Texto
Base: Levítico 8.1-13:
“E falou o
SENHOR a Moisés, dizendo: 2 Fala a Arão, e dize-lhe: Quando acenderes as
lâmpadas, as sete lâmpadas iluminarão o espaço em frente do candelabro. 3 E
Arão fez assim: Acendeu as lâmpadas do candelabro para iluminar o espaço em
frente, como o SENHOR ordenara a Moisés. 4 E era esta a obra do candelabro,
obra de ouro batido; desde o seu pé até às suas flores era ele de ouro batido;
conforme ao modelo que o SENHOR mostrara a Moisés, assim ele fez o candelabro.
5 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 6 Toma os levitas do meio dos filhos de
Israel e purifica-os; 7 E assim lhes farás, para os purificar: Esparge sobre
eles a água da expiação; e sobre toda a sua carne farão passar a navalha, e
lavarão as suas vestes, e se purificarão. 8 Então tomarão um novilho, com a sua
oferta de alimentos de flor de farinha amassada com azeite; e tomarás tu outro
novilho, para expiação do pecado. 9 E farás chegar os levitas perante a tenda
da congregação e ajuntarás toda a congregação dos filhos de Israel. 10 Farás,
pois, chegar os levitas perante o SENHOR; e os filhos de Israel porão as suas
mãos sobre os levitas. 11 E Arão oferecerá os levitas por oferta movida,
perante o SENHOR, pelos filhos de Israel; e serão para servirem no ministério
do SENHOR. 12 E os levitas colocarão as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos;
então sacrifica tu, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto ao
SENHOR, para fazer expiação pelos levitas. 13 E porás os levitas perante Arão,
e perante os seus filhos, e os oferecerá por oferta movida ao SENHOR.”
“Toma os levitas em lugar de todo
primogênito entre os filhos de Israel e os animais dos levitas em lugar dos
seus animais; porquanto os levitas serão meus. Eu sou o Senhor” (Nm 3.45).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos a respeito dos
Ministros que conduziam a adoração e representavam o povo diante de Deus na
Antiga Aliança. No Sinai, Deus escolheu e separou a tribo de Levi para que dela
fossem vocacionados os sacerdotes e os levitas que ministrariam a adoração e o
serviço no Tabernáculo. Ser escolhido para tal função era um privilégio, uma
honra, mas também uma grande responsabilidade e abnegação, já que os
descendentes de Levi não teriam herança como às demais tribos. O Senhor seria a
herança deles e o sustento viria das outras tribos. Era preciso ter fé e viver
dela. Por determinação de Deus, os sacerdotes deveriam ser descendentes de
Arão, irmão de Moisés, e as suas esposas deveriam ser israelitas de sangue
puro. Na Nova Aliança, graças ao sacrifico de Jesus Cristo, cada crente é um
sacerdote santo, chamado para oferecer sacrifícios espirituais (1ª Pd 2.5).
Atuamos como proclamadores do Evangelho e intercessores tanto pelos crentes
quanto pelos que ainda não creem. À semelhança dos sacerdotes levitas, o
chamamento divino exige separação, excelência e dedicação integral.
I.
LEVI, A TRIBO SACERDOTAL
No momento da promulgação da lei, todo o
povo israelita era formado de sacerdotes, uma vez que Moisés não só levantou
doze monumentos, representando as doze tribos de Israel, como também convocou
jovens de todas as tribos para oferecer sacrifícios (Êx cap.24). Tinha sido
esta a proposta de Deus para Israel, ou seja, a de que eles se tornassem “reino
sacerdotal e povo santo do Senhor” (Êx19.5,6). Mas, enquanto Moisés esteve
ausente por quarenta dias e quarenta noites (Êx 24.18), o povo de Israel
quebrou a lei, fazendo para si um bezerro de ouro, quebrando os dois primeiros
mandamentos da lei. Ao retornar ao arraial, Moisés, indignado, quebrou as
tábuas da lei. Depois, Moisés perguntou ao povo quem estava do lado do Senhor,
e somente a tribo de Levi se manifestou (Êx 32.26); por esta razão, foi a tribo
de Levi escolhida para exercer o sacerdócio entre os israelitas, porque, com a
quebra da lei, Israel perdera a condição de ser “reino sacerdotal” (Dt 10.8).
