoridade; inconscientemente pecam contra a autoridade de Deus, isto é, estão em pecado de rebeldia, e esse pecado segundo 1º Sm 15.23 é comparado com o pecado de feitiçaria. Falar contra a autoridade representativa provoca a ira divina.

Pr. Elias Ribas

FOGO ESTRANHO DIANTE DE DEUS




TEXTO ÁUREO
“E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se.” (Lv 10.3).

VERDADE PRÁTICA
O Deus santo requer de seus obreiros uma postura igualmente santa, zelosa e de comprovada excelência; menos que isso é inaceitável.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 10.1-11: “E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. 2 Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. 3 E disse Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se. 4 E Moisés chamou a Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai, tirai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial. 5 Então, chegaram e levaram-nos nas suas túnicas para fora do arraial, como Moisés tinha dito. 6 E Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis as vossas cabeças, nem rasgareis vossas vestes, para que não morrais, nem venha grande indignação sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o SENHOR acendeu. 7 Nem saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o azeite da unção do SENHOR. E fizeram conforme a palavra de Moisés. 8 E falou o SENHOR a Arão, dizendo: 9 Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações, 10 para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, 11 e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado pela mão de Moisés.”

OBJETIVO GERAL
Mostrar que o Deus santo requer de seus obreiros uma postura igualmente santa, zelosa e de comprovada excelência.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I.      Discutir os privilégios de Nadabe e Abiú;
II.     Mostrar os perigos de se colocar fogo estranho no altar do Senhor;
III.    Compreender o porquê do luto no santo ministério.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O livro de Levítico enfatiza a santidade de Deus. Ele é santo e exige santidade do seu povo e de todos aqueles que são chamados para o seu serviço. Sem santidade ninguém pode se aproximar dEle, atrair sua presença ou ver a sua face. Contudo, Nadabe e Abiú não atentaram para isso e ofertaram a Deus um incenso não puro. Eles também não observaram a recomendação divina de que o incenso no altar deveria ser oferecido pelo sumo sacerdote. A resposta do Senhor foi imediata. A recompensa pelo pecado foi a morte física. A atitude de Nadabe e Abiú demostrava rebelião contra Deus e tal pecado é comparado ao de feitiçaria. Como sacerdotes, Nadabe e Abiú, tinham a responsabilidade de ensinar o povo, de conduzi-los na verdade, por isso receberam tal condenação. Eles deveriam ser exemplo para os israelitas e a punição que receberam teria de estar à altura.

INTRODUÇÃO
A história de Nadabe e Abiú faz-nos uma séria advertência: Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7). Nesta lição, veremos que esses dois obreiros, apesar de todos os privilégios de que desfrutavam junto à congregação de Israel, não honraram o seu ministério. Antes, ignorando a recomendação de Moisés, ofereceram fogo estranho ao Senhor. E, no mesmo instante, foram exterminados pelo Deus que não se deixa zombar por homem algum.

Como temos nos apresentado diante do Senhor? Enquanto avançamos neste estudo, respondamos a esta pergunta com temor e tremor, pois Deus não mudou. Ele está a exigir santidade, pureza e reverência de cada um de seus filhos, principalmente dos que fazem parte do santo ministério da Palavra.

PONTO CENTRAL
Deus é santo e requer de seus obreiros uma postura igualmente santa.

I. OS PRIVILÉGIOS DE NADABE E ABIÚ
Não basta pertencer a uma família tradicional de obreiros para usufruir da graça divina. É necessário, antes de tudo, ter uma vida de íntima comunhão com Deus. Vejamos, pois, a ascendência de Nadabe e Abiú, e o seu conhecimento da glória divina.

1. Ascendência levítica.
Nadabe e Abiú pertenciam à tribo de Levi, que fora honrada com o sacerdócio divino (Nm 3.1-12). Os homens dessa tribo eram contados entre as primícias do Senhor. O próprio Deus havia dito: “Os levitas serão meus” (Nm 3.12). Por conseguinte, os descendentes de Levi eram vistos como os nobres entre os nobres de Israel.

2. Ascendência araônica.
Além de pertencerem à tribo de Levi, Nadabe e Abiú provinham da família de Arão, escolhida por Deus para exercer o sumo sacerdócio (Êx 6.23; 28.1). Era o ofício mais honroso de todo o Israel. Nem os reis podiam exercê-lo (2 Cr 26.18). De acordo com a genealogia de Arão, Nadabe e Abiú eram os sucessores imediatos do pai nesse glorioso ministério.

3. Participantes da glória de Deus.
Quando o Senhor outorgou a Lei a Israel, por intermédio de Moisés, lá estavam Nadabe e Abiú juntamente com os mais destacados anciãos de Israel (Êx 24.1). E, ali, no monte sagrado, presenciaram a manifestação da glória divina (Êx 24.9,10). Além disso, foram testemunhas oculares da aliança que o Senhor firmara com os filhos de Israel (Êx 24.8). Enfim, Nadabe e Abiú tiveram o privilégio de testemunhar o estabelecimento do pacto entre Deus e o seu povo.

