INTRODUÇÃO.
A Bíblia apresenta todos nós como
pecadores, vivendo num estado de morte espiritual e destinados à morte física e
eterna. Vivemos na morte porque estamos separados da comunhão com Deus e
incapazes de restaurar sozinhos essa comunhão que dá vida (Rm 5.12; 8). A
sentença de morte pesa sobre nós por causa da nossa identificação com a queda
de Adão (Romanos 5:14), nossa rebelião contra Deus (Cl 1.21,22), e nosso pecado
constante (Gn 6.5; 8:21; Rm 3.10).
Mas ninguém precisa continuar nessa
situação. Ao mesmo tempo em que contou a Adão e Eva as terríveis consequências
que seu pecado traria sobre eles, Deus revelou Seu plano para salvá-los (Gn 3.15).
Ele tomaria sobre Si o castigo do pecado de cada indivíduo e renovaria a
comunhão rompida. O plano foi completado quando Jesus Cristo, Deus encarnado,
se ofereceu por nós (Hb 9 e 10).
Desde os primeiros capítulos de Gênesis,
o Antigo Testamento prevê esta oferta perfeita. Depois de Adão e Eva terem
pecado, Deus fez o primeiro sacrifício. Ele usou peles de animais para cobrir a
nudez de Adão e Eva. Seu ato mostrou também simbolicamente a cobertura dos
pecados deles (Gn 3.21). A partir deste ponto, as pessoas parecem ter
compreendido que Deus requereria um sacrifício de sangue para cobrir pecados e
começaram a levar ofertas. Gênesis 4.3-5 registra o sacrifício de um cordeiro
por Abel. Noé ofereceu animais para mostrar sua gratidão depois do dilúvio (Gn
8.20). Abraão, Isaque e Jacó construíram altares e sacrificaram a Deus onde quer
que acampassem (Gn 12.8; 26.25; 35.1-7).
Séculos mais tarde, quando Deus deu a
Moisés instruções detalhadas para a adoração de Israel, Ele instituiu um
sistema de ofertas sacrificiais, que são apresentadas no Livro de Levítico.
Deus deu ao povo esses sacrifícios para prepara-lo para o supremo sacrifício
que o Messias faria, a fim de pagar de uma vez por todas pelo pecado. Cada
sacrifício salienta a necessidade de todos e a provisão misericordiosa de Deus.
Cada um é cheio de simbolismo.
I.
O HOLOCAUSTO (Levítico 1.3-7).
Para o Holocausto, era exigido um animal
doméstico, macho sem defeito (em lugar de um animal selvagem que custaria pouco
ao ofertante). Geralmente seria usado um touro, carneiro ou bode, mas os adoradores
pobres podiam ofertar pombos rolinhas (Compare Lc 2.22-24; 2ª Co 8.9). Cada
ofertante se identificava com a sua oferta: ela deveria substituí-lo (Lv 1.4).
O animal inteiro deveria ser consumido pelo fogo para representar a tremenda
santidade de Deus ao lidar com o pecado. Essa oferta tipifica claramente a
oferta voluntária de Cristo como o Cordeiro de Deus, em total obediência ao
Pai. Ele sofreu o castigo pelo nosso pecado. A oferta também simbolizava a
apresentação voluntária do adorador a Deus. Somente quando nos identificamos com
Cristo, nossa oferta (Ef 5.2; Hb 10.10), podemos ser purificados do pecado e
nos tornamos sacrifícios vivos para Deus (Rm 12.1,2).
II.
A OFERTA DE MANJARES [OU CEREAIS] (Levítico 2.1-16).