1.
Os levitas. Eram descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia (Gn 29.34). Levi foi pai de
três filhos: Gérson, Coate e Merari (Gn 46.8-11). No Egito, durante a sua
estada, a família de Levi aumentou e passou a ser uma tribo, e as famílias dos
três filhos se tornaram divisões tribais. Arão, Miriã e Moisés nasceram na
divisão coatita da tribo (Êx 2.4; 6.16-20; 15.20). Quando o Tabernáculo foi
removido, os coatitas levaram a mobília, os gersonitas, as cortinas e seus
pertences, e os meratitas transportaram e instalaram o Tabernáculo propriamente
dito (Nm 3.35-37; 4.29-33).
Por haverem sido resgatados da morte,
por ocasião da primeira Páscoa (Êx 11.5; 12.12,13), os primogênitos das
famílias hebraicas pertenciam a Deus, mas os levitas, por seu zelo espiritual,
foram escolhidos por Deus como substitutos dos filhos mais velhos de cada
família (Nm 3.12,45; 8.17-19). Conforme Números 3.41-45, os levitas agiram como
substitutos dos primogênitos de toda casa de Israel.
Por serem separados para o serviço de
Deus, não se esperava que fossem à guerra (Nm 1.3,49) ou plantassem seus
próprios alimentos numa área tribal. Eles deviam espalhar-se por toda a Terra
Prometida e viver entre o povo (Nm 35.1-8), e deviam ser sustentados com os
dízimos do povo (Nm 18.21).
Os levitas, dados a Arão e a seus
filhos, eram os ajudantes dos sacerdotes. Eles assistiam os sacerdotes em seus
deveres e transportavam o tabernáculo e cuidavam dele (Nm 1.50,51; 8.19-22).
2.
O zelo dos levitas.
Uma das características dos descendentes de Levi, os levitas, era a sua devoção
a Deus e a sua postura zelosa em relação aos padrões morais de Deus
estabelecidos para o seu povo. Quando os hebreus adoraram o bezerro de ouro no
sopé do Monte Sinai, foram os levitas que se uniram a Moisés contra a
idolatria. Sua devoção a Deus se evidenciou publicamente nesse ato. Por causa
de sua obediência e consagração a Deus, eles receberiam uma bênção (Êx 30.29).
A bênção que receberam foi o fato de terem sido escolhidos como a tribo dedicada
ao serviço de Deus (Nm 3.6-13). Nesta ocasião, Deus usou esses escolhidos para
cumprir a tarefa sacerdotal de executar os julgamentos divinos (Êx 32.27,28).
Os serviços do tabernáculo eram executados somente por eles (Nm 1.50-51). Eram
bastante zelosos no exercício sacerdotal, chegando até mesmo resistir com
firmeza ao rei Uzias quando este queria usurpar os serviços que apenas a eles
eram permitidos executar (cf.2º Cr 26.16-18); Deus castigou este rei com lepra
pela infringência cometida (2º Cr 26.19-21).
3.
A vocação sacerdotal dos levitas. Tendo em vista o caráter santo e
distintivo da tribo de Levi, aprouve a Deus separá-la para o sacerdócio (Nm 3.45).
Deus instituiu Arão e seus filhos como os primeiros sacerdotes de Israel (Êx. cap.28).
Depois disso, a única forma de se tornar sacerdote era nascendo na tribo e na
família sacerdotal. Na Sua presciência, Ele já havia, no Monte Sinai, dito a
Moisés que escolhera a Arão e a seus filhos para exercerem o ofício sacerdotal
(Êx 28.1). Essa escolha divina foi confirmada mediante a unção, que seguiu um
rito todo especial, determinado pelo próprio Deus (cf. Levítico cap. 8).
O sacerdote era um mediador que ensinava
a lei, mas principalmente oficiava os cultos religiosos dos israelitas (Êx 28.43).
Eles só podiam vir da tribo de Levi. No
entanto, o simples fato de alguém ser levita não fazia dele um sacerdote. Para
atuar como sacerdote, era necessário o chamado de Deus - “Ninguém, pois, toma
esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com
Arão” (Hb 5.4). Então, ser sacerdote era
uma honra especial, e os que desempenhavam essa função eram diretamente
chamados por Deus.