SÍNTESE DO TÓPICO I
Como sacerdotes, Nadabe e Abiú tinham privilégios.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Nadabe/Abiú
Alguns irmãos, como Caim e Abel ou Jacó e Esaú, colocaram uns aos outros em apuros. Os irmãos Nadabe e Abiú tiveram problemas juntos. Embora pouco se saiba sobre seus primeiros anos, a Bíblia nos dá uma abundância de informações sobre o ambiente em que eles cresceram. Nascido no Egito, foram testemunhas oculares dos atos poderosos de Deus no Êxodo. Eles viram seu pai Arão, seu tio Moisés, e sua tia Miriã em ação muitas vezes. Eles tinham conhecimento em primeira mão sobre a santidade de Deus como poucos homens já tiveram, e pelo menos por um tempo, seguiram a Deus de todo o coração (Lv 8.36). Mas em um momento crucial, eles decidiram tratar as claras instruções de Deus com indiferença. A consequência de seu pecado foi ardente, imediata e chocante para todos”  Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 215).

Qualidades e realizações.
Os primeiros candidatos à sucessão de seu pai como sumo sacerdote.
Envolvidos na consagração original do Tabernáculo.
Elogiados por fazer ‘todas as coisas que o Senhor ordenara’ (Lv 8.36).
Fraquezas e enganos.
Tratar os mandamentos diretos de Deus de forma leviana.
Lições de sua vida.
O pecado tem consequências mortais.

Estatísticas vitais.
Local: Península do Sinai.
Ocupação: Sacerdotes em treinamento.
Parentes: Pai: Arão. Tio: Moisés. Tia: Miriã. Irmãos: Eleazar e Itamar.

Versículo-chave.
“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR” (Lv 10.1,2).

II. FOGO ESTRANHO NO ALTAR

O primeiro fogo que acendeu a lenha do sacrifício depois da consagração formal de Arão como sacerdote, foi ateado por Deus, 9.24. Esta origem sobrenatural do fogo no altar serve para nos ensinar que se um sacrifício pode ser feito pelo homem, é só a graça de Deus que a consome, que o torna aceitável, que faz dele um meio de expiação. Nenhum fogo feito pelo homem, poderia ser usado no altar do Senhor, e por isso mesmo é que era tão importante que os sacerdotes conservassem sempre acessa a chama que veio a existir de maneira tão notável. O pecado de oferecer sacrifícios com “fogo estranho”, fogo ateado pelos homens e não por Deus, foi justamente o que provocou a morte de Nadabe e Abiú, (10.1 -2).

Três atitudes marcaram o ato leviano e inconsequente de Nadabe e Abiú: ignoraram a Deus, impacientaram-se e, sem qualquer temor, apresentaram fogo estranho no altar sagrado.

1. Ignoraram a Deus.
Ao adentrarem o lugar santo, Nadabe e Abiú ignoraram a presença de Deus, pois o Senhor encontrava-se não somente no Tabernáculo como em todo o arraial de Israel (Êx 25.8; Nm 14.14). O Deus onipresente não se limita ao Santo dos santos, mas se deleita com a presença de seus queridos e amados santos.

2. Impaciência profana.
De acordo com as instruções que o Senhor, através de Moisés, transmitira aos filhos de Israel, somente o sumo sacerdote estava autorizado a oferecer o incenso no altar de ouro (Êx 30.7-9). Todavia, observa-se que ambos, ignorando tal preceito, entraram no lugar sagrado e trouxeram um fogo que Deus não ordenara. As coisas de Deus não podem ser tratadas profanamente.

Nadabe e Abiú precipitaram-se e não souberam esperar a hora de se colocarem no altar.

3. Apresentaram fogo estranho ao Senhor.
Não bastava ter o incenso prescrito pelo Senhor; era imperioso ter igualmente a brasa certa, para que Deus fosse dignamente adorado (Êx 30.9; Lv 16.12). Se o incenso era exclusivo, a brasa também o era (Êx 30.37). Mas, pelo contexto da narrativa sagrada, Nadabe e Abiú não estavam preocupados nem com o incenso, nem com o fogo. Por isso, o Senhor veio a fulminá-los diante do altar.