A Oferta de Manjares era preparada e
apresentada a Deus como uma refeição. Uma parte de cada oferta pertencia aos
sacerdotes. A oferta mostrava a gratidão dos adoradores a Deus por supri-los de
alimento para sustentar a sua vida física. Ao fazer a oferta, eles estavam
oferecendo simbolicamente a Deus o dom de sua vida. Mas, a oferta tinha um
significado ainda mais profundo. Ela falava da provisão divina por meio de
Cristo para a nossa vida espiritual. Colossenses 3.4 nos diz que Cristo e a
nossa vida. Certos ingredientes da oferta representavam uma faceta de sua
provisão para nós. A Flor de Farinha representava sua perfeição; o incenso
aromático, a fragrância da Sua vida. A ausência de fermento, citado na
Escritura como símbolo de pecado (Mt16.6,12), mostrava que Ele estava
totalmente livre da corrupção. O sal falava de Seu poder para preservar e
purificar.
III.
O SACRIFÍCIO PACÍFICO (Levítico 3.1-17).
A oferta pacífica era uma oferta de
comunhão. Nesta oferta voluntária de um animal, o sangue era importante. O
adorador oferecia um bode ou cordeiro macho ou fêmea. Era a única oferta da
qual o ofertante podia comer. Enquanto compartilhava a refeição com o sacerdote
e às vezes com outros adoradores, era como se Deus fosse o anfitrião da mesma,
comungando com todos os presentes. A oferta pacífica representa a comunhão
entre Deus e o homem tornada possível por meio do Senhor Jesus. Ela aponta para
Aquele que “é a nossa paz” (Ef 2.14), e que “fez a paz pelo sangue da sua cruz”
(Cl 1.20).
IV.
OS SACRIFÍCIOS PELOS PECADOS POR IGNORÂNCIA (Levítico 4.1-5.13).
A oferta pelo pecado, algumas vezes
chamada de oferta pela culpa, era obrigatória. Tinha como objetivo a expiação
de pecados quando a restituição fosse impossível. Só podia ser feita quando o
ofertante não tivesse pecado deliberadamente, mas por ignorância ou
negligência. A classe do ofensor determinava o tamanho (valor) da oferta.
Sacrifícios maiores eram requeridos pelo pecado do sacerdote (v. 3) ou de toda
a congregação (v. 13), visto que tais pecados afetavam um círculo mais amplo do
que aquele do príncipe (v. 22) ou do povo comum (v. 27). Quando era feita uma
oferta pelo pecado, o sangue era aspergido no tabernáculo na frente do véu,
colocado nos chifres do altar e derramado na sua base para representar a
ocultação do pecado. Esta oferta prefigurava nosso perdão por meio do sangue de
Cristo (Hb 9.12-14; 1ª Jo 1.9). A parte maior da oferta era queimada fora do
arraial, lembrando-se de que o Senhor Jesus sofreu por nós fora da porta
(Hebreus 13:12) quando Se tornou a suprema oferta pelo pecado (2ª Co 5.21).
O
SACRIFÍCIO PELOS PECADOS OCULTOS (Levítico 5.14-6.7).
Essa oferta de animais ou aves era
apresentada pelos pecados, quer intencionais ou não, pelos quais o ofensor
podia fazer restituição caso necessário. O pecador tinha primeiro que
reconhecer o seu erro. Depois, quando levava a oferta, devia apresentar ao
sacerdote o pagamento total do seu débito para com o ofendido, com acréscimo de
um quinto. Uma vez feito o pagamento, a dívida ficava quitada e o ofertante
recebia pleno perdão. Cristo e a nossa oferta pelo pecado (Is 53.10). Ele não
só aceitou o castigo pelo pecado, como também nos deu a Sua justiça (2ª Co 5.21).
CONCLUSÃO.
Com a oferta do Cordeiro perfeito de
Deus, o sistema sacrificial terminou; o próprio Deus abriu o Caminho para o
perdão e a restauração da comunhão. Agora, por causa do sacrifício de Cristo,
podemos desfrutar de acesso direto ao Pai (Jo 10.27-30; 14.6, 15; 17.3, 21-23).
Não há mais necessidade de um sacerdote para representar-nos diante de Deus (1ª
Tm 2.5). Em nome de Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote, podemos nos
aproximar do trono de Deus para receber perdão de pecados, assim como ajuda e
orientação para todos os problemas da vida (Hb 4.14-16; 1ª Jo 2.1,2).
Glória a Deus 🙌
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