Os sacerdotes da ordem levítica eram
consagrados ou separados por Deus para esse trabalho especial (Êx 28.1-4). Isso
significa que eram santos, não devendo ser consideradas pessoas comuns. Os
demais levitas, embora desempenhassem trabalhos importantes na vida religiosa
de Israel, não eram sacerdotes.
Além disso, para que alguém fosse sacerdote,
essa pessoa precisava não só ser da tribo de Levi, ser chamada por Deus para o
trabalho e ser consagrada, mas tinha de estar isenta de deformidades físicas e
de outras contaminações (Lv 21.16-21). Ainda que uma pessoa preenchesse alguns
dos outros requisitos, se fosse cega, coxa ou de algum modo deformada, não
podia atuar como sacerdote. Devia se casar com uma mulher de caráter exemplar.
Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar em coisas imundas.
A santidade divina exige daqueles que se
aproximam de Deus um estado habitual de pureza, incompatível com a vida comum
dos homens. Então, vemos que os que eram sacerdotes no sistema do Antigo
Testamento eram especiais, santos e sem deficiências. Isso apontava para o Sumo
Sacerdote da Nova Aliança, Jesus Cristo (Hb 6.20), que é perfeito e seu
sacrifício por nós foi único, completo e aceito pelo Pai.
A instituição do sacerdócio levítico era
mais um “remédio”, uma medida paliativa que se criava até a vinda do Messias,
que redimiria a humanidade e que se tornaria o Sumo Sacerdote segundo a ordem
de Melquisedeque (Hb 5.10; Hb 6.20), instituindo, então, um verdadeiro “reino
sacerdotal” (1ª Pd 2.9; Ap 1.5,6), que é a Sua Igreja.
Com a vinda de Cristo, porém, não há que
se falar mais em necessidade de que parte do povo de Deus, a Igreja, seja
constituída por “sacerdotes”, pois todo o povo de Deus é agora formado de
sacerdotes, vez que o pecado foi tirado e há livre acesso à presença de Deus.
O sacerdócio levítico encerrou-se pouco
antes da morte de Cristo na cruz do Calvário, quando o sumo sacerdote Anás,
quebrando norma da lei (Lv 21.10), rasgou suas vestes durante o julgamento de
Jesus pelo Sinédrio (Mt 26.65; Mc 14.63).
Logo em seguida, com Sua morte na cruz,
Jesus instituiu o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110.4; Hb 7.17,21),
oferecendo-se pelo pecado da humanidade, sacrifício único e que efetuou eterna
redenção (Hb 7.27; 9.12).
Na Igreja, portanto, a única forma de se
tornar sacerdote é por meio do Novo Nascimento (Ap 1.5,6). É muita presunção
querer ordenar sacerdotes por meios humanos. Na Nova Aliança, só há um mediador
entre Deus e homem: Jesus Cristo, homem (1ªTm 2.05). Jesus é o nosso sublime e
perfeito Sumo Sacerdote (Hb 7.26-27). Portanto, não mais necessitamos de
intermediários humanos para nos achegarmos a Deus; não há mais a figura humana
do sacerdote; é errado, portanto, chamar os pastores de sacerdotes, pois não
existe mais a atividade de intermediação, como existia no Antigo Testamento;
cada crente é um sacerdote - “vós também, como pedras vivas, sois edificados
casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais,
agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1ª Pd 2.5). Agora, qualquer um de nós
pode adentrar ao trono da graça de Deus para suplicar, interceder, e oferecer
culto e sacrifício de louvor ao Senhor.
II.
O SUMO SACERDOTE
O sumo sacerdote era o principal
representante do culto divino no Antigo Testamento (Êx 28.1). O povo de Deus
somente poderia chegar à presença do Senhor através de pessoas especialmente
designadas para isto. O sacerdócio veio como uma continuação da mediação que,
iniciada por Moisés, deveria prosseguir até que viesse outro profeta como
Moisés (Dt 18.15; At 7.37), que, então, estabelecesse uma nova ordem, um novo
regime de sacerdócio.