SÍNTESE DO TÓPICO II
Nadabe e Abiú ignoraram as recomendações divinas e ofereceram fogo estranho sobre o altar.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Fogo estranho.
1. “Qual foi o ‘fogo estranho’ que Nadabe e Abiú ofereceram diante do Senhor?
O fogo sobre o altar de holocausto nunca se extinguia (Lv 6.12,13), o que implica que este altar era santo. É possível que Nadabe e Abiú tenham levado ao altar brasas de fogo de uma outra fonte, fazendo com que o sacrifício se tornasse profano. Também tem sido sugerido que os dois sacerdotes fizeram uma oferta em um momento não prescrito. Seja qual for a explicação correta, o ponto é que Nadabe e Abiú abusaram da sua posição como sacerdotes em um ato de flagrante desrespeito a Deus, que tinha acabado de revisar precisamente com eles como deveriam conduzir a adoração. Como líderes, eles tinham uma responsabilidade especial de obedecer a Deus. Em sua posição, eles poderiam facilmente conduzir muitas pessoas ao erro. Se Deus comissionou você para liderar ou ensinar outras pessoas, nunca considere este papel como garantido nem abuse dele. Permaneça fiel a Deus e siga as instruções d’Ele” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 214).

2. “O texto não registra a natureza do pecado de Nadabe e Abiú.
Os comentaristas têm algumas sugestões: o incenso não foi feito de acordo com as instruções de Moisés (Êx 30.34-38); o fogo não era proveniente do fogo que estava queimando no altar (16.12); a oferta foi feita no momento errado (Êx 30.7,8); os infratores usaram incensários inadequados (os deles mesmos); Nadabe e Abiú assumiram uma função devida exclusivamente ao sumo sacerdote; ou eles estavam sob influência alcoólica (cf. 8-11). É possível falar com certeza sobre este aspecto. O ponto essencial é que os dois sacerdotes exerceram funções sacerdotais de maneira oposta às ordens do Senhor. Moisés deixou claro que o Senhor deve ser santificado naqueles que se aproximam dele, a fim de que Ele seja glorificado diante de todo o povo. Esta é uma ilustração de que, no Antigo Testamento, a obediência era muito mais importante do que o sacrifício (1 Sm 15.22)” (Comentário Bíblico Beacon. Vol 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 277).

III. LUTO NO SANTO MINISTÉRIO
A morte de Nadabe e Abiú abalou profundamente a casa de Arão. Apesar de haver perdido, num único dia, dois de seus filhos, ele foi proibido pelo Senhor de observar qualquer luto pelos mortos.
1. A morte de Nadabe e Abiú.
Ao se apresentarem com fogo estranho diante do Senhor, os filhos de Arão, que também eram ministros do altar, foram consumidos no lugar santo (Lv 10.2). Pelo que observamos do texto sagrado, Deus os matou pelo fato de eles não terem levado em conta a santidade divina (Lv 10.3). A obrigação deles era glorificar o nome do Senhor, mas preferiram buscar a própria glória. Diante do fato, o sumo sacerdote de Israel calou-se. Não poderia haver momento mais trágico para a sua família.

2. A remoção dos cadáveres.
Moisés, então, ordena a dois primos de Arão, Misael e Elzafã, a removerem os cadáveres da Casa de Deus (Lv 10.4). No episódio de Ananias e Safira, os corpos de ambos foram levados para fora por alguns jovens da igreja recém-inaugurada pelo Espírito Santo (At 5.1-11).

3. O luto é proibido.
Apesar da tragédia que se abateu sobre a sua família, Arão é proibido pelo Senhor de guardar luto ou demonstrar tristeza (Lv 10.6,7). Ele e seus filhos deveriam suportar, com santa discrição, aquela hora tão difícil. Afinal, era seu dever zelar pela santidade e glória do nome do Senhor dos Exércitos.
Certos tipos de “luto” servem apenas para enfraquecer o povo de Deus e levá-lo à dispersão (2º Sm 19.1-7). Às vezes, temos de suportar o insuportável, a fim de preservar a Igreja de Cristo. Ela está acima de nossa dor.

SÍNTESE DO TÓPICO III
Nadabe e Abiú ignoraram as recomendações divinas e ofereceram fogo estranho sobre o altar.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
O luto
1. O povo de Israel teve a permissão de lamentar esta grande tragédia, mas Arão e seus dois filhos restantes foram proibidos de mostrar as marcas normais de luto: descobrir a cabeça e soltar os cabelos ou rasgar as roupas. Não deviam dar a Israel a aparência de questionamento ou lamentação por causa do julgamento de Deus. Moisés os lembrou de que o azeite da unção do Senhor estava sobre eles. O serviço de Deus não pode ser detido por questões pessoais. O incêndio seria ‘o fogo que o Senhor Deus acendeu.

2. Privação pessoal, negação ou insultos a si próprio muitas vezes caracterizavam os ritos de luto. Os ornamentos eram tirados (Êx 33.4-6); os enlutados rasgavam suas vestes como símbolo de pesar (Gn 37.34). Frequentemente, o rasgar as roupas e vestir-se com sacos representavam pesar e humildade (1º Rs 21.27; Et 4.1; Jr 4.8). Pó ou cinzas eram colocados sobre a cabeça. A barba e os cabelos da cabeça eram arrancados (Ed 9.3) ou cortados (Is 15.2; Jr 7.29). Observava-se o jejum (2º Sm 1.12; Ne 1.4; Zc 7.5). Algumas práticas de luto eram expressamente proibidas a Israel, provavelmente por serem ritos pagãos. Os israelitas não se cortavam nem podiam fazer ‘marca alguma’ em suas testas em homenagem aos mortos (Lv 19.28; Dt 14.1). As regras para os sacerdotes eram particularmente mais severas (Lv 21.1-5, 10-12) (Dicionário Bíblico Beacon. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 277) e (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 1129).

CONCLUSÃO
Devemos ter cuidado com a forma como nos apresentamos diante de Deus. O culto ao Senhor deve ser santo, reverente e verdadeiro. Portanto, chega de liturgias bizarras, cultos mundanos, teologias permissivas e costumes que ferem a Palavra de Deus. Se não atentarmos à santidade e à glória divinas, não subsistiremos, pois o nosso Deus, embora seja conhecido pelo amor e bondade, é também um fogo devorador (Is 30.27). Portanto, sejamos puros e santos em toda a nossa maneira de ser, pois o Senhor não se deixa escarnecer.

Lições Bíblicas do 3° trimestre de 2018 - CPAD | Classe: Adultos


segunda-feira, 30 de julho de 2018

AS CINCO OFERTAS LEVÍTICAS - RETRATOS DE CRISTO




INTRODUÇÃO.
A Bíblia apresenta todos nós como pecadores, vivendo num estado de morte espiritual e destinados à morte física e eterna. Vivemos na morte porque estamos separados da comunhão com Deus e incapazes de restaurar sozinhos essa comunhão que dá vida (Rm 5.12; 8). A sentença de morte pesa sobre nós por causa da nossa identificação com a queda de Adão (Romanos 5:14), nossa rebelião contra Deus (Cl 1.21,22), e nosso pecado constante (Gn 6.5; 8:21; Rm 3.10).

Mas ninguém precisa continuar nessa situação. Ao mesmo tempo em que contou a Adão e Eva as terríveis consequências que seu pecado traria sobre eles, Deus revelou Seu plano para salvá-los (Gn 3.15). Ele tomaria sobre Si o castigo do pecado de cada indivíduo e renovaria a comunhão rompida. O plano foi completado quando Jesus Cristo, Deus encarnado, se ofereceu por nós (Hb 9 e 10).

Desde os primeiros capítulos de Gênesis, o Antigo Testamento prevê esta oferta perfeita. Depois de Adão e Eva terem pecado, Deus fez o primeiro sacrifício. Ele usou peles de animais para cobrir a nudez de Adão e Eva. Seu ato mostrou também simbolicamente a cobertura dos pecados deles (Gn 3.21). A partir deste ponto, as pessoas parecem ter compreendido que Deus requereria um sacrifício de sangue para cobrir pecados e começaram a levar ofertas. Gênesis 4.3-5 registra o sacrifício de um cordeiro por Abel. Noé ofereceu animais para mostrar sua gratidão depois do dilúvio (Gn 8.20). Abraão, Isaque e Jacó construíram altares e sacrificaram a Deus onde quer que acampassem (Gn 12.8; 26.25; 35.1-7).

Séculos mais tarde, quando Deus deu a Moisés instruções detalhadas para a adoração de Israel, Ele instituiu um sistema de ofertas sacrificiais, que são apresentadas no Livro de Levítico. Deus deu ao povo esses sacrifícios para prepara-lo para o supremo sacrifício que o Messias faria, a fim de pagar de uma vez por todas pelo pecado. Cada sacrifício salienta a necessidade de todos e a provisão misericordiosa de Deus. Cada um é cheio de simbolismo.

I. O HOLOCAUSTO (Levítico 1.3-7).

Para o Holocausto, era exigido um animal doméstico, macho sem defeito (em lugar de um animal selvagem que custaria pouco ao ofertante). Geralmente seria usado um touro, carneiro ou bode, mas os adoradores pobres podiam ofertar pombos rolinhas (Compare Lc 2.22-24; 2ª Co 8.9). Cada ofertante se identificava com a sua oferta: ela deveria substituí-lo (Lv 1.4). O animal inteiro deveria ser consumido pelo fogo para representar a tremenda santidade de Deus ao lidar com o pecado. Essa oferta tipifica claramente a oferta voluntária de Cristo como o Cordeiro de Deus, em total obediência ao Pai. Ele sofreu o castigo pelo nosso pecado. A oferta também simbolizava a apresentação voluntária do adorador a Deus. Somente quando nos identificamos com Cristo, nossa oferta (Ef 5.2; Hb 10.10), podemos ser purificados do pecado e nos tornamos sacrifícios vivos para Deus (Rm 12.1,2).