1.
Arão, da tribo de Levi, foi o primeiro sumo sacerdote. Arão foi o
primeiro sumo sacerdote da história de Israel (Êx 28.1-3), cuja função era,
primordialmente, a de interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da
expiação (Lv 16; 23.26-32).
Somente ele usava roupas especiais
(Lv.16:2), interpretava o lançamento das sortes sagradas (Urim e Tumim – Êx
28.30; Lv 8.8) que eram mantidas em seu peitoral.
Somente ele entrava uma vez por ano no
lugar santíssimo para expiar os pecados da nação israelita (Lv 16.29); no lugar
santíssimo, depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um
sacrifício em nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a sua ira e
diferia, por mais um ano, a punição pelos pecados cometidos.
Somente ele aspergia sangue sobre o
propiciatório - como era chamada a tampa de ouro da arca do concerto -, que
ficava dentro do lugar santíssimo, e este sangue trazia favor ao povo de
Israel, pois, por causa deste sangue, o pecado do povo era coberto e Deus se
mostrava favorável, não castigando o povo pelo pecado cometido.
Somente ele usava o peitoral com os
nomes das doze tribos de Israel e atuava como mediador entre toda a nação e
Deus.
Somente ele tinha o direito de consultar
ao Senhor mediante Urim e Tumim, que ficava dentro do peitoral, os quais
significavam “luzes e perfeições”. Segundo se crê, era duas pedrinhas, uma
indicando resposta negativa e a outra, resposta positiva. Não se sabe como eram
usadas, mas é provável que, em situações difíceis, fossem retiradas de algum
lugar ou lançadas ao acaso, ao fazer-se uma consulta propondo uma alternativa:
“farei isto ou aquilo?” E, segundo saísse Urim ou Tumim, interpretava-se a
resposta, segundo a vontade de Deus (Nm 27.21; Ed 2.63; 1º Sm 14.36-42; 2º Sm
5.19).
Embora o sacerdote em alguns aspectos
prefigure o cristão, o sumo sacerdote simbolizava Jesus Cristo (ver 1ª Pd
2.5,9; Hb 2.17; 4.14).
Restrições: Por ser tão honrosa e de
muita responsabilidade, a função do sumo sacerdote era cercado de uma série de
restrições, muito superiores a de qualquer outro israelita. Assim, por exemplo:
não podia descobrir a sua cabeça; não podia rasgar os seus vestidos (Lv 21.10);
não podia se chegar a qualquer cadáver, nem mesmo de seus pais (Lv 21.11);
tinha que casar com mulher virgem, sendo-lhe vedado casar com mulher repudiada
ou, mesmo, viúva (Lv 21.13,14).
2.
Ungido para o ofício (Lv 8.10-12). Moisés tomou o azeite da unção,
conforme estipulado em Êx 30.22-33, e derramou-o sobre a cabeça de Arão e
ungiu-o, para santificá-lo (Lv 8.12). A unção de Arão simboliza a separação do
sacerdote para Deus e a investidura com poder divino (charisma) necessário para o exercício do ministério santo. No
Antigo Testamento, o profeta (1ª Rs 19.16), o rei (1º Sm 9.16; 10:1) e o
sacerdote eram ungidos dessa maneira. Em hebraico, o verbo “ungir” (mashach) é o radical do qual se deriva a
palavra Messias (“o ungido”). O Messias tinha de ser ungido não apenas com
óleo, mas com o Espírito Santo (Is 11.2; 42.1; Lc 3.22).
O Senhor determinou que o sumo sacerdote
Arão fosse ungido a fim de dignificá-lo como ministro extraordinário do culto
divino (Êx 28.41; 29.1-7). A primeira etapa na consagração de Arão como sumo
sacerdote foi lavá-lo com água diante da porta da tenda da congregação
(Ex.29:4); em seguida, Arão vestiu as roupas descritas em Êxodo 28.5,6; em seguida,
recebeu a unção com óleo (Êx 29.7) – “e tomarás o azeite da unção e o
derramarás sobre a sua cabeça; assim, o ungirás”.