II. A OFERTA DE MANJARES [OU CEREAIS] (Levítico 2.1-16).

A Oferta de Manjares era preparada e apresentada a Deus como uma refeição. Uma parte de cada oferta pertencia aos sacerdotes. A oferta mostrava a gratidão dos adoradores a Deus por supri-los de alimento para sustentar a sua vida física. Ao fazer a oferta, eles estavam oferecendo simbolicamente a Deus o dom de sua vida. Mas, a oferta tinha um significado ainda mais profundo. Ela falava da provisão divina por meio de Cristo para a nossa vida espiritual. Colossenses 3.4 nos diz que Cristo e a nossa vida. Certos ingredientes da oferta representavam uma faceta de sua provisão para nós. A Flor de Farinha representava sua perfeição; o incenso aromático, a fragrância da Sua vida. A ausência de fermento, citado na Escritura como símbolo de pecado (Mt16.6,12), mostrava que Ele estava totalmente livre da corrupção. O sal falava de Seu poder para preservar e purificar.

III. O SACRIFÍCIO PACÍFICO (Levítico 3.1-17).

A oferta pacífica era uma oferta de comunhão. Nesta oferta voluntária de um animal, o sangue era importante. O adorador oferecia um bode ou cordeiro macho ou fêmea. Era a única oferta da qual o ofertante podia comer. Enquanto compartilhava a refeição com o sacerdote e às vezes com outros adoradores, era como se Deus fosse o anfitrião da mesma, comungando com todos os presentes. A oferta pacífica representa a comunhão entre Deus e o homem tornada possível por meio do Senhor Jesus. Ela aponta para Aquele que “é a nossa paz” (Ef 2.14), e que “fez a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl 1.20).

IV. OS SACRIFÍCIOS PELOS PECADOS POR IGNORÂNCIA (Levítico 4.1-5.13).

A oferta pelo pecado, algumas vezes chamada de oferta pela culpa, era obrigatória. Tinha como objetivo a expiação de pecados quando a restituição fosse impossível. Só podia ser feita quando o ofertante não tivesse pecado deliberadamente, mas por ignorância ou negligência. A classe do ofensor determinava o tamanho (valor) da oferta. Sacrifícios maiores eram requeridos pelo pecado do sacerdote (v. 3) ou de toda a congregação (v. 13), visto que tais pecados afetavam um círculo mais amplo do que aquele do príncipe (v. 22) ou do povo comum (v. 27). Quando era feita uma oferta pelo pecado, o sangue era aspergido no tabernáculo na frente do véu, colocado nos chifres do altar e derramado na sua base para representar a ocultação do pecado. Esta oferta prefigurava nosso perdão por meio do sangue de Cristo (Hb 9.12-14; 1ª Jo 1.9). A parte maior da oferta era queimada fora do arraial, lembrando-se de que o Senhor Jesus sofreu por nós fora da porta (Hebreus 13:12) quando Se tornou a suprema oferta pelo pecado (2ª Co 5.21).

O SACRIFÍCIO PELOS PECADOS OCULTOS (Levítico 5.14-6.7).

Essa oferta de animais ou aves era apresentada pelos pecados, quer intencionais ou não, pelos quais o ofensor podia fazer restituição caso necessário. O pecador tinha primeiro que reconhecer o seu erro. Depois, quando levava a oferta, devia apresentar ao sacerdote o pagamento total do seu débito para com o ofendido, com acréscimo de um quinto. Uma vez feito o pagamento, a dívida ficava quitada e o ofertante recebia pleno perdão. Cristo e a nossa oferta pelo pecado (Is 53.10). Ele não só aceitou o castigo pelo pecado, como também nos deu a Sua justiça (2ª Co 5.21).

CONCLUSÃO.

Por que não são mais feitos sacrifícios?
Com a oferta do Cordeiro perfeito de Deus, o sistema sacrificial terminou; o próprio Deus abriu o Caminho para o perdão e a restauração da comunhão. Agora, por causa do sacrifício de Cristo, podemos desfrutar de acesso direto ao Pai (Jo 10.27-30; 14.6, 15; 17.3, 21-23). Não há mais necessidade de um sacerdote para representar-nos diante de Deus (1ª Tm 2.5). Em nome de Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote, podemos nos aproximar do trono de Deus para receber perdão de pecados, assim como ajuda e orientação para todos os problemas da vida (Hb 4.14-16; 1ª Jo 2.1,2).

A DOUTRINA DO CULTO LEVÍTICO




TEXTO ÁUREO
“Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl 24.1)

VERDADE PRÁTICA
Tudo quanto existe pertence ao Senhor e ao Senhor deve ser consagrado, principalmente o nosso ser.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Levítico 9.1-14: “E aconteceu, ao dia oitavo, que Moisés chamou a Arão, e a seus filhos, e aos anciãos de Israel 2 e disse a Arão: Toma um bezerro, para expiação do pecado, e um carneiro, para holocausto, sem mancha, e traze-os perante o SENHOR. 3 Depois, falarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomai um bode, para expiação do pecado, e um bezerro e um cordeiro de um ano, sem mancha, para holocausto; 4 também um boi e um carneiro, por sacrifício pacífico, para sacrificar perante o SENHOR, e oferta de manjares, amassada com azeite; porquanto hoje o SENHOR vos aparecerá. 5 Então, trouxeram o que ordenara Moisés, diante da tenda da congregação, e chegou-se toda a congregação e se pôs perante o SENHOR. 6 E disse Moisés: Esta coisa que o SENHOR ordenou fareis; e a glória do SENHOR vos aparecerá. 7 E disse Moisés a Arão: Chega-te ao altar e faze a tua expiação de pecado e o teu holocausto; e faze expiação por ti e pelo povo; depois, faze a oferta do povo e faze expiação por ele, como ordenou o SENHOR. 8 Então, Arão se chegou ao altar e degolou o bezerro da expiação que era por si mesmo. 9 E os filhos de Arão trouxeram-lhe o sangue; e molhou o dedo no sangue e o pôs sobre as pontas do altar; e o resto do sangue derramou ŕ base do altar. 10 Mas a gordura, e os rins, e o redenho do fígado de expiação do pecado queimou sobre o altar, como o SENHOR ordenara a Moisés. 11 Porém a carne e o couro queimou com fogo fora do arraial. 12 Depois, degolou o holocausto, e os filhos de Arão lhe entregaram o sangue, e ele espargiu-o sobre o altar em redor. 13 Também lhe entregaram o holocausto nos seus pedaços, com a cabeça; e queimou-o sobre o altar. 14 E lavou a fressura e as pernas e as queimou sobre o holocausto no altar.

OBJETIVO GERAL
Explicar que tudo quanto existe pertence ao Senhor e ao Senhor deve ser consagrado, principalmente o nosso ser.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
Saber que a Terra é do Senhor
Mostrar que os animais e vegetais são do Senhor;
III. Compreender que o ser humano é do Senhor.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Professor (a), na lição de hoje estudaremos três princípios bíblicos expostos no capítulo 9 do livro de Levítico que todo israelita deveria observar:
1) tudo quanto existe foi criado por Deus;
2) sendo Ele o Criador de todas as coisas, somente Ele deve ser adorado; e
3) tudo quanto há deve ser consagrado ao Deus Único e Verdadeiro. Embora o livro de Levítico tenha sido escrito na Antiga Aliança, num tempo e contexto social diferente do nosso, tais princípios também devem ser observados pela Igreja e crentes da atualidade. Que venhamos como filhos de Deus, alcançados pela graça, consagrar tudo a Ele e em especial todo o nosso ser.

INTRODUÇÃO
No livro de Levítico, há uma teologia sublime e altamente devocional, cujo objetivo é levar o crente israelita a reconhecer três verdades:
1) tudo quanto existe foi criado por Deus;
2) sendo Ele o Criador de todas as coisas, somente Ele deve ser adorado; e
3) tudo quanto há deve ser consagrado ao Deus Único e Verdadeiro.
Se observasse esse princípio, o povo de Israel ver-se-ia livre dos resquícios da idolatria do Egito, prevenindo-se didaticamente quanto às abominações de Canaã.
Nesta lição, veremos que a essência do culto levítico é conduzir o crente a adorar a Deus e a consagrar-lhe tudo quanto tem. Porque tudo pertence ao Senhor, pois Ele tudo criou e tudo preserva. Essa consagração, porém, só terá eficácia se começar pelo nosso próprio ser (Rm 12.1-3).

PONTO CENTRAL
Deus é o Criador e somente Ele merece ser adorado.

I. A TERRA É DO SENHOR
O livro de Levítico reafirma, através de suas ações litúrgicas, as mensagens do Gênesis e do Êxodo. Ele mostra que Deus, sendo o Criador dos Céus e da Terra, tem de ser adorado por tudo quanto existe e por tudo que temos.

1. Deus é o Criador dos Céus e da Terra.
Se o Gênesis mostra que Deus criou tudo quanto existe, o Levítico reivindica dos israelitas que consagrem tudo ao Senhor (Gn 1.1; Lv 1.17). Ao mesmo tempo, exorta-os didaticamente, por meios das ofertas e dos sacrifícios, que nenhum ídolo pode ser honrado como o nosso Deus (Lv 19.4; Is 42.8).

2. Deus é o libertador de Israel.
O livro de Levítico patenteia aos filhos de Israel que Deus é o libertador de seu povo. Por esse motivo, nenhum israelita poderia comparecer diante do Senhor de mãos vazias (Êx 23.15; 2ª Co 9.7).