O azeite sobre a cabeça de Arão
simbolizava a unção do Espírito Santo. Os dons e a influência divina são
indispensáveis ao exercício do ministério. No Salmo 133.2 indica-se a
abundância do óleo com o qual foi ungido Arão; é um belíssimo simbolismo do
Espirito Santo derramado sem medida sobre o Senhor Jesus Cristo (Sl 45.6,7; Jo
3.34), nosso magnifico Sumo Sacerdote.
Moisés espargiu a santa unção sobre Arão
e seus filhos. Assim é a presença e o poder do Espírito Santo para o
"sacerdócio real" dos crentes a fim de que ministrem com poder e
eficácia.
Assim como os sacerdotes do Antigo Testamento,
os ministros de Cristo precisam ser ungidos com o Espirito Santo, afim de que o
culto tenha a qualidade desejada pelo Senhor, sendo, assim, aceitável diante d’Ele.
Além disso, a vida do ministro deve ser coerente com o culto ou serviço que
prestam a Deus.
3.
Cargo vitalício
- Êx 28:43: “E estarão sobre Arão e
sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da congregação, ou quando chegarem
ao altar para ministrar no santuário, para que não levem iniquidade e morram;
isto será estatuto perpétuo para ele e para a sua semente depois dele”.
O sumo sacerdócio era um cargo
vitalício, dado ao primogênito do vigente sumo sacerdote, com exceção dos casos
de enfermidade ou mutilação previstos pela Lei (Nm 3.1-13; Lv 21.16-23), de
modo que eles podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas
com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a
fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus. Como
os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, foram mortos por levarem fogo estranho diante
de Deus, Eleazar sucedeu o sumo sacerdócio, e foi mantido em sua família (Nm
20.25,26).
Segundo Ralph Gower, em alguma época da
história de Israel, o sumo sacerdócio foi assumido pela família de Itamar, o
quarto filho de Arão, mas Salomão fez novamente retornar à família de Eleazar,
colocando Zadoque na posição de sumo sacerdote. Essa posição foi mantida na
família dele até que seu descendente veio a ser deposto por Antíoco Epifânio
(rei da Síria) nos dias dos macabeus. Nesse período posterior, os sumos
sacerdotes eram indicados pelo poder reinante (exemplo: Anás foi deposto pelos
romanos e substituído por Caifás - cf. Lc 3.2; Jo 11.49-51; 18.13-24), mas
quando eles se tornaram forte o bastante para resistir às autoridades, adotaram
seu próprio estilo de soberania. Ao que tudo indica, havia um rodízio entre os
principais membros da família de Arão (Lc 3.2).
Na Nova Aliança, não há mais linhagens
de sumo sacerdotes, porque o nosso único e definitivo Sumo Sacerdote é Cristo,
que através do seu sacrifício acabou com a necessidade de novas ofertas e
sacrifícios (Hb 7.1-8). Todos os cristãos são sacerdotes diante de Deus (1ª Pd
2.5-9; Ap 1.5,6; 5.9-10). Portanto, todo o povo de Deus da Nova Aliança pode se
apresentar diretamente a Deus para oferecer-lhe sua adoração (Hb 10.19-23; 13.15).
Por isso, devemos ter uma vida exemplar, quer em atitudes quer em palavras.
III.
DIREITOS E DEVERES
Eram direitos e deveres dos descendentes
de Levi, principalmente os da casa de Arão: viver do altar, santificar-se ao
Senhor e ser uma referência moral, ética e espiritual.
1.
Viver do altar (Lv 7.35). Nem os levitas nem os sacerdotes receberam terra
quando Josué repartiu Canaã porque o Senhor havia de ser sua parte e herança
(Nm 18.20). Os levitas que cuidavam do tabernáculo e o transportavam recebiam
o dízimo das outras tribos. Por sua vez, davam seus dízimos aos sacerdotes (Nm
18.28). Além disso, os sacerdotes recebiam a carne de determinados sacrifícios,
as primícias, parte consagrada dos votos e os primogênitos dos animais – “Esta
é a porção de Arão e a porção de seus filhos, das ofertas queimadas do SENHOR,
no dia em que os apresentou para administrar o sacerdócio ao SENHOR” (Lv 7.35).