3. Israel é o templo de Deus.
A teologia de Levítico tinha por objetivo também conscientizar Israel de sua vocação divina (Lv 20.26). Logo, toda a nação israelita era (e no futuro o será) um templo de adoração ao Senhor (Lv.10.3). Isso significa que o povo hebreu não se limitava a ser uma mera teocracia, mas a comunidade de adoração por excelência ao Senhor (Lv 9.23).

SÍNTESE DO TÓPICO I
A Terra foi criada pelo Senhor, por isso pertence a Ele.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Levítico 9.1-24
Para preparar o aparecimento de Deus, Arão ofereceu por si e seus filhos uma expiação de pecado e um holocausto (7,8). A oferta pelo pecado de Arão era um bezerro (2,8), e seu holocausto, um carneiro. Esta é a única ocasião na qual a legislação sacrificial exigia um bezerro. Rashi comenta a respeito do bezerro: ‘Este animal foi escolhido como oferta pelo pecado para anunciar ao sacerdote [Arão] que o santo, bendito seja Ele, lhe concedeu expiação por meio deste bezerro por causa do incidente do bezerro de ouro anteriormente feito’.

O pensamento judaico tradicional sempre vê significação em cada detalhe deste processo. Snaith ressalta que o carneiro era lembrança da obediência de Abraão em amar Isaque. Cita também a significação relacionada a estas ofertas que o Targum de Jerusalém menciona: o bode é visto como lembrança do bode que os irmãos de José mataram (Gn 37.31, ARA); o bezerro lembra o bezerro de ouro; e o cordeiro recorda o fato de Isaque ter sido amarrado como cordeiro para o sacrifício. A própria sofreguidão em ver significado em cada detalhe sugere a importância que estes eventos representavam para antigo Israel. Segundo o rito significa ‘de modo regular’ ou ‘de acordo com as prescrições’.

O fato de Arão apresentar a oferta pelo pecado e o holocausto a favor de si mesmo e de seus filhos mostra o autoentendimento que o Antigo Testamento tinha das limitações de seu próprio sistema sacrificatório. Ninguém, nem mesmo o sumo sacerdote Arão, estava preparado para servir a Deus ou adorar a Deus sem que primeiro fosse feita expiação por ele. O escritor aos Hebreus (Hb 7.27) aceita esta realidade como prova da superioridade do novo concerto e de Cristo, o verdadeiro Sumo Sacerdote.

As ofertas de Arão pelo povo formavam um padrão para o culto de Israel ao Senhor. Arão ofereceu a expiação do pecado, o holocausto, o sacrifício pacífico e a oferta de manjares. A omissão da oferta pela transgressão (culpa) confirma o fato de que esta oferta era primariamente para ocasiões em que ocorresse o dano e a reparação estivesse sendo feita.
A ordem dos sacrifícios revela o entendimento levítico acerca da aproximação apropriada a Deus na adoração (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp. 275, 276).

II. OS ANIMAIS E OS VEGETAIS SÃO DO SENHOR
A teologia do Levítico mostra a criação como serva do Criador. Por essa razão, os animais e os vegetais, em Israel, não eram adorados, mas serviam para adorar a Deus.

1. No Egito, os animais eram deuses.
Os egípcios não faziam distinção entre o Criador e a criação, nem estavam preocupados em distinguir os animais limpos dos impuros. Por isso, adoravam o boi, o crocodilo, o falcão, o gato, etc (Rm 1.25). Eis porque Deus, ao punir o Egito com as dez pragas, mostrou quão inúteis eram aqueles deuses.

2. Os animais e a adoração a Deus.
Ao contrário dos egípcios, os israelitas não se davam ao culto dos animais, mas entregava-os em sacrifício ao Senhor (Lv 1.2). Além disso, faziam distinção entre os animais limpos e impuros (Lv cap. 11). Nesse sentido, o povo de Israel sabia que os animais não são deuses, e, sim, criaturas do Deus, que, bondosamente, o sustenta (Sl 104.14).

3. Os vegetais e a adoração a Deus.
Se por um lado, a Lei de Deus preconiza a preservação da natureza, por outro, condena a idolatria da natureza como acontecia em algumas antigas culturas cananeias e no período de apostasia dos judeus (1º  Rs 14.23). Em Israel, os frutos da terra serviam para louvar e enaltecer a Deus (Lv 23.10).

SÍNTESE DO TÓPICO II
Os animais e vegetais foram criados pelo Senhor e pertencem a Ele.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor (a), inicie o segundo tópico fazendo a seguinte indagação: “Por que os animais e os vegetais são do Senhor? Incentive a participação de todos os alunos. Eles são do Senhor porque Ele os criou. Mas como saber a verdade a respeito do relato da criação? Explique que o relato da criação não é uma alegoria. A narrativa da criação é um fato histórico, ou seja, algo que aconteceu exatamente como a Palavra de Deus narra. Quando o assunto é a criação do universo, sabemos que existem várias teorias que tentam explicar a origem da vida, como por exemplo, a teoria do Big Bang e a teoria da Evolução. Porém, como crentes, sabemos que o universo e a vida não são produtos de uma evolução como alguns cientistas tentam afirmar ou o resultado da explosão de uma partícula. Deus é o grande Criador. Ele Criou os animais e vegetais, por isso pertencem a Ele. Os israelitas precisavam ter a consciência de que o Deus que eles adoravam no Tabernáculo era o único e que tudo foi criado por Ele. Enfatize também que os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício vicário de Jesus e que segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “quando um sacrifício era oferecido com fé e obediência a Deus, Deus se aprazia no ato do adorador e, deste modo, outorgava ao penitente a graça e o perdão almejados”.

III. O SER HUMANO É DO SENHOR
A teologia do Levítico preconiza a sacralidade da vida humana como imagem e semelhança de Deus. Em Israel, ao contrário das culturas cananeias, estava proibido o sacrifício humano, pois o verdadeiro sacrifício a Deus é um coração humilde e contrito (Is 57.15).

1. O ser humano é a imagem de Deus.
O livro de Levítico corrobora a teologia do Gênesis, ao mostrar que o ser humano foi criado por Deus (Gn 1.26). Portanto, há vários dispositivos, visando promover o ser humano como a obra prima das mãos divinas. Por esse motivo, o crente israelita era intimado a cuidar de seu corpo tanto exterior quanto interiormente (Lv 20.7). Nem marcas nem tatuagens eram admitidas (Lv 19.28). Ou seja, o ser humano só agradará a Deus se buscar a excelência divina em toda a sua maneira de ser, existir e pensar.

2. A vida humana é sagrada.
O crente israelita é exortado a ver a vida humana como sagrada. Por isso mesmo, não poderia, sob hipótese alguma, consagrar sua descendência aos ídolos (Lv 18.21). Portanto, toda a nação de Israel, como propriedade exclusiva do Senhor, ao Senhor tem de ser consagrada.

3. O ser humano é servo e adorador a Deus.
Sendo Israel o povo do Senhor, deve, por conseguinte, dedicar-se totalmente ao serviço divino, oferecendo-lhe sacrifícios, celebrando seus grandes feitos e adorando-o na beleza de sua santidade (Lv 1.2; 23.2).

4. O sacrifício pacífico.
A teologia do livro de Levítico tinha por objetivo, antes de tudo, levar o israelita a servir voluntária e amorosamente a Deus. Esse ideal é realçado pelo salmista (Sl 100.2). A síntese desse ensinamento está no sacrifício pacífico com que Israel mostrava a sua gratidão ao Senhor (Lv 7.11-17). Quanto a nós, somos exortados a oferecer a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, por mediação do Espírito Santo, sacrifícios de louvores (Hb 13.15).

SÍNTESE DO TÓPICO III
Os seres humanos foram criados por Deus e pertencem a Ele.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Sobre o homem.
Cremos, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus: ‘E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente’ (Gn 2.7). A palavra ‘homem’ no relato da criação em Gênesis 1 e 2 é Adam, que aparece depois como nome próprio do primeiro homem. O ser humano foi criado macho e fêmea: ‘E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou’ (Gn 1.27). Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais; feito à semelhança de Deus: ‘os homens, feitos à semelhança de Deus’ (Tg 3.9); um pouco menor do que os anjos; coroado de honra e de glória e dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal. Mediante a graça, essa escolha continua mesmo depois da Queda no Éden: ‘Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se falo de mim mesmo’ (Jo 7.17). Mais de uma vez, Israel teve a liberdade de escolha quando foi chamado por Deus. Podemos afirmar que nenhuma criatura foi feita como o homem, que é considerado a coroa da criação. Adão é o primeiro homem, e dele e Eva veio toda a geração dos seres humanos que vivem sobre o planeta terra (SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 3.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 77,78).

CONCLUSÃO.
Nós somos o templo do Espírito Santo (1ª Co 6.19). E, como tais, somos intimados a andar em novidade de vida, consagrando tudo ao Senhor, a começar por nós mesmos (1 Ts 5.23). Se não nos ofertarmos amorosa e incondicionalmente a Deus, e usarmos o nosso corpo para o pecado, como estaremos diante de Deus? Seremos réus diante d’Ele (1ª Co 6.18-20).
A essência da teologia do Levítico continua válida ainda hoje. O Deus que exortou Israel à santidade requer, de igual modo, a nossa santificação (Lv 19.2; 1ª Ts 4.3).