Assim expressa o apóstolo Paulo
ilustrando este princípio: “Não sabeis vós que os que administram o que é
sagrado comem do que é do templo? .... Assim ordenou também o Senhor aos que
anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1ª Co 9.13-14). E o ministro deve
ter a atitude do Salmista: “O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice;
tu sustentas a minha sorte” (Sl 16.5).
2.
Santificar-se ao Senhor. Em virtude de seu ofício, os sacerdotes deveriam
erguer-se, em Israel, como referência de santidade e pureza. Eles eram a
personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória de seu povo a
santidade de Deus. O sumo sacerdote, por exemplo, tinha de ostentar uma faixa
de ouro, em seu turbante (mitra), no qual estava colocada uma lâmina de ouro
puro com as palavras "Santidade ao Senhor", gravadas sobre ela (Êx
28.36). Os sacerdotes proclamavam que a santidade é a essência da natureza de
Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado a Ele.
No culto divino, tudo o que eles
empregavam tinham de ser consagrados ao serviço divino. Portanto, Arão e seus
filhos tinham de estar devidamente limpos e ataviados e deviam ter expiado seus
pecados antes de assumirem os deveres sacerdotais.
3.
Tornar-se uma referência espiritual e moral. Por ser o mediador entre Deus e
o povo de Israel, os sacerdotes tinham o dever de se apresentarem como uma
referência espiritual e moral. Caso contrário, seriam punidos exemplarmente,
como aconteceu com os filhos de Eli, Hofni e Finéias. Estes, em consequência de
seu proceder, tornaram-se um péssimo exemplo para o povo de Israel. A Bíblia
diz que o Senhor queria matá-los por se comportarem de forma imoral perante o
povo de Israel (1º Sm 2.22-25). Eles endureceram o coração e pecaram
abertamente e sem constrangimento. Eli os advertiu, mas a advertência de Eli
não teve efeito moral sobre eles. Deus os entregou à sua própria sorte. Para
eles, já se passara o dia da salvação, estando, pois, destinados por Deus à condenação
e à morte, à semelhança daqueles referidos em Rm 1.21-32. Iam morrer como
resultado da sua própria e insolente desobediência e da sua recusa de
arrepender-se.
À época de Malaquias, também, os
sacerdotes se comportavam muito mal diante de Deus e do povo de Israel; estavam
totalmente corrompidos. Por isso, o Senhor os havia tornado desprezíveis e
indignos diante de todo o povo. A irreverencia deles era tão pútrida que Deus
pediu que eles não fizessem mais culto a Ele no templo de Deus, que fechassem
as portas do Templo – “Quem há também entre vós que feche as portas e não
acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR
dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação” (Ml 1.10). Por causa
disso, Deus os advertiu de que sofreriam uma condenação terrível caso não se
arrependessem e mudassem de atitude.
Na Nova Aliança, também, Deus exige que
o seu povo ande em santidade e pureza diante d’Ele, como exorta o apóstolo
Pedro: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda
a vossa maneira de viver” (1ª Pd 1.15).
CONCLUSÃO
O sacerdócio levítico era glorioso; seus
membros eram considerados príncipes de Deus (Zc 3.8). Todavia, o sacerdote não
era perfeito, e por causa disto devia estar sempre disposto a reconhecer seus
pecados, abandoná-los e oferecer o sacrifício correspondente. Os sacerdotes
eram apenas sombras do perfeito Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo. Ele,
como Sumo Sacerdote, foi designado e escolhido por Deus (Hb 5.5); Ele não tem
pecado (Hb 7.26); o Seu sacerdócio é inalterável (Hb 7.23-24); o Seu oferecimento
é perfeito e definitivo (Hb 9.25-28); Ele intercede continuamente (Hb 7.24-25);
Ele é o único Mediador (1ª Tm 2.5); Ele já ofereceu o sacrifico definitivo. O
que precisamos, então, é de uma apropriação pela fé dos méritos do Calvário,
que nos limpam e nos colocam em condições de entrarmos no santuário de Deus.
Fonte. ANDRADE, Claudionor Correia de,
Lições Bíblicas 3° Trimestre de 2018, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